Dissertação Zimmermann, T.G. 2011 - UFSC
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Um caso em que foi possível compatibilizar a necessidade do crescimento energético<br />
com a conservação de uma espécie endêmica e ameçada foi o caso de D. ibiramensis. A<br />
construção de uma pequena central hidrelétrica no Rio Itajaí do Norte, no município de<br />
Ibirama (SC), iria alagar metade das rosetas dessa espécie, e entre estas estava o<br />
agrupamento com maior diversidade genética. Para tentar conservar essa reófita, que<br />
apresenta uma distribuição geográfica de apenas 4 km, houve o deslocamento do eixo da<br />
barragem, e isso fará com que o reservatório alague dois pontos de ocorrência dessa<br />
bromélia, o que representa apenas 2,6% das rosetas, e não afetará os locais com as maiores<br />
diversidades genéticas. Além disso, as mudanças no projeto também reduziram os custo da<br />
construção da hidrelétrica (Hmeljevski & Reis 2009, Hmeljevski et al. <strong>2011</strong>). Devido a um<br />
estudo de impacto ambiental sério realizado antes da construção da barragem, houve a<br />
diminuição dos impactos socioambientais causados pela implantação da barragem e,<br />
felizmente, D. ibiramensis não teve o mesmo destino de D. distachya.<br />
4.1. Considerações Finais<br />
A introdução de D. distachya na natureza é um processo complexo, e deve-se<br />
maximizar o número de técnicas para que a sua relocação tenha maiores chances de êxito.<br />
Por isso, nas futuras tentativas de relocação recomenda-se a introdução de plantas jovens<br />
através do plantio adensado e espaçado, e da semeadura direta de sementes, como forma de<br />
gerar maiores probabilidades de fundar novas populações desta espécie.<br />
É necessário um monitoramento à longo prazo para acompanhar o processo de<br />
formação das novas populações nas áreas de conservação inter situ, quantificando a<br />
sobrevivência e o recrutamento de novos indivíduos. É necessário que nos ambientes inter<br />
situ ela se torne autônoma, e que sua propagação não seja somente por via vegetativa, mas<br />
também por reprodução sexuada, para que ocorra a manutenção da sua variabilidade<br />
genética, como ocorria no seu habitat original.<br />
Além disso, é necessário que haja um programa de proteção dos locais reófilos em<br />
que D. distachya foi introduzida, pois se forem construídas pequenas centrais hidrelétiricas<br />
nessas áreas, as perdas para esta espécie podem representar a sua extinção. Por isso, se<br />
sugere a inclusão das espécies reófitas nos estudos de impacto ambiental, visando à<br />
construção de hidrelétricas, como medida de conservação a essa vegetação que é<br />
extremamente suscetível a perda de habitat.<br />
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