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Apostila_files/Capitulo 6 _REVASC.pdf

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Introdução<br />

6<br />

Revascularização do Miocárdio<br />

A cirurgia de revascularização do miocárdio foi<br />

proposta por Vineberg em 1945, a idéia era implantar a<br />

artéria torácica interna no miocárdio. Porém devido à<br />

ausência de exames que comprovassem sua eficácia os<br />

resultados a princípio foram muito questionados. Assim a<br />

cirurgia de revascularização do miocárdio só ganhou<br />

interesse a partir de 1959 quando os estudos de Sones<br />

levaram os exames de cateterismo cardíaco para a<br />

prática clínica possibilitando a demonstração do<br />

procedimento proposto por Vineberg em 1945. Hoje é<br />

uma das cirurgias mais freqüentemente realizadas em<br />

todo mundo 10 .<br />

A doença arterial coronariana (DAC) continua<br />

sendo o mal que mais mata no Brasil e também nos<br />

países desenvolvidos, em pessoas com idade entre 50 e<br />

64 anos chega a ser responsável por cerca de 36% dos<br />

óbitos e naquelas com idade acima de 65 anos<br />

responsabiliza-se por 42% das mortes 10 .<br />

A DAC ocorre devido a lesões na camada<br />

íntima das coronárias (podem envolver também a média<br />

e a adventícia) que evoluem com a formação de placas<br />

ateroscleróticas. Estas obstruem o fluxo sanguíneo<br />

coronariano, o que acarreta em um desequilíbrio entre a<br />

oferta e demanda de oxigênio para o miocárdio,<br />

resultando em má perfusão deste (figura 1). As sérias<br />

conseqüências podem manifestar-se clinicamente como<br />

angina estável, angina instável ou infarto do miocárdio<br />

(necrose celular por hipóxia).<br />

Figura 1 - Redução do fluxo sangüíneo miocárdico, com privação<br />

de oxigênio devido DAC. Fonte: 11<br />

Diante disso a cirurgia de revascularização do<br />

miocárdio (RM) com o objetivo de reestabelecer o<br />

suprimento sanguíneo adequado ao miocárdio por meio<br />

da abordagem das artérias coronarianas se apresenta<br />

como uma forma de tratamento da insuficiência<br />

coronariana.<br />

Indicações<br />

Tabela 1- Indicações para a Operação de<br />

Revascularização Miocárdica isolada em Pacientes com<br />

Angina Estável, Angina Instável e Infarto Agudo do<br />

Miocárdio<br />

Condutos<br />

A cirurgia de revascularização do miocárdio<br />

realiza uma ponte (“by-pass”) entre a artéria coronária<br />

doente e outra artéria (aorta geralmente). O by-pass é<br />

realizado por meio de condutos, estes são enxertos que<br />

podem ser da própria pessoa (auto-enxertos) ou<br />

sintéticos. Os sintéticos são pouco utilizados, portanto<br />

descreveremos o uso dos auto-enxertos.<br />

Os auto-enxertos podem ser arteriais ou<br />

venosos. O conduto venoso mais utilizado é a veia<br />

safena, enquanto que dentre os arteriais destaca-se o<br />

uso da artéria torácica interna (ATI).<br />

Para o sucesso da cirurgia de revascularização<br />

do miocárdio é de fundamental importância a escolha de<br />

um conduto adequado. A escolha do conduto leva em<br />

consideração fatores como, por exemplo, que o conduto<br />

tenha comprimento necessário para atingir a artéria<br />

desejada, um diâmetro interno em torno de 2-3 mm,<br />

espessura da parede


Veia safena<br />

Dentre as principais vantagens do uso da veia<br />

safena destacam-se a facilidade de coletá-la, de<br />

manipulá-la bem como sua resistência ao espasmo.<br />

Porém apesar de continuar patente durante anos (88%<br />

precocemente após o enxerto e 75% em 5 anos) é fato<br />

que tal enxerto venoso é mais sujeito ao<br />

desenvolvimento de aterosclerose tardia que outros<br />

condutos como a artéria torácica interna.<br />

Diante disso estratégias farmacológicas foram<br />

criadas para aumentar a patência do enxerto. Alguns<br />

ensaios clínicos randomizados, por exemplo,<br />

evidenciaram que o uso precoce de aspirina reduz a<br />

oclusão do conduto venoso no primeiro ano após a<br />

cirurgia de revascularização do miocárdio RM bem como<br />

também a administração da mesma nas primeiras 48<br />

horas diminui os riscos de mortalidade, IAM, AVC, e<br />

insuficiência renal no período pós-operatório. O uso das<br />

estatinas também ganhou destaque, pois ao manterem<br />

colesterol LDL com valores abaixo de 100 mg /dL<br />

reduziram a ocorrência de aterosclerose nas artérias<br />

coronárias nativas bem como no enxerto venoso, isso<br />

conseqüentemente diminuiu a necessidade de<br />

reintervenções cirúrgicas das coronárias. Acredita-se<br />

que no futuro a terapia gênica por sua capacidade de<br />

modificar o endotélio possa evitar o desenvolvimento de<br />

aterosclerose no enxerto venoso 5 .<br />

A veia safena mais utilizada é a interna<br />

(magna), porém se não for possível o uso desta pode-se<br />

utilizar a veia safena externa (parva). Devido a essa<br />

maior freqüência de uso, discorreremos a seguir acerca<br />

do emprego da veia safena magna na cirurgia de RM.<br />

Assim como a veia safena parva a veia safena<br />

magna origina-se de forma indireta do arco venoso<br />

dorsal do pé. Apesar da variação anatômica, deste arco<br />

partem duas veias, uma prosseguirá medialmente (veia<br />

marginal medial) enquanto que a outra ascenderá<br />

lateralmente (veia marginal lateral) como mostra a figura<br />

3. Essas então originarão respectivamente as veias<br />

safenas magna e parva.<br />

Figura 3- Formação do arco venoso dorsal do pé:<br />

(1)Veia marginal lateral (2) Veia marginal medial<br />

Fonte: 1<br />

A veia safena magna ascende na face medial<br />

da perna lado a lado com o nervo frênico. Ao chegar na<br />

região do joelho desvia-se para passar posterior aos<br />

côndilos mediais da tíbia e do fêmur e em seguida voltase<br />

para frente e prossegue seu trajeto obliquamente na<br />

face anteromedial da coxa acompanhando a direção do<br />

músculo sartório (figura 4). Finalmente desemboca na<br />

veia femoral comum, concluindo seu trajeto.<br />

Figura 4- Trajeto da veia safena magna<br />

Fonte: 1<br />

O ideal é que a veia safena tenha diâmetro de<br />

3,5 mm e seja isenta de varicosidade ou estreitamentos.<br />

História de retiradas prévias de veias safenas, doença de<br />

estase venosa, insuficiência vascular arterial, presença<br />

de ferimentos não-cicatrizados, veias varicosas ou<br />

tromboflebite superficial são informações que influenciam<br />

na escolha da perna direita ou esquerda 8 . No préoperatório<br />

pode-se utilizar o ultra-som Doppler para<br />

avaliar a veia e também para localizar anatomicamente o<br />

vaso a fim de prever a extensão da incisão cutânea.<br />

• Técnica para colher o enxerto<br />

A incisão para obter a veia safena parte da<br />

virilha, medial ao pulso da artéria femural, e acompanha<br />

o trajeto da veia. De outro modo pode-se realizar a<br />

incisão partindo do tornozelo, anterior ao maléolo medial<br />

e ampliando para cima. Pode-se realizar uma única e<br />

longa incisão ou várias incisões cutâneas intercaladas<br />

por pontes de pele intactas (Figura 5 letras A e B). O uso<br />

desta última técnica além de proporcionar menor<br />

extensão da incisão é mais recomendada para pacientes<br />

com doença vascular periférica ou diabéticos, pois além<br />

de proporcionarem um melhor fechamento do ferimento<br />

está relacionada com menores índices de infecção e dor<br />

pós-operatória.<br />

A pele na região do joelho está muito sujeita a<br />

movimentação o que pode dificultar a cicatrização de<br />

uma incisão nessa região. Por isso pode-se fazer<br />

alternativamente o que apresenta a figura 5 letra A,<br />

porém sem incisar a pele nesta região.<br />

Disseca-se a veia e a separa de seus ramos<br />

manipulando-se apenas a sua camada adventícia<br />

(técnica do “não tocar”). Não se deve tracionar ou estirar,


esse cuidado evita a ocorrência de lesão endotelial e<br />

trombose. Deve-se clipar ou ligar as colaterais para que<br />

não ocorram complicações hemorrágicas após a cirurgia.<br />

Após se dissecar a veia secciona-se a mesma nos<br />

extremos (virilha e tornozelo) para finalmente retirá-la.<br />

Em seguida liga-se os cotos da veia que ficaram nos<br />

extremos. Injeta-se sangue autólogo heparinizado no<br />

enxerto venoso para ser preservado até o momento de<br />

ser utilizado (Figura 5 letra C). Ao passo que o enxerto<br />

venoso recebe o sangue autólogo heparinizado pode-se<br />

identificar e ligar os ramos que foram seccionados.<br />

Fecha-se o ferimento da perna em camadas<br />

para evitar que ocorram hematomas bem como para<br />

reduzir o risco de infecções<br />

Figura 5 – Dissecção da veia safena magna<br />

Fonte: 5, pg 610<br />

Artéria torácica interna<br />

As artérias torácicas internas, também<br />

chamadas de mamárias internas, possuem alta taxa de<br />

patência (90% em 10 anos) e o uso delas tem sido<br />

associado a sobrevida livre de eventos cardíacos tardios.<br />

Tais artérias possuem um endotélio mais resistente à<br />

lesões quando comparados a veia safena assim resistem<br />

melhor ao desenvolvimento da aterosclerose. Por<br />

possuírem uma lâmina elástica interna não fenestrada e,<br />

portanto capaz de inibir migração celular tais artérias são<br />

mais resistentes a hiperplasia da camada íntima. A<br />

camada média, com poucas células musculares lisas,<br />

exibe menor proliferação em resposta a alguns fatores<br />

como o fator de crescimento derivado de plaquetas 5 .<br />

No pós-operatório as artérias torácicas internas<br />

respondem de forma favorável a medicamentos<br />

utilizados, pois possuem uma produção basal maior de<br />

óxido nítrico e prostaciclinas por exemplo. Além disso,<br />

após a cirurgia tais artérias se remodelam para se<br />

adaptar às novas condições (aumentam seu diâmetro e<br />

fluxo de sangue assemelhando-se de certa forma com as<br />

artérias coronárias normais) 5 .<br />

A artéria torácica interna esquerda (ATIE)<br />

comumente é usada como conduto para a artéria<br />

descendente anterior esquerda (DAE). Já o pedículo da<br />

ATI direita pode ser usado como enxerto para artéria<br />

coronária direita (ACD) bem como para a artéria<br />

descendente posterior (ADP) ou ramos da circunflexa<br />

esquerda se tiver tamanho suficiente. Porém<br />

dependendo do paciente os benefícios do uso desses<br />

condutos precisam ser pesados com os riscos. Foi<br />

descoberto, por exemplo, que paciente diabético possui<br />

um risco 14 vezes maior de infecção esternal devido a<br />

mobilização bilateral das ATIs. Não é recomendável o<br />

uso de ATIE para substituir enxertos de alto fluxo<br />

(safena) 8 .<br />

A ATI origina-se da primeira parte da artéria<br />

subclávia sozinha ou associada com outras artérias,<br />

oposta a origem do tronco tireocervical. Segue seu<br />

trajeto afastando-se lateralmente do esterno à medida<br />

que prossegue de forma descendente (figura 6).<br />

Geralmente termina a nível do 6º espaço intercostal onde<br />

emite dois ou mais raramente, três ramos.<br />

A ATI irriga a parede anterior do tórax, osso<br />

esterno, músculo peitoral maior, glândulas mamárias, o<br />

pericárdio, nervo frênico, diafragma e parede abdominal<br />

anterior.<br />

A relação que a ATI mantêm com o nervo<br />

frênico é muito importante visto que o rompimento deste<br />

por meio do uso do eletrocautério, por exemplo, causa<br />

paralisia de diafragma. O cuidado para não romper tal<br />

nervo desse ser mantido desde a origem da ATI, visto<br />

que o local de cruzamento desta sobre o nervo é muito<br />

variável. A artéria pericárdico-frênica, ramo da ATI em<br />

90% dos indivíduos, corre paralela ao nervo frênico e sua<br />

lesão pode causar isquemia do nervo frênico e como<br />

conseqüência também causa paralisia do diafragma.<br />

Em cerca de 1/3 do seu trajeto a artéria ATI é<br />

recoberta pelo músculo transverso do tórax como mostra<br />

a figura 7.


Figura 7 - Artéria torácica interna esquerda (ATIe) e direita<br />

(ATId) sinuosas, e veia torácica interna direita (VTId), recobertas<br />

pelo músculo transverso do tórax (MTT).<br />

Fonte : 7<br />

• Técnica para colher o enxerto<br />

Para colheita da ATI faz-se uma esternotomia<br />

mediana. Se o paciente está estável disseca-se a pleura<br />

da parede torácica e não é necessário incisar<br />

inicialmente o pericárdio. Já em caso de paciente<br />

instável ou que apresenta uma anatomia coronariana<br />

muito debilitada deve-se incisar o pericárdio, expor o<br />

coração, colocar o paciente em circulação extra-corpórea<br />

para então se dissecar a ATI 12 .<br />

Pode-se colher o pedículo da ATI ou a própria<br />

artéria esqueletizada (figuras 8 e 9).<br />

Figura 8 – Dissecção pediculada da<br />

artéria torácica interna esquerda.<br />

Fonte: 4, pg 263<br />

Figura 9 - Dissecção esqueletizada da<br />

artéria torácica interna esquerda.<br />

Na técnica pediculada inicialmente disseca-se<br />

o pedículo arterial a nível da 3ª ou 4ª costela separandoo<br />

da respectiva costela. Os ramos na parede torácica<br />

são ligados ou cauterizados e os ramos na ATI ligados<br />

para evitar perda de sangue. Especialmente deve-se<br />

atentar quanto a presença do ramo costal lateral, visto<br />

que o calibre deste é comparável com ao da ATI (figura<br />

10). Deve-se evitar cauterizações próximas a ATI para<br />

evitar lesões.<br />

Figura 10 – Artéria torácica interna direita (ATId) dá um grande ramo<br />

costal lateral (RCL) e a artéria pericárdico-frênica (APF) que<br />

acompanha o nervo frênico (NF).<br />

Fonte: 7<br />

Em seguida prossegue-se a dissecar proximal e<br />

distalmente. A dissecção proximal da ATI é realizada até<br />

próximo de sua origem (inferiormente à subclávia) tendo<br />

cuidado com a relação dessa artéria com o nervo frênico,<br />

como dito anteriormente. Para realizar a dissecção distal<br />

divide-se o músculo transverso a fim de identificar o<br />

trajeto da ATI nesse músculo para então dissecá-la até o<br />

nível de sua bifurcação.<br />

Apesar de a esqueletização ser uma técnica<br />

mais exigente apresenta diversas vantagens em relação<br />

a técnica pediculada. Diferentemente da técnica<br />

pediculada ela quase não altera a vascularização do<br />

esterno. Isso se deve ao fato de que na esqueletização<br />

apenas a ATI é removida, não se aborda a rede venosa.<br />

Pode-se destacar também que a esqueletização<br />

proporciona melhor fluxo e permite a formação de mais<br />

anastomoses em comparação com a outra técnica.<br />

Após a dissecção o paciente é heparinizado e<br />

secciona-se então a ATI a nível de sua bifurcação para<br />

em seguida medir o seu fluxo. Clampea-se ou liga-se a<br />

extremidade distal da ATI e inocula-se o pedículo com<br />

jato de solução de papaverina para causar vasodilatação<br />

e evitar a ocorrência de espasmos. Comumente a ATI é<br />

usada como enxerto direto à artéria coronária doente<br />

(figura 11).


Mas caso a ATI não possua um fluxo ou<br />

pulsatilidade apropriada a mesma será usada como<br />

enxerto livre 8 . Nesse caso faz-se uma secção proximal<br />

da ATI, desconectando-a de sua origem (artéria<br />

subclávia). Geralmente a ATI quando usada como<br />

enxerto livre é anastomosada distalmente na artéria<br />

coronária doente e proximalmente à outro conduto<br />

(artéria safena magna ou radial por exemplo). Este então<br />

é anastomosado à aorta ascendente.<br />

Figura 11: Artéria torácica interna esquerda anastomosada<br />

com o ramo interventricular anterior Fonte: 10, pg 95<br />

Artéria Radial<br />

A artéria radial é outro conduto arterial que pode<br />

ser utilizado para revascularizar o coração, geralmente<br />

utiliza-se ela em conjunto com outros enxertos (figura<br />

12). Tal artéria possui uma lâmina elástica interna<br />

fenestrada e concentra mais miócitos em sua camada<br />

média que a ATI o que faz com que tenha uma parede<br />

mais espessa 5 . Essas diferenças sugerem que a artéria<br />

radial tenha maior suscetibilidade para desenvolver<br />

aterosclerose.<br />

Figura 12- Esquema de um coração que recebeu três enxertos (veia<br />

safena, artéria radial e artéria mamária interna esquerda) Fonte: 3<br />

Assim como a ATI a artéria radial é sensível a<br />

noradrenalina, mas possui maior propensão a espasmos<br />

por ter uma camada média mais espessa. Para inibir e<br />

reverter os espasmos tem se destacado o papel da<br />

nitroglicerina. Já em relação a vasodilatadores como<br />

bloqueadores dos canais de cálcio, papaverina e nitratos<br />

a artéria radial responde de forma favorável 5 .<br />

A artéria radial origina-se na fossa ulnar como<br />

continuação da artéria braquial. A partir de sua origem<br />

prossegue rumo a face anterolateral do punho. Um ramo<br />

da artéria radial que se pode destacar é a artéria<br />

recorrente radial, que surge logo após a origem da<br />

artéria radial (figura 13).<br />

Figura 13<br />

Fonte: 9<br />

Na parte proximal do antebraço o músculo<br />

braquiorradial encobre a artéria radial. A partir da<br />

superfície inferior de tal músculo a artéria radial ascende<br />

para ficar mais superficial e prosseguir entre o tendão do<br />

músculo braquiorradial e do flexor radial do carpo. No<br />

punho a artéria radial continua a posicionar-se<br />

lateralmente ao músculo flexor radial do carpo, e é neste<br />

local que freqüentemente se afere a freqüência de pulso<br />

(figura 14). Finalmente a artéria radial emite vários ramos<br />

que juntamente com os ramos da artéria ulnar formarão<br />

o arco palmar.<br />

Figura 14<br />

Fonte: 9


Figura 15 – Colheita da artéria radial<br />

Fonte: 5, pg 607<br />

O comprimento médio da artéria radial varia<br />

entre 18 e 22 cm e o seu diâmetro varia de 2-3 5 .<br />

• Técnica para colher o enxerto<br />

Geralmente escolhe-se abordar o braço não<br />

dominante do paciente devido ao temor que se tem<br />

quanto ao impacto que alterações neurológicas, mesmo<br />

que sejam leves, possam trazer ao paciente. Além disso,<br />

é importante verificar se o braço que será manipulado<br />

apresenta boa circulação colaterial ulnar, isto é realizado<br />

clinicamente por meio de um teste de Allen.<br />

O braço que será operado é colocado sobre<br />

uma placa perpendicular ao eixo longitudinal da cirurgia.<br />

Sobre a pele que recobre a artéria radial realiza-se uma<br />

incisão medial de um ponto proximal 2 cm ao processo<br />

estilóide à um ponto distal 2 cm à prega do cotovelo,<br />

além disso a incisão deve ser 1cm medial ao tendão do<br />

bíceps. Concluída a incisão agora se separa o tecido<br />

subcutâneo com um bisturi.<br />

Embora a maioria dos cirurgiões prefira dissecar<br />

a artéria radial começando distalmente pode-se iniciar a<br />

dissecção a partir da extremidade proximal também. A<br />

fáscia profunda do antebraço que recobre a artéria radial<br />

é incisada. Começa-se então a colher o pedículo da<br />

artéria radial com atenção para que a manipulação seja a<br />

mínima necessária. Ao passar a parte proximal do<br />

antebraço deve-se afastar levemente o músculo<br />

braquirradial para expor melhor a artéria radial (figura<br />

15).<br />

Os ramos distais são cortados na extremidade<br />

distal e a dissecção proximal é feita de modo a não<br />

abordar o ramo recorrente radial. Após se preparar o<br />

pedículo e administrar heparina sistêmica divide-se a<br />

artéria proximal e distalmente e armazena-se o conduto<br />

em solução de papaverina 1% 5 .<br />

Após se retirar a artéria radial do antebraço<br />

realiza-se a hemostasia e o braço é suturado em<br />

camadas. Para evitar seromas e a formação de<br />

hematomas pode-se utilizar dreno de sucção fechada.<br />

Dentre os cuidados que devem ser prestados<br />

durante a dissecção da artéria radial é importante que se<br />

proteja dois nervos: o nervo cutâneo lateral e o ramo<br />

superficial do nervo radial. O primeiro localiza-se<br />

superficial ao ventre do músculo braquirradial, seguindo<br />

sua borda medial. Lesões desse nervo causam<br />

parestesias e diminuição da atividade do antebraço.<br />

Já o ramo superficial do nervo radial é<br />

encoberto pelo músculo braquiorradial e segue paralelo à<br />

artéria radial nos 2/3 proximais do antebraço. Danos a<br />

este nervo traz como consequencias dormência e<br />

formigamento do polegar e do dorso da mão. Pode-se<br />

proteger este nervo ao evitar que se retraia<br />

excessivamente o músculo braquiorradial. Cerca de 1/3<br />

dos pacientes após a colheita da artéria radial<br />

apresentam parestesias transitórias, dormência e<br />

fraqueza do polegar. Felizmente esse quadro vai<br />

gradualmente sendo revertido sendo que após 1 ano<br />

apenas 10% dos pacientes ainda têm sintomas<br />

residuais, e apenas 1% apresentam sintomas severos 5 .<br />

Artéria gastroepiplóica direita (AGED)<br />

A AGED geralmente é utilizada em casos de<br />

reoperações por falta de outras condutas mais<br />

adequadas ou como um conduto arterial secundário ou<br />

terciário em cirurgias de revascularização que utilizam<br />

apenas condutos arteriais 5 . As artérias coronárias que<br />

são revascularizadas pela AGED são a artéria coronária<br />

direita e a circunflexa. Fatores como o tempo gasto para<br />

sua colheita e o risco de complicações abdominais no<br />

peri-operatório e a longo prazo não favorecem o uso<br />

dessa artéria.<br />

A AGE possui uma fina camada íntima e uma<br />

lâmina elástica interna fenestrada . Sua camada média<br />

possui uma espessura comparável à da ATI, porém<br />

possui maior força de contração. Apesar dessa diferença<br />

a AGE assim como a ATI apresenta relaxamento<br />

dependente do endotélio, produz prostaciclina e<br />

responde a vasoconstritores usados clinicamente de<br />

forma semelhante à ATI 5 .<br />

A artéria gastroepiplóica direita (também<br />

chamada de gastromental direita) surge atrás da primeira<br />

parte do duodeno como uma das duas ramificações da<br />

artéria gastroduodenal (o outro ramo da artéria<br />

gastroduodenal é a artéria pancreaticoduodenal<br />

superior). A partir de sua origem ela irá trajetar ao longo<br />

da curvatura maior do estômago entre as lâminas do<br />

omento maior até o momento em que ela se<br />

anastomosará com a artéria gastroepiplóica esquerda.<br />

Possui um diâmetro interno com valor médio de 2,2 mm<br />

e um comprimento com valor médio de 19.<br />

• Técnica para colher o enxerto<br />

Geralmente colhe-se a AGED após a dissecção<br />

da ATI estendo-se a esternotomia mediana inferiormente<br />

para criar uma laparotomia mediana. O omento maior é<br />

dividido para expor o estômago e palpar a AGED. Iniciase<br />

a dissecção separando o pedículo da AGED do<br />

omento maior e da parede do estômago e ligando os<br />

ramos colaterais . A dissecção proximal é realizada até<br />

nível do piloro e a distal até o encontro da AGED com a<br />

AGEE (figura 16).


A seguir realiza-se heparinização sistêmica, a<br />

AGED é seccionada distalmente, mede-se o seu fluxo e<br />

clampea-se a sua extremidade distal. Caso não possua<br />

um comprimento suficiente a AGED pode ser empregada<br />

como enxerto livre.<br />

Figura 16 – Colheita da AGED<br />

Fonte: 5<br />

O posicionamento do pedículo da AGED deve<br />

ser feito de modo a sofrer o mínimo de tensão possível.<br />

A posição do pedículo até adentrar o pericárdio depende<br />

de fatores como o comprimento do mesmo, a artéria<br />

coronária alvo e o tamanho do parte lateral esquerda do<br />

fígado (figura 17).<br />

Figura 17 - Artéria gastroepiplóica<br />

(saída do estômago até o coração)<br />

Fonte: 3<br />

Em relação a este último o pedículo pode<br />

posicionar-se anteriormente ou posteriormente. Dentro<br />

do pericárdio o pedículo é colocado com alguns<br />

centímetros a mais também para além de evitar a tensão<br />

sobre o mesmo não interferir na movimentação cardíaca.<br />

Foi relatado uma sobrevida de 88-92% em 5<br />

anos e livre de qualquer evento cardíaco de 85% em 5<br />

anos decorrente do uso da AGED na cirurgia de<br />

revascularização do miocárdio 5.<br />

Segundo as Diretrizes da Cirurgia de<br />

Revascularização Miocárdica (2004) o uso de enxertos<br />

arteriais pode ser restringido por características do<br />

próprio paciente como idade >80 anos, baixa expectativa<br />

de vida devido a presença de doença maligna,<br />

obesidade, função pulmonar ou renal alteradas,<br />

disfunção plaquetária, coagulopatia ou cirurgias de<br />

urgência ou emergência.<br />

Apesar dos benefícios do uso de enxertos<br />

arteriais, especialmente da artéria mamária interna, a<br />

veia safena continua a ser um excelente conduto e<br />

freqüentemente utilizada atualmente.<br />

A operação<br />

Incisão<br />

Realiza-se esternotomia mediana na maioria<br />

das vezes, pois além de permitir uma exposição<br />

adequada para a abordagem das coronárias ela também<br />

possibilita a realização concomitante de algum outro<br />

procedimento intracardíaco que for necessário. Em<br />

alguns casos raros pode-se realizar toracotomia<br />

esquerda como, por exemplo, em reoperação da artéria<br />

coronária circunflexa. A pele é incisada desde algum<br />

ponto entre o manúbrio e ângulo de Louis até algum<br />

ponto inferior a ponta do processo xifóide. O esterno é<br />

dividido na linha mediana e alguns pontos de<br />

sangramento são cauterizados. Se for usar como<br />

enxerto a veia safena ou artéria radial estas já podem ser<br />

colhidas paralelamente a abertura do esterno.<br />

Circulação Extracorpórea (CEC)<br />

Atualmente a cirurgia de revascularização do<br />

miocárdio com circulação extra-corpórea continua sendo<br />

o padrão-ouro em comparação com outras técnicas<br />

utilizadas (cerca de 80% das cirurgias de<br />

revascularização do miocárdio realizadas nos Estados<br />

Unidos são acompanhadas de circulação extracorpórea).<br />

Realiza-se canulação atriocaval única na<br />

maioria dos casos (figura 18), algumas exceções valem<br />

para aqueles pacientes com valva mitral comprometida,<br />

por exemplo, em que se prefere usar duas cânulas de<br />

cavas².<br />

Figura 18- Canulação atriocaval para cirurgia<br />

de revascularização do miocárdio<br />

Fonte: 5, pg 612


Para o retorno do sangue oxigenado a aorta<br />

ascendente é canulada. Antes disso realiza-se anticoagulação<br />

sistêmica administrando-se 300 a 400 U / kg<br />

de heparina não fraccionada e deve-se reduzir a pressão<br />

arterial para abaixo de 100 mmHg para evitar dissecção<br />

aórtica². Ainda antes de se canular a aorta esta deve ser<br />

inspecionada e palpada manualmente, pois a presença<br />

de aneurisma ou calcificações da parede, por exemplo,<br />

são fatores que impedem a realização de tal<br />

procedimento. Nesses casos opta-se por canular a<br />

artéria femoral.<br />

Dentre os cuidados necessários durante a CEC<br />

pode-se destacar o hematócrito que deve se manter<br />

acima de 20%, abaixo disso é necessário adicionar<br />

sangue ao perfusato. A pressão arterial em geral deverá<br />

ser mantida entre 50-70 mm Hg. Se o paciente for<br />

diabético deve-se monitorar a cada 30 min de CEC a<br />

glicemia, se ultrapassar 250 mg% pode-se administrar 20<br />

unidades de insulina simples. A temperatura pode ser<br />

mantida entre 32º e 35º, não há necessidade de<br />

hipotermia em cirurgia de RM².<br />

Preservação Miocárdica<br />

Há vários meios de proteger o miocárdio<br />

durante a cirurgia de RM, pode-se administrar<br />

cardioplegia sanguínea quente ou fria, por via<br />

anterógrada ou retrógrada. Alguns cirurgiões utilizam<br />

essas duas últimas vias juntas: primeiro administra-se<br />

anterogradamente pela aorta ascendente proximal e<br />

depois retrogradamente no seio coronariano por meio de<br />

um cateter. Especialmente pacientes com vasos<br />

colaterais subótimos podem ser beneficiados com essa<br />

prática. Um subestudo<br />

do CABG Patch Trial revelou que a combinação das<br />

duas técnicas (anterógrada e retrógrada) foi associada à<br />

menor uso de inotrópico e disfunção ventricular após a<br />

cirurgia do que a administração de cardioplegia<br />

anterógrada sozinha 5 .<br />

Quanto ao tipo de cardioplegia a ser utilizada,<br />

algumas vantagens da sanguínea sobre cristalóide<br />

favorecem o seu uso. A sanguínea possui maior teor de<br />

oxigênio, proporciona um fluxo microvascular melhor,<br />

exerce melhor a função tampão, bem como diminui a<br />

lesão causada pelo radical O³, a resistência vascular<br />

coronariana e o edema².<br />

Durante a cirurgia monitora-se a preservação<br />

miocárdica por meio da medição da temperatura do<br />

miocárdio com sonda intra-cardíaca. O pH também pode<br />

ser utilizado para monitoração. Além disso, a cada 15 ou<br />

20 minutos administram-se doses adicionais de<br />

cardioplegia, e em casos especiais, como em pacientes<br />

com considerável hipertrofia ventricular, esse intervalo<br />

entre as aplicações torna-se mais curto.<br />

Arteriotomia<br />

Instalada a circulação extra-corpórea e dada a<br />

parada cardíaca palpa-se com cautela as paredes dos<br />

vasos-alvo a fim de escolher um local livre de lesões<br />

ateroscleróticas e que tenha um diâmetro de no mínimo<br />

1,5 mm para se fazer a anastomose.<br />

Primeiramente faz-se uma incisão com bisturi<br />

15 no epicárdio que reveste a coronária, este então é<br />

afastado com bisturi de ponta arredondada para permitir<br />

uma boa exposição da parede anterior da coronária<br />

(figura 19 letra A).<br />

Fonte: 12, pg 120<br />

Figura 19<br />

Fonte: 12, pg 121<br />

Figura 20<br />

Esta então é incisada, em sua linha mediana,<br />

com bisturi de lâminas 11 ou 15 e ampliada com tesoura<br />

Pott cerca de 5 a 7 mm (figura 19 letra B e figura 20).<br />

Deve-se ter o cuidado para não lesar a parede<br />

posterior da artéria. Exploradores são introduzidos na<br />

artéria para examinar sua luz bem como se existe a<br />

presença de processos ateroscleróticos ao redor da<br />

arteriotomia.


Anastomose distal<br />

A anastomose distal busca unir o conduto à<br />

artéria coronária doente de modo que a aproximação dos<br />

endotélios ofereça pouca resistência ao fluxo. Deve-se<br />

manusear com cautela as paredes dos vasos para<br />

prevenir a ocorrência de lesões endoteliais que podem<br />

cursar com trombose. As anastomoses podem ser feitas<br />

com sutura contínua ou com suturas interrompidas.<br />

Iremos descrever a sutura contínua.<br />

A extremidade distal do enxerto deve ser<br />

seccionada obliquamente de modo a ficar em forma de<br />

capuz e com uma abertura 25% maior que a arteriotomia<br />

(figura 21).<br />

Figura 21<br />

Fonte: 12, pg 118<br />

A anastomose é realizada com fio de<br />

polipropileno 7,0 preso a duas agulhas, inicialmente<br />

passando a primeira agulha na artéria coronária, do<br />

endotélio para a adventícia, no ângulo proximal. Em<br />

seguida passa-se a mesma agulha no ângulo proximal<br />

do enxerto, no sentido da adventícia para o endotélio<br />

(figura 22).<br />

Figura 22<br />

Fonte: 12, pg 123<br />

A primeira agulha é ainda passada novamente<br />

do endotélio para a adventícia da coronária ao lado da<br />

sutura feita previamente, em sentido da esquerda para o<br />

cirurgião (figura 23).<br />

Figura 23<br />

Fonte: 12, pg 123<br />

Passa-se agora a outra agulha do fio de sutura<br />

do endotélio para a adventícia no enxerto, na direita do<br />

primeiro ponto feito no ângulo proximal. O enxerto é<br />

então baixado (figura 24). Essas primeiras suturas<br />

(realizadas no ângulo proximal) devem ser bem próximas<br />

entre si para evitar vazamento anastomótico.<br />

Figura 24<br />

Fonte:12, pg123<br />

Prossegue-se fazendo suturas contínuas<br />

simples no lado direito da arteriotomia, passando a<br />

agulha da adventícia para o endotélio na parede arterial<br />

(figura 25) e do endotélio para a adventícia na parede do<br />

enxerto (figura 26).<br />

Figura 25<br />

Fonte: 12, pg 128<br />

Figura 26<br />

Fonte: 12, pg 128<br />

Ao chegar ao ponto distal a agulha também é<br />

passada nele e ainda, de modo reverso, dois pontos<br />

após ele (figura 27).<br />

Figura 27<br />

Fonte: 12, pg 128


Continua-se a fazer a sutura agora com a outra<br />

agulha a partir do lado esquerdo da arteriotomia até os<br />

dois lados da sutura se encontrar, porém a agulha é<br />

passada da adventícia para o endotélio no enxerto e do<br />

endotélio para a adventícia na artéria (figura 28).<br />

Figura 28<br />

Fonte: 12, pg 128<br />

Antes de se completar a anastomose injeta-se<br />

solução cardioplégica sanguínea através do enxerto para<br />

provocar a saída de ar a fim de evitar que ocorra embolia<br />

gasosa após se concluir a anastomose (figura 29).<br />

Finalmente os fios são seguramente amarrados.<br />

Figura 29<br />

Fonte: 12, pg 129<br />

A anastomose realizada com suturas<br />

interrompidas possui os mesmos princípios gerais da<br />

anastomose com sutura contínua, porém possui maior<br />

incidência de vazamento anastomótico.<br />

Anastomose proximal<br />

Após a anastomose distal ser concluída iniciase<br />

a anastomose proximal. Pode-se manter a aorta<br />

clampeada transversalmente (isso evita que a aorta seja<br />

manipulada repetidas vezes durante a cirurgia) ou<br />

substituir por um clampe de oclusão parcial. Esta última<br />

técnica embora permita perfundir e reaquecer o coração<br />

foi associada com maior risco de acidente vascular<br />

cerebral.<br />

Após selecionar-se um local apropriado na aorta<br />

ascendente para a anastomose proximal, faz-se uma<br />

incisão em fenda com um bisturi de lâmina 11, e em<br />

seguida com um “punch” faz-se uma aortotomia circular<br />

de 4,0 a 4,8 mm (figura 30).<br />

Figura 30 – Aortotomia para anastomose proximal.<br />

Nesta figura a aorta está sendoocluída parcialmente.<br />

Fonte:5, pg 619<br />

A anastomose é realizada com um fio Prolene<br />

5.0 ou 6.0 de 75 cm de comprimento preso a duas<br />

agulhas. Inicia-se passando a primeira agulha do<br />

endotélio para a camada adventícia da aorta, e em<br />

seguida passa-se da adventícia para o endotélio do<br />

enxerto, no ângulo proximal. A mesma agulha é passada<br />

agora do endotélio para a adventícia da aorta, ao lado do<br />

ponto feito previamente, no sentido da esquerda para o<br />

cirurgião (figura 31). Esse lado do fio é então reparado.<br />

Figura 31<br />

Fonte: 12, pg 139<br />

Agora a outra agulha é passada do endotélio<br />

para a adventícia do enxerto, à direita do ponto feito<br />

anteriormente no ângulo proximal e em seguida a<br />

mesma é passada da adventícia para o endotélio da<br />

aorta (figura 32). Realiza-se este procedimento mais 4<br />

vezes para então baixar o enxerto até sua posição (figura<br />

33).<br />

Figura 32 Figura 33


Continua-se realizando suturas contínuas<br />

simples (figura 34). Ao chegar à posição de 9 horas na<br />

anastomose, repara-se o lado do fio que estava<br />

realizando as suturas contínuas simples.<br />

Figura 34<br />

Fonte: 12, pg 139<br />

Prossegue-se agora com o outro lado do fio a<br />

realizar suturas contínuas até os dois lados do fio de<br />

sutura se encontrar. Após isso ocorrer repara-se as duas<br />

extremidades do fio de sutura (figura 35, 36 e 37).<br />

Figura 35<br />

Fonte: 12, pg 140<br />

Figura 36<br />

Fonte: 12, pg 140<br />

Figura 37<br />

Fonte: 12, pg 140<br />

Endarterectomia<br />

A endarterectomia é um procedimento que<br />

busca proporcionar uma luz adequada ao vaso que irá<br />

receber o enxerto. Nos últimos anos tem-se dado<br />

importância a técnicas de endarterectomia devido a ser<br />

crescente o número de pacientes que precisam de<br />

cirurgia de revascularização do miocárdio e que<br />

possuem maior carga de aterosclerose por conta de<br />

diabetes e hiperlipidemia. Muitas vezes a<br />

endarterectomia surge como uma necessidade no intraoperatório<br />

de cirurgia de revascularização do miocárdio.<br />

Isso pode ocorrer quando não se consegue identificar um<br />

local apropriado para a arteriotomia ou quando se abriu<br />

um vaso coronariano em um local doente, sem luz<br />

apropriada para receber um enxerto devido a placas<br />

ateroscleróticas.<br />

A maioria dos estudos revela que há um maior<br />

risco perioperatório na cirurgia de revascularização do<br />

miocárdio com endarterectomia do que na cirurgia de<br />

revascularização sem endarterectomia. Além disso,<br />

apesar de permitir o alívio rápido da angina, esta possui<br />

uma taxa de recorrência que varia de 9 a 35%, maior que<br />

a taxa de recorrência de angina após a cirurgia de<br />

revascularização que não precisou de endarterectomia5.<br />

Apesar dos seus aspectos negativos a<br />

endarterectomia continua sendo um procedimento útil e<br />

capaz de proporcionar bons resultados.<br />

Figura 38<br />

Fonte: 12, pg 133<br />

A técnica de endarterectomia é iniciada com<br />

uma incisão no epicárdio que reveste o segmento doente<br />

da artéria coronária e em seguida faz-se uma<br />

arteriotomia de 1 cm na parte anterior do vaso. Separase<br />

então a camada média calcificada da adventícia da<br />

artéria coronária com um fino descolador (figura 38).<br />

Disseca-se a placa calcificada da parede da artéria<br />

circunferencialmente, proximal e distalmente.<br />

Figura 39<br />

Fonte: 12, pg 133<br />

Com uma pinça hemostática ou anatômica<br />

traciona-se suavemente a placa para ser retirada (figura<br />

39). Retira-se o núcleo calcificado proximalmente e<br />

divide-se o mesmo com uma tesoura. Finalmente o<br />

segmento distal é exteriorizado e retirado.


Revascularização do Miocárdio sem CEC<br />

A cirurgia de revascularização do miocárdio<br />

com CEC pode trazer efeitos deletérios ao organismo<br />

como coagulopatias e disfunções pulmonar, renal ou do<br />

sistema nervoso central. Estes efeitos são resultados do<br />

contato dos elementos do sangue com a superfície do<br />

circuito de derivação, pois isso faz com que fatores como<br />

a ativação do complemento, macrófagos e citocinas<br />

desencadeiem uma resposta inflamatória sistêmica 8 .<br />

Diante disso a cirurgia de revascularização do<br />

miocárdio sem CEC por não possuir esses efeitos tornase<br />

cada vez mais interessante principalmente para<br />

alguns grupos de pacientes como idosos e portadores de<br />

DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), de<br />

insuficiência renal, de disfunções neurológicas, de<br />

doenças malignas bem como aqueles pacientes que não<br />

podem receber hemotransfusão 10 . Além disso, outros<br />

benefícios que se pode destacar é a diminuição do<br />

trauma operatório, menor tempo de permanência do<br />

paciente na Unidade de Terapia Intensiva, no hospital<br />

bem como menor custo.<br />

A cirurgia de revascularização do miocárdio<br />

sem CEC é realizada por meio do uso de estabilizadores<br />

de superfície, manobras de posição (figura 40) e técnicas<br />

anestésicas que permitem a abordagem do coração sem<br />

ter que pará-lo.<br />

Figura 40 - Sucção apical do coração favorecendo<br />

a exposiçãodas coronárias na parede inferior.<br />

Fonte: 10, pg 94<br />

Porém apesar dos benefícios há fatores que<br />

limitam as recomendações da cirurgia de<br />

revascularização do miocárdio sem CEC. Segundo as<br />

Diretrizes da Cirurgia de Revascularização Miocárdica<br />

(2004) as contra-indicações dividem-se em absolutas e<br />

relativas. A presença de outras doenças que requerem<br />

tratamento simultâneo (valva mitral, valva aórtica, CIV,<br />

aneurismas), presença de arritmias graves e insuficiência<br />

cardíaca grave são contra-indicações absolutas. Já a<br />

presença de artérias intramiocárdicas, artérias com<br />

calcificação importante, artérias menores que 1,2mm,<br />

cardiomegalia importante e corações que suportam<br />

manipulação mínima são contra-indicações relativas.<br />

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Anatomia do sistema venoso superficial dos<br />

membros inferiores . In: Pitta GBB, Castro AA,<br />

Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular:<br />

guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA;<br />

2003. Disponível em: URL:<br />

http://www.lava.med.br/livro.<br />

2- BRICK, Alexandre Visconti et al.<br />

Diretrizes da cirúrgia de revascularização<br />

miocárdica valvopatias e doenças da aorta.<br />

Arq. Bras. Cardiol. [online]. 2004, vol.82,<br />

suppl.5, pp. 1-20. ISSN 0066-782X. doi:<br />

10.1590/S0066-782X2004001100001.<br />

3- Cardiologia Knobel. Cirurgia de<br />

revascularização do miocárdio. Disponível em:<br />

http://www.knobel.com.br/site/ponte-de-safena/.<br />

Acesso em: 15.dez.2010<br />

4- CASTRO, Gustavo Peressoni. Análise<br />

comparativa dos fluxos da artéria torácica interna<br />

esquerda dissecada na forma pediculada versus a<br />

forma esqueletizada em cirurgia de<br />

revascularização do miocárdio. Arq. Bras. Cardiol.<br />

[online]. 2005, vol.84, n.3, pp. 261-266. ISSN 0066-<br />

782X. doi: 10.1590/S0066-782X2005000300013.<br />

5- COHN, L.H. Cardiac Surgery in the<br />

adult. 3ª ed. McGraw-Hill Companies, 2008.<br />

6- Gusmão LCB. Anatomia arterial e<br />

venosa aplicada. In: Pitta GBB, Castro AA, Burihan<br />

E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia<br />

ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003.<br />

Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro<br />

7- HENRIQUEZ-PINO, Jorge A; GOMES,<br />

Walter José; PRATES, José Carlos and<br />

BUFFOLO, Ênio. Estudo anatômico da artéria<br />

torácica interna aplicado à cirurgia cardiovascular.<br />

Rev Bras Cir Cardiovasc [online]. 1997, vol.12, n.1,<br />

pp. 83-88. ISSN 0102-7638. doi: 10.1590/S0102-<br />

76381997000100014.<br />

8- LIBBY, P.; ZIPES, D.P.; BONOW, R.O.<br />

Braunwald – Tratado de doenças cardiovasculares.<br />

7ª ed. Elselvier.<br />

9 – NETTER: Atlas Interativo de Anatomia<br />

Humana. Artmed, 1999.<br />

10 - Pego-Fernandes PM et al. Estado<br />

atual da cirurgia de revascularização do miocárdio.<br />

Rev Med (São Paulo). 2008 abr.-jun.;87(2):92-8.<br />

11 - SILVA, L.G.; LIMA, F.M.R.; VIRGÍNIO, F.B.<br />

Cirurgia de revascularização do miocárdio nas<br />

cardiopatias isquêmicas e suas complicações pósoperatórias.<br />

Disponível em:<br />

http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisiot<br />

erapia/cardio/revascularizacao_fabiola/revascularizacao_<br />

fabiola.htm. Acesso em: 13.dez.2010.<br />

12- Atlas de Cirurgia Cardíaca?

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