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Democracia e universidade - Universia - Universia Brasil

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<strong>Democracia</strong> e <strong>universidade</strong><br />

18/03/2002<br />

Arquimedes inventou o cálculo integral, séculos antes de Cristo e muitos séculos antes de<br />

Newton e de Leibnitz. Seu manuscrito, em tinta vermelha, permaneceu indecifrável até alguns<br />

anos atrás, pois sobre as mesmas páginas de papiro foi escrito um outro texto, na época<br />

medieval. Lembrando que a matemática é a linguagem de expressão para os modelos da física,<br />

da química, da biologia etc., surgem indagações.<br />

Se os resultados de Arquimedes fossem revelados mais cedo, não estaríamos hoje<br />

tecnologicamente muito mais avançados? -perguntaria o otimista. Ou não teríamos já nos<br />

autodestruído? -contra-argumentaria o pessimista. Os gregos também desenvolveram conceitos<br />

sociais revolucionários, como a democracia.<br />

Mas será que a nossa leitura atual está sendo correta? Como esse processo se desenvolve?<br />

Esquemas procuram um "candidato" ou "candidata" para ser "o eleito". Configuram a imagem do<br />

candidato, como Viktor Frankestein fez com a sua "criatura", juntando membros e partes que se<br />

auto-rejeitam apenas para compor um corpo que precisa estar aparentemente vivo até as<br />

eleições.<br />

Campanhas milionárias procuram votos para transformá-los em cheques em branco. Terminada a<br />

votação, hoje eletrônica, começa a partilha que chamam de governo. Com exceção do eleito,<br />

todos os outros cargos politicamente influentes em sua administração são "por indicação",<br />

primeiro escalão, segundo escalão, ao enésimo escalão! Acaba a interação popular, o eleito<br />

desfigurase e só aparece, vez ou outra, em "comunicados" oficiais.<br />

Vende-se o patrimônio público, tomam-se medidas draconianas e assim vai, sem que nenhum<br />

plebiscito ou consulta seja feita à população. Os casos de corrupção tornam-se tão escandalosos<br />

que alguns deles ficam públicos e então são investigados, como se o crime feito pudesse ser<br />

ressarcido. O tempo não volta atrás. Corrupção significa perda de investimento no setor<br />

produtivo, ou seja, perda de emprego; significa falta de recursos para a saúde, ou seja, perda de<br />

vidas.<br />

Não seria este o momento de os candidatos que se autodenominam democráticos apresentarem<br />

em seus planos de governo a afirmação de que nenhum cargo na administração pública ocorrerá<br />

por indicação? Que os "cargos de confiança" não existirão? Que candidato teria essa<br />

independência e essa coragem? Nos próximos dias, teremos o processo sucessório da Reitoria<br />

da Universidade Estadual de Campinas. ? desnecessário discorrer sobre o sucesso da Unicamp,<br />

criada há pouco menos de 40 anos.<br />

Sua respeitabilidade nacional e internacional falam por si. Nossa luta para a preservação da<br />

independência, liberdade e autonomia, para a manutenção, qualidade e expansão do ensino<br />

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público gratuito, para que os professores, alunos e funcionários tenham ambientes adequados e<br />

seguros de trabalho, moradia, cultura e lazer, com salários adequados e perspectivas de<br />

crescimento profissional, para que os professores e funcionários aposentados tenham proventos<br />

adequados e incentivos, para que a Unicamp continue sendo uma instituição respeitada no país e<br />

no exterior, pela excelência de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, e para que a<br />

Unicamp contribua para proporcionar um futuro mais justo e mais humano para o <strong>Brasil</strong> tem sido<br />

acompanhada e fortemente apoiada pela população de nosso país.<br />

Temos cinco candidatos, todos professores titulares, com excelentes qualificações acadêmicas e<br />

profissionais. Resta saber se teremos uma leitura medieval no processo sucessório ou se<br />

teremos a coragem de criar um exemplo de administração verdadeiramente democrático.<br />

Vitor Baranauskas, 49, professor titular na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da<br />

Unicamp, professor Visitante na Universidade de Oxford, é candidato a reitor da Unicamp.<br />

Fonte:Folha de São Paulo<br />

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