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Anais do XIV Encontro de Iniciação Científica da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong> - 29 e 30 de setembro de 2009<br />

ISSN 1982-0178<br />

O PRODUTO LOGÍSTICO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA<br />

COLETA E SELEÇÃO DE RECICLÁVEIS<br />

Raí Moysés Amorim<br />

Faculdade de Administração<br />

Centro de Economia e Administração<br />

rai_moyses_amorim@hotmail.com<br />

Resumo: Este trabalho apresenta um grupo de<br />

cooperativas populares de coleta e seleção de<br />

recicláveis que, incubados pelo CRCA (Centro de<br />

Referência em Cooperativo e Associativismo),<br />

desenvolveram uma interessante estratégia de<br />

operação, configurando-se como uma cadeia de<br />

suprimentos. Esta cadeia de suprimentos é formada<br />

por diversas fontes de suprimentos, pelas<br />

cooperativas populares de coleta e seleção de<br />

recicláveis, por uma central de vendas solidária<br />

(reciclamp) e pelos recicladores. Este trabalho<br />

detalha as características que o produto desta<br />

cadeia de suprimento apresenta e discuti como<br />

estas características influenciam as decisões<br />

logísticas, em especial as decisões de transporte,<br />

estoque e planejamento da produção. Procura-se<br />

identificar as principais variáveis e fatores<br />

condicionantes relacionados as características do<br />

produto logístico para a busca da eficiência<br />

operacional ao longo do fluxo logístico que o<br />

produto percorre desde a coleta até a entrega aos<br />

recicladores.<br />

Palavras chave: Cadeias de Suprimentos,<br />

Logística Reversa, Coleta e Seleção de<br />

Recicláveis.<br />

Área do Conhecimento: Administração –<br />

Administração da Produção.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O fim da humanidade não é invenção da<br />

modernidade. No entanto, o que atormenta a<br />

sociedade contemporânea é possibilidade da<br />

civilização se acabar por conta de nós mesmos, e<br />

não por razões sobre-humanas ou catástrofes<br />

naturais. O fim dos tempos pode ser conseqüência<br />

do consumo frenético que a humanidade impõe<br />

sobre os recursos limitados do planeta Terra.<br />

A busca por uma sociedade sustentável se<br />

apresenta como o principal desafio da civilização<br />

atual e neste contexto a reciclagem de materiais<br />

constitui uma atividade necessária para a<br />

sustentabilidade.<br />

Prof. Dr. Marcos Ricardo Rosa Georges<br />

Informação para Gestão e Inovação<br />

Centro de Economia e Administração<br />

marcos.georges@puc-campinas.edu.br<br />

Além da preocupação ambiental, a reciclagem de<br />

materiais também desperta interesse social, pois,<br />

na maioria dos casos, a mão-de-obra empregada é,<br />

tipicamente, de pessoas excluídas que encontram<br />

uma ocupação em separar o que é re-aproveitável<br />

naquilo que foi descartado.<br />

Inicialmente movidos por motivação<br />

assistencialista, o CRCA – Centro de Referência<br />

em Cooperativismo e Assistencialismo – ofereceu<br />

auxílio a grupos de catadores de lixo e os organizou<br />

em cooperativas, fornecendo-lhes, num primeiro<br />

momento, forma jurídica e infra-estrutura básica, e,<br />

num segundo momento, capacitação técnicogerencial<br />

para tornar as cooperativas verdadeiras<br />

indústrias de coleta e seleção de materiais.<br />

Atualmente, são oito as cooperativas populares de<br />

coleta e seleção de recicláveis atendidas pelo<br />

CRCA, e elas constituem muito mais que um mero<br />

agrupamento, mas sim uma legítima cadeia de<br />

suprimentos quando se observa deste a coleta até<br />

a entrega do material processado aos recicladores.<br />

Há de ressaltar, ainda, que esta cadeia de<br />

suprimentos inclui um elo de natureza virtual, que<br />

consolida a produção e realiza a venda conjunta do<br />

que é processado pelas cooperativas, operando<br />

através de práticas gerenciais colaborativas, típicas<br />

das mais sofisticadas cadeias de suprimentos dos<br />

segmentos mais competitivos da economia.<br />

A busca pela eficiência operacional numa cadeia de<br />

suprimentos deve considerar as características do<br />

produto que flui ao longo da cadeia, sendo este o<br />

objeto de pesquisa apresentado neste trabalho.<br />

2. BREVE REFERENCIAL TEÓRICO<br />

2.1 A LOGÍSTICA EMPRESARIAL, CADEIA DE<br />

SUPREMENTOS E FLUXO REVERSO.<br />

Não faltam fontes para definir o verbete o<br />

‘Logística’. Aqui, prefere-se a definição dada pelo<br />

Council of Supply Chain Management Professional<br />

(CSCMP): “Logística, é parte da cadeia de


suprimentos, que planeja, implementa e controla de<br />

modo eficiente o fluxo direto e reverso e a<br />

armazenagem de bens, serviços e informações<br />

relativas entre o ponto de origem até o ponto de<br />

consumo de modo a atender os requisitos do<br />

cliente” [1].<br />

Para BALLOU a Logística é entendida como uma<br />

função empresarial que tem por objetivo atender o<br />

cliente em um Nível de Serviço especificado, e para<br />

isso são necessárias tomadas de decisão, em<br />

todos os níveis (estratégico, tático e operacional),<br />

nas três áreas que compõe a Logística: Transportes<br />

Estoques e Localização [2].<br />

Com o avanço da Logística surge o advento do<br />

Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, que traz<br />

um novo modelo de negócio, que busca obter o<br />

máximo da eficiência logística ao longo de todas as<br />

empresas envolvidas no fornecimento do produto<br />

final ao mercado, expandindo as operações<br />

logísticas e as decisões de modo a envolver todos<br />

os elos participantes, buscando que o produto ou<br />

serviço cheguem às mãos do consumidor final ao<br />

menor custo e com níveis de serviço elevados.<br />

A seguir é dada a definição do conceito Cadeias de<br />

Suprimentos extraída do CSCMP: “Cadeia de<br />

Suprimentos engloba o planejamento e a<br />

administração de todas as atividades envolvidas no<br />

fornecimento e aquisição, na conversão e em todas<br />

as atividades logísticas. Igualmente importante,<br />

inclui a coordenação e colaboração com todos os<br />

canais parceiros, podendo ser: fornecedores,<br />

intermediários, provedores de serviços e<br />

consumidores. Em essência, cadeia de suprimentos<br />

integra a administração do fornecimento e da<br />

demanda entre, e ao longo,das empresas” [1].<br />

Observe o contexto mais amplo que do conceito de<br />

cadeia de suprimentos em relação ao conceito de<br />

logística. Esta dimensão supra-empresarial é<br />

resultado do amadurecimento das tecnologias de<br />

informação e comunicação que permitem o<br />

intercambio de dados, informações e<br />

processamento de transações entre as empresas<br />

constituintes da cadeia de suprimentos aliado ao<br />

desenvolvimento organizacional que tornou a<br />

empresa mais dinâmica, flexível e focada em suas<br />

atividades fim, procurando parcerias com elevado<br />

comprometimento exigindo coordenação e<br />

cooperação de todos os envolvidos.<br />

A logística reversa é uma atividade ampla que<br />

envolve todas as operações relacionadas com a<br />

reutilização de produtos e materiais com as<br />

atividades logísticas de coleta, desmonte e<br />

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ISSN 1982-0178<br />

processo de produtos e/ou materiais e peças<br />

usadas a fim de assegurar uma recuperação<br />

sustentável deles e que não prejudique o meio<br />

ambiente [3].<br />

Inicialmente, o conceito de logística reversa estava<br />

limitado a um movimento contrário ao fluxo direto<br />

de produtos na cadeia de suprimentos. Foi na<br />

década de 90 que o conceito evoluiu impulsionado<br />

pela preocupação da preservação do meio<br />

ambiente. Esta pressão, induzida pelos<br />

consumidores, implicou em ações legais dos<br />

órgãos fiscalizadores e, a partir deste período, as<br />

empresas de processamento e distribuição<br />

passaram a ver a logística reversa como uma fonte<br />

importante de redução de perdas e passaram a<br />

utilizá-la em maior intensidade nos Estados Unidos<br />

e Europa, países onde os conceitos e ferramentas<br />

clássicas de logística já eram mais disseminados<br />

[4].<br />

O CSCMP definiu logística reversa como "um<br />

segmento especializado da logística que foca o<br />

movimento e gerenciamento de produtos e<br />

materiais após a venda e após a entrega ao<br />

consumidor. Inclui produtos retornados para reparo<br />

e/ou reembolso financeiro".<br />

Embora algumas definições do conceito de logística<br />

reversa estejam relacionadas com reciclagem e o<br />

reaproveitamento de matérias, a essência deste<br />

conceito está ligado ao fato destes produtos<br />

retornarem no sentido oposto ao da logística<br />

convencional. O fluxo da logística reversa se opõe<br />

ao fluxo da logística direta.<br />

A cadeia de suprimento reversa tem um fluxo<br />

reverso em oposição às cadeias de suprimentos<br />

diretas, fechando o ciclo de vida do produto num<br />

fluxo cíclico. Quando se expande o conceito de<br />

cadeias de suprimentos de modo a conter o ciclo de<br />

vida do produto em todos os seus estágios e,<br />

reinserindo-o novamente no mercado, tal fenômeno<br />

é designado de closed-loop supply chain, ou<br />

cadeias de suprimentos de ciclo fechado [5].<br />

Portanto, a cadeia de suprimentos da coleta e<br />

seleção de recicláveis é uma parte da cadeia de<br />

suprimento de ciclo fechado para a maioria dos<br />

materiais que novamente retornarão ao mercado e<br />

iniciará um novo ciclo de vida. A figura 1 a seguir<br />

ilustra um exemplo de uma cadeia de suprimentos<br />

de ciclo fechado, onde se observa claramente a<br />

cadeia de suprimentos direta e a cadeia de<br />

suprimentos reversa.


Figura 1 - Um exemplo de cadeia de suprimentos de<br />

ciclo fechado<br />

2.2 O PRODUTO LOGÍSTICO<br />

O Produto Logístico, segundo BALLOU [2], é o<br />

conjunto de características físicas e de mercado<br />

inerentes ao objeto de fluxo entre as empresas que<br />

compõe a Cadeia de Suprimentos. O sentido<br />

atribuído ao Produto Logístico é mais amplo que o<br />

percebido fisicamente no próprio produto em si, é<br />

tudo aquilo que a empresa oferece ao cliente<br />

juntamente com o produto em si, incluindo<br />

elementos intangíveis como conveniência, distinção<br />

e qualidade, além de prazos e condições de<br />

entrega.<br />

No segundo parágrafo do capítulo destinado<br />

exclusivamente para tratar do assunto Ballou<br />

afirma: “O produto é o centro do foco no projeto do<br />

sistema logístico porque ele é objeto de fluxo no<br />

canal logístico e, em sua forma, econômica, gera a<br />

receita da empresa. Um entendimento claro desse<br />

elemento básico é essencial para a formulação de<br />

bons projetos de sistemas logísticos. Essa é a<br />

razão para que se explorem as dimensões básicas<br />

dos produtos – representadas pelas suas<br />

características, embalagem e preço – como um<br />

elemento do serviço ao cliente no desenho dos<br />

sistemas logísticos [2].<br />

O produto logístico deve ser entendido em seu<br />

sentido mais amplo, incluindo desde aspectos<br />

físicos inerentes a sua própria natureza e também<br />

dotados de elementos intangíveis relacionados a<br />

questões mercadológicas.<br />

O produto logístico pode ser classificado em<br />

produto de consumo, quando destinado ao cliente<br />

final, ou produto industrial, quando destinado as<br />

industrias que o usará na produção de outro<br />

produto. Os produtos de consumo são divididos em<br />

três grupos: produtos de conveniência, produtos de<br />

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comparação e produtos de especialidade. Também<br />

é apresentada outras duas classificações, quanto<br />

ao estágio no ciclo de vida do produto e quanto a<br />

proporção ABC.<br />

Também é feita uma distinção nas características<br />

que o produto assume, dividindo em características<br />

físicas e de mercado. As características físicas do<br />

Produto Logístico dizem respeito à densidade do<br />

produto; ao fato de ser sólido líquido ou granel; a<br />

sua condição de perecibilidade, inflamabilidade ou<br />

toxidade e ao quociente valor-peso. Características<br />

de mercado estão relacionadas ao preço, forma de<br />

apresentação, a senso de urgência e aos prazos, a<br />

qualidade exigida e a satisfação de quem o compra.<br />

3. METODOLOGIA<br />

Trata-se de uma pesquisa aplicada cujo<br />

procedimento principal adotado foi a pesquisa<br />

documental nos registros existentes nas<br />

Cooperativas Populares de Coleta e Seleção de<br />

Recicláveis atendidas pelo CRCA (Centro de<br />

Referência e Cooperativismo e Associativismo) na<br />

cidade de <strong>Campinas</strong> – SP.<br />

Com base nos estudos da bibliografia selecionada<br />

foi possível definir e conceituar o produto logístico e<br />

identificar suas principais características físicas e<br />

de mercado que são relevantes para a análise do<br />

fluxo do logístico desta cadeia de suprimentos.<br />

Selecionada as características de interesse a ser<br />

pesquisada, a metodologia de pesquisa focou a<br />

pesquisa documental nos registros de recebimento<br />

de material, nos registros de processamento das<br />

mesas de separação e no catálogo de produto das<br />

cooperativas. A observação direta do trabalho e<br />

entrevistas semi-estruturadas com os cooperados<br />

complementou o levantamento dos dados<br />

necessários a caracterização do produto logístico,<br />

que está apresentado a seguir.<br />

4. ANÁLISE DOS RESUTADOS<br />

A análise do produto logístico é feita sob diferentes<br />

aspectos, são eles.<br />

4.1 QUANTO A NATUREZA DO PRODUTO<br />

LOGÍSTICO<br />

O produto logístico que flui ao longo da cadeia de<br />

suprimentos das cooperativas populares de coleta e<br />

seleção de materiais do CRCA é, notadamente, um<br />

produto de natureza industrial, mesmo que<br />

originado, em sua maioria, do descarte das


embalagens primárias e secundárias de produtos<br />

de conveniência e de comparação.<br />

O que determina a natureza do produto é a<br />

natureza do cliente final da cadeia de suprimentos,<br />

que, neste caso, são indústrias recicladoras,<br />

conferindo ao produto logístico sua natureza<br />

industrial.<br />

A partir deste ponto de vista, as cooperativas<br />

populares e a reciclamp devem se preocupar mais<br />

em oferecer produtos com maior consistência de<br />

entrega, tanto em volume como em periodicidade, e<br />

também buscar o aprimoramento da qualidade do<br />

produto e uma relação de confiança e duradoura,<br />

pois estes são aspectos de interesse típicos de<br />

clientes industriais.<br />

4.2 QUANTO A POSIÇÃO NA CADEIA DE<br />

SUPRIMENTOS<br />

A posição que o produto se apresenta ao longo da<br />

cadeia de suprimentos também confere diferentes<br />

características de interesse. No sentido jusantes ao<br />

fluxo de material da cadeia de suprimento são<br />

observados distintos estágios: o material bruto<br />

estocado na fonte, o material bruto estocado nas<br />

cooperativas, o material separado e não prensado<br />

estocado nas cooperativas, o material prensado e<br />

enfardado estocado nas cooperativas e a entrega<br />

constituída a partir da consolidação de diferentes<br />

cooperativas a caminho do cliente final. A figura 2 a<br />

seguir ilustra as diferentes posições que o produto<br />

assume ao longo de seu percurso.<br />

Figura 2 – Diferentes posições do produto logístico<br />

ao longo da cadeia de suprimentos<br />

Para cada estágio que o produto passa, diferentes<br />

características são de interesse das cooperativas e<br />

do CRCA para realizar um planejamento mais<br />

elaborado do fluxo logístico.<br />

Quanto ao material bruto estocado na fonte são de<br />

interesse as informações relacionadas com a<br />

localização geográfica da fonte, o volume de<br />

material coletado, a freqüência de coleta e a<br />

composição do material fornecido. Tais informações<br />

são de fundamental importância para o<br />

planejamento de rotas de coleta mais eficazes e<br />

Anais do XIV Encontro de Iniciação Científica da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong> - 29 e 30 de setembro de 2009<br />

ISSN 1982-0178<br />

para a previsão de material para compor o<br />

planejamento da produção.<br />

O material bruto estocado nas cooperativas é um<br />

estágio do produto logístico cujo principal interesse<br />

está no índice de dejetos e na aparição de<br />

elementos contaminantes, logo, a manutenção da<br />

rastreabilidade da origem do material é desejada.<br />

O material separado que fica estocado a espera de<br />

ser prensado e enfardado é o típico estoque em<br />

processo dentro das cooperativas. Para este<br />

produto as características de interesse são as<br />

condições de risco ao ambiente, como exposição a<br />

luz e a umidade e que irão determinar o local de<br />

armazenamento. Para este produto também é vital<br />

saber sua característica física que permite ou não a<br />

prensagem. Vidros, certos tipos de plásticos e<br />

metais não são prensados, enquanto que os<br />

papeis, plásticos PET e outros tipos de plásticos<br />

são prensados e estocados em forma de fardos.<br />

O material prensado e enfardado é o típico produto<br />

final das cooperativas e as características que<br />

condicional sua armazenagem são relevantes para<br />

o planejamento logístico, bem como a proporção<br />

deste material na carteira de produtos das<br />

cooperativas.<br />

4.3 QUANTO AS CARACTEÍRÍSTICAS FÍSICAS<br />

As características físicas do produto estão<br />

diretamente relacionadas ao seu estado físico,<br />

forma de apresentação, peso, volume e alguma<br />

característica de risco, podendo ser: toxidade,<br />

perecibilidade, inflamabilidade ou que necessita<br />

refrigeração.<br />

No caso da cadeia de suprimentos em estudo o<br />

produto sempre se apresentada no estado sólido,<br />

fragmentado e muito heterogêneo quando se<br />

observa o material bruto. Neste estágio, o produto<br />

logístico não requer armazenamento específico,<br />

sendo, em geral, armazenado somente sob a<br />

proteção da chuva.<br />

Porém, neste estágio da cadeia de suprimentos que<br />

a característica de risco relacionada a riscos<br />

biológicos e elementos contaminantes adquire<br />

preocupação maior. Também se observa o<br />

percentual de material orgânico e sucatas<br />

recebidas juntamente com o material, tais dejetos<br />

são indesejáveis e, portanto, o índice de dejetos é<br />

uma característica física que deve ser objeto de<br />

constante monitoramento.<br />

Quando o produto logístico da cadeia de


suplementos é submetido à operação de separação<br />

e enfardamento para entrega, suas características<br />

físicas tornam-se muito distintas entre si, isto ocorre<br />

porque neste estágio existe uma variedade muito<br />

maior de produtos. Ao todo são 21 diferentes<br />

produtos que são regularmente comercializados<br />

pelas cooperativas e pela reciclamp. Além destes<br />

21 produtos há, ainda, os metais, vidros e outros<br />

diferentes itens.<br />

Para estes 21 produtos que compõe o catálogo de<br />

produto as características físicas relevantes estão<br />

relacionadas ao formato da carga, peso, pureza<br />

máxima admitida e condição de armazenamento.<br />

A tabela 1 a seguir apresenta os principais produtos<br />

comercializados pelas cooperativas populares.<br />

Ondulad<br />

o I<br />

Papelão<br />

misto<br />

Arquivo<br />

Jornal<br />

Papel<br />

Misto<br />

PET<br />

Cristal<br />

PET<br />

Verde<br />

PET<br />

Misto<br />

PET<br />

Azul<br />

PET<br />

Óleo<br />

PET<br />

Colorida<br />

PEAD<br />

branco<br />

PEAD<br />

color<br />

PP<br />

Branco<br />

Tabela 1-Os produtos e algumas de suas<br />

características<br />

Tipo de Material<br />

Caixa e chapas de papelão marrom, caixas de<br />

leite, rolo de papel higiênico e papel toalha,<br />

saco marrom sem brilho.<br />

Caixas: sabão, ovo, pizza, lanche, café,<br />

remédio, camisa, sapato. Sacos: pão, cimento,<br />

cal. Capas de caderno e livros. Papelão com<br />

brilho.<br />

Todo tipo de papel branco sem brilho, encarte<br />

de jornal, folhas de cadernos e livros, folha de<br />

seda, folhas da lista telefônica sem carbono.<br />

Todo tipo de jornal, incluindo jornais velhos e<br />

encartes de redação.<br />

Revistas, panfletos de supermercado, notas<br />

fiscais coloridas.<br />

Garrafas de refrigerantes transparentes.<br />

Garrafas de refrigerantes verdes.<br />

Garrafas de água, detergente, vinagre,<br />

adoçante, isotônicos, produtos farmacêuticos<br />

transparentes.<br />

Garrafas azuis, de água, detergente e<br />

desinfetante.<br />

Garrafas de óleo e maionese.<br />

Garrafas de catchup, mostarda, perfumes,<br />

condicionador, produtos farmacêuticos e<br />

refrigerantes coloridos.<br />

Potes, amaciantes, detergentes, utilidades<br />

domésticas, engradados de bebidas, baldes<br />

tambores, tanque de combustível para<br />

veículos, tubos de água e esgoto branco.<br />

Potes de amaciantes, detergentes, utilidades<br />

domésticas, engradados de bebidas, baldes<br />

tambores, tanque de combustível para<br />

veículos, tubos de água e esgoto colorido.<br />

Potes de margarina, sorvete, para guardar<br />

alimentos em geladeira e freezer, seringas<br />

descartáveis, caixarias em geral, copos,<br />

baldes, bacias, cabides, fios e cabos,<br />

Anais do XIV Encontro de Iniciação Científica da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong> - 29 e 30 de setembro de 2009<br />

ISSN 1982-0178<br />

PP<br />

Colorido<br />

PS<br />

Branco<br />

PS<br />

Colorido<br />

Aparas<br />

Transpa<br />

rentes<br />

Aparas<br />

Colorida<br />

s<br />

PVC<br />

Cano<br />

Tampa<br />

Colorida<br />

mangueira, tubos de água e esgoto brancos.<br />

Potes de margarina, sorvete, para guardar<br />

alimentos em geladeira e freezer, seringas<br />

descartáveis, caixarias em geral, copos,<br />

baldes, bacias, cabides, fios e cabos,<br />

mangueira, tubos de água e esgoto coloridos.<br />

Potes de iorgutes, doces, sorvetes, pratos,<br />

aparelhos de barbear descartáveis, capas de<br />

CD, gabinetes de aparelhos de som e TV,<br />

revestimento interno de geladeira, garfos,<br />

colher e garfos brancos.<br />

Potes de iorgutes, doces, sorvetes, pratos,<br />

aparelhos de barbear descartáveis, capas de<br />

CD, gabinetes de aparelhos de som e TV,<br />

revestimento interno de geladeira, garfos,<br />

colher e garfos brancos.<br />

Sacolas de supermercado, sacos de lixo,<br />

embalagens de leite, lonas, proteção de<br />

alimentos na geladeira, freezer e microondas<br />

transparentes.<br />

Sacolas de supermercado, sacos de lixo,<br />

embalagens de leite, lonas, proteção de<br />

alimentos na geladeira, freezer e microondas<br />

coloridas.<br />

Garrafão de água e canos de água e esgoto<br />

Todos os tipos de tampa com rosca<br />

O reconhecimento do formato exigido, da<br />

densidade e do volume dos produtos será útil para<br />

o melhor aproveitamento do uso dos veículos,<br />

buscando produzir fardos de produtos separados e<br />

prensados que seja próxima da densidade ideal dos<br />

veículos que fazem o seu transporte, evitando<br />

desperdícios na capacidade de transporte pelo fato<br />

do veículo atingir, de modo desequilibrado, sua<br />

capacidade cúbica e ainda ter capacidade de peso<br />

para transportar e vice-versa.<br />

O reconhecimento dos riscos associados e das<br />

condições de armazenagem também poderá ser útil<br />

para se definir melhor a maneira de manusear e<br />

manter armazenado tais produtos, evitando perdas<br />

por exposição indevida ao ambiente e garantindo<br />

padrões de qualidade exigida pelos compradores.<br />

Expandindo o produto logístico para as matériasprimas<br />

já se reconhece que algumas características<br />

podem melhorar o planejamento e a operação<br />

logística, tais como: a composição do produto, o<br />

volume e o percentual de resíduos (dejeto)<br />

estratificados por origem. Tais informações<br />

poderiam ser úteis num planejamento da produção,<br />

pois seria possível reconhecer a capacidade de<br />

receber produtos e processá-la de modo a atender<br />

uma dada demanda futura que não poderia ser<br />

atendida exclusivamente com o que se tem em<br />

estoque nas cooperativas.


6. CONCLUSÕES<br />

Embora seja uma pesquisa em andamento é<br />

possível reconhecer as possibilidades para o<br />

incremento da eficiência operacional da cadeia de<br />

suprimentos das cooperativas de coleta e seleção<br />

de recicláveis através da adoção de métodos é<br />

ferramentas advindas da logística empresarial,<br />

campo em comum entre a administração e a<br />

engenharia de produção.<br />

A análise do fluxo logístico deve ser feita<br />

observando-se as características do produto<br />

movimentado, pois estas características<br />

condicionam as decisões sobre transporte, escolha<br />

de modal, tamanho do embarque, níveis de<br />

estoques, freqüência de entrega, entre outras<br />

decisões.<br />

Para o planejamento e controle da produção,<br />

conhecer as características do produto logístico<br />

recebido, em especial a proporção dos materiais<br />

contidos nas remessas, o volume e a freqüência<br />

são características que permitirão as cooperativas<br />

prever tempos necessários para consolidar<br />

remessas de entrega aos recicladores, bem como<br />

estabelecer rotas de coleta emergenciais para este<br />

fim.<br />

A sistemática adotada para a armazenagem dos<br />

materiais é outra função dependente das<br />

características físicas de cada produto. A<br />

embalagem utilizada, o peso, a densidade e as<br />

características de risco definem o empilhamento<br />

máximo, a localização do estoque e o tempo<br />

máximo de permanência.<br />

Com relação ao produto acabado, conhecer os<br />

padrões de qualidade exigidos, o tamanho dos lotes<br />

de entrega e a freqüência de entrega são<br />

fundamentais para estabelecer as rotas de entrega<br />

que satisfação os requisitos dos recicladores,<br />

tornando-os clientes por mérito do produto e não<br />

dependentes de boa vontade dos compradores.<br />

Promover a consolidação deste modelo de gestão e<br />

contribuir para a melhoria da eficiência operacional<br />

desta cadeia de suprimentos é uma tarefa que<br />

enaltece e engrandece a administração e a<br />

engenharia de produção como área do<br />

conhecimento científico. Pois a promoção de ações<br />

que visem a sustentabilidade é um desafio atual da<br />

humanidade e que o caso descrito neste trabalho<br />

deve servir de estimulo e exemplo a ser seguido.<br />

Encorajo todos os pesquisadores e profissionais<br />

que leram este trabalho a se envolverem,<br />

Anais do XIV Encontro de Iniciação Científica da <strong>PUC</strong>-<strong>Campinas</strong> - 29 e 30 de setembro de 2009<br />

ISSN 1982-0178<br />

contribuindo para a construção de um futuro mais<br />

solidário e saudável para toda a humanidade.<br />

7. REFERÊNCIAS<br />

[1] CSCMP (2009), capturado online em janeiro de<br />

2009<br />

<br />

[2] Ballou, Ronald H.(2006), Gerenciamento da<br />

Cadeia de Suprimentos: planejamento,<br />

organização e logística empresarial. 5ªed. Porto<br />

Alegre: Bookman.<br />

[3] REVLOG. (2009), capturado online em janeiro<br />

de 2009.<br />

<br />

[4] Chaves, Gisele de Lorena Diniz; Batalha, Mário<br />

Otávio (2006). Os consumidores valorizam a<br />

coleta de embalagens recicláveis? Um estudo<br />

de caso da logística reversa em uma rede de<br />

hipermercados. Revista Gestão e Produção,<br />

São Carlos, v. 13, n. 3, Dec. 2006 .<br />

Disponível em: . Acesso<br />

em: 17/02/2009.<br />

[5] Guide Jr., V.D.R; Harrison, T.P. and L.N. Van<br />

Wassenhove (2003). The Challenger of Closed-<br />

Loop Supply Chains. Interfaces, p. 03-06,<br />

vol.33, n. 06, nov-dez, 2003

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