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Maio/Junho - Sociedade Brasileira de Anestesiologia

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Anestesia<br />

Publicação da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong> - ANO 60 - N - 03/2010 - mai/jun<br />

em revista<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong>


Nesta Edição<br />

Expediente<br />

Anestesia em revista é uma publicação da<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong><br />

Departamento <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong> da<br />

Associação Médica <strong>Brasileira</strong><br />

Rua Professor Alfredo Gomes, 36 - Botafogo - Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ<br />

CEP: 22.251-080 - Tel.: (21) 2537-8100 - Fax: (21) 2537-8188<br />

Editorial<br />

• Visibilida<strong>de</strong> cientifica da RBA, Diretoria da SBA _______________4<br />

Artigos<br />

• <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong>: época <strong>de</strong><br />

pensar e agir em relação à saú<strong>de</strong> ocupacional do<br />

anestesiologista, Gastão F. Duval Neto ______________________5<br />

• Futuro da anestesiologia daqui a 40 anos,<br />

Carlos Alberto da Silva Junior ____________________________ 11<br />

• Cenário dos congressos brasileiros <strong>de</strong> anestesiologia,<br />

José Abelardo Garcia <strong>de</strong> Meneses ________________________ 13<br />

• Se não tem tú, vai <strong>de</strong> tú mesmo, ou o anestésico<br />

local do futuro, Maria P.B. Simonetti ______________________ 14<br />

• Regras <strong>de</strong>ontológicas para o distrato e<br />

a <strong>de</strong>smobilização das cooperativas <strong>de</strong> trabalho médico,<br />

Adriana <strong>de</strong> Alcântara Luchtenberg ________________________ 18<br />

Notícias<br />

• Curso <strong>de</strong> Capacitação a Distância em <strong>Anestesiologia</strong><br />

da SBA para Progressão Funcional <strong>de</strong> Médicos do<br />

Ministério da Educação e Cultura _________________________ 25<br />

• Informe aos Médicos em Especialização do ano <strong>de</strong> 2006 ____ 25<br />

• Espaço AMB – Desastres ________________________________ 26<br />

• Aprovados na prova do TSA - primeiro semestre ____________ 26<br />

• Homenagem póstuma ___________________________________ 27<br />

• Obituário ______________________________________________ 27<br />

• Calendário Científico da SBA _____________________________ 27<br />

Regionais<br />

• SARGS comemorou 60 anos _____________________________ 28<br />

Novos Membros _____________________________________ 29<br />

Responsabilida<strong>de</strong> Social<br />

ONG Repartir dá apoio a tratamento <strong>de</strong> crianças carentes ______ 30<br />

Conselho Editorial: Carlos Eduardo Lopes Nunes, Nádia Maria da Conceição Duarte,<br />

Sylvio Valença <strong>de</strong> Lemos Neto, Henri Braunstein, Edno Magalhães,<br />

José Mariano Soares <strong>de</strong> Moraes e Airton Bagatini<br />

Diretor Responsável: Airton Bagatini<br />

Foto da Capa: 41 a Jornada <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong> do Brasil Central<br />

Programação Visual: Ito Oliveira Lopes - 12516-DRT/RJ - Wellington L. R. Lopes<br />

Equipe Editorial: José Bredariol Jr, Marcelo Marinho, Marcelo Sperle, Merce<strong>de</strong>s Azevedo e<br />

Rodrigo Matos<br />

Jornalista Responsável: Eliane Belleza - Reg. Prof. 20902-122-51-FENAJ<br />

Impressão e Acabamento: MasterGraph - Tiragem: 9.000 - Distribuição gratuita.<br />

IMPORTANTE: Cadastre seu e-mail na SBA<br />

Visite o site da SBA na Internet:<br />

www.sba.com.br - sba2000@openlink.com.br<br />

Os artigos publicados na Anestesia em Revista são <strong>de</strong> inteira responsabilida<strong>de</strong> dos seus respectivos autores.


EDITORIAL<br />

Visibilida<strong>de</strong> RBA<br />

científica da<br />

Apartir <strong>de</strong> maio <strong>de</strong>ste ano, você<br />

receberá um número diferente<br />

da Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong><br />

(RBA), que preten<strong>de</strong> inaugurar<br />

um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> editoração.<br />

Em 2008, nossa revista científi ca<br />

foi in<strong>de</strong>xada no banco <strong>de</strong> dados Medline,<br />

cuja responsável e mantenedora<br />

é a norte-americana National Library<br />

of Medicine.<br />

Essa foi, sem dúvida, uma gran<strong>de</strong><br />

conquista que agregou valor à RBA.<br />

Além disso, a in<strong>de</strong>xação propiciou<br />

que autores brasileiros com vinculação<br />

universitária, que necessitam<br />

apresentar uma produção regular <strong>de</strong><br />

publicações em periódicos in<strong>de</strong>xados,<br />

passassem a enviar mais artigos<br />

à RBA, em vez <strong>de</strong> submetê-los diretamente<br />

a publicações estrangeiras por<br />

falta <strong>de</strong> uma opção nacional.<br />

Apesar do enorme passo que essa<br />

etapa representou, temos ainda uma<br />

longa jornada pela frente, qual seja, a<br />

<strong>de</strong> aumentar o índice <strong>de</strong> impacto <strong>de</strong><br />

nossa revista. Esse índice é medido<br />

através <strong>de</strong> complexos cálculos realizados<br />

por instituições internacionais<br />

especializadas e visa quantifi car, em última<br />

análise, a importância relativa que<br />

um <strong>de</strong>terminado periódico apresenta<br />

perante a comunida<strong>de</strong> científi ca naquela<br />

área específi ca do conhecimento<br />

humano. Dessa forma, o fator primordial<br />

no cálculo do impacto <strong>de</strong> um periódico<br />

é o número <strong>de</strong> vezes que seus<br />

artigos são citados como referência<br />

em publicações também in<strong>de</strong>xadas.<br />

A RBA, que além <strong>de</strong> in<strong>de</strong>xada<br />

ao Medline já consta do portal<br />

Science Direct, muito consultado<br />

4 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

por autores estrangeiros, não está<br />

usufruindo ao máximo toda essa<br />

exposição, pois, embora seja trilíngue,<br />

o idioma que aparece em<br />

primeiro lugar, em cada artigo, é<br />

o português. Como a in<strong>de</strong>xação<br />

se dá através do primeiro idioma<br />

da publicação, nossa visibilida<strong>de</strong><br />

científica está atrelada ao português,<br />

que, infelizmente, não é um<br />

idioma com gran<strong>de</strong> penetração no<br />

mundo editorial.<br />

Por essa razão, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> minuciosa<br />

análise feita em conjunto pela<br />

diretoria da SBA, pelo editor-chefe da<br />

RBA e pela empresa editora Elsevier,<br />

foi <strong>de</strong>cidido alterar a or<strong>de</strong>m dos idiomas<br />

dos artigos, colocando o inglês<br />

em primeiro lugar, numa ação que almeja<br />

modifi car a in<strong>de</strong>xação da RBA<br />

Diretoria da SBA 2010<br />

e, com isso, seu grau <strong>de</strong> exposição a<br />

instituições e a autores estrangeiros.<br />

Espera-se, em <strong>de</strong>corrência, aumentar<br />

seu índice <strong>de</strong> impacto.<br />

A capa, entretanto, permanecerá<br />

com o predomínio do idioma português,<br />

pois isso não interfere na in<strong>de</strong>xação<br />

dos artigos.<br />

Não se trata, portanto, <strong>de</strong> perda<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da RBA, mas sim <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>quação às exigências do contexto<br />

científi co-editorial, que reverterá em<br />

maior reconhecimento internacional<br />

e, consequentemente, no aumento do<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> autores e artigos<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para nossa revista.<br />

A RBA continuará, como sempre,<br />

brasileira. Mas, agora, o mundo vai<br />

conhecê-la melhor.<br />

Diretoria da SBA


ARTIGOS<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong>:<br />

época <strong>de</strong> pensar e agir em relação à<br />

saú<strong>de</strong> ocupacional do anestesiologista<br />

Os atuais estudos epi<strong>de</strong>miológicos<br />

sobre a saú<strong>de</strong> ocupacional<br />

<strong>de</strong> médicos têm<br />

centrado seus principais<br />

objetivos na <strong>de</strong>tecção e na análise <strong>de</strong><br />

prevalência das patologias <strong>de</strong> origem<br />

somática e/ou psíquicas, como as patologias<br />

<strong>de</strong>generativas, cardiovasculares,<br />

tóxicas e infecciosas, o burnout,<br />

as <strong>de</strong>pressões psicogênicas e a <strong>de</strong>pendência<br />

química, entre outras. Por outro<br />

lado, fi ca muito evi<strong>de</strong>nte quão pouco<br />

tem sido realizado, <strong>de</strong> maneira efetiva,<br />

em relação à geração e manutenção <strong>de</strong><br />

uma situação <strong>de</strong> bem-estar ocupacional<br />

do médico, entre os quais o anestesiologista, durante a<br />

prática clínica diária.<br />

Especificamente na área da saú<strong>de</strong> ocupacional do<br />

anestesiologista, o conhecimento profundo sobre os<br />

riscos das patologias somáticas e/ou psíquicas, adquiridas<br />

ou exacerbadas pela prática médica clínica, resultou<br />

em um elevado grau <strong>de</strong> diagnóstico e conduta<br />

na profilaxia ou no tratamento <strong>de</strong>stas. Embora seja<br />

importante a conscientização dos anestesiologistas<br />

<strong>de</strong> que ainda é muito falho o<br />

enfrentamento reivindicatório na busca<br />

<strong>de</strong> melhores soluções para esse tipo <strong>de</strong><br />

situação, essa falta fica mais evi<strong>de</strong>nciada<br />

no que se refere à viabilização efetiva <strong>de</strong><br />

um sistema <strong>de</strong> suporte para tratamento e<br />

manutenção do anestesiologista enfermo,<br />

isso por parte <strong>de</strong> estruturas associativas,<br />

estatais, governamentais e políticas, entre<br />

outras.<br />

Se analisarmos <strong>de</strong> maneira cronológica<br />

alguns dados sobre saú<strong>de</strong> ocupacional do<br />

médico e, em particular, do anestesiologista,<br />

po<strong>de</strong>remos chegar a conclusões realmente<br />

preocupantes e, por vezes, até alarmantes.<br />

Vejamos algumas informações sobre a incidência<br />

<strong>de</strong> patologias ocupacionais tratadas<br />

Gastão F. Duval Neto<br />

Por Gastão F. Duval Neto*<br />

pelo reconhecidamente competente<br />

sistema <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong> do médico<br />

cana<strong>de</strong>nse durante o ano <strong>de</strong> 2002 (Quadro<br />

I):<br />

O OMA Physician Health Program<br />

é um <strong>de</strong> serviço cana<strong>de</strong>nse <strong>de</strong> assistência<br />

ao médico com patologias ocupacionais<br />

que mantém características <strong>de</strong><br />

confi <strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong>. No ano <strong>de</strong> 2000, foi<br />

estabelecido o Canadian Medical Association<br />

Center for Physician Health and<br />

Occupational Well-being, instituição<br />

que conferiu maior credibilida<strong>de</strong> e efetivida<strong>de</strong><br />

às ativida<strong>de</strong>s e reivindicações do<br />

OMA.<br />

Os dados epi<strong>de</strong>miológicos mostrados no Quadro<br />

I evi<strong>de</strong>nciam uma prevalência significantemente<br />

mais elevada para as doenças com características<br />

psicopatológicas, ligadas à prática médica (ocupacionais),<br />

quando comparadas com as patologias<br />

ocupacionais estritamente somáticas resultantes <strong>de</strong><br />

infecções, irradiações, contaminações e inalações <strong>de</strong><br />

gases, entre outras.<br />

Quadro I – OMA Physician Health Program 2002 Annual Report<br />

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 5


Figura 1 – Livro editado pela CMA – Canadian Medical Association<br />

Baseado no sucesso assistencial obtido<br />

nos cuidados com a saú<strong>de</strong> ocupacional e<br />

bem-estar ocupacional do médico no canadá,<br />

o Dr. Michael Myers, clinical professor<br />

of the Dept. of Psychiatry, University of<br />

British Columbia, através da Canadian Medical<br />

Association (CMA), editou um livro<br />

que alerta sobre fatos que potencialmente<br />

elevam a incidência dos vários tipos <strong>de</strong> patologia<br />

ocupacional, bem como fontes <strong>de</strong><br />

recursos para o diagnóstico, tratamento e<br />

suporte no Canadá (Figura 1). Certamente<br />

esse é um dos exemplos a ser seguido por<br />

outras instituições.<br />

Algumas características inerentes à prática<br />

da anestesiologia nos tempos mo<strong>de</strong>rnos po<strong>de</strong>m<br />

resultar em certas correlações bastante<br />

signifi cantes com patologias psicogênicas,<br />

6 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

sendo estas geradoras <strong>de</strong> graus elevados <strong>de</strong> patogenicida<strong>de</strong>.<br />

Entre essas características, po<strong>de</strong>mos<br />

citar e enfatizar os perigos do surgimento <strong>de</strong> situações<br />

crônicas <strong>de</strong> fadiga e <strong>de</strong> elevado nível <strong>de</strong><br />

estresse ocupacional, que po<strong>de</strong>m estar presentes<br />

tanto na prática clínica da anestesiologia como<br />

também nos centros <strong>de</strong> formação dos jovens profi<br />

ssionais <strong>de</strong>ssa área (centros <strong>de</strong> ensino e treinamento<br />

e residências médicas - SBA e MEC).<br />

No Brasil, a Escola Paulista <strong>de</strong> Medicina, através<br />

<strong>de</strong> seu setor <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência química<br />

em médicos, a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pesquisa em Álcool e<br />

Drogas (Uniad), apresenta recente casuística, exposta<br />

no Quadro II, com um N <strong>de</strong> 57 pacientes<br />

com evidência clínica <strong>de</strong> signifi cante prevalência <strong>de</strong><br />

adição química <strong>de</strong> drogas opioi<strong>de</strong>s (52,6%), álcool<br />

(22,8%) e benzodiazepínicos (29,8%) em anestesiologistas.<br />

A <strong>de</strong>pendência química a esse tipo <strong>de</strong> droga,<br />

principalmente aos opioi<strong>de</strong>s, torna o tratamento<br />

<strong>de</strong> recuperação do médico adicto bastante<br />

dificultado e, muitas vezes, frustrante, principalmente<br />

em razão <strong>de</strong> o fator etiológico resultar em<br />

alterações significantes na formatação da codificação<br />

genética celular no sistema nervoso central<br />

(up and down regulation neuronal). Essa alteração<br />

patológica genético-fisiológica do neurônio<br />

(principalmente em estrutura do sistema límbico)<br />

resulta na adoção <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> patológica<br />

caracterizada pelo <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento da busca incontrolável<br />

pela droga e pela satisfação advinda <strong>de</strong> seu uso<br />

Quadro II – Relação da drogas utilizadas pelos médicos anestesiologistas<br />

adictos


Quadro III – Correlação entre <strong>de</strong>pendência química e comorbida<strong>de</strong>s<br />

(busca intensamente compulsiva e sem senso crítico<br />

por obtenção <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> transição entre up e<br />

down regulation no sistema central, principalmente o<br />

sistema límbico, resultando em atitu<strong>de</strong>s agressivamente<br />

compulsivas, com cognição e senso crítico totalmente<br />

alterados). Somado ao exposto, outra dificulda<strong>de</strong> na<br />

recuperação <strong>de</strong> anestesiologistas adictos aos opioi<strong>de</strong>s<br />

é a livre possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso à droga <strong>de</strong>ntro dos<br />

centros cirúrgicos e das salas <strong>de</strong> recuperação pós-anestésica.<br />

Outra valiosa informação científi ca e epi<strong>de</strong>miológica<br />

fornecida pela Uniad po<strong>de</strong> ser observada no<br />

Quadro III, o que evi<strong>de</strong>ncia a correlação entre<br />

a <strong>de</strong>pendência química em anestesiologistas e<br />

as comorbida<strong>de</strong>s que mais frequentemente a<br />

acompanham.<br />

Como foi salientado anteriormente, po<strong>de</strong><br />

ser evi<strong>de</strong>nciada, por meio do Quadro III, a<br />

gran<strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> da correlação entre patologias<br />

psicogênicas <strong>de</strong>senvolvidas durante<br />

o exercício da anestesiologia (como fadiga,<br />

<strong>de</strong>pressão e burnout) com a Síndrome <strong>de</strong> Dependência<br />

Química.<br />

Os anestesiologistas envolvidos com a formação<br />

médica <strong>de</strong>vem ter, muito presente, a noção<br />

da potencialida<strong>de</strong> em relação à mortalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> jovens resi<strong>de</strong>ntes adictos químicos. Estudo<br />

publicado mostra a elevada mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> anestesiologia tratados <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

serviço especializado no tratamento para adictos<br />

nos Estados Unidos (Quadro IV).<br />

A síndrome da burnout (estafa) constitui um<br />

quadro bem <strong>de</strong>fi nido, caracterizado por exaustão<br />

emocional, <strong>de</strong>spersonalização e redução da<br />

realização pessoal (Carlotto MS, Gobbi MD.<br />

Síndrome <strong>de</strong> burnout: um problema do indivíduo<br />

ou do seu contexto <strong>de</strong> trabalho? Aletheia,<br />

1999; 10:103-14). A exaustão emocional representa<br />

o esgotamento dos recursos emocionais<br />

do indivíduo, sendo consi<strong>de</strong>rado o traço inicial<br />

da síndrome e <strong>de</strong>corre, principalmente, da sobrecarga<br />

e do confl ito pessoal nas relações interpessoais<br />

e no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> suas funções profi<br />

ssionais. A <strong>de</strong>spersonalização é caracterizada<br />

pela insensibilida<strong>de</strong> emocional do profi ssional,<br />

que passa a tratar clientes e colegas como objetos.<br />

A presença <strong>de</strong>sse sintoma é fundamental para<br />

o diagnóstico da síndrome <strong>de</strong> estafa (burnout), já<br />

que suas outras características po<strong>de</strong>m ser encontradas nos<br />

quadros <strong>de</strong>pressivos em geral. Por fi m, a redução da realização<br />

pessoal (ou sentimento <strong>de</strong> incompetência) revela autoavaliação<br />

negativa associada à insatisfação e infelicida<strong>de</strong><br />

com o trabalho.<br />

A professora De Keyser e seu grupo <strong>de</strong> psicofi siologistas/anestesiologistas<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Liège, na Bélgica,<br />

evi<strong>de</strong>nciaram, <strong>de</strong> maneira eloquente, não somente<br />

a incidência elevada da síndrome <strong>de</strong> burnout em anestesiologistas<br />

belgas, mas, principalmente, sua potencialida<strong>de</strong><br />

em atingir, <strong>de</strong> maneira intensa, faixas etária abaixo<br />

Quadro IV – Casuística <strong>de</strong> centro <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

anestesiologia adictos químicos – elevada mortalida<strong>de</strong><br />

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 7


Quadro V – Trabalho que evi<strong>de</strong>ncia a prevalência da incidência da<br />

síndrome <strong>de</strong> burnout em relação à ida<strong>de</strong> do anestesiologista<br />

<strong>de</strong> 30 anos. No nível da ida<strong>de</strong> citada, os anestesiologistas<br />

em pauta, na maioria das vezes, estão em seu período <strong>de</strong><br />

formação básica, isto é, durante os programas <strong>de</strong> treinamento<br />

na especialida<strong>de</strong>. Esse fato real eleva a responsabilida<strong>de</strong><br />

das entida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> seus dirigentes envolvidos em<br />

formação médica para com esse tipo <strong>de</strong> problema, que<br />

apresenta graves repercussões não somente para a saú<strong>de</strong><br />

do jovem profi ssional como também para a segurança do<br />

paciente (como veremos as evidências a seguir, no Quadro<br />

V).<br />

Outro fator que envolve a segurança do ato anestésico<br />

é a presença <strong>de</strong> fadiga em anestesiologistas. Essa realida<strong>de</strong><br />

fi cou bem evi<strong>de</strong>nciada através <strong>de</strong> um estudo realizado com<br />

o objetivo <strong>de</strong> avaliar essa correlação (fadiga versus<br />

segurança no ato anestésico), por meio <strong>de</strong> simulação<br />

realística, conforme fi ca <strong>de</strong>monstrado nos Quadros<br />

VI e VII.<br />

A partir da década <strong>de</strong> 1990, vários movimentos<br />

<strong>de</strong> cunho científi co, formativo e assistencial, baseados<br />

em dados epi<strong>de</strong>miológicos alarmantes sobre a<br />

saú<strong>de</strong> ocupacional do médico, têm sido <strong>de</strong>fl agrados,<br />

tendo como principal objetivo, além <strong>de</strong> criar uma<br />

consciência mundial sobre esse tema, estruturar mecanismos<br />

que, <strong>de</strong> alguma forma, modifi quem a realida<strong>de</strong><br />

atual.<br />

O início do movimento <strong>de</strong> conscientização para<br />

os problema psicogênicos em saú<strong>de</strong> ocupacional,<br />

em âmbito mundial, foi propiciado pela publicação<br />

<strong>de</strong> trabalhos e editoriais no Br J Med e no Western<br />

J Med , como também por meio <strong>de</strong> afi rmativas<br />

8 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

como a mostrada no Quadro VIII, que enfatizam<br />

a incidência <strong>de</strong> que 45% <strong>de</strong> todos os médicos cana<strong>de</strong>nses<br />

estão acometidos da síndrome <strong>de</strong> burnout<br />

e em estado avançado.<br />

A realida<strong>de</strong> atual mostra, sem sombra <strong>de</strong> dúvida,<br />

tendência exacerbada da comunida<strong>de</strong> associativo-científi<br />

ca na execução <strong>de</strong> pesquisas epi<strong>de</strong>miológicas sobre<br />

as patologias psicogênicas <strong>de</strong> etiologia ocupacional já<br />

estabelecidas em relação a possibilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s que promovam a saú<strong>de</strong> do profi<br />

ssional antes do estabelecimento da patologia. Outra<br />

opção <strong>de</strong> abordagem <strong>de</strong>sse complexo problema <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> ocupacional do médico seria a criação <strong>de</strong> sistemas<br />

<strong>de</strong> suporte à saú<strong>de</strong> profi ssional do anestesiologista,<br />

através do estabelecimento <strong>de</strong> políticas institucionais<br />

e governamentais, em prol <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s que visem<br />

à profi laxia da doença <strong>de</strong> etiologia ocupacional. Essa<br />

premissa po<strong>de</strong> ser simplifi cada no título <strong>de</strong> um editorial<br />

escrito pelo Dr. Gavin Yamey, publicado no Br J Med,<br />

2001; 322:252, com o título <strong>de</strong>: “We should move away from<br />

a disease mo<strong>de</strong>l and focus on positive function.”<br />

O crescimento <strong>de</strong> nosso interesse em relação à saú<strong>de</strong><br />

ocupacional do anestesiologista data do ano <strong>de</strong> 2000, a<br />

partir do qual estamos tentando enten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> maneira real,<br />

esse tipo <strong>de</strong> situação, alertando para o fato <strong>de</strong> que tem<br />

signifi cante prevalência na vida do anestesiologista clínico.<br />

As ações <strong>de</strong>senvolvidas nesse sentido tiveram o suporte<br />

da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong> (SBA), através<br />

do Comitê <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Ocupacional, e da World Fe<strong>de</strong>ration<br />

of Societies of Anesthesiologists (WFSA), através <strong>de</strong> seu<br />

Professional Well-being Work Party (PWWP).<br />

Quadro VI – Trabalho que evi<strong>de</strong>ncia, através <strong>de</strong> simulação, a<br />

correlação entre presença <strong>de</strong> fadiga e erros médicos


INCIDÊNCIA INCIDÊNCIA DE LAPSOS LAPSOS CLÍNICOS CLÍNICOS NOS NOS DOIS DOIS GRUPOS GRUPOS<br />

INÍCIO INÍCIO DA DA SIMULAÇÃO<br />

SIMULAÇÃO<br />

Quadro VII – Resultados que evi<strong>de</strong>nciam a diferença entre<br />

os grupos estudados no que se refere à incidência <strong>de</strong><br />

lapsos durante o ato anestésico<br />

Quadro VIII - Estudo que evi<strong>de</strong>nciam a incidência <strong>de</strong> síndrome<br />

<strong>de</strong> burnout em médicos cana<strong>de</strong>nses<br />

• Através do Comitê <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Ocupacional<br />

da SBA, <strong>de</strong>senvolvemos<br />

uma pesquisa epi<strong>de</strong>miológica, associada<br />

à profa. Isabelle Hansez, PhD,<br />

Department of Work Psychology,<br />

University of Liège, Bélgica, com o<br />

principal objetivo <strong>de</strong> avaliar o nível<br />

<strong>de</strong> estresse ocupacional e o grau <strong>de</strong><br />

adaptabilida<strong>de</strong> às condições <strong>de</strong> trabalho<br />

dos resi<strong>de</strong>ntes (R1, R2 e R3) e<br />

seus preceptores nos programas <strong>de</strong><br />

ensino e treinamento SBA e MEC.<br />

Os resultados do trabalho em pauta foram<br />

sintetizados no Quadro X, a seguir.<br />

Quadro IX – Trabalho epi<strong>de</strong>miológico realizado pelo<br />

Comitê <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Ocupacional da SBA<br />

• Através da Professional Well-being Work Party,<br />

na World Fe<strong>de</strong>ration of Societies Anesthesiologists,<br />

<strong>de</strong>senvolvemos uma pesquisa com 120<br />

socieda<strong>de</strong>s membros <strong>de</strong>ssa entida<strong>de</strong>, através da<br />

utilização <strong>de</strong> um questionário visando i<strong>de</strong>ntifi car<br />

o nível <strong>de</strong> incidência e os tipos <strong>de</strong> abordagem<br />

utilizados por essas socieda<strong>de</strong>s em relação à saú<strong>de</strong><br />

ocupacional do anestesiologista.<br />

Os resultados prévios do estudo em pauta já evi<strong>de</strong>nciam<br />

que um percentual superior a 90% das socieda<strong>de</strong>s<br />

membros da WFSA consultadas consi<strong>de</strong>ra<br />

a síndrome <strong>de</strong> burnout um problema <strong>de</strong> elevada<br />

incidência entre os anestesiologistas pertencentes<br />

a seus quadros <strong>de</strong> associados e, <strong>de</strong> maneira para-<br />

Quadro X – Resumo dos resultados da pesquisa <strong>de</strong>senvolvida pela<br />

Comissão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Ocupacional da SBA<br />

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 9


Quadro XI – Resultado parcial <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>senvolvida<br />

pela PWWP sobre saú<strong>de</strong> ocupacional nas socieda<strong>de</strong>s<br />

membros<br />

doxal, somente 14% <strong>de</strong>las<br />

<strong>de</strong>senvolvem algum tipo <strong>de</strong><br />

estratégia <strong>de</strong> abordagem para<br />

essa síndrome (Quadros XI<br />

e XII).<br />

Um editorial publicado<br />

no BMJ, 2003; 326:670-<br />

671(29 <strong>de</strong> março), sintetiza,<br />

<strong>de</strong> maneira muito a<strong>de</strong>quada,<br />

nosso pensamento<br />

em relação à atitu<strong>de</strong> das<br />

socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> anestesiologia<br />

perante as situações <strong>de</strong><br />

bem-estar ocupacional do<br />

anestesiologista:<br />

“Doctors, their wellbeing,<br />

and their stress It’s<br />

time to be proactive about<br />

stress and prevent it”, Jenny<br />

Firth-Cozens, special adviser<br />

on mo<strong>de</strong>rnization of postgraduate<br />

education.<br />

As entida<strong>de</strong>s envolvidas<br />

com a formação médica (AMB/SBA/universida<strong>de</strong>s)<br />

e/ou com a prática médica (CFM/sindicatos/<br />

cooperativas) <strong>de</strong>vem enten<strong>de</strong>r que a repercussão<br />

das alterações na saú<strong>de</strong> ocupacional do médico e do<br />

resi<strong>de</strong>nte implica não somente alterações graves <strong>de</strong><br />

sua saú<strong>de</strong> somática e psíquica do anestesiologista,<br />

mas também altera, <strong>de</strong> maneira intensa, a segurança<br />

do ato médico (anestésico), fato que envolve tanto o<br />

anestesiologista como os pacientes cirúrgicos.<br />

10 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

Quadro XII – Resultado parcial <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>senvolvida<br />

pela PWWP sobre saú<strong>de</strong> ocupacional nas socieda<strong>de</strong>s<br />

membros<br />

Figura 2 – Foto que representa a situação <strong>de</strong> fadiga/burnout presente na prática clínica<br />

da anestesiologia em todo o mundo<br />

Para concluir, precisamos mudar a situação do cérebro<br />

representado na Figura 2 no sentido <strong>de</strong> promover a preservação<br />

<strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong> somática e psíquica e, consequentemente,<br />

garantir a segurança dos pacientes cirúrgicos no<br />

período perioperatório (Figura 2).<br />

*Gastão F. Duval Neto é presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Ocupacional da SBA e Chair of the Professional Well-being Work<br />

Party of WFSA.


A anestesiologia daqui<br />

a 40 anos<br />

“Prever é muito difícil, principalmente o futuro.”<br />

Neils Bohr<br />

Acabo <strong>de</strong> completar 40 anos em<br />

anestesiologia; continuo atuando,<br />

não esperava estar trabalhando<br />

como estou.<br />

Escolhi esse tema porque, às vezes,<br />

sou questionado por colegas sobre o<br />

futuro da anestesiologia. Apesar <strong>de</strong><br />

não ter uma bola <strong>de</strong> cristal e não praticar<br />

a futurologia, vou ousar expressar<br />

algumas opiniões. Daqui a 40 anos, a<br />

maioria dos que leram este artigo não<br />

estará mais praticando nossa especialida<strong>de</strong>.<br />

Por que então se incomodar com<br />

a prática da anestesiologia em 2050?<br />

Em 2050, ou seja, nos próximos 40<br />

anos, que parecem muito longos mas,<br />

nesse mesmo espaço <strong>de</strong> tempo passado,<br />

o legado <strong>de</strong> muitos colegas foi<br />

extremamente importante para todos<br />

nós, bem como o progresso tecnológico<br />

<strong>de</strong> nossa indústria e as invenções,<br />

que também foram vertiginosos.<br />

Ao longo <strong>de</strong>sses anos, experimentamos<br />

uma série <strong>de</strong> mudanças que<br />

nos ajudam a vislumbrar o futuro da<br />

anestesiologia; e não é difícil lembrar<br />

os problemas que a tecnologia resolveu<br />

e entrever os muitos que advirão.<br />

Há 40 anos, os agentes anestésicos<br />

eram limitados. O éter era usado e o<br />

halotano <strong>de</strong>spontava. Dos venosos,<br />

os mais utilizados eram os tiobarbituratos<br />

e a morfi na, e o fentanil já<br />

surgia. A farmacologia conseguiu nos<br />

prover <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> novos anestésicos,<br />

eliminando progressivamente<br />

seus efeitos adversos e promovendo<br />

maior controle sobre as concentrações<br />

plasmáticas. Apesar <strong>de</strong> esses<br />

novos agentes serem mais refi nados,<br />

o modo <strong>de</strong> administrá-los ainda persiste<br />

como outrora – as dosagens são<br />

baseadas na ação sobre a população<br />

Por Carlos Alberto da Silva Júnior*<br />

em geral e nas observações clínicas<br />

variáveis. O uso empírico das drogas<br />

anestésicas vem sendo renovado por<br />

mo<strong>de</strong>los farmacodinâmicos, farmacocinéticos<br />

e farmacogenéticos.<br />

A monitorização <strong>de</strong> 40 atrás consistia<br />

apenas na obtenção indireta e<br />

intermitente da pressão arterial, na<br />

coloração <strong>de</strong> mucosas, no <strong>de</strong>do no<br />

pulso e na ausculta pulmonar. A informática<br />

ainda não era aplicada em<br />

nossos aparelhos eletrônicos. Quem<br />

pensaria, na época, no uso <strong>de</strong> medidores<br />

<strong>de</strong> pressão arterial plestimográfi<br />

cos, nos oxímetros <strong>de</strong> pulso ou nos<br />

capnógrafos?<br />

Enquanto esse aprimoramento<br />

trouxe inquestionável segurança ao<br />

ato anestésico, outros problemas foram<br />

surgindo, pois esses monitores<br />

com fi os elétricos, alarmes e sons<br />

estri<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sviam nossa atenção,<br />

po<strong>de</strong>ndo nos levar a erro ou <strong>de</strong> má<br />

interpretação clínica.<br />

Recentes avanços em procedimentos<br />

minimamente invasivos têm infl uenciado<br />

a anestesia mo<strong>de</strong>rna e continuarão na<br />

prática futura. Pacientes e cirurgiões têm<br />

expectativa <strong>de</strong> recuperação e alta hospitalar<br />

rápidas (fast-track), para assegurar<br />

o conforto e minimizar os efeitos colaterais.<br />

Drogas intravenosas, através <strong>de</strong><br />

bolos intermitentes e infusões contínuas,<br />

serão substituídas por novos métodos<br />

“científi cos”. As pesquisas <strong>de</strong> novas drogas<br />

substituirão as atuais, e os padrões <strong>de</strong><br />

injeção, agora baseados na prática, ocorrerão<br />

através <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los matemáticos.<br />

Novos analgésicos serão <strong>de</strong>senvolvidos,<br />

para atuar em receptores<br />

específi cos (periféricos, medulares e<br />

cerebrais), sem provocar náuseas ou<br />

<strong>de</strong>pressão respiratória. A nanotecno-<br />

Carlos Alberto da Silva Júnior<br />

logia também será aplicada nos solventes<br />

das drogas e nos líquidos voláteis,<br />

que po<strong>de</strong>rão ser administrados por via<br />

venosa através <strong>de</strong> microesferas.<br />

Em 1954, 1 a mortalida<strong>de</strong> anestésica<br />

era <strong>de</strong> 1:1.500 anestesias (essa estimativa<br />

foi baseada numa revisão <strong>de</strong> mortes<br />

até 24 horas após a cirurgia, em <strong>de</strong>z<br />

hospitais universitários americanos<br />

num período <strong>de</strong> cinco anos). Hoje a<br />

anestesia está muito mais segura e o<br />

acesso às estatísticas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>,<br />

mais apuradas. Ainda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mos <strong>de</strong><br />

dados pouco explícitos, que po<strong>de</strong>m ser<br />

modifi cados porque são incompletos e<br />

<strong>de</strong> difícil acesso. Feldmann 2 <strong>de</strong>screveu<br />

o impacto das novas tecnologias <strong>de</strong><br />

informação que modifi carão o modo<br />

pelos quais os maus resultados po<strong>de</strong>rão<br />

ser acessados num futuro próximo.<br />

Atualmente, a mortalida<strong>de</strong> está entre<br />

0,47-55:100.000 anestesias (Estado Físico,<br />

ASA I e IV). 3<br />

A maioria dos anestesiologistas foi<br />

treinada da mesma maneira, com uma<br />

educação médica formal, seguida <strong>de</strong><br />

aprendizagem adquirida sob a orientação<br />

<strong>de</strong> colegas mais experientes.<br />

Todavia, nem sempre “experiência é<br />

ciência”, e as “boas experiências” a<strong>de</strong>quadas<br />

para sua época, hoje, po<strong>de</strong>m ser<br />

ina<strong>de</strong>quadas. Os “experientes” po<strong>de</strong>m<br />

estar distantes da “ciência”, por não<br />

praticarem uma educação continuada.<br />

Treinamentos em simuladores, como<br />

na aviação, vêm sendo <strong>de</strong>senvolvidos,<br />

o que representa boa oportunida<strong>de</strong><br />

para melhorar o treinamento.<br />

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 11


O futuro da anestesia passa pela<br />

criação <strong>de</strong> novos centros <strong>de</strong> ensino e<br />

treinamento (CET) cre<strong>de</strong>nciados e fi scalizados<br />

pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Anestesiologia</strong> (SBA), que vai oferecer<br />

novas vagas no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />

A medicina perioperatória já é uma realida<strong>de</strong><br />

em muitos países, e cabe a nós<br />

incluir no treinamento <strong>de</strong> três a quatro<br />

anos futuros, com períodos <strong>de</strong> seis meses<br />

<strong>de</strong> terapia intensiva e seis meses <strong>de</strong><br />

clínica <strong>de</strong> dor. A dor, que, atualmente,<br />

é subtratada por uma plêia<strong>de</strong> <strong>de</strong> profi<br />

ssionais médicos e paramédicos, nos<br />

quais se incluem neurocirurgiões, reumatologistas<br />

e até “doloristas”, <strong>de</strong>ve<br />

ser urgentemente encampada pelos<br />

serviços <strong>de</strong> anestesiologia para não a<br />

<strong>de</strong>ixarmos “escapar”, como ocorreu<br />

com a terapia intensiva.<br />

As revistas <strong>de</strong> anestesiologia têm<br />

proliferado com melhor triagem das<br />

publicações através <strong>de</strong> seus conselhos<br />

editoriais e normas para os autores. A<br />

leitura <strong>de</strong> artigos, através da internet, será<br />

cada vez mais usual, mas não creio que<br />

somente a leitura eletrônica sobreviverá.<br />

Também não haverá mais necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> aparelhos <strong>de</strong> anestesia para<br />

administrar agentes anestésicos – todos<br />

eles serão injetados por via venosa,<br />

com controle preciso sobre as concentrações<br />

plasmáticas e seus efeitos. Os<br />

respiradores terão pouco uso, pois a<br />

maioria das drogas não mais provocará<br />

<strong>de</strong>pressão respiratória, até porque os<br />

procedimentos cirúrgicos já estão sendo<br />

minimamente invasivos. Revascularização<br />

coronariana e troca <strong>de</strong> válvulas<br />

já po<strong>de</strong>m ser realizadas em pacientes<br />

que respiram espontaneamente.<br />

No lugar dos vaporizadores, os<br />

anestésicos serão administrados por<br />

meio <strong>de</strong> bombas <strong>de</strong> infusão computadorizadas.<br />

As concentrações alvocontroladas<br />

po<strong>de</strong>rão ser mais apuradas<br />

para obter o efeito <strong>de</strong>sejado nos<br />

sítios <strong>de</strong> ação. Mo<strong>de</strong>los matemáticos<br />

para calcular o ritmo <strong>de</strong> infusão serão<br />

comuns para se conseguirem concentrações<br />

necessárias para combater estímulos<br />

e obter os efeitos <strong>de</strong>sejados.<br />

Monitores transcutâneos não invasivos<br />

<strong>de</strong> concentrações plasmáticas i<strong>de</strong>ais<br />

12 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

darão feedback; monitores verda<strong>de</strong>iros<br />

<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> anestésica po<strong>de</strong>rão<br />

reconhecer os estímulos neuronais<br />

primários e do sistema reticular.<br />

O nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> nos centros cerebrais<br />

superiores também será mostrado,<br />

e o anestesiologista ajustará drogas<br />

altamente específi cas, a fi m <strong>de</strong> obter<br />

o alvo <strong>de</strong>sejado para as vias nervosas<br />

e espinhais, que vão produzir sedação<br />

ou anestesia a<strong>de</strong>quada para cada tipo <strong>de</strong><br />

paciente farmacogeneticamente triado.<br />

Daqui a 40 anos, através também <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>los mutidimensionais, po<strong>de</strong>remos<br />

calcular o sinergismo entre os vários tipos<br />

<strong>de</strong> agente anestésico que sugerirão<br />

combinações a<strong>de</strong>quadas, ou seja, sedação<br />

ou anestesia dirigida alvo-controlada.<br />

4<br />

No futuro, as formas <strong>de</strong> realizar<br />

anestesia terão, ainda, que passar necessariamente<br />

por um acesso venoso.<br />

Daqui a 40 anos, a robótica permitirá<br />

que acessemos uma veia periférica ou<br />

central com o uso <strong>de</strong> ultrassonografi a,<br />

múltiplos sensores, fl uxo sanguíneo<br />

e refl exão <strong>de</strong> ondas eletromagnéticas,<br />

através da hemoglobina e <strong>de</strong> outros<br />

constituintes do sangue, para aplicar<br />

certos artefatos intravenosos. Similarmente,<br />

a entubação traqueal po<strong>de</strong>rá ser<br />

realizada por tecnologia robótica, o que<br />

nos ajudará a alcançar as vias aéreas <strong>de</strong><br />

forma rápida e segura. A maioria dos<br />

pacientes respirará ar ambiente, e não<br />

será necessário oxigênio adicional, pois<br />

a <strong>de</strong>pressão respiratória será mínima. 5<br />

O impacto da tecnologia em nossa<br />

prática tem sido dramática nesses últimos<br />

anos. O potencial <strong>de</strong>sta na anestesiologia<br />

é limitado por nossa inabilida<strong>de</strong> clínica<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntifi car e resolver os problemas.<br />

Não po<strong>de</strong>mos também esquecer<br />

que as tradicionais relações <strong>de</strong> trabalho<br />

estão se modifi cando e estão<br />

se <strong>de</strong>senvolvendo novas abordagens<br />

éticas, médico-legais e <strong>de</strong> controle <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>. Estamos, <strong>de</strong> um lado, com<br />

menos pessoal treinado para administrar<br />

a anestesia, o que exige maior<br />

número <strong>de</strong> profi ssionais, e <strong>de</strong> outro,<br />

sofrendo imposição para redução <strong>de</strong><br />

custos. Assim, o futuro da anestesiologia<br />

está na medicina perioperatória.<br />

O futuro passa, ainda, por alterações<br />

dos mo<strong>de</strong>los ora vigentes,<br />

aos quais somos apegados. Como<br />

especialistas, <strong>de</strong>vemos tomar <strong>de</strong>cisões<br />

conscientes, agir e direcionar a<br />

anestesiologia para que ela sobreviva<br />

nos próximos 40 anos. Decisões impensadas<br />

po<strong>de</strong>rão gerar graves consequências.<br />

Sem a <strong>de</strong>vida posição e<br />

mantendo as regras vigentes, po<strong>de</strong><br />

ser pior. Devemos nos engajar, juntos<br />

com as socieda<strong>de</strong>s e os conselhos médicos,<br />

para que sejamos reconhecidos<br />

e tenhamos igual lugar entre as especialida<strong>de</strong>s<br />

médicas. Deveríamos fazer<br />

parte da solução ou do problema? 6<br />

As novas tecnologias <strong>de</strong> administração<br />

<strong>de</strong> agentes anestésicos serão<br />

baseadas em parâmetros infi nitamente<br />

mais complexos. Tal é a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

interação <strong>de</strong>sses parâmetros que, por<br />

certo, só daqui a 40 anos po<strong>de</strong>rão ser<br />

operados em bases científi cas, que exigirão<br />

dos profi ssionais maior e melhor<br />

conhecimento do que os empregados<br />

atualmente; esse profi ssional será necessariamente<br />

o médico anestesiologista.<br />

Para fi nalizar, citamos John F. Kennedy:<br />

“Mudança é uma lei da vida.<br />

Aqueles que olham somente para o<br />

passado ou para o presente serão certamente<br />

os que per<strong>de</strong>rão o futuro.”<br />

Referências<br />

1 - Beecher HK, Todd DP. A study of <strong>de</strong>aths<br />

association with anesthesia and<br />

surgery. Ann Surg, 149:2-34; 1954.<br />

2 - Feldman JM. Anesthesia technology.<br />

ASA Newsletter, 68:5-6; 2004.<br />

3 - Lienhart A, Auroy Y, Péquignot F<br />

et al. Survey of anesthesia-related<br />

mortality in France. Anesthesiology,<br />

105:1087-1097; 2006.<br />

4 - Johnstone RE. The future of anesthesia<br />

practices: views from the conference<br />

on practice management.<br />

ASA Newsletter, 71:7-10; 2007.<br />

5 - Murray WB. The future of anesthesia <strong>de</strong>livery.<br />

ASA Newsletter, 68:7-8; 2004.<br />

6 - Bacon DR. Changing the status quo.<br />

ASA Newsletter, 71:1-2; 2007.<br />

*Carlos Alberto da Silva Júnior é<br />

anestesiologista do Hospital Infantil Joana <strong>de</strong><br />

Gusmão, em Florianópolis, SC. Foi professor titular<br />

<strong>de</strong> anestesiologia da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina, é corresponsável pelo CET Integrado da<br />

Secretaria Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina e<br />

ex-Clinical Research Fellow do Hospital Infantil da<br />

Colúmbia Britânica (BC), Canadá.


Breves consi<strong>de</strong>rações<br />

sobre o novo cenário dos<br />

congressos brasileiros<br />

<strong>de</strong> anestesiologia<br />

Des<strong>de</strong> 1996, em pelo menos quatro<br />

oportunida<strong>de</strong>s, foram apreciadas<br />

tentativas tímidas <strong>de</strong> modifi cação<br />

do regulamento dos Congressos Brasileiros<br />

<strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong> (CBA). A AR/2009,<br />

realizada em Salvador, ao aprovar a proposta<br />

contida no Boletim Agenda, avançou<br />

um pouco mais e recupera, para a<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong>, a<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acompanhar o planejamento<br />

e a execução do maior evento da<br />

especialida<strong>de</strong> no país.<br />

Embora o novo regulamento passe<br />

a vigorar em 2015, estima-se que<br />

o planejamento em médio prazo venha<br />

benefi ciar os membros da SBA<br />

responsáveis pela manutenção da<br />

máquina administrativa por meio da<br />

contribuição anual.<br />

Des<strong>de</strong> a vigência da Resolução nº<br />

1.772/2005, do Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Medicina (CFM), os médicos brasileiros,<br />

titulados a partir <strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><br />

2006 como especialistas ou portadores<br />

<strong>de</strong> titulação em áreas <strong>de</strong> atuação, estão<br />

obrigados a se submeterem à certifi -<br />

cação <strong>de</strong> atualização profi ssional, sob<br />

pena <strong>de</strong> perda do registro <strong>de</strong>sses títulos<br />

e/ou certifi cados. Daí que a partir do<br />

próximo ano, todos <strong>de</strong>vem estar atentos<br />

à pontuação mínima a ser acumulada<br />

em cada quinquênio, em consequência<br />

da participação em eventos presenciais<br />

e <strong>de</strong> educação continuada a distância.<br />

Feitas essas consi<strong>de</strong>rações, po<strong>de</strong>mos<br />

introduzir o tema título <strong>de</strong>ste<br />

Por José Abelardo Garcia <strong>de</strong> Meneses*<br />

comentário. A ser mantida a normativa<br />

do CFM, os organizadores dos<br />

eventos na área médica <strong>de</strong>vem refl etir<br />

cuidadosamente sobre os custos para<br />

os respectivos associados, haja vista a<br />

crescente <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> profi ssionais à<br />

procura da atualização e da manutenção<br />

do status quo.<br />

Apesar das facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso aos<br />

avanços científi cos por meio da re<strong>de</strong><br />

mundial <strong>de</strong> comunicação, não é <strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>sprezar o volume <strong>de</strong> recursos investidos<br />

nos eventos na área médica. A título<br />

<strong>de</strong> ilustração, temos que, em 1995, o<br />

CBA custou, ao sócio da SBA, o valor<br />

<strong>de</strong> 240 dólares americanos (consi<strong>de</strong>rando<br />

ser um evento binacional, lusobrasileiro),<br />

o equivalente a R$ 220. Em<br />

2009, na mesma cida<strong>de</strong>, o custo da inscrição<br />

alcançou a marca dos 700 dólares<br />

(R$ 1.200, com o dólar para compra<br />

a 1,7150). O INPC/IBGE acumulado<br />

no período entre os dois eventos foi <strong>de</strong><br />

115,92%. Outro dado nada <strong>de</strong>sprezível<br />

é a remuneração dos médicos brasileiros,<br />

que acumulam perdas em todos<br />

os níveis da relação <strong>de</strong> trabalho, por<br />

contrato ou ativida<strong>de</strong> liberal, o que cria<br />

embaraços <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m fi nanceira à participação<br />

no CBA.<br />

Daí a importância das modifi cações<br />

na norma para que ações planejadas<br />

possam racionalizar os custos<br />

dos eventos sem a <strong>de</strong>squalifi cação<br />

científi ca <strong>de</strong>stes. Levando-se em conta<br />

apenas a variável critérios para os<br />

José Abelardo<br />

valores das inscrições, <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

direta da Comissão Executiva,<br />

separar os custos das ativida<strong>de</strong>s científi<br />

cas e das <strong>de</strong> lazer e entretenimento<br />

é um bom começo.<br />

A imprevisibilida<strong>de</strong> tem um custo<br />

que foge ao controle da melhor organização.<br />

E justamente aí resi<strong>de</strong> a possibilida<strong>de</strong><br />

da redução signifi cativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício.<br />

O custo variável do evento social<br />

po<strong>de</strong> ser perfeitamente controlado se<br />

disponível para um número limitado <strong>de</strong><br />

interessados que se planejam e a<strong>de</strong>rem<br />

com antecedência à <strong>de</strong>terminada programação.<br />

Isso <strong>de</strong>sonera o conjunto dos<br />

que não preten<strong>de</strong>m ir a todas as reuniões<br />

sociais e os <strong>de</strong>sobriga <strong>de</strong> comparecer<br />

apenas para cumprir a programação. Na<br />

mesma medida, diminui o custo total do<br />

evento, reduz o <strong>de</strong>sperdício e propicia<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reuniões menores e<br />

mais a<strong>de</strong>quadas a vários perfi s <strong>de</strong> congressistas<br />

e acompanhantes.<br />

Ao congressista obrigatoriamente<br />

caberá apenas o ônus da inscrição à<br />

programação científi ca, facultandolhe<br />

a a<strong>de</strong>são à programação social que<br />

melhor lhe aprouver.<br />

*José Abelardo Garcia <strong>de</strong> Meneses é<br />

membro ativo da SBA e da SAEB.<br />

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 13


Se não tem tu, vai tu mesmo<br />

ou o anestésico local do futuro<br />

Faz quase 120 anos da existência<br />

da anestesia regional. E nessa<br />

trajetória <strong>de</strong> tantos progressos<br />

farmacológicos e técnicos não se<br />

conseguiu, contudo, afastar o espírito<br />

maligno que ronda os centros cirúrgicos:<br />

a toxicida<strong>de</strong> dos anestésicos<br />

locais.<br />

Inúmeros artifícios já foram<br />

pensados e muitos utilizados (até<br />

a circulação extracorpórea...) em<br />

quase um século e meio <strong>de</strong> história,<br />

sem que se conseguisse exorcizar o<br />

<strong>de</strong>mônio que amedronta a técnica<br />

regional.<br />

Ocorre que não existe toxicida<strong>de</strong>,<br />

absolutamente. E muito menos maus<br />

espíritos... Efeitos in<strong>de</strong>sejáveis dos<br />

anestésicos locais seria seguramente<br />

uma <strong>de</strong>signação mais apropriada, embora,<br />

na verda<strong>de</strong>, represente uma insinuação<br />

sub-reptícia para <strong>de</strong>monizar<br />

os agentes dotados da proprieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> agir em canais iônicos e impedir o<br />

curso do impulso nervoso.<br />

Os anestésicos locais anestesiam<br />

pura e simplesmente. Ponto e basta.<br />

E essa é a fi nalida<strong>de</strong> precípua <strong>de</strong>sses<br />

compostos, os quais, sem ser teleguiados,<br />

exercem sua extraordinária fi nalida<strong>de</strong>,<br />

embora sem seletivida<strong>de</strong>: agir<br />

com sofreguidão em qualquer membrana<br />

excitável. E para esse mister,<br />

bloqueiam principalmente a entrada<br />

do disparador do impulso eletroquímico,<br />

o íon sódio.<br />

Recentemente, os anestésicos locais<br />

estão sendo in<strong>de</strong>vidamente rotulados<br />

<strong>de</strong> veneno – uma inverda<strong>de</strong><br />

ten<strong>de</strong>nciosa que agri<strong>de</strong> a farmacologia.<br />

Os anestésicos locais não envenenam,<br />

pois que não provocam sequelas<br />

no organismo, e, principalmente, para<br />

14 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

a reversibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua ação, não requerem<br />

a interferência <strong>de</strong> antídoto ou<br />

coisa que o valha.<br />

Por esse motivo, nesses quase 120<br />

anos, esses compostos estão sendo<br />

aperfeiçoados, aten<strong>de</strong>ndo à busca<br />

por sucedâneos da matriz natural das<br />

folhas <strong>de</strong> um arbusto que Deus nos<br />

<strong>de</strong>u. 1<br />

Eles progrediram <strong>de</strong> uma estrutura<br />

mais simples até chegar ao <strong>de</strong>senho<br />

que resulta da conjunção da<br />

cabeça benzoica com o terminal pipecolil<br />

copiado da cocaína-mãe, que<br />

gerou compostos que fecharam o<br />

ciclo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento na atualida<strong>de</strong>.<br />

1<br />

E os praticantes da anestesia regional<br />

passaram então a lidar com<br />

agentes mais potentes e eficazes,<br />

porém, sem seletivida<strong>de</strong> para bloquear<br />

apenas os canais iônicos dos<br />

nervos. A ausência <strong>de</strong> seletivida<strong>de</strong><br />

faz-se sentir quando uma massa<br />

razoável <strong>de</strong> qualquer anestésico local<br />

a<strong>de</strong>ntra a circulação por causa<br />

da absorção (superdosagem) e/ou<br />

<strong>de</strong> injeção não intencional em vasos<br />

sanguíneos. Então ocorre o<br />

bloqueio iônico indiscriminado, e<br />

efeitos não <strong>de</strong>sejáveis acontecem<br />

em razão <strong>de</strong> suas ações em todas as<br />

membranas celulares excitáveis do<br />

organismo.<br />

E a anestesia regional passou a<br />

pagar um preço enorme para reverter<br />

as consequências da indisciplina<br />

dos anestésicos locais: e “cesse tudo<br />

que a antiga musa canta, pois um valor<br />

mais alto se alevanta...” Porque o<br />

anestésico local acabou <strong>de</strong> anestesiar<br />

o sistema nervoso central e o cardiocirculatório.<br />

Maria Simonetti<br />

O alerta para a reversão dos<br />

efeitos in<strong>de</strong>sejáveis na forma<br />

<strong>de</strong> Orientação Prática<br />

A <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Americana <strong>de</strong> Anestesia<br />

Regional (ASRA) tem se preocupado<br />

enormemente com os efeitos<br />

colaterais dos anestésicos locais e procura<br />

advertir sua comunida<strong>de</strong> e, por<br />

extensão, o mundo todo, pois seus<br />

estudos foram publicados no Regional<br />

Anesthesia and Pain Medicina. 2<br />

São 41 páginas relacionadas ao tema<br />

que resultaram num apanhado sob a<br />

forma <strong>de</strong> uma advertência, o Practice<br />

Advisory. 2 Um estudo perfeito, bem<br />

elaborado, trabalhoso e meritório,<br />

pois os participantes não auferiram<br />

vantagens pecuniárias. Apenas dois<br />

estudiosos que compunham a plêia<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cientistas que foi convocada para<br />

participar da feitura do Orientação<br />

Prática <strong>de</strong>clararam não haver confl ito<br />

<strong>de</strong> interesse, contudo.<br />

Todavia, observa-se ten<strong>de</strong>nciosida<strong>de</strong><br />

nas recomendações para a rever-


são da ação sistêmica <strong>de</strong>sses agentes:<br />

a rotulação <strong>de</strong> veneno maliciosamente<br />

dada aos anestésicos locais. 3 Seguramente,<br />

pela ênfase que o termo pejorativo<br />

suscita, parece mais uma tentativa<br />

para a justifi cativa e a aceitação da<br />

emulsão lipídica – o antídoto para o<br />

“veneno”!<br />

Curiosamente, existe uma periodicida<strong>de</strong><br />

nas publicações que tratam<br />

da intoxicação oriunda dos anestésicos<br />

locais que coinci<strong>de</strong> com o ciclo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sses compostos.<br />

1 Por isso, essa orientação não foi<br />

a primeira a alertar os praticantes da<br />

técnica regional quanto a esses efeitos<br />

potenciais. Assim tivemos:<br />

I – A era da cocaína e <strong>de</strong> seus<br />

sucedâneos:<br />

Quando a cocaína foi introduzida,<br />

suas ações sobre os canais iônicos<br />

<strong>de</strong> outras estruturas offshore<br />

(fora do local aplicado) causaram<br />

êxito letal em gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pacientes.<br />

Isso suscitou a preocupação<br />

dos estudiosos quanto ao diagnóstico<br />

e tratamento dos efeitos in<strong>de</strong>sejados,<br />

e durante mais <strong>de</strong> um século<br />

foram estabelecidas diretrizes para<br />

reverter essa ação a distância, responsável<br />

pelos efeitos <strong>de</strong>sastrosos.<br />

Essa ação ocorria porque o agente<br />

que escapava do local restrito on<strong>de</strong><br />

foi aplicado provocava o mesmo<br />

efeito que se observa no nervo, qual<br />

seja estado <strong>de</strong> anestesia. Lato sensu<br />

os anestésicos locais “anestesiam”<br />

todas as membranas <strong>de</strong> células excitáveis<br />

do organismo, como faz com<br />

as membranas das fi bras nervosas.<br />

Assim, são atingidos os tecidos modifi<br />

cados do sistema <strong>de</strong> condução<br />

do coração (marca-passo, fi bras <strong>de</strong><br />

His e <strong>de</strong> Purkinje), as estruturas<br />

neurais do sistema nervoso central<br />

etc., que se “anestesiados” retardam<br />

e/ou impe<strong>de</strong>m a passagem do impulso<br />

nervoso.<br />

II – A era estereoisomérica ou<br />

do carbono assimétrico:<br />

Com a obtenção do <strong>de</strong>senho<br />

químico que resultou no esqueleto<br />

pipecolilxilidida – a curiosa conjunção<br />

<strong>de</strong> uma porção da molécula<br />

da lidocaína (xilidida) acoplada à<br />

estrutura terminal e modificada da<br />

cocaína (pipecolil) –, este multiplicou<br />

a oferta <strong>de</strong> compostos a serviço<br />

da anestesia regional:<br />

a) em razão da inclusão dos radicas<br />

metil, butil e propril,<br />

que triplicaram a obtenção <strong>de</strong><br />

compostos dotados <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

anestésica local;<br />

b) porque um carbono assimétrico<br />

foi incluído na fórmula para<br />

conferir duplicação da molécula,<br />

o que permitiu separação<br />

isomérica e combinações através<br />

da manipulação entre isômeros<br />

(simocaína e mixcaína,<br />

por exemplo), ampliando, <strong>de</strong>ssa<br />

maneira, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

obtenção <strong>de</strong> outros compostos<br />

através da estereoisomeria. 1<br />

Os compostos originais mepivacaína,<br />

bupivacaína e propivacaína, com<br />

potências diferentes e longa duração<br />

<strong>de</strong> ação, além <strong>de</strong> serem efi cazes para o<br />

bloqueio do nervo, mostraram também<br />

capacida<strong>de</strong> para as outras entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>tentoras<br />

<strong>de</strong> canais iônicos.<br />

Logo, pari passu com a potência<br />

bloqueadora a serviço da clínica,<br />

qualquer escapada do anestésico local<br />

para outras estruturas é motivo para<br />

o mesmo mecanismo <strong>de</strong> ação, porque<br />

carece <strong>de</strong> seletivida<strong>de</strong>. Do que resultam<br />

efeitos mais dramáticos em fi bras<br />

excitáveis, como o já mencionado<br />

sistema <strong>de</strong> condução do coração, as<br />

fi bras <strong>de</strong> contração miocárdicas e<br />

as fi bras nervosas inibitórias do sistema<br />

nervoso central, quando são<br />

“anestesiadas”.<br />

O Relatório Albright agitou os<br />

praticantes da anestesia regional<br />

ante a severida<strong>de</strong> do bloqueio que<br />

os anestésicos locais mais potentes<br />

e <strong>de</strong> duração prolongada provocavam.<br />

E as atenções se voltaram para<br />

a bupivacaína e a etidocaína, que<br />

causavam colapso cardiocirculatório<br />

severíssimo.<br />

As diretrizes adotadas perante<br />

os episódios in<strong>de</strong>sejáveis foram<br />

focadas na dramática toxicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reversão difícil senão<br />

impossível. Teve participação<br />

importante nessas orientações<br />

o venerável professor Daniel<br />

Moore, <strong>de</strong> Seatle, Estados Unidos,<br />

que associou a hipóxia e a<br />

acidose induzida pela ação dos<br />

anestésicos locais aos “estragos”<br />

causados em outras estruturas<br />

que não o nervo periférico. E recomendou<br />

a adoção das normas<br />

constantes do Advanced Cardiac<br />

Life Support, orientação que sobrevive<br />

até hoje, sem discussão<br />

e sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medidas<br />

drásticas.<br />

III – A era isomérica pura ou<br />

homoquiral:<br />

Com o avanço na separação<br />

isomérica, a obtenção da propivacaína<br />

homoquiral (ropivacaína) e a<br />

resolução da mistura racêmica da<br />

bupivacaína (a levobupivacaína),<br />

havia evidência, baseada em experimentos<br />

<strong>de</strong> pesquisas básicas, que<br />

<strong>de</strong>monstrou menor ativida<strong>de</strong> anestésica<br />

local do isômero esquerdo<br />

e, por consequência, menor toxicida<strong>de</strong><br />

sistêmica. Existe um consen-<br />

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 15


so em toda a literatura mundial que<br />

aponta diferenças entre isômeros,<br />

isto é, o isômero esquerdo é menos<br />

tóxico que o direito. Pesquisas brasileiras,<br />

contudo, contestam essas diferenças,<br />

criando controvérsia para<br />

uma evidência baseada em experiências<br />

consagradas.<br />

Todavia, o que era esperado<br />

para o nervo seguramente <strong>de</strong>verá<br />

reproduzir-se nas outras membranas<br />

excitáveis, <strong>de</strong> tal or<strong>de</strong>m<br />

a existir um paralelismo entre a<br />

potência bloqueadora do nervo e<br />

<strong>de</strong> outras estruturas dotadas <strong>de</strong><br />

canais iônicos. Portanto, se um<br />

<strong>de</strong>terminado isômero é menos<br />

potente para o nervo, será menos<br />

potente quanto aos efeitos in<strong>de</strong>sejáveis,<br />

mesmo que possa causar<br />

êxito letal.<br />

Por isso, aconteceu o <strong>de</strong>spontar<br />

da emulsão lipídica (e <strong>de</strong> outras medidas<br />

salvadoras), que, <strong>de</strong> repente,<br />

foi elevada à condição <strong>de</strong> antídoto<br />

para a ação offshore dos anestésicos<br />

locais. Não se sabe se a afoiteza em<br />

lidar com anestésicos locais ditos<br />

menos “tóxicos” tenha aumentado,<br />

em alguns países, a estatística <strong>de</strong><br />

efeitos colaterais. Porém, o <strong>de</strong>sespero<br />

em reverter os efeitos in<strong>de</strong>sejáveis<br />

aconteceu.<br />

Que critérios são utilizados<br />

para a elaboração do<br />

Orientação Prática para reverter<br />

os “efeitos venenosos” dos<br />

anestésicos locais?<br />

O Orientação Prática conduzido<br />

pela ASRA é um trabalho <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

valor científi co e meritório, <strong>de</strong>stinado<br />

a salvar vidas. Para sua elaboração,<br />

as mais consagradas autorida<strong>de</strong>s<br />

sobre o tema foram convocadas, e<br />

uma sistematização do trabalho, que<br />

compreen<strong>de</strong> metodologia; limita-<br />

16 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

ções; histórico; análise da frequência<br />

dos mo<strong>de</strong>los e dos mecanismos;<br />

prevenção; diagnóstico clínico da toxicida<strong>de</strong><br />

sistêmica; tratamento e direções<br />

futuras (métodos novos para<br />

prevenir e tratar a local anesthetic<br />

systemic toxicity ou LAST), foi estabelecida.<br />

Acrescente-se que esta<br />

nova sigla, LAST, aparece insistentemente<br />

na Orientação Prática para a<br />

reversão dos efeitos in<strong>de</strong>sejáveis dos<br />

anestésicos locais.<br />

Pressupõe-se que a sigla LAST<br />

<strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>finitivamente incorporada<br />

mundo afora, como ocorre<br />

com outras tantas lançadas pelos<br />

ditadores científicos. Porém, mais<br />

apropriado para nós seria se adotássemos<br />

a sigla TSAL – toxicida<strong>de</strong><br />

sistêmica dos anestésicos locais<br />

– por termos o sal dos mares, nossas<br />

salinas, o salgadão e o pré-sal.<br />

E não seria uma rima; seria uma<br />

solução.<br />

A metodologia visou englobar<br />

todos os trabalhos realizados em animais<br />

e humanos, porém, apenas aqueles<br />

escritos em língua inglesa. Com algumas<br />

exceções, entretanto, trabalhos<br />

na língua alemã e francesa, para casos<br />

especiais, incluindo aqueles que utilizassem<br />

os controles randomizados<br />

(CRTs), foram incluídos.<br />

Existe, nesse tipo <strong>de</strong> estudo, uma<br />

gran<strong>de</strong> limitação: a impossibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma avaliação controlada randomizada<br />

(RCTs – randomized controlled<br />

trials) vir a ser aplicada, pois<br />

é inapropriada para estudos em humanos.<br />

Por outro lado, a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

espécies animais envolvida nos estudos<br />

sobre toxicida<strong>de</strong> difi culta o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />

causa etiológica para justifi car a<br />

gravida<strong>de</strong> da intoxicação do anestésico<br />

local. Trabalhos clássicos e informações<br />

clínicas foram arrolados,<br />

e para dirimir dúvidas, um comitê<br />

<strong>de</strong> notáveis foi <strong>de</strong>signado, a convite<br />

da ASRA, para eventualmente entrar<br />

em ação.<br />

Depois <strong>de</strong> um trabalho árduo, <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> valor científi co, a ASRA presenteou<br />

os anestesiologistas com as<br />

novas diretrizes. 2<br />

Todavia, nas entrelinhas, tudo leva<br />

a crer que o corporativismo forçou a<br />

inclusão da emulsão lipídica como antídoto<br />

para a ação sistêmica dos anestésicos<br />

locais.<br />

Emulsão lipídica: pior a<br />

emenda do que o soneto ou<br />

pior o antídoto que o veneno?<br />

Quando o organismo reage <strong>de</strong>pois<br />

da tentativa <strong>de</strong> reanimação cardiorrespiratória,<br />

o faz apesar da emulsão<br />

lipídica. O leitor encontrará mais consi<strong>de</strong>rações<br />

sobre o tema na Anestesia<br />

em Revista, 2007. 4<br />

Recentemente, a professora Eliane<br />

Marisa Ganem discorreu sobre esse<br />

assunto na 7ª COPA 2010, em São<br />

Paulo, sob o título Terapia Lipídica na<br />

Toxicida<strong>de</strong> por Anestésicos Locais.<br />

Com o brilhantismo que particulariza<br />

suas falas, a professora nos mostrou<br />

alguns aspectos temerosos do uso da<br />

terapia lipídica:<br />

1) Contaminação, sobrecarga<br />

<strong>de</strong> volume e sobrecarga <strong>de</strong><br />

gordura.<br />

a) as consequências, que vão da<br />

hiperlipemia à embolia gordurosa;<br />

c) pancreatite, hipercoagulabilida<strong>de</strong><br />

e aumento <strong>de</strong> enzimas hepáticas,<br />

que po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar<br />

lesão pulmonar aguda;<br />

d) uso em pediatria: convulsão;<br />

reação alérgica; aumento da<br />

PIC.


2) Finalmente, o tamanho das<br />

gotículas, que num crescendo<br />

po<strong>de</strong>:<br />

a) sofrer fagocitose até promover<br />

resposta infl amatória;<br />

b) favorecer a coalescência, se<br />

houver doses elevadas, o que<br />

leva à embolização gordurosa.<br />

A nanotecnologia avança<br />

entre nós<br />

Naturalmente, como proteção<br />

para esses efeitos colaterais, a nanopartícula<br />

lipídica foi experimentada<br />

na reversão da superdosagem<br />

da bupivacaína. 3 Parece que sua efi -<br />

cácia não foi superior à da emulsão<br />

convencional.<br />

Enquanto isso, a nanotecnologia<br />

ganhou espaço na indústria farmacêutica<br />

brasileira com a novida<strong>de</strong><br />

que foi apresentada na 7ª COPA: a<br />

“nanotecnização” da emulsão lipídica<br />

para veículo do propofol. Esse<br />

veículo “nanotecnizado” reduz as<br />

gotículas da emulsão à or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

10-9 (<strong>de</strong>z a menos nove molar), o<br />

que <strong>de</strong>verá prevenir a coalescência<br />

gordurosa que leva à embolização<br />

microvascular, que po<strong>de</strong> acontecer<br />

com altas doses <strong>de</strong> propofol. Pelo<br />

avanço tecnológico que chegou a<br />

nosso país, bem que po<strong>de</strong>ríamos<br />

utilizar a emulsão lipídica nanotecnizada<br />

à guisa <strong>de</strong> experimentação<br />

animal!<br />

Mais importante ainda, po<strong>de</strong>rse-ia<br />

confi rmar se a emulsão lipídica<br />

convencional, <strong>de</strong> fato, é o “antídoto”<br />

inócuo para o “veneno anestésico<br />

local” sem o perigo <strong>de</strong> “morbida<strong>de</strong><br />

e/ou <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> pós-ressuscitação...”<br />

A inexistência <strong>de</strong> referências na<br />

literatura sobre o acompanhamento<br />

(follow-up) dos humanos “salvos”<br />

pela emulsão lipídica a 20% (1,5<br />

mg/kg, seguidos <strong>de</strong> 0,25mg/kg em<br />

infusão contínua) não permite uma<br />

discussão mais abalizada sobre se “é<br />

pior a emenda que o soneto”, consi<strong>de</strong>rando<br />

o cortejo <strong>de</strong> efeitos colaterais<br />

do óleo <strong>de</strong> soja e da gema <strong>de</strong> ovo<br />

injetados na vigência <strong>de</strong> um colapso<br />

cardiocirculatório.<br />

O sal da vida: solução<br />

hipertônica <strong>de</strong> NaCl a 7,5%<br />

Tais efeitos colaterais passíveis <strong>de</strong><br />

acontecer com a emulsão lipídica vêm<br />

se contrapor ao “salgadão” (cloreto<br />

<strong>de</strong> sódio hipertônico), que “equilibra<br />

o <strong>de</strong>sequilíbrio” da homeostase do<br />

organismo causado pela “anestesia”<br />

<strong>de</strong> estruturas vitais induzida pelos<br />

anestésicos locais. E o faz sem danos<br />

e sem a pretensão <strong>de</strong> ser antídoto.<br />

Pena que tem nacionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>clarada:<br />

brasileira...<br />

O anestésico local do futuro<br />

Se não tem tu, vai tu mesmo, porque<br />

a anestesia regional, na verda<strong>de</strong>, se ressente<br />

do “anestésico local do futuro”,<br />

aquela molécula <strong>de</strong>senhada para ser<br />

seletiva apenas para os receptores dos<br />

canais iônicos resi<strong>de</strong>ntes nas estruturas<br />

neurais passáveis <strong>de</strong> serem bloqueados,<br />

em benefício da anestesia regional: nervos<br />

periféricos e espinhais.<br />

E que essa molécula fosse indiferente<br />

ao coração e ao juízo, pois essas<br />

duas entida<strong>de</strong>s respon<strong>de</strong>m pela harmonia<br />

vital e se dominadas “bagunçam”<br />

a homeostase...<br />

Há muitos anos, quando os relaxantes<br />

musculares <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser<br />

curares, pois passaram a ser filhos<br />

do Chondo<strong>de</strong>ndron tomentosum e<br />

obtidos sinteticamente, pensou-se<br />

em criar um <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte que fosse<br />

seletivo para os receptores da<br />

junção neuromuscular, <strong>de</strong>ixando<br />

os receptores do diafragma livres.<br />

Nunca se conseguiu esse <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato,<br />

apenas foram obtidos agentes<br />

<strong>de</strong> ação mais rápida. Nem por<br />

isso os relaxantes musculares são<br />

consi<strong>de</strong>rados venenos, muito pelo<br />

contrário, <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> sê-los.<br />

A concepção futurística do<br />

anestésico local “i<strong>de</strong>al”<br />

Enquanto isso, esperamos que saia<br />

do Brasil o anestésico local do futuro,<br />

pois aqui não faltam i<strong>de</strong>ias luminosas<br />

que po<strong>de</strong>m exorcizar o espectro <strong>de</strong>moníaco<br />

que paira nas salas cirúrgicas...<br />

Um anestésico local seletivo e<br />

discriminatório seria nosso “tu”... E<br />

com ele po<strong>de</strong>ríamos ir...<br />

Assim, a sigla LAST seria a “última”<br />

(na acepção da tradução) apelação<br />

para nunca mais ser mencionada, graças<br />

ao anestésico local do futuro que<br />

discriminaria canais iônicos “in<strong>de</strong>sejáveis”,<br />

livrando-nos dos espíritos malignos<br />

que andam por este mundo a fi m<br />

<strong>de</strong> perverter as almas... Cor Jesu sacratissimum,<br />

miserere nobis. Amém!<br />

Referências<br />

1 - Simonetti MPBS. A epopeia do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

dos anestésicos<br />

locais. Em: Curso <strong>de</strong> Educação a<br />

Distância em <strong>Anestesiologia</strong>. Vol.<br />

VII; 2007:162-178.<br />

2 - Neal JM et al. ASRA practice advisory<br />

on local anesthetic systemic<br />

toxicity. Reg Anesth Pain Med.<br />

2010; 35:152-161.<br />

3 - Weinberg GI. Treatment of local<br />

anesthetic toxicity (LAST). Reg<br />

Anesth Pain Med. 2010; 35:188-<br />

193.<br />

4 - Simonetti MPB. Emulsão lipídica:<br />

bala <strong>de</strong> prata (silver bullet) ou martelo<br />

dourado (gol<strong>de</strong>m hammer)?<br />

Anestesia em Revista, 2007:18-<br />

20.<br />

*Maria P. B. Simonetti é professora<br />

<strong>de</strong> farmacologia do Instituto <strong>de</strong> Ciências<br />

Biomédicas (ICB) da USP.<br />

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 17


Regras <strong>de</strong>ontológicas para o distrato e<br />

a <strong>de</strong>smobilização das cooperativas <strong>de</strong><br />

trabalho médico<br />

Opresente artigo tem por objetivo<br />

analisar, pelo ângulo<br />

da normatização do Código<br />

<strong>de</strong> Ética Médica, o caso específi co<br />

da rescisão dos contratos <strong>de</strong> prestação<br />

<strong>de</strong> serviços médicos fi rmados<br />

por cooperativas médicas, cujo objeto<br />

abranja os serviços <strong>de</strong> urgência e<br />

emergência.<br />

A limitação ética à autonomia da<br />

vonta<strong>de</strong> do profi ssional médico é<br />

tema <strong>de</strong> extrema relevância para as<br />

cooperativas <strong>de</strong> trabalho médico, à<br />

medida que interfere diretamente no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s<br />

contratuais.<br />

Saliente-se que as mencionadas<br />

cooperativas <strong>de</strong> trabalho médico utilizam-se<br />

usualmente do contrato <strong>de</strong><br />

prestação <strong>de</strong> serviços para concretizar<br />

seus negócios jurídicos.<br />

Tais contratos têm sido objeto <strong>de</strong><br />

impasse nos casos <strong>de</strong> rescisão contratual,<br />

especialmente nas contratações<br />

que envolvem o po<strong>de</strong>r público<br />

em que, não raras vezes, não existem<br />

profi ssionais médicos sufi cientes para<br />

substituir os médicos cooperados e<br />

que, mesmo a contratação <strong>de</strong> temporários,<br />

em regime <strong>de</strong> urgência, acaba<br />

levando tempo consi<strong>de</strong>rável, persistindo<br />

a responsabilida<strong>de</strong> dos médicos<br />

cooperados pela prestação dos serviços<br />

contratados até a efetiva transferência<br />

dos serviços.<br />

O contrato <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços<br />

fi rmado pelas cooperativas <strong>de</strong><br />

trabalho médico é um negócio jurídico<br />

pelo qual o prestador, no caso a<br />

cooperativa, se compromete a realizar<br />

<strong>de</strong>terminada ativida<strong>de</strong>, consubs-<br />

18 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

tanciada com os serviços médicos <strong>de</strong><br />

seus cooperados, para o tomador ou<br />

à sua or<strong>de</strong>m, mediante certa e <strong>de</strong>terminada<br />

remuneração.<br />

As partes contratantes possuem<br />

<strong>de</strong>veres que, em função <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação<br />

legal ou contratual, <strong>de</strong>vem ser<br />

observados durante toda a relação<br />

obrigacional e, principalmente, por<br />

ocasião <strong>de</strong> seu rompimento.<br />

Esses <strong>de</strong>veres são chamados <strong>de</strong><br />

“<strong>de</strong>veres laterais <strong>de</strong> conduta”, e sua<br />

inobservância dá ensejo ao nascimento<br />

da obrigação <strong>de</strong> reparação <strong>de</strong> danos.<br />

O contrato, assim como qualquer<br />

outro negócio jurídico, possui um<br />

ciclo <strong>de</strong> existência, o qual se encerra<br />

normalmente com o cumprimento<br />

das prestações pactuadas, hipótese<br />

em que haverá sua extinção normal.<br />

Outras vezes, essa extinção é <strong>de</strong>corrência<br />

do inadimplemento contratual,<br />

po<strong>de</strong>ndo a cooperativa, nesses<br />

casos, em atendimento aos interesses<br />

<strong>de</strong> seus cooperados, optar pela rescisão<br />

do contrato <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços,<br />

o que se <strong>de</strong>nomina juridicamente<br />

“resolução do contrato”, nos termos<br />

do artigo 475 do Código Civil Brasileiro.<br />

Nos casos em que haja previsão<br />

contratual ou lei que a permita, po<strong>de</strong>rá<br />

ainda ocorrer a chamada “resilição<br />

unilateral”, prevista no artigo 473 do<br />

Código Civil, que ocorre quando uma<br />

das partes, por meio <strong>de</strong> comunicação<br />

à parte contrária, <strong>de</strong>nuncia o contrato<br />

fi rmado.<br />

Em que pese a existência <strong>de</strong>ssa<br />

distinção, para fins didáticos<br />

utilizaremos tão somente o ter-<br />

Adriana <strong>de</strong> Alcântara Luchtenberg<br />

mo “rescisão contratual”, que<br />

é <strong>de</strong> mais fácil assimilação pela<br />

população em geral, para ambas<br />

as hipóteses, tendo em vista que<br />

a dissolução do contrato por fatos<br />

posteriores à celebração está<br />

ligada diretamente à referida expressão,<br />

sendo esse o motivo para<br />

chamarmos a ação, que preten<strong>de</strong><br />

extinguir o contrato, <strong>de</strong> “ação <strong>de</strong><br />

rescisão contratual”.<br />

Sendo assim, para a formalização<br />

da rescisão contratual, a praxe é<br />

provi<strong>de</strong>nciar a notifi cação prévia da<br />

tomadora dos serviços médicos, informando<br />

a rescisão contratual, <strong>de</strong><br />

preferência motivada, e o prazo para<br />

a <strong>de</strong>smobilização dos serviços.<br />

Ressalte-se que a fi nalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse<br />

prazo é oportunizar a substituição<br />

dos profi ssionais médicos, tratandose<br />

<strong>de</strong> medida que dá garantia à preservação<br />

dos interesses das partes e<br />

dos pacientes.


Normalmente, se a ativida<strong>de</strong> médica<br />

não fosse uma ativida<strong>de</strong> especial,<br />

havendo a notifi cação prévia e <strong>de</strong>corrido<br />

o prazo exigido pelo contrato para<br />

a rescisão contratual, restaria extinto,<br />

para a cooperativa e para o tomador<br />

dos serviços, o vínculo obrigacional.<br />

A ativida<strong>de</strong> médica possui regramentos,<br />

características e peculiarida<strong>de</strong>s<br />

próprias, <strong>de</strong> modo que<br />

a atuação médica foge completamente<br />

à concepção <strong>de</strong> “ativida<strong>de</strong><br />

comercial”, adotada por parte significativa<br />

dos tomadores dos serviços<br />

médicos.<br />

A essência e a natureza da prestação<br />

<strong>de</strong> serviços pelo profi ssional<br />

médico estão disciplinadas no Código<br />

<strong>de</strong> Ética Médica, com sua última<br />

redação, que representa “um compromisso<br />

do médico em favor da socieda<strong>de</strong><br />

e, em particular, do ser humano,<br />

como quem conscientemente<br />

assume uma dívida no interesse superior<br />

do conjunto da comunida<strong>de</strong>”.<br />

De acordo com esse contexto, os<br />

médicos cooperados, mesmo estando<br />

representados por sua cooperativa,<br />

têm que observar, durante todo o tempo,<br />

as <strong>de</strong>terminações do Código <strong>de</strong><br />

Ética Médica e cumprir seus <strong>de</strong>veres<br />

éticos que, por vezes, geram situações<br />

limítrofes à sua atuação profi ssional.<br />

Sendo assim, é preciso consi<strong>de</strong>rar<br />

que toda e qualquer paralisação<br />

do atendimento médico em instituições<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> traz prejuízos à<br />

população e constrangimento para<br />

quem suspen<strong>de</strong> o serviço, tendo em<br />

vista que o serviço <strong>de</strong> assistência<br />

médica e hospitalar é consi<strong>de</strong>rado<br />

essencial pelo artigo 10, inciso II,<br />

da Lei n° 7.783/1989, e passível <strong>de</strong><br />

responsabilização, conforme o artigo<br />

22 da Lei nº 8.078/1990.<br />

Saliente-se que o constrangimento<br />

da classe médica fi ca evi<strong>de</strong>nciado<br />

também nos casos em que a paralisa-<br />

ção é <strong>de</strong>corrente da regular extinção<br />

do contrato.<br />

Não se olvi<strong>de</strong> que nessas situações<br />

a imprensa costuma contribuir e agravar<br />

o constrangimento, atribuindo<br />

a responsabilida<strong>de</strong> pela ausência do<br />

serviço exclusivamente aos médicos,<br />

o que na maioria das vezes não correspon<strong>de</strong><br />

à realida<strong>de</strong>.<br />

Conforme esse contexto, passamos<br />

a analisar o caso concreto apresentado<br />

sob o enfoque do Código <strong>de</strong><br />

Ética Médica.<br />

Verifi ca-se que, já nos princípios<br />

fundamentais, no inciso VI do Capítulo<br />

I, o Código <strong>de</strong>termina que:<br />

“VI – O médico exercerá sua profi<br />

ssão com autonomia, não sendo<br />

obrigado a prestar serviços que contrariem<br />

os ditames <strong>de</strong> sua consciência<br />

ou a quem não <strong>de</strong>seje, excetuadas as<br />

situações <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> outro médico,<br />

em caso <strong>de</strong> urgência ou emergência, ou<br />

quando sua recusa possa trazer danos<br />

à saú<strong>de</strong> do paciente.” [grifo nosso]<br />

Mais adiante, no inciso V do Capítulo<br />

II, o Código <strong>de</strong> Ética Médica<br />

estabelece que:<br />

“V – (É direito do médico) Suspen<strong>de</strong>r<br />

suas ativida<strong>de</strong>s, individual ou<br />

coletivamente, quando a instituição<br />

pública ou privada para a qual trabalhe<br />

não oferecer condições mínimas<br />

para o exercício profi ssional ou não<br />

o remunerar condignamente, ressalvadas<br />

as situações <strong>de</strong> urgência e<br />

emergência, <strong>de</strong>vendo comunicar imediatamente<br />

sua <strong>de</strong>cisão ao Conselho<br />

Regional <strong>de</strong> Medicina.” [grifo nosso]<br />

Se continuarmos analisando o<br />

texto do Código <strong>de</strong> Ética, ainda encontraremos,<br />

como limitação ética à<br />

autonomia da vonta<strong>de</strong>, os artigos 7º,<br />

8º e 9º que se aplicam a essa mesma<br />

situação fática.<br />

O artigo 7º, do Capítulo III, <strong>de</strong>termina<br />

ser vedado ao médico “<strong>de</strong>i-<br />

xar <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r em setores <strong>de</strong> urgência<br />

e emergência, quando for <strong>de</strong> sua obrigação<br />

fazê-lo, colocando em risco a<br />

vida <strong>de</strong> pacientes, mesmo respaldado<br />

por <strong>de</strong>cisão majoritária da categoria.”<br />

(grifamos)<br />

O artigo 8º do Novo Código <strong>de</strong><br />

Ética Médica <strong>de</strong>termina, ainda, ser vedado<br />

ao médico: “Afastar-se <strong>de</strong> suas<br />

ativida<strong>de</strong>s profi ssionais, mesmo temporariamente,<br />

sem <strong>de</strong>ixar outro médico<br />

encarregado do atendimento <strong>de</strong> seus<br />

pacientes em estado grave.” (grifamos)<br />

E ainda o artigo 9º acrescenta ser<br />

vedado ao médico: “Deixar <strong>de</strong> comparecer<br />

a plantão em horário preestabelecido<br />

ou abandoná-lo sem a presença<br />

<strong>de</strong> substituto, salvo por justo<br />

motivo.”<br />

Da interpretação <strong>de</strong>sses dispositivos,<br />

verifi camos a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

afastamento do médico dos serviços<br />

<strong>de</strong> urgência e emergência, nos quais<br />

são tratados os pacientes em estado<br />

grave, sem que haja a efetiva substituição<br />

<strong>de</strong>le por outro colega.<br />

O afastamento do médico do setor<br />

<strong>de</strong> urgência e emergência, sem a<br />

<strong>de</strong>vida substituição e sem a <strong>de</strong>vida<br />

comunicação ao diretor técnico do<br />

hospital, para que sejam tomadas as<br />

providências cabíveis, constitui infração<br />

ética, passível <strong>de</strong> punição pelo<br />

conselho da categoria profi ssional.<br />

Não bastasse o médico que abandona<br />

suas ativida<strong>de</strong>s, sem se resguardar do<br />

efetivo repasse do serviço <strong>de</strong> urgência e<br />

emergência a outros médicos, além <strong>de</strong><br />

ferir princípios éticos <strong>de</strong> sua profi ssão,<br />

comete infração penal, consubstanciada<br />

no crime <strong>de</strong> “periclitação da vida e da<br />

saú<strong>de</strong>”, na espécie omissão <strong>de</strong> socorro,<br />

e em alguns casos extremos <strong>de</strong> “homicídio<br />

culposo”. Veja-se:<br />

“Art. 135. Deixar <strong>de</strong> prestar assistência,<br />

quando possível fazê-lo<br />

sem risco pessoal, à criança aban-<br />

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 19


donada ou extraviada ou à pessoa<br />

inválida ou ferida, ao <strong>de</strong>samparo<br />

ou em grave e iminente perigo <strong>de</strong><br />

vida; ou não pedir, nesses casos, o<br />

socorro da autorida<strong>de</strong> pública: pena<br />

– <strong>de</strong>tenção <strong>de</strong> 1 (um) a 6 (seis) meses<br />

ou multa.<br />

Parágrafo único. A pena é aumentada<br />

<strong>de</strong> meta<strong>de</strong>, se da omissão resulta<br />

lesão corporal <strong>de</strong> natureza grave, e<br />

triplicada, se resulta a morte.”<br />

(Código Penal)<br />

Dessa forma, o abandono do paciente<br />

pelo médico é um ato negligente<br />

que, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando resultados danosos,<br />

repercute na esfera penal, civil<br />

e ética do profi ssional.<br />

Por essa razão, a continuida<strong>de</strong> do<br />

atendimento aos setores <strong>de</strong> urgência e<br />

emergência, até a efetiva transferência<br />

dos serviços, é questão que transcen<strong>de</strong><br />

os limites contratuais.<br />

Isso porque a urgência e a emergência<br />

são exceções à autonomia da<br />

vonta<strong>de</strong> dos profi ssionais médicos e,<br />

consequentemente, das cooperativas<br />

médicas, e, nesses casos específi cos,<br />

o Conselho Regional <strong>de</strong> Medicina<br />

<strong>de</strong>ve ser informado previamente sobre<br />

a rescisão contratual, em face da<br />

gravida<strong>de</strong> dos interesses envolvidos.<br />

Sendo assim, quando não houver a<br />

quem repassar os serviços <strong>de</strong> urgência<br />

e emergência, persiste a obrigatorieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> atendimento pela cooperativa<br />

(no caso pelos médicos cooperados),<br />

ainda que já efetivada formalmente a<br />

rescisão contratual.<br />

Saliente-se que se trata <strong>de</strong> regra<br />

<strong>de</strong> cumprimento incondicional, que<br />

<strong>de</strong>termina que o médico não po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r pacientes em setores<br />

<strong>de</strong> urgência e emergência, quando<br />

se encontram em condições periclitantes,<br />

ainda que esteja formalmente<br />

rescindido o contrato, tendo em vista<br />

que a obrigação <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> lei.<br />

20 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

Porquanto, por serem tão graves e<br />

relevantes as repercussões, não basta<br />

que a cooperativa proceda na forma<br />

prevista no contrato para obter a rescisão<br />

contratual e a <strong>de</strong>smobilização dos<br />

serviços <strong>de</strong> urgência e emergência.<br />

É necessária, como medida preventiva,<br />

a notifi cação extrajudicial<br />

prévia e concomitante do tomador do<br />

serviço e do CRM local, informando<br />

a rescisão contratual e a data da <strong>de</strong>smobilização<br />

dos serviços.<br />

Ainda que não seja exigência expressa<br />

do Código <strong>de</strong> Ética Médica, é<br />

recomendável que o diretor técnico<br />

do hospital seja notifi cado acerca da<br />

operacionalização da rescisão contratual,<br />

pois é seu <strong>de</strong>ver provi<strong>de</strong>nciar<br />

a transferência dos serviços a outra<br />

equipe médica, conforme <strong>de</strong>termina<br />

o parágrafo único do artigo 9º do Código<br />

<strong>de</strong> Ética Médica:<br />

“Parágrafo único: Na ausência <strong>de</strong><br />

médico plantonista substituto, a direção<br />

técnica do estabelecimento <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve provi<strong>de</strong>nciar a substituição.”<br />

Por sua vez, é <strong>de</strong>ver do tomador <strong>de</strong><br />

serviços médicos provi<strong>de</strong>nciar a contratação<br />

ou mobilização da equipe médica<br />

substituta <strong>de</strong>ntro do prazo estipulado<br />

na notifi cação <strong>de</strong> rescisão contratual<br />

por ele recebida e, também, garantir<br />

que o referido processo <strong>de</strong> substituição<br />

não afete a qualida<strong>de</strong> do atendimento<br />

prestado ao público em geral.<br />

Com relação às medidas jurídicas<br />

a serem adotadas, caso os referidos<br />

<strong>de</strong>veres não sejam cumpridos, ressalta-se<br />

que o Judiciário po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser<br />

acionado, a fi m <strong>de</strong> evitar que o médico<br />

cooperado acabe tornando-se<br />

refém do tomador dos serviços que,<br />

sabedor do <strong>de</strong>ver ético do profi ssional<br />

médico <strong>de</strong> manter o atendimento<br />

dos casos <strong>de</strong> urgência e emergência,<br />

se omite quanto à imediata substituição<br />

da equipe médica.<br />

Vale salientar que os médicos não<br />

são obrigados a prestar serviços ad<br />

perpetum às tomadoras <strong>de</strong> serviços,<br />

po<strong>de</strong>ndo obter judicialmente a fi xação<br />

<strong>de</strong> prazo razoável para a liberação<br />

da obrigação <strong>de</strong> garantir a continuida<strong>de</strong><br />

dos serviços das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> urgência<br />

e emergência.<br />

Em tais casos, objetiva-se a tutela<br />

jurisdicional <strong>de</strong> caráter mandamental<br />

ou cominatória, ou seja,<br />

que obrigue o tomador <strong>de</strong> serviços<br />

a adimplir com o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> contratar<br />

uma equipe substituta sob pena<br />

<strong>de</strong> multa, e também <strong>de</strong>claratória,<br />

no sentido <strong>de</strong> eximir o médico do<br />

<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> continuar prestando os<br />

serviços <strong>de</strong> urgência e emergência.<br />

O fundamento a ser utilizado é o<br />

da preservação do direito do médico<br />

<strong>de</strong> escolher quem prestará as serviços<br />

e em que condições, conforme os dispositivos<br />

do Código <strong>de</strong> Ética Médica<br />

supramencionados.<br />

Também judicialmente po<strong>de</strong>m ser fi -<br />

xados os parâmetros <strong>de</strong> remuneração dos<br />

serviços prestados após a rescisão contratual,<br />

caso não haja acordo entre as partes.<br />

Destarte, pela argumentação exposta,<br />

conclui-se que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> ter sido formalmente concretizada<br />

a rescisão do contrato <strong>de</strong> prestação<br />

<strong>de</strong> serviços médicos, os serviços <strong>de</strong><br />

urgência e emergência não po<strong>de</strong>m ser<br />

abandonados pelos médicos cooperados,<br />

até que haja sua efetiva substituição,<br />

com a transferência da responsabilida<strong>de</strong><br />

à nova equipe médica.<br />

Por sua vez, há a correlata obrigação<br />

do tomador <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> contratar,<br />

<strong>de</strong>ntro do prazo apresentado<br />

para a <strong>de</strong>smobilização dos serviços,<br />

a equipe que substituirá os profi ssionais<br />

cujos contratos foram rescindidos,<br />

sob pena <strong>de</strong> ser obrigado a fazêlo<br />

por <strong>de</strong>terminação judicial.<br />

Fonte: Dra. Adriana <strong>de</strong> Alcântara<br />

Luchtenberg - OAB/PR 26.222, Montanha,<br />

Alcântara & Advogados Associados.


Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 21


22 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista


Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 23


24 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista


NOTÍCIAS<br />

Curso <strong>de</strong> Capacitação a<br />

Distância em <strong>Anestesiologia</strong> da<br />

SBA para Progressão Funcional<br />

<strong>de</strong> Médicos do Ministério da<br />

Educação e Cultura<br />

ASBA, através da Comissão <strong>de</strong> Educação<br />

Continuada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong><br />

2009, colocou à disposição <strong>de</strong> seus<br />

sócios, em seu portal eletrônico (www.sba.<br />

com.br), o Curso <strong>de</strong> Capacitação a Distância<br />

em <strong>Anestesiologia</strong> (CCAD). Esse curso<br />

foi adaptado segundo as normas da Lei nº<br />

11.091/2005, do Governo Fe<strong>de</strong>ral – Ministério<br />

da Educação (MEC), http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/<br />

Lei/L11091.htm. Ele po<strong>de</strong> ser aceito para a<br />

progressão funcional por capacitação, pois<br />

aten<strong>de</strong> aos requisitos exigidos pelo MEC<br />

em seu Plano <strong>de</strong> Cargos e Salários, para os<br />

médicos enquadrados na categoria <strong>de</strong> técnicos<br />

administrativos, isto é, que não sejam<br />

professores.<br />

Os anestesiologistas que tenham cargos<br />

públicos neste ministério po<strong>de</strong>m,<br />

com esse curso, ter progressão funcional<br />

e melhora em sua remuneração. Para que<br />

isso aconteça, basta acessar o portal da<br />

SBA e assistir às aulas do Curso <strong>de</strong> Ensino<br />

a Distância, na área <strong>de</strong> Educação<br />

Continuada, do portal da SBA. Cada aula<br />

correspon<strong>de</strong> a duas horas <strong>de</strong> curso. Para<br />

pleitear a progressão funcional para o nível<br />

II, é necessário realizar um curso com<br />

carga horária <strong>de</strong> 120 horas; para o nível<br />

III, um curso <strong>de</strong> 150 horas e para o nível<br />

IV, um curso <strong>de</strong> 180 horas. Para cada aula<br />

realizada, é necessário que se faça uma<br />

avaliação, através <strong>de</strong> questionário já existente,<br />

e para a aprovação, o aluno <strong>de</strong>verá<br />

obter nota mínima <strong>de</strong> sete.<br />

O Curso <strong>de</strong> Capacitação em <strong>Anestesiologia</strong><br />

a Distância <strong>de</strong>verá ter duração mínima<br />

<strong>de</strong> três meses. O sócio po<strong>de</strong>rá obter<br />

o certifi cado <strong>de</strong> capacitação em qualquer<br />

época do ano, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que complete o número<br />

<strong>de</strong> horas exigidas. As aulas realizadas<br />

em um ano po<strong>de</strong>rão ser somadas às realizadas<br />

no ano seguinte, caso o aluno não<br />

tenha completado o número mínimo <strong>de</strong><br />

aulas em um mesmo ano.<br />

Todas as aulas do Curso <strong>de</strong> Ensino a<br />

Distância po<strong>de</strong>rão ser utilizadas para esse<br />

fi m, inclusive as dos anos anteriores.<br />

Nádia Duarte<br />

Ao completar o número mínimo <strong>de</strong><br />

aulas para a progressão, o anestesiologista<br />

<strong>de</strong>verá solicitar, por escrito, à Secretaria da<br />

SBA, a emissão <strong>de</strong> seu certifi cado, que lhe<br />

será enviado por via postal, acompanhado<br />

do conteúdo programático do curso e o<br />

respectivo conceito obtido em cada aula.<br />

Des<strong>de</strong> 1/1/2009, todos os que realizaram<br />

essas aulas já estão automaticamente<br />

cadastrados e registrados no banco<br />

<strong>de</strong> horas da SBA.<br />

O intervalo permitido pelo MEC entre<br />

uma progressão e outra é <strong>de</strong> 18 meses, e apenas<br />

é possível progredir do nível I para o II,<br />

do II para o III e do III para IV, sequencialmente.<br />

Assim, cada anestesiologista só po<strong>de</strong>rá<br />

solicitar à SBA um certifi cado anual.<br />

Muitos profi ssionais <strong>de</strong>sconhecem que,<br />

além dos cursos <strong>de</strong> especialização, mestrado<br />

e doutorado, outros cursos po<strong>de</strong>m agregar<br />

valor curricular e gerar ganhos em sua<br />

remuneração. Dessa forma, além <strong>de</strong> cumprir<br />

a missão institucional <strong>de</strong> promover a<br />

formação e a atualização técnico-científi ca<br />

<strong>de</strong> seus associados, a SBA contribui para a<br />

ascensão profi ssional <strong>de</strong>les através do plano<br />

<strong>de</strong> cargos e salários do Ministério da Educação<br />

e Cultura do governo brasileiro.<br />

Dra. Nádia Maria da Conceição Duarte<br />

Vice-Presi<strong>de</strong>nte da SBA<br />

Informe aos Médicos em<br />

Especialização <strong>de</strong> anestesiologia<br />

do ano <strong>de</strong> 2006<br />

A <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong> (SBA) informa aos resi<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> 2006 que se encontram em processo <strong>de</strong> certificação para<br />

o título <strong>de</strong> especialista em anestesiologia (TEA) que, no fim <strong>de</strong>ste ano,<br />

se encerrará o prazo para a obtenção <strong>de</strong> pontuação necessária para<br />

que seja concedido o certificado <strong>de</strong> integrantes <strong>de</strong>ssa turma.<br />

É sugerido que estes se cadastrem no site da CNA (www.cna-cap.org.<br />

br) para que possam verificar seus pontos. A SBA ressalta que para revalidar<br />

o TEA ao final <strong>de</strong> cinco anos é imprescindível que o médico obtenha<br />

100 pontos e que só é válido obter o máximo <strong>de</strong> 40 pontos anuais.<br />

Através da Comissão <strong>de</strong> Educação Continuada (CEC), a SBA oferece<br />

diversas ativida<strong>de</strong>s a distância para que os colegas possam atingir<br />

esse objetivo e apoia ainda eventos presenciais, como as jornadas regionais<br />

e o Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong>, promovidos pelas<br />

socieda<strong>de</strong>s regionais.<br />

Fonte: Comissão <strong>de</strong> Educação Continuada da SBA:<br />

Pedro Tha<strong>de</strong>u G. Vianna, Alexandra R. Assad e Daniel Volquind.<br />

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 25


ESPAÇO AMB<br />

Desastres<br />

Em nosso planeta não há lugar<br />

seguro. E confirma-se<br />

a impressão <strong>de</strong> que os <strong>de</strong>sastres<br />

tornam-se cada vez mais<br />

frequentes.<br />

Os conflitos têm se multiplicado,<br />

sejam eles militares ou <strong>de</strong>terminados<br />

pela <strong>de</strong>sestruturação da<br />

socieda<strong>de</strong> civil. Não raro, a segurança<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> acompanhar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

tecnológico e, direta<br />

ou indiretamente, têm-se <strong>de</strong>le<br />

<strong>de</strong>correntes situações incontroláveis<br />

e tragédias <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções.<br />

O a<strong>de</strong>nsamento populacional<br />

em áreas <strong>de</strong> risco faz, hoje,<br />

incontáveis vítimas, quando antes<br />

inci<strong>de</strong>ntes naturais pareciam ter<br />

impacto mais limitado.<br />

Deixamos o século das gran<strong>de</strong>s<br />

guerras sem otimismo, vendo<br />

crescerem as divergências e<br />

a beligerância entre as nações. A<br />

violência civil aumenta, ultrapassando<br />

os limites das manchas<br />

<strong>de</strong> miséria que cobrem a periferia<br />

das metrópoles. Do cotidiano caótico<br />

do trânsito às tragédias provocadas<br />

pelos aci<strong>de</strong>ntes aéreos;<br />

dos surtos epidêmicos <strong>de</strong> novas<br />

e antigas doenças aos vazamentos<br />

das usinas nucleares e perfurações<br />

offshore; das inundações<br />

Adriano Ramos Campagnoli _______ RJ<br />

Alfredo Guilherme Haack Couto ____ RJ<br />

Angel Soubhie __________________SP<br />

Bráulio Fortes Mesquita _________ MG<br />

Bruno Ferreira Monteiro __________ RJ<br />

Bruno Schrö<strong>de</strong>r Nascimento ______ SC<br />

Camila Machado <strong>de</strong> Souza ________SP<br />

Carlos Darcy Alves Bersot _________ RJ<br />

Carlos F. Panisset Lanhas La Cava _ RJ<br />

Carlos Kleber Oliveira <strong>de</strong> Santana __BA<br />

Cláudia Panossian _______________SP<br />

Cristiane Tavares ________________SP<br />

Cristiano Hiroshi Vieira Horiguchi __ MG<br />

Daniel Cunha da Trinda<strong>de</strong> ________ RJ<br />

Daniel Varoni Schnei<strong>de</strong>r __________SP<br />

26 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

e dos incêndios, dos furacões,<br />

dos terremotos e dos tsunamis a<br />

<strong>de</strong>slizamentos e <strong>de</strong>sabamentos,<br />

somando-se as mudanças climáticas,<br />

prevenir nem sempre é<br />

possível. Reduzir o risco, todavia,<br />

certamente o é. Não resta dúvida<br />

da importância <strong>de</strong> nos prepararmos<br />

para a adversida<strong>de</strong>. Ainda<br />

que não surja entre os que nos<br />

cercam <strong>de</strong> imediato, atingir-nos-á<br />

hoje ou amanhã do que ontem po<strong>de</strong>ríamos<br />

supor. Muito mais cedo,<br />

ainda, que quiséssemos evitá-la.<br />

Seja qual for a natureza do <strong>de</strong>sastre,<br />

ele nos impõe obrigações.<br />

Muito mais a nós, médicos, que a<br />

outros. Ainda que segurança, comunicação,<br />

transporte e tantas outras<br />

necessida<strong>de</strong>s sejam prementes,<br />

a atenção à saú<strong>de</strong> é preocupação<br />

fundamental, haja vista a invariável<br />

implicação que têm os <strong>de</strong>sastres na<br />

sobrevivência dos seres humanos. À<br />

medida que nos qualificamos para<br />

tratar <strong>de</strong> ameaças à vida, espera-se<br />

<strong>de</strong> nós conselho, ação e espírito <strong>de</strong><br />

solidarieda<strong>de</strong>, intrínsecos à arte da<br />

Medicina. Portanto, temos <strong>de</strong> nos<br />

preparar para tanto.<br />

Preparação é também ter recursos<br />

humanos e materiais necessários<br />

no lugar e no momento exigi-<br />

do. Entre os muitos mais <strong>de</strong> 300<br />

mil médicos hoje ativos em nosso<br />

país, é premente classificá-los pela<br />

disponibilida<strong>de</strong> temporal e geográfica,<br />

estratificando-os pela especialida<strong>de</strong><br />

e pelas competências potencialmente<br />

úteis em situações <strong>de</strong><br />

catástrofe. Fazer-lhes, em primeiro<br />

lugar, reconhecer o risco para que<br />

possam se proteger e transmiti-lo<br />

aos <strong>de</strong>mais. Depois, treiná-los para<br />

atuar <strong>de</strong> forma concertada com os<br />

tantos atores essenciais e nas variadas<br />

circunstâncias que po<strong>de</strong>m<br />

sobrevir. Organizar os esforços da<br />

comunida<strong>de</strong> médica civil em consonância<br />

com as <strong>de</strong>mais instituições<br />

<strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong>, em posição<br />

estratégica como as militares. Integrar,<br />

também, nossos esforços à<br />

comunida<strong>de</strong> médica internacional<br />

e estarmos presentes quando o<br />

momento surgir.<br />

Temos diante <strong>de</strong> nós missão<br />

extensa, difícil e complexa. Que<br />

não se po<strong>de</strong> procrastinar, nem<br />

<strong>de</strong>ixar em segundo plano. Assume<br />

aqui a Associação Médica <strong>Brasileira</strong><br />

mais essa missão, a serviço<br />

da vida, pela profissão médica.<br />

Fonte: José Luiz Gomes do Amaral, Presi<strong>de</strong>nte<br />

da Associação Médica <strong>Brasileira</strong> (AMB).<br />

Lista <strong>de</strong> Aprovados na Prova Oral - 1º Semestre 2010<br />

para Obtenção do Título Superior em <strong>Anestesiologia</strong><br />

Dennis Brandão Tavares __________PR<br />

Eduardo Piccinini Viana ___________SP<br />

Fabiano Tadashi Shiohara ________PR<br />

Fábio Farias <strong>de</strong> Aragão __________ MA<br />

Fernanda Salomão Turazzi Pécora __SP<br />

Flávio Lobo Maia _________________CE<br />

Guilherme Campos Soares Quintas _PE<br />

Gustavo Bachtold _______________ SC<br />

Gustavo Bertoni <strong>de</strong> Toledo _______ SC<br />

Gustavo Rodrigues Bonheur ______ AM<br />

Leonardo Graever ________________ RJ<br />

Loreany Rubira dos Santos ________SP<br />

Lúcio Antonio Garcia Dias _________SP<br />

Marcello <strong>de</strong> Souza Silva ___________SP<br />

Mauricio Augusto Viceconti ________SP<br />

Mauricio Daher Andra<strong>de</strong> Gomes ____DF<br />

Neise Apoliany Martins __________ MG<br />

Núbia Campos Faria Isoni ________ MG<br />

Patrícia Fernan<strong>de</strong>s Calves _________SP<br />

Pedro Luis Vaz <strong>de</strong> Lima Mattos _____SP<br />

Rafael Dias <strong>de</strong> Almeida ___________ RJ<br />

Renata da Cunha Ribeiro _________ MG<br />

Ricardo Caio Gracco <strong>de</strong> Bernardis __SP<br />

Samuel Santana <strong>de</strong> Morais ________SP<br />

Sérgio Teixeira Sant`Anna Junior ___ RJ<br />

Silvia Katlauskas Muraro __________SP<br />

Thiago Appoloni Moreira __________SP<br />

Thiago <strong>de</strong> Freitas Gomes __________SP<br />

Tolomeu Artur Assunção Casali ____ MG


Homenagem póstuma<br />

Odia 2 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2010 ficará in<strong>de</strong>levelmente<br />

marcado em minha memória<br />

e na <strong>de</strong> todos os que tiveram<br />

o privilégio <strong>de</strong> sua amiza<strong>de</strong>, por um acontecimento<br />

que trouxe, em seus primeiros momentos<br />

(duas da madrugada) uma carga<br />

emocional muito intensa, a morte do companheiro<br />

e amigo-irmão <strong>de</strong> três décadas<br />

– Oziel <strong>de</strong> Sousa Lima, o “Mossorozinho”,<br />

como o chamavam seus amigos do apelidado<br />

“Hotel Bufete”, na verda<strong>de</strong> uma república<br />

<strong>de</strong> estudantes universitários localizada<br />

numa estreita rua no centro <strong>de</strong> São Luís<br />

do Maranhão on<strong>de</strong> passou seus primeiros<br />

tempos <strong>de</strong> estudante <strong>de</strong> medicina.<br />

Exatamente nessa cida<strong>de</strong> que não foi<br />

o berço natal <strong>de</strong>le nem o meu, mas que<br />

apren<strong>de</strong>mos a amar como se tivesse sido,<br />

a amiza<strong>de</strong> começou por obra e graça do<br />

<strong>de</strong>stino. Nesse prolongado convívio e graças<br />

a seus esforços, aprendi a gostar <strong>de</strong><br />

política associativa e por ela me apaixonei,<br />

e ao lado <strong>de</strong> Oziel e <strong>de</strong> um punhado <strong>de</strong> jovens<br />

à época engrossamos as fileiras das<br />

associações médicas, dos conselhos <strong>de</strong><br />

medicina e <strong>de</strong> nossa querida <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><br />

<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong> (SBA), na qual,<br />

após ocupar cargos em comissões e na diretoria,<br />

chegou à presidência em 1997.<br />

Oziel fez tudo o que tinha direito <strong>de</strong><br />

fazer nesta vida, tinha postura assertiva<br />

na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> suas convicções que, por<br />

vezes, foi mal compreendida e, por conta<br />

disso, enfrentou dificulda<strong>de</strong>s com alguns<br />

colegas. As dificulda<strong>de</strong>s não lhe assustavam,<br />

pelo contrário, serviam como motivação<br />

para a busca <strong>de</strong> soluções.<br />

Inquieto, inteligente e pouco dado<br />

ao <strong>de</strong>scanso, trabalhava em várias frentes<br />

e sempre a inovar envolveu-se com<br />

os distúrbios do sono, um campo novo<br />

a ser explorado pelos anestesiologistas<br />

brasileiros, ativida<strong>de</strong> à qual, ultimamente,<br />

ele se <strong>de</strong>dicava.<br />

A companhia <strong>de</strong> Ana Cristina lhe foi<br />

fundamental, pois o amor que esta lhe<br />

<strong>de</strong>votou a vida inteira foi a fonte na qual o<br />

guerreiro bebia para repor a energia que<br />

empregava nos árduos combates que enfrentou<br />

ao longo da caminhada. Do casamento<br />

com Ana vieram Oziel Filho, Eduarda<br />

(Duda) e Tiago. Duda lhe proporcionou<br />

a alegria incontida <strong>de</strong> conviver com a neta<br />

Valentina e o neto Vinícius.<br />

Os ventos juvenis vindos da Baía <strong>de</strong><br />

São Marcos, que lhe batiam a fronte ao<br />

percorrer as escadarias da rua do “Hotel<br />

Bufete” na direção da faculda<strong>de</strong>, também<br />

lhe trouxeram os ecos do Romantismo Indianista<br />

<strong>de</strong> Gonçalves Dias e os versos<br />

do poeta lhe serviram <strong>de</strong> apanágio em<br />

seu dia a dia ao travar os bons combates<br />

<strong>de</strong> sua caminhada, sem esmorecer, sem<br />

se abater, como o poeta escreveu:<br />

“Não chores, meu filho; /Não chores,<br />

que a vida/É luta renhida:/Viver é<br />

lutar./A vida é combate,/Que aos fracos<br />

abate, /Que os fortes, os bravos/Só<br />

po<strong>de</strong> exaltar.” (Gonçalves Dias, “Canção<br />

do Tamoio”, Cântico I)<br />

Acometido por um câncer intestinal disseminado<br />

aos 57 anos, foi operado e, uma<br />

semana <strong>de</strong>pois, estava no Congresso Brasileiro<br />

<strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong>. Jamais se ouviu<br />

<strong>de</strong> sua boca uma queixa, uma lamúria, um<br />

gesto <strong>de</strong> revolta sobre o que lhe havia acontecido;<br />

mesmo consumido pela doença, seu<br />

ritmo <strong>de</strong> vida não amainou. Dias antes <strong>de</strong><br />

se submeter à que seria sua última cirurgia,<br />

promoveu uma noite <strong>de</strong> autógrafos na qual<br />

lançou seu último livro <strong>de</strong> histórias. Passados<br />

três dias, operou-se, atravessou o <strong>de</strong>safio<br />

cirúrgico, acordou, falou com familiares<br />

e amigos; parecia que, novamente, sairia<br />

vitorioso <strong>de</strong> mais um embate. Ledo engano!<br />

Sua missão terrena estava acabada,<br />

embora ele disso não soubesse. Abatido<br />

pela baixa imunida<strong>de</strong>, seu organismo não<br />

conseguiu vencer a sequência <strong>de</strong> eventos<br />

pós-operatórios, os órgãos não mais obe<strong>de</strong>ciam<br />

à harmonia da vida, as insuficiências<br />

OBITUÁRIO<br />

NOME MATRÍCULA ANO/ADMISSÃO<br />

Antonio Luis Denadai 14703 19/04/2004<br />

José <strong>de</strong> Aquino Oliveira 2012 05/07/1968<br />

Leonardo Castro Agueda Lopes 17192 06/05/2009<br />

Maria do Carmo Burin Sammartino 11083 08/05/1995<br />

Oziel <strong>de</strong> Souza Lima 4710 11/06/1977<br />

Walter Viana 84 11/05/1949<br />

Calendário<br />

Científico da SBA<br />

2010<br />

Oziel <strong>de</strong><br />

Souza Lima<br />

se seguiram, a homeostase tornou-se impossível<br />

e, finalmente, o guerreiro tombou<br />

ante a inevitabilida<strong>de</strong> da morte, mas com a<br />

dignida<strong>de</strong> dos heróis, sem permitir que fosse<br />

submetido à indignida<strong>de</strong> da distanásia,<br />

caiu rápido, como um tronco ceifado, como<br />

contado nos versos do poeta:<br />

“E cai como o tronco/ Do raio tocado,/<br />

Partido, rojado/Por larga extensão;/Assim<br />

morre o forte!/No passo da morte/Triunfa,<br />

conquista/Mais alto brasão.” (Gonçalves<br />

Dias, “A Canção do Tamoio”, Cântico IX)<br />

E assim partiu Oziel <strong>de</strong> Sousa Lima. À<br />

família e aos amigos restaram seu legado<br />

que o imortalizou e a sauda<strong>de</strong> do convívio<br />

diário. Rezo para que Deus, tendo-o recebido<br />

em uma <strong>de</strong> suas moradas, o guar<strong>de</strong><br />

pela vida eterna. Requiescat in pace.<br />

Dr. Carlos Alberto <strong>de</strong> Souza Martins -<br />

Presi<strong>de</strong>nte SBA, 1991<br />

AGOSTO: 5, 6 E 7 - XI JORNADA DE ANESTESIOLOGIA DE MOSSORÓ<br />

XVIII JORNADA NORTE RIO GRANDENSE DE ANESTESIOLOGIA - MOSSORÓ/RN<br />

12 A 14 – 41ª JABC – JORNADA DE ANESTESIOLOGIA DO BRASIL - CENTRAL. POCONÉ/MT.<br />

20 A 22 - XVI JOCAN - JORNADA CEARENSE DE ANESTESIOLOGIA<br />

BEACH PARK RESORT - AQUIRAZ/CE<br />

SETEMBRO: 09 A 12 - XVIII JAEPE - PORTO DE GALINHAS<br />

24 A 25 - 23ª JORBA – JORNADA BAIANA DE ANESTESIOLOGIA - COSTA DO SAUÍPE /BA<br />

24 A 26 - 21ª JOMA - JORNADA MINEIRA DE ANESTESIOLOGIA - JUIZ DE FORA /MG<br />

OUTUBRO: DE 16 A 20 – ASA ANNUAL MEETING. SAN DIEGO, CALIFÓRNIA,/EUA.<br />

NOVEMBRO: DE 20 A 24 – 57º CONGRESSO BRASILEIRO DE ANESTESIOLOGIA. PORTO ALEGRE/RS.<br />

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 27


REGIONAIS<br />

SARGS comemorou 60 anos <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s em jantar com sócios<br />

Os sócios da SARGS comemoraram o 60° aniversário da entida<strong>de</strong> com um<br />

jantar no Espaço Três Figueiras, em Porto Alegre<br />

No dia 11 <strong>de</strong> junho, os sócios da<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong><br />

do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (SAR-<br />

GS) comemoraram o 60° aniversário<br />

da entida<strong>de</strong> em um encontro especial.<br />

Cerca <strong>de</strong> cem anestesiologistas, com<br />

seus familiares, celebraram a data em<br />

um jantar realizado no Espaço Três<br />

Figueiras, em Porto Alegre.<br />

Na ocasião, o presi<strong>de</strong>nte da SAR-<br />

GS, Daniel Volquind, <strong>de</strong>stacou a<br />

união contínua da socieda<strong>de</strong>, uma das<br />

primeiras regionais após a criação da<br />

SBA. “A socieda<strong>de</strong> está completando<br />

hoje 60 anos e esse é um momento<br />

muito especial, não só como ativida<strong>de</strong><br />

associativa, mas também pela <strong>de</strong>fesa<br />

e pela luta por melhores condições<br />

<strong>de</strong> trabalho para a categoria. Atualmente,<br />

temos quase 600 sócios, o que<br />

torna nossa união forte e diferente, se<br />

pensarmos em todo o meio médico.”<br />

Em seguida, Volquind convidou<br />

os anestesiologistas homenageados da<br />

28 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

noite, entre ex-presi<strong>de</strong>ntes e remidos,<br />

para receber o reconhecimento simbólico<br />

pelo trabalho <strong>de</strong>senvolvido pela<br />

categoria. São eles: Aldo José Peixoto,<br />

Cézar Lorenzini, Florentino Men<strong>de</strong>s,<br />

Fernando Squeff Nora, Gastão Fernan<strong>de</strong>s<br />

Duval Neto, José Vicente Prado<br />

e Adria Fátima Simões Giacomet.<br />

No encontro, foram sorteadas, entre<br />

os sócios, uma inscrição para o 57º<br />

Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong><br />

(CBA), que neste ano será realizado no<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, e a hospedagem<br />

<strong>de</strong> um fi m <strong>de</strong> semana em Gramado<br />

como oferecimento<br />

da Tribeca Turismo.<br />

Os ganhadores foram,<br />

Diretoria da SARGS<br />

respectivamente, Ronei Bittencourt<br />

Machado e Valfredo Rômulo Berton.<br />

Seis décadas <strong>de</strong> história<br />

Há 60 anos, a SARGS congrega<br />

os anestesiologistas que exercem a<br />

especialida<strong>de</strong> no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Atualmente, o número <strong>de</strong> sócios se<br />

aproxima dos 600, e a entida<strong>de</strong> se<br />

constitui na regional da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><br />

<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong> (SBA)<br />

no estado, sendo fi liada à Associação<br />

Médica do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Atua na regulamentação <strong>de</strong> padrões<br />

<strong>de</strong> comportamento ético da categoria<br />

e no estímulo do aprimoramento<br />

da pesquisa através <strong>de</strong> avaliações<br />

e trabalhos realizados com os<br />

Centros <strong>de</strong> Ensino e Treinamento<br />

(CET). Além disso, estimula o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

e o aprimoramento<br />

da cultura técnica e científi ca; fomenta<br />

e <strong>de</strong>senvolve o intercâmbio<br />

científi co e associativo com entida<strong>de</strong>s<br />

afi ns; organiza e patrocina ativida<strong>de</strong>s<br />

científi cas; promove, a cada<br />

três anos, a Jornada Sul-brasileira <strong>de</strong><br />

<strong>Anestesiologia</strong>; fi scaliza e exige o<br />

cumprimento das normas vigentes<br />

no Estatuto da SARGS e da SBA e<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a ética e os interesses profi<br />

ssionais <strong>de</strong> seus associados.


NOVOS MEMBROS<br />

Ativo<br />

Antonio Celso Gomes <strong>de</strong> S. Barros<br />

Filho<br />

Bianca Lin<strong>de</strong>nberg Braga Nobrega<br />

Carolina Baeta Neves Duarte<br />

Ferreira<br />

Cintia Reina Grisan Tomal<br />

Daianne Ferreira <strong>de</strong> Freitas<br />

Daniel Gioielli <strong>de</strong> Castilho<br />

Daniela Vania Dorighello<br />

Eduardo Borges Rocha Pyrrho<br />

Eduardo Lagreca Teixeira<br />

Fabiana Castilho Silva e Sousa<br />

Jonh Herbert <strong>de</strong> Oliveira Rocha<br />

Juliano Cruz Tamiasso<br />

Leonardo Henrique Cunha Ferraro<br />

Luis Felipe Ximenes Nogueira<br />

Maíla Fernanda Silva Pardi<br />

Marcello Nobrega Ga<strong>de</strong>lha <strong>de</strong><br />

Queiroga<br />

Marcelo Waldir Mian Hamaji<br />

Marcos Henrique Lopes da Costa<br />

Renata Fatureto Borges Watanabe<br />

Renata Lucia Calado<br />

Renata Monteiro <strong>de</strong> Barros Lopes<br />

Taísa Maia <strong>de</strong> Queiroz<br />

Aspirante-Adjunto<br />

Adrianno Bastos Silva Alves<br />

Ana Carolina Bueno<br />

Iucy Sabrina Magalhães Veloso<br />

Luiz Carlos Hack Radünz Vieira<br />

Ricardo Macedo <strong>de</strong> Oliveira<br />

Rodrigo Kersten Lopes<br />

Adjunto<br />

Alessandra Felippin<br />

Arlete Cristina da Cruz<br />

Dionísio Corpa Frozoni Neto<br />

Fábio Barcelos Silva<br />

Felipe André Carreira Feijó<br />

Manuela Pinheiro Arruda <strong>de</strong> Araújo<br />

Priscila Mesquita <strong>de</strong> Souza<br />

Raphael <strong>de</strong> Mauricio Rosa<br />

Roberto Rêgo <strong>de</strong> Almeida<br />

Saulo da Silva Cabral<br />

Ubirajara <strong>de</strong> Lima e Silva<br />

Aspirante<br />

A<strong>de</strong>lson da Silva Pimenta Junior<br />

Adler Ferreira Maia<br />

Adriana <strong>de</strong> Pinho Carvalho<br />

Alberto <strong>de</strong> Souza Ramos<br />

Al<strong>de</strong>mar Kimura Junior<br />

Alexandre Antonio da Silva<br />

Alexandre José Sales Gomes<br />

Aline Andréa <strong>de</strong> Oliveira<br />

Amanda Giraldi Maryama<br />

Ana Paula Ssantana Huang<br />

André Angelo Cintra<br />

Artur da Costa Milach Júnior<br />

Camila Frota Barroso<br />

Camila Lima Ferreira<br />

Camila Sampaio Chiarantano<br />

Carlos Eduardo Carvalho Sabino<br />

César Carvalho da Silva<br />

Cesar <strong>de</strong> Souza Neucamp<br />

Cibele Cristina Luciano<br />

Cinara da Silva Ricardo<br />

Clarissa Stefan Gebrim<br />

Daiana <strong>de</strong> Souza Gomes<br />

Daniel Diniz Correia<br />

Daniel Stefenoni <strong>de</strong> Carvalho<br />

Danieli Rodriguez Pereira<br />

Danielli Verissimo <strong>de</strong> Miranda<br />

Danilo Carmo Rezen<strong>de</strong><br />

Danylo Men<strong>de</strong>s Amarante<br />

Ednardo <strong>de</strong> Negreiros Freitas<br />

Eduardo Carvalho Filho<br />

Emanuela Lambardi<br />

Emily Almeida Borges<br />

Emmanuel Carvalho Seda<br />

Enery Gutiery Justino Santos<br />

Fabiana Fontes Vieira<br />

Fabiano Loiola Santos<br />

Fabio Augusto Devora Garrido<br />

Fabricio Rocha Gomes<br />

Felippe Batista Soares<br />

Fernanda Cristina Rodrigues<br />

Criscuolo<br />

Fernando Palhano <strong>de</strong> Bortoli<br />

Gabriela <strong>de</strong> Figueiredo<br />

Giovanne Santana <strong>de</strong> Oliveira<br />

Guilherme Rocha Ferraz<br />

Gustavo Machado Colli<br />

Hel<strong>de</strong>r Marcus Costa Rocha<br />

Henrique Barreto Bellusci<br />

Henrique César Carvalho Ribeiro<br />

Hugo Hidaka Boulhosa<br />

Hugo Romeiro Brum<br />

Igor Mazar<br />

Janaina <strong>de</strong> Almeida Japiassu Alves<br />

João Paulo Fernan<strong>de</strong>s Lira Holanda<br />

João Paulo Martins Grego<br />

Joaquim Martins Correia Neto<br />

José <strong>de</strong> Santana Neto<br />

Juliana Cristina Reis<br />

Juliana Dantas <strong>de</strong> Lira Gondim<br />

Freire<br />

Juliana Lima Tôrres<br />

Júlio Basílio <strong>de</strong> Araújo Lira<br />

Leandro Bertini Monteneri<br />

Leandro Costa Menezes<br />

Leandro Sodre Xavier da Silva<br />

Leonardo Rodrigues Barbosa<br />

Leticia Leal <strong>de</strong> Oliveira Santos<br />

Ligia Theodoro da Silva<br />

Lilian Tavares Esteves <strong>de</strong> Carvalho<br />

Lucas Borges Barros<br />

Lucas Guizilini Ferreira<br />

Luciana Andra<strong>de</strong> Guimarães<br />

Luis Cláudio Corrêa Lobato<br />

Luiz Marcelo Pianchão Araújo<br />

Manoel Menezes da Silva Neto<br />

Marcelo Barcellos Rédua<br />

Marcelo Donizetti Grama Mourthe<br />

Marcelo dos Anjos Reis<br />

Márcia Carvalcanti Carneiro<br />

Marcos Cruz Pereira Filho<br />

Marcus Vinicius Figueiredo Lourenço<br />

Marcus Vinícius Santana Santos<br />

Mariana <strong>de</strong> Carvalho<br />

Mariana Ishibashi<br />

Mateus Bressan Corrêa<br />

Matheus Tar<strong>de</strong>lli Alkmin<br />

Matias Augusto <strong>de</strong> Carvalho<br />

Nadya Regyna Silva Porto<br />

Pedro Américo Coelho Loureiro<br />

Pedro Monferrari Monteiro Vianna<br />

Poliana Valery Sanzi Garcia<br />

Rafael Druzzili Pelizaro<br />

Ramsés Antônio F.B.Bastawros<br />

Filho<br />

Reinaldo Urbani Junior<br />

Rêisalla Verli <strong>de</strong> Souza<br />

Renato Ormon<strong>de</strong> Sundfeld<br />

Ricardo Freitas Leal<br />

Ricardo Lima Machado<br />

Rodrigo Pedro Fausto <strong>de</strong> Lima<br />

Romulo Gomes Cathalá Loureiro<br />

Tais Ozi<br />

Thiago Augusto Mahon Braga<br />

Thiago da Costa Lago Alves<br />

Thiago dos Santos Batista<br />

Thiago Esgalha Sartori<br />

Thiago Rodrigues Jacinto<br />

Tiago Queiroz Carvalho dos Santos<br />

Tomaz <strong>de</strong> Aquino Neto Segundo<br />

Vinicius Barros Duarte <strong>de</strong> Morais<br />

Vinicius Vilela Abud<br />

Vitor Fernando Eugênio<br />

Viviane Gebara Bergamaschi<br />

Wagner <strong>de</strong> Paula Rogério<br />

Wen<strong>de</strong>l Pereira Braga<br />

Wilse Melo <strong>de</strong> Souza<br />

Anestesia em revista - mai-jun, 2010 - 29


RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />

ONG Repartir dá apoio a<br />

tratamento <strong>de</strong> crianças carentes<br />

Uma organização não governamental<br />

(ONG) que apoia<br />

socialmente crianças que passam<br />

por tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, dando<br />

suporte a elas. Esta é a Repartir<br />

–Associação <strong>de</strong> Apoio às Crianças do<br />

Hospital Municipal Jesus. A ONG<br />

fi ca localizada no hospital, em Vila<br />

Isabel, bairro da Zona Norte do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro. Seu objetivo principal é<br />

dar apoio às crianças na alta hospitalar,<br />

ajudando às famílias que não têm<br />

condições <strong>de</strong> arcar com a <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong><br />

seus tratamentos, e, <strong>de</strong>ssa forma, tentar<br />

romper o ciclo alta e reinternação.<br />

Fundada em 12 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002, a<br />

Repartir já aten<strong>de</strong>u mais <strong>de</strong> 825 crianças.<br />

Atualmente, dá assistência a 81<br />

portadoras <strong>de</strong> patologias graves, cuja<br />

maioria esteve internada no Hospital<br />

30 - mai-jun, 2010 - Anestesia em revista<br />

Municipal Jesus, e outras com passagens<br />

pelo ambulatório do hospital.<br />

“Os médicos encaminham essas<br />

crianças para nosso atendimento<br />

quando verifi cam que são extremamente<br />

carentes e que po<strong>de</strong>rão ter o<br />

tratamento domiciliar comprometido<br />

caso não tenham apoio em casa,<br />

como alimentação a<strong>de</strong>quada, leite<br />

comum ou especial e mesmo condições<br />

básicas <strong>de</strong> moradia”, conta Ester<br />

Pontes, vice-presi<strong>de</strong>nte da ONG.<br />

Para tanto, uma assistente social da<br />

ONG entrevista a mãe da criança, analisa<br />

o pedido do médico e i<strong>de</strong>ntifi ca as<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las. “Após<br />

a visita, procuramos enten<strong>de</strong>r, mais<br />

<strong>de</strong>talhadamente, as carências daquela<br />

família, como a falta <strong>de</strong> fi ltro d’água,<br />

cobertores, ventiladores, móveis, uten-<br />

Des<strong>de</strong> a sua criação, a<br />

Repartir já aten<strong>de</strong>u mais<br />

<strong>de</strong> 825 crianças e suas<br />

famílias<br />

sílios do lar e eletrodomésticos; além<br />

disso, encaminhamos as mães para que<br />

realizem alguns cursos profi ssionalizantes,<br />

como artesanato, cabeleireiro,<br />

manicure e confecção <strong>de</strong> bijuterias, e<br />

para a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços disponível no<br />

município e nos arredores da cida<strong>de</strong><br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro”, conta Ester.<br />

A Repartir conta com o apoio <strong>de</strong><br />

pessoas e entida<strong>de</strong>s para manter a ajuda<br />

às crianças, entre elas a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><br />

<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Anestesiologia</strong> (SBA) e<br />

vários voluntários que atuam em diversos<br />

setores na instituição.<br />

Quer colaborar com as ações da<br />

Repartir? Faça contato! En<strong>de</strong>reço: Rua<br />

Oito <strong>de</strong> Dezembro, 717, Vila Isabel,<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ - CEP 20550-200.<br />

Telefone: (21) 2234-9791. Site: http://<br />

www.repartir.org.br/participar.htm<br />

FOTOS: Divulgação Repartir


Datas Associativas Importantes<br />

DATA DESCRIÇÃO<br />

ELEIÇÕES DIRETORIA E CONSELHO FISCAL - SBA<br />

20/08/2010 a 20/09/2010 Período <strong>de</strong> inscrição <strong>de</strong> chapas para eleições da Diretoria e Conselho Fiscal.<br />

20/8/2010 Limite para regularização SBA e Regional para os associados interessados em<br />

participarem das eleições.<br />

19/11/2010 Limite para recebimento <strong>de</strong> votos postais para as eleições da Diretoria e Conselho<br />

Fiscal.<br />

ASSEMBLÉIA GERAL<br />

23/8/2010 Convocação para a Assembléia Geral.<br />

21/11/2010 - 11:00 h Assembléia Geral para eleição da Diretoria, Conselho Fiscal e aprovação das<br />

contas.<br />

21/11/2010 - 11:30 h Assembléia Geral para alterações Estatutárias.<br />

21/11/2010 Limite para regularização com a SBA e Regional dos membros ATIVOS que<br />

queiram participar da Assembléia Geral.<br />

ASSEMBLÉIA DE REPRESENTANTES<br />

22/9/2010 Convocação para a Assembléia <strong>de</strong> Representantes.<br />

22/9/2010 Limite para regularização com a SBA e Regional dos associados que serão<br />

indicados por suas Regionais como representantes e/ou suplentes.<br />

23/8/2010 Limite para envio pelas Regionais, à secretaria da SBA, listagem <strong>de</strong> membros<br />

quites com a Regional, para cálculo do número <strong>de</strong> Representantes da AR.<br />

30/9/2010 Limite <strong>de</strong> envio dos relatórios para o Boletim Agenda (Diretoria, Comissões,<br />

Comitês, Conselhos e RBA).<br />

Até 22/09/2010 Divulgação do número <strong>de</strong> Representantes <strong>de</strong> cada Regional para a Assembléia <strong>de</strong><br />

Representantes.<br />

20/11/2010 - Até 13:00 h Entrega à secretaria da SBA, no CBA, pelos Presi<strong>de</strong>ntes das Regionais, da lista<br />

<strong>de</strong> Representantes e Suplentes <strong>de</strong> suas Regionais.<br />

21/11/2010 - Até 11:00 h Disponibilização das cre<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> representantes e suplentes para os<br />

presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Regionais.<br />

21/11/2010 - 13:00 h Sessão <strong>de</strong> Instalação.<br />

21/11/2010 - Até 13:00 h Devolução da lista <strong>de</strong> Representantes e Suplentes, <strong>de</strong>vidamente assinada para<br />

liberação da bancada.<br />

23/11/2010 - Até 17:00 h Disponibilização do material da AR para os Presi<strong>de</strong>ntes, na secretaria da SBA, no CBA.<br />

24/11/2010 - 13:00 h Sessão <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m do Dia.<br />

24/11/2010 - 13:00 h Até o início da Sessão <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m do Dia po<strong>de</strong>rão ser substituídas cre<strong>de</strong>nciais<br />

Representes por Suplentes.<br />

REUNIÕES DA DIRETORIA EM JORNADAS REGIONAIS<br />

14/8/2010 19:00 h - Presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Regionais (Convidados: Cooperativas e FEBRACAN)<br />

REUNIÕES DA CET DURANTE JORNADAS REGIONAIS<br />

14/8/2010 08:00 h - Responsáveis Região Centro Oeste / 10:00 h - Médico em Especialização<br />

Região Centro Oeste<br />

REUNIÕES DO COMITÊ DE DOR<br />

13/8/2010 17:00 h - Comitê com Centros Cre<strong>de</strong>nciados para a formação em Dor da Região<br />

Centro Oeste

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