You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Veia safena<br />
Dentre as principais vantagens do uso da veia<br />
safena destacam-se a facilidade de coletá-la, de<br />
manipulá-la bem como sua resistência ao espasmo.<br />
Porém apesar de continuar patente durante anos (88%<br />
precocemente após o enxerto e 75% em 5 anos) é fato<br />
que tal enxerto venoso é mais sujeito ao<br />
desenvolvimento de aterosclerose tardia que outros<br />
condutos como a artéria torácica interna.<br />
Diante disso estratégias farmacológicas foram<br />
criadas para aumentar a patência do enxerto. Alguns<br />
ensaios clínicos randomizados, por exemplo,<br />
evidenciaram que o uso precoce de aspirina reduz a<br />
oclusão do conduto venoso no primeiro ano após a<br />
cirurgia de revascularização do miocárdio RM bem como<br />
também a administração da mesma nas primeiras 48<br />
horas diminui os riscos de mortalidade, IAM, AVC, e<br />
insuficiência renal no período pós-operatório. O uso das<br />
estatinas também ganhou destaque, pois ao manterem<br />
colesterol LDL com valores abaixo de 100 mg /dL<br />
reduziram a ocorrência de aterosclerose nas artérias<br />
coronárias nativas bem como no enxerto venoso, isso<br />
conseqüentemente diminuiu a necessidade de<br />
reintervenções cirúrgicas das coronárias. Acredita-se<br />
que no futuro a terapia gênica por sua capacidade de<br />
modificar o endotélio possa evitar o desenvolvimento de<br />
aterosclerose no enxerto venoso 5 .<br />
A veia safena mais utilizada é a interna<br />
(magna), porém se não for possível o uso desta pode-se<br />
utilizar a veia safena externa (parva). Devido a essa<br />
maior freqüência de uso, discorreremos a seguir acerca<br />
do emprego da veia safena magna na cirurgia de RM.<br />
Assim como a veia safena parva a veia safena<br />
magna origina-se de forma indireta do arco venoso<br />
dorsal do pé. Apesar da variação anatômica, deste arco<br />
partem duas veias, uma prosseguirá medialmente (veia<br />
marginal medial) enquanto que a outra ascenderá<br />
lateralmente (veia marginal lateral) como mostra a figura<br />
3. Essas então originarão respectivamente as veias<br />
safenas magna e parva.<br />
Figura 3- Formação do arco venoso dorsal do pé:<br />
(1)Veia marginal lateral (2) Veia marginal medial<br />
Fonte: 1<br />
A veia safena magna ascende na face medial<br />
da perna lado a lado com o nervo frênico. Ao chegar na<br />
região do joelho desvia-se para passar posterior aos<br />
côndilos mediais da tíbia e do fêmur e em seguida voltase<br />
para frente e prossegue seu trajeto obliquamente na<br />
face anteromedial da coxa acompanhando a direção do<br />
músculo sartório (figura 4). Finalmente desemboca na<br />
veia femoral comum, concluindo seu trajeto.<br />
Figura 4- Trajeto da veia safena magna<br />
Fonte: 1<br />
O ideal é que a veia safena tenha diâmetro de<br />
3,5 mm e seja isenta de varicosidade ou estreitamentos.<br />
História de retiradas prévias de veias safenas, doença de<br />
estase venosa, insuficiência vascular arterial, presença<br />
de ferimentos não-cicatrizados, veias varicosas ou<br />
tromboflebite superficial são informações que influenciam<br />
na escolha da perna direita ou esquerda 8 . No préoperatório<br />
pode-se utilizar o ultra-som Doppler para<br />
avaliar a veia e também para localizar anatomicamente o<br />
vaso a fim de prever a extensão da incisão cutânea.<br />
• Técnica para colher o enxerto<br />
A incisão para obter a veia safena parte da<br />
virilha, medial ao pulso da artéria femural, e acompanha<br />
o trajeto da veia. De outro modo pode-se realizar a<br />
incisão partindo do tornozelo, anterior ao maléolo medial<br />
e ampliando para cima. Pode-se realizar uma única e<br />
longa incisão ou várias incisões cutâneas intercaladas<br />
por pontes de pele intactas (Figura 5 letras A e B). O uso<br />
desta última técnica além de proporcionar menor<br />
extensão da incisão é mais recomendada para pacientes<br />
com doença vascular periférica ou diabéticos, pois além<br />
de proporcionarem um melhor fechamento do ferimento<br />
está relacionada com menores índices de infecção e dor<br />
pós-operatória.<br />
A pele na região do joelho está muito sujeita a<br />
movimentação o que pode dificultar a cicatrização de<br />
uma incisão nessa região. Por isso pode-se fazer<br />
alternativamente o que apresenta a figura 5 letra A,<br />
porém sem incisar a pele nesta região.<br />
Disseca-se a veia e a separa de seus ramos<br />
manipulando-se apenas a sua camada adventícia<br />
(técnica do “não tocar”). Não se deve tracionar ou estirar,