29.04.2013 Views

download - Fontoura Editora Ltda

download - Fontoura Editora Ltda

download - Fontoura Editora Ltda

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Recebido em: 26/02/2012 Emitido parece em: 04/04/2012 Artigo original<br />

CONDIÇÕES DE ATENDIMENTO A ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA ESCOLA REGULAR E<br />

ANÁLISE DA ADAPTAÇÃO DESSES ALUNOS A ESTE SISTEMA: UM ESTUDO PILOTO<br />

RESUMO<br />

Ana Maria Meireles de Pontes Mendes 1<br />

A inclusão expressa, com clareza, a transformação do sistema educacional, na organização dos<br />

recursos necessários a fim de alcançar os objetivos e as metas para uma educação de qualidade<br />

extensiva a todos os alunos. Objetivo: Assim, o presente estudo teve como objetivo investigar as<br />

condições de atendimento do sistema regular de ensino a alunos com deficiência, bem como analisar a<br />

efetiva adaptação desses alunos a este sistema. Metodologia: A proposta de pesquisa, aqui<br />

apresentada, de natureza exploratória descritiva foi direcionada para um estudo de campo, seguindo<br />

uma abordagem qualitativa e enfocou as seguintes questões: Será que os alunos com deficiência<br />

encaminhados para o sistema regular de ensino são efetivamente incluídos? As escolas regulares<br />

oferecem condições necessárias à inclusão desses alunos? Nosso estudo foi realizado numa escola<br />

pública da rede regular de ensino de Santa Rita, na Paraíba. A amostra foi composta por dois<br />

professores, uma diretora e uma mãe de aluno com deficiência. Para a coleta dos dados, foram<br />

realizadas entrevistas do tipo semiestruturadas, com perguntas, enfocando a inclusão. Resultados: A<br />

análise dos resultados foi realizada de duas formas: depoimentos dos sujeitos e fontes documentais.<br />

Como resultado, esta pesquisa revelou que a escola precisa mudar e que o processo de inclusão não<br />

está acontecendo de forma satisfatória, precisando, pois ser discutidas estratégias adequadas de<br />

atendimento, que os professores estão cientes de não estarem preparados para essa inclusão.<br />

Conclusão: É necessário também, que todos da escola conheçam as diretrizes nacionais da educação<br />

especial. Só assim, a escola perceberá os princípios que norteiam à política educacional adotada, como<br />

também, as formas pedagógicas e de administração consideradas eficazes, na educação inclusiva,<br />

enfim, apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à comunicação, dificultam esse processo.<br />

Palavras-chave: Alunos com deficiência, rede regular de ensino, inclusão.<br />

REGULAR SCHOOL HANDICAPPED STUDENTS ATTENDANCE CONDITIONS AND<br />

ANALYSIS OF THESE STUDENTS ADAPTATION TO THIS SYSTEM: A PILOT STUDY<br />

ABSTRACT<br />

The inclusion expresses, clearly, the educational system transformation, in the organization of the<br />

necessary resources to an education of quality extending to all of the students. Objective: This way, the<br />

present study had as an aim to investigate the handicapped students’ regular education system<br />

attendance conditions, as well as to analyze the effective adaptation of these students to the system.<br />

Methodology: The research proposal, presented here, of descriptive exploratory nature was directed to<br />

a field study, following a qualitative approaching and focused the following questions: were the<br />

handicapped students conducted to the education regular system included effectively? The regular<br />

schools offered conditions necessary to these students inclusion? Our study was carried out in a public<br />

school of Santa Rita, Paraiba education regular net. The sample was composed by two teachers, a<br />

director and a mother of a handicapped student. For data collection were carried out interviews of a semi<br />

structured type, with questions, focusing the inclusion. Results: The results analysis was done in two<br />

forms: subjects declarations and documental sources. As a result, this research revealed that the school<br />

must change and that the inclusion process isn’t happening in a satisfactory form, needing, this way, be<br />

discussed attendance adequate strategies, that the teachers are aware that aren’t prepared for this<br />

inclusion. Conclusion: It is also necessary that all of the school know the special education national<br />

guidelines. Just so the school will notice the principles that guide educational politics adopted, as well as<br />

the administrative and pedagogical forms considered effective in the inclusive education, at last, supports<br />

necessary to the apprenticeship, locomotion and communication, raise difficulties to this process.<br />

Keywords: Handicapped students, education regular net, inclusion.<br />

Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.1, 2012 - ISSN: 1981-4313<br />

123


INTRODUÇÃO<br />

A formulação de políticas públicas voltadas para a inclusão de alunos com deficiência tem sido<br />

inspirada por uma série de documentos contendo declarações, recomendações e normas jurídicas, a<br />

exemplo, da Conferência Mundial sobre Educação de pessoas com necessidades especiais, organizada<br />

pela UNESCO e o Governo da Espanha em Salamanca, em junho de 1994, que alcançou importante<br />

progresso neste setor.<br />

Partindo daí, no Brasil, vêm sendo implantadas diversas destas políticas através da educação<br />

para todos, com leis que fundamentam as políticas direcionadas a vários segmentos: ao bem estar, à<br />

prevenção, às questões sociais e políticas.<br />

Por isso, surgiu a ideia da realização deste estudo que diz respeito à formulação de políticas<br />

públicas voltadas para a inclusão social e educacional, que funcionem como elemento facilitador no<br />

processo de cidadania através da igualdade de oportunidades para todos. Tem como proposta,<br />

investigar as condições de atendimento do sistema regular de ensino a alunos com deficiência e analisar<br />

a efetiva adaptação desses alunos a este sistema.<br />

A hipótese diretriz, aqui, é verificar se as condições do estabelecimento de ensino regular<br />

oferecidas aos alunos com deficiência interferem no processo de inclusão; e, mais precisamente, se há<br />

contradição entre a legislação sobre inclusão e as condições oferecidas pelos estabelecimentos de<br />

ensino regular.<br />

Muitos procedimentos poderão sustentar estratégias que favorecem o meio inclusivo,<br />

considerando-se que a Secretaria Municipal de Educação de Santa Rita/PB, tem destinado esforços e<br />

recursos, técnicos e humanos, para a implementação de uma proposta pedagógica capaz de significar<br />

as práticas de sala de aula de forma a garantir uma efetiva participação a todos os alunos. Cursos de<br />

formação tem sido objeto de preocupação e investimento por parte da política educacional do Município.<br />

Mas, as atitudes inclusivas somente se consolidarão se ações estiverem pautadas nos valores que<br />

norteiam as tomadas de decisões dos profissionais, o que, infelizmente ainda não está ocorrendo, pois o<br />

profissional deve ser observado a partir da sua organização conceitual, procedimental e atitudinal.<br />

A Educação Inclusiva tem como suporte a legislação vigente que teve início com a Declaração<br />

de Salamanca, documento básico que proclama a educação inclusiva como princípio norteador na<br />

educação das pessoas com deficiência. Este documento introduz o conceito de educação inclusiva que,<br />

segundo Canziani apud Camargo Jr. (2005) significa um cenário prospectivo que: essas pessoas estarão<br />

livres dos estigmas que as marginalizaram no contexto sócio educacional, respaldadas que são por<br />

legislação específica que garante seu atendimento em estabelecimento comum de ensino, recebendo<br />

apoios necessários que cada caso exige.<br />

Quando falamos em inclusão referindo-se a pessoas com deficiência estamos propondo sua<br />

inserção na sociedade. Segundo Stainback e Stainback (1999). O objetivo da inclusão nas escolas é<br />

criar um mundo em que todas as pessoas se reconheçam e se apoiem mutuamente. Estes autores<br />

ressaltam, ainda, que: Precisamos observar cuidadosamente a maneira como as escolas têm<br />

caracteristicamente se organizado em torno das diferenças individuais e como desenvolveram<br />

alternativas.<br />

Dada a devida importância a este destaque, convém dizer que a qualidade da aprendizagem no<br />

âmbito escolar se faz necessária porque não se pode apenas inserir alunos heterogêneos, ignorando<br />

suas diferenças individuais.<br />

Ao contrário, precisa-se de alternativas para o desenvolvimento do processo de inclusão nas<br />

escolas, que atendam a todos os alunos com suas diversidades e suas necessidades dentro de um<br />

contexto comum.<br />

Em 2002, no I Congresso Paulista de Direitos da Pessoa com Deficiência, elaborou-se um texto<br />

sobre “O direito à diferença na igualdade de direitos”, que aponta a existência de vários documentos<br />

internacionais sobre inclusão mostrando, que o mais importante deles, para o Brasil, é a Convenção<br />

Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras<br />

de Deficiência. O texto diz ainda que o Brasil é signatário deste documento, que foi aprovado pelo<br />

Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº. 198, de 13 de junho de 2001, e promulgado pelo<br />

Decreto nº. 3.956 de 08 de outubro de 2001, da Presidência da República.<br />

124<br />

Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.1, 2012 - ISSN: 1981-4313


O referido texto diz que: Toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, que<br />

tenha efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das<br />

pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais deve ser<br />

afastado (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2001).<br />

Nas discussões sobre educação inclusiva, a figura do professor (seu saber e sua formação) é<br />

vista como mediadora das transformações. Por isso, diversas são as fontes que mostram a necessidade<br />

de formação continuada para uma prática pedagógica de qualidade, a exemplo da Lei de Diretrizes e<br />

Bases da Educação Nacional de nº. 9394/96 que ressalta no Capítulo V, Art.59, inciso III, a importância<br />

de “Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento<br />

especializado, bem como professores de ensino regular capacitados para a integração desses<br />

educandos nas classes comuns”.<br />

Segundo Mantoan (2005) inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e,<br />

assim, ter o privilegio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A autora diz ainda que<br />

inclusão é estar com, é interagir com o outro.<br />

Silva e Carmo (2002) afirmam que:<br />

A ideia de inclusão não visa a atender somente às crianças rotuladas de deficientes,<br />

mas representa um avanço nas relações até hoje estabelecidas na escola regular.<br />

Significa avanço na medida em que todos os princípios que até hoje nortearam a escola<br />

regular terão de ser revistos e superados, pois a grande barreira existente contra a<br />

inclusão, entendida, aqui, como possibilidade ampla e universal de acesso e<br />

permanência na escola, é principalmente a pesada e ultrapassada estrutura escolar.<br />

Ainda os autores concluem que essa estrutura precisa ser superada. Caso isso não ocorra, toda<br />

e qualquer tentativa de mudança rumo à inclusão não passará de mais uma tentativa frustrada, que<br />

infelizmente somente a história demonstrará.<br />

Aceitar o desafio da inclusão é ultrapassar barreiras, no entanto, é possível trabalhar dentro<br />

desta perspectiva. Desse modo, a inclusão de alunos com deficiência no sistema regular de ensino<br />

representa um grande desafio para os professores que os recebem e requer um investimento da escola,<br />

na organização e implementação de uma escola para todos os alunos.<br />

A inclusão na fala de Fonseca (apud STOBÄUS; MOSQUERA, 2003): Exige outra escola, bem<br />

diferente da atual. A escola deve ser uma comunidade aberta, onde todos são valorizados exatamente<br />

por suas diferenças, que os fazem únicos e plenos de possibilidades a serem desenvolvidas no convívio<br />

e na interação com o outro.<br />

Destaca, ainda, o autor: Nesta nova escola, não há lugar para o conteudismo, para o fracasso,<br />

para o simples repasse do conhecimento, para a exclusão e para a desistência, para a evasão.<br />

O processo de inclusão tem propiciado uma discussão sobre os limites da escola, exigindo dela,<br />

novos posicionamentos, um ensino de qualidade para todos os alunos e reestruturação das condições<br />

atuais.<br />

A inclusão é considerada por Duboc (2005) como uma única modalidade educativa que envolve<br />

todos os membros da instituição no processo de atendimento a diversidade. Como implicação, requer<br />

que as escolas se modifiquem para os com necessidades educativas especiais em classes regulares<br />

independentemente das condições intelectuais, físicas, sociais e culturais destes, enfim de todos que<br />

estão em busca de desenvolvimento.<br />

Dutra e Griboski (2005) definem inclusão como:<br />

A transformação da escola a partir de um conjunto de princípios, como a valorização da<br />

diversidade como elemento enriquecedor do desenvolvimento pessoal e social, o<br />

desenvolvimento de currículos amplos que possibilitem a aprendizagem e a participação<br />

de todos. O respeito às diferentes formas de aprender, o atendimento às necessidades<br />

educacionais dos alunos, a acessibilidade física e nas comunicações e o trabalho<br />

colaborativo na escola.<br />

No decorrer do tempo, a educação vem adquirindo a valorização necessária ao desenvolvimento<br />

global do indivíduo. Para que isso aconteça e garanta a todos o direito ao crescimento, diversas<br />

Instituições vêm se encontrando e discutindo sobre esta temática.<br />

Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.1, 2012 - ISSN: 1981-4313<br />

125


A educação inclusiva é tema atual no contexto da política educacional do nosso país, leis e<br />

diretrizes sugeridas na concepção de direitos humanos, provocam mudanças no sistema educacional em<br />

todos os níveis e orientam para a disposição de reconhecer igualmente o direito de cada um no processo<br />

educacional, fazendo investir a responsabilidade da escola com a promoção da cidadania.<br />

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº. 9394/96, em seu capítulo referente<br />

ao direito à educação e ao dever de educar, Art. 4º inciso III, diz que: O dever do Estado com educação<br />

escolar pública será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado gratuito<br />

aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.(BRASIL,<br />

2001)<br />

Nessa perspectiva, a educação assume as funções social, cultural e política, garantindo a<br />

construção do conhecimento por meio das interações que estabelece com o meio.<br />

É importante destacar a propaganda veiculada na TV pelo Governo Federal Brasileiro que<br />

afirma: Toda criança é única, especial e diferente, mas numa coisa todas são iguais – todas devem ir à<br />

escola. Professores e funcionários estão se preparando para receberem os alunos portadores de<br />

necessidades educativas especiais. É o Brasil aprendendo e crescendo com as diferenças (BRASIL,<br />

2005)<br />

Enquanto educador é preciso analisar criticamente como vem sendo divulgado esse processo e,<br />

ao mesmo tempo observar como ele está sendo implantado no sistema regular de ensino.<br />

A escola inclusiva é, portanto, tendência do momento, tornando-se uma meta a ser seguida<br />

pelos profissionais comprometidos com a educação tendo a aprovação da sociedade.<br />

O objetivo desta tendência é não deixar o aluno fora do ensino regular e propor que a escola se<br />

adapte a ele, contemplando a pedagogia da diversidade.<br />

A Educação Inclusiva requer uma filosofia de educação de qualidade para todos. E, para isso, é<br />

indispensável o desenvolvimento de uma pedagogia voltada para o aluno, com a participação da família<br />

e da comunidade. Isto implica a organização da escola para a aprendizagem de todos os alunos que<br />

nela estão inseridos.<br />

Hoje, no mundo inteiro, a inclusão educacional tem ocupado significativo espaço de reflexões,<br />

devendo ser entendida como um processo contínuo e permanente.<br />

126<br />

Baseando-se no texto de Salamanca, Carvalho (2004) afirma que:<br />

Parece não haver dúvidas de que os sujeitos da Inclusão são todos: os que nunca<br />

estiveram em escolas, os que lá estão e experimentam discriminações, os que não<br />

recebem as respostas educativas que atendam às suas necessidades, os que<br />

enfrentam barreiras para a aprendizagem e para a participação, os que são vítimas das<br />

práticas elitistas e injustas de nossa sociedade. Os que apresentam condutas típicas de<br />

síndromes neurológicas, psiquiátricas ou com quadros psicológicos graves, além de<br />

superdotados / com altas habilidades, os que se evadem precocemente e, obviamente,<br />

as pessoas em situação de deficiência.<br />

Nesta perspectiva, Inclusão significa a transformação do sistema educacional, que deverá estar<br />

preparado para identificar e eliminar as barreiras que impedem o acesso de alunos ao conhecimento.<br />

A Educação Inclusiva é fundamental para que alunos com deficiência não sejam afastados do<br />

convívio que a diferença proporciona, acreditem no potencial que trazem consigo e que vejam a<br />

diferença como algo enriquecedor, mostrando a cada momento, as suas reais capacidades de lidar com<br />

o outro.<br />

METODOLOGIA<br />

Caracterização do estudo<br />

A proposta de pesquisa, aqui apresentada, foi de natureza exploratória, por desenvolver ideias<br />

com vista em fornecer hipóteses em condições de serem testadas em estudos posteriores e descritiva,<br />

por descrever as características de populações e de fenômenos, foi direcionada para um estudo de<br />

campo, seguindo uma abordagem qualitativa como tentativa de uma compreensão detalhada dos<br />

significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados (RICHARDSON, 1999).<br />

Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.1, 2012 - ISSN: 1981-4313


Investigou - se as condições de atendimento do sistema regular de ensino a alunos com deficiência e<br />

analisou-se a efetiva adaptação desses alunos a este sistema.<br />

Contexto/participantes<br />

Nosso estudo foi conduzido numa escola pública da rede regular de ensino de Santa Rita na<br />

Paraíba, que não só atende a alunos ditos “normais”, mas também recebe alunos com deficiência. A<br />

escola localiza-se na zona rural, funcionando nos três turnos, atendendo, em média, 600 alunos oriundos<br />

de famílias de baixíssimo nível sócio econômico, onde os sujeitos da pesquisa foram dois professores de<br />

sala de aula representados como sujeito 1 (S1) e sujeito 2 (S2) no conteúdo de discussão dos<br />

resultados, uma diretora escolar, sujeito 3 (S3) e uma mãe, sujeito 4 (S4), para manter sigilo sobre suas<br />

identidades.<br />

Procedimentos e instrumentos para a realização do estudo<br />

Os procedimentos utilizados dividiram-se em duas etapas: Após obter junto à Secretaria de<br />

Educação, Departamento de Estatística, a lista de escolas da rede regular de ensino e o Censo 2008, a<br />

pesquisadora fez um levantamento sobre as que apresentavam alunos com deficiência inseridos. Dentre<br />

essas escolas, foi selecionada uma para a realização da pesquisa.<br />

Inicialmente foi feito contato com a direção da escola, onde foram explicados os objetivos da<br />

pesquisa e pedida a autorização por meio de um termo de consentimento livre e esclarecido, conforme<br />

as normas para realização de pesquisa em Seres Humanos, Resolução nº. 196 do Brasil (2002).<br />

A escolha dos participantes baseou-se nos seguintes critérios: os profissionais deveriam estar<br />

tendo contato com alunos com deficiência em sua sala de aula ou na escola, o aluno (filho) deveria<br />

estudar ou ter estudado em escola regular. As entrevistas com os participantes foram realizadas na<br />

própria escola e em horário por eles escolhido.<br />

Posteriormente, foram realizadas as entrevistas do tipo semiestruturadas, que visa obter do<br />

entrevistado o que ele considera os aspectos mais relevantes de determinado problema: as suas<br />

descrições de uma situação em estudo (RICHARDSON, 1999). Uma direcionada aos professores e<br />

direção escolar, onde foram feitas perguntas visando o conhecimento dos sujeitos sobre as diferenças<br />

encontradas nos alunos com deficiência, conhecimentos referentes à inclusão, as estratégias e<br />

procedimentos utilizadas nas aulas e a avaliação com relação ao processo de inclusão na escola regular<br />

de ensino, enquanto que para a mãe foi realizada perguntas como o relacionamento do aluno com seus<br />

professores e colegas de sala, as intervenções dos professores para com esse aluno, as decisões<br />

tomadas para que a inclusão ocorresse e também sobre o conhecimento que essa mãe tinha sobre as<br />

diretrizes que regem a educação especial.<br />

As duas com enfoque nas questões referentes à inclusão, estabelecendo categoria como o<br />

conhecimento da política, a capacitação de professores, as dificuldades e discriminação, os conceitos, o<br />

espaço físico e o conhecimento da legislação. A gravação foi feita pela pesquisadora, utilizando um<br />

gravador MP3 marca Sony e para melhor entendimento dos dados gravados foi transcrita num bloco de<br />

anotações com ajuda do programa Microsoft Office 2007 (Média Player) que serviu de base para as<br />

análises. Após a coleta de dados das entrevistas, foi possível refletir sobre o papel desses educadores e<br />

mãe inseridos no contexto da inclusão.<br />

Análise dos dados<br />

Para análise dos dados os procedimentos técnicos adotados no curso do trabalho incluíram a<br />

realização das entrevistas, a análise de fontes documentais e o relato de experiências de impacto para a<br />

inclusão dos alunos com deficiência.<br />

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS<br />

Os depoimentos revelaram uma grande preocupação dos entrevistados que apesar de aceitarem<br />

o aluno com deficiência, consideram-se despreparados para lidar com a inclusão.<br />

Este é o retrato do que temos observado na prática, porém não é o que diz a Constituição<br />

Federal. Esta Constituição, após eleger como fundamentos de nossa República a Cidadania e a<br />

Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.1, 2012 - ISSN: 1981-4313<br />

127


Dignidade da pessoa humana, como um dos objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem<br />

preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, após garantir<br />

o direito à igualdade, trata do direito de todos à educação, que deve visar ao pleno desenvolvimento da<br />

pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho. Além disso, elege como um<br />

dos princípios para o ensino, a igualdade de condições de acesso e permanência na escola,<br />

acrescentando que o dever do estado com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso<br />

aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada<br />

um.<br />

De tais princípios e garantias, ninguém pode ser excluído, portanto, qualquer que seja a escola,<br />

deve observá-los, sob pena de grave ofensa à Constituição Federal. Ramos e Fávero (2002).<br />

Em razão destas colocações, o Ministério Público Federal vem orientando a todas as pessoas<br />

com deficiência e seus responsáveis, que denunciem sempre que não conseguirem acesso a qualquer<br />

nível de ensino, principalmente o ensino infantil e o ensino fundamental, em escolas e salas comuns da<br />

rede regular.<br />

Neste caso a análise das entrevistas se referiu ao modo como o sistema regular de ensino<br />

recebeu o aluno com deficiência. Através dos dados coletados, foi possível compreender melhor uma<br />

série de fatores sobre inclusão que precisavam ser investigados, a fim de possibilitar um maior<br />

entendimento sobre suas complexidades, podendo, desta forma, chegar ao resultado de responder ao<br />

modelo de inclusão adotado por esta escola da rede regular de ensino. Esta coleta foi uma amostra que<br />

serviu como estudo piloto, para a realização de um projeto que será posteriormente desenvolvido com<br />

uma amostragem mais ampla, objetivando a confirmação desses resultados.<br />

A inserção do aluno com deficiência na rede regular de ensino tem sido motivo de grande aflição<br />

para os educadores. Muitos, não recebem com bons olhos tal proposta, apontando dificuldades como a<br />

precária formação para lidar com a inclusão, a falta de clareza quanto ao diagnóstico de alguns alunos, o<br />

trabalho com a construção de limites e questões relacionadas à avaliação desses alunos pelo sistema.<br />

Para que as pessoas com deficiência possam exercer esse direito em sua plenitude é<br />

indispensável, portanto, que a escola se adapte às mais diversas situações. A estas adaptações<br />

chamamos inclusão, ou seja, espera-se que os ambientes, inclusive os educacionais, estejam<br />

devidamente preparados para receber todas as pessoas.<br />

Ainda faltam políticas públicas adequadas para que exista apoio técnico e financeiro ás escolas<br />

para tanto, além de se investir na preparação de professores. Exemplo disto é a fala do sujeito 1 (S1)<br />

(masculino, licenciado em história) quando se refere a uma ex aluna que vem repetindo a mesma série<br />

há vários anos “...chamei a direção, chamei também a supervisão, sempre foi um problema mais não se<br />

tinha muito o que fazer, eu não sabia como trabalhar, eu acho que os outros colegas também não<br />

sabiam...” e continua dizendo “...e tudo o que se fazia era muito dificultoso, com muita dificuldade, eu sei<br />

que agora ela desistiu, foi transferida, eu vou até saber da diretora se ela foi transferida, mais me falaram<br />

que ela estava estudando na outra escola, não sei...”.<br />

Outra dificuldade apresentada foi a inexistência de profissionais com capacitação na área que<br />

segundo os entrevistados, é de grande importância para o atendimento ao aluno com deficiência. Na<br />

medida em que a escola implica um ensino adaptado às diferenças e às necessidades individuais, os<br />

educadores precisam estar habilitados para atuar de forma competente junto aos alunos inseridos. No<br />

entanto, autores como Goffredo (1992) e Manzini (1999) têm alertado para o fato de que a implantação<br />

da educação inclusiva tem encontrado limites e dificuldades, em virtude da falta de formação dos<br />

professores das classes regulares para atender aos alunos com deficiência, além de infraestrutura<br />

adequada e condições materiais para o trabalho pedagógico junto a esses alunos. O que se tem<br />

colocado em discussão, é a ausência de formação especializada dos educadores para trabalhar com<br />

essa clientela, e isso, certamente, se constitui em um sério problema na implantação de políticas desse<br />

tipo (SANT’ANA, 2005). O sujeito 2 (S2) (sexo feminino, administradora escolar) afirma que “...a gente<br />

sabe que essa criança tem alguma deficiência, só não sabemos qual e como a gente pode fazer pra<br />

ajudar, a escola até tenta...”. O (S2) diz que “a escola tem professores regulares (que não são do ensino<br />

especial)...” diz ainda que “... as dificuldades maiores encontra-se a aluna que cursa até a quarta série,<br />

mas que os professores julgam que ela não acompanha a quinta série, e aí, como fazer...”. Novamente,<br />

o (S2) destaca “... a maior das dificuldades para lidar com essa aluna é a gente não ter especialidade<br />

nesta área para trabalhar com eles...”. Percebe-se, portanto, que a maneira mais específica de lidar com<br />

128<br />

Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.1, 2012 - ISSN: 1981-4313


esses alunos, ainda não esta clara para este sujeito. No que se refere aos diretores, cabe a eles tomar<br />

as providências de caráter administrativos correspondentes e essenciais para efetivar a construção do<br />

projeto de inclusão (ARANHA, 2000). Para Ross (1998), o diretor de escola inclusiva deve envolver-se<br />

na organização de reuniões pedagógicas, desenvolverem ações voltadas aos temas relativos à<br />

acessibilidade universal, às adaptações curriculares, bem como convocar profissionais externos para dar<br />

suporte aos docentes e as atividades programadas.<br />

Além disso, o administrador necessita ter uma liderança ativa, incentivar o desenvolvimento<br />

profissional docente e favorecer a relação entre escola e comunidade (SAGE, 1999; REIS, 2000). Ele<br />

não consegue sequer imaginar que é preciso experimentar, ter um contato mais próximo com o aluno,<br />

com a família, criar vínculo de amizade, ter carinho para conhecê-lo melhor, perceber suas necessidades<br />

e, a partir daí, fazer um perfil, ver o nível de conhecimento, a bagagem que ele trás consigo e de que<br />

maneira pode-se contribuir dar sequência e inseri-lo no contexto escolar. O (S2) disse, que a escola não<br />

tinha qualquer apoio pedagógico, pelo fato de não ter nenhum funcionário com formação em Educação<br />

Especial.<br />

O mesmo sujeito reconhece que esses alunos são inteligentes, enfrentaram dificuldades e estão<br />

prontos para aprender. Mas é preciso alguém com especialização para dar ao aluno um suporte<br />

necessário.<br />

Quando o (S2) refere-se a uma aluna surda diz: “... eu não sei falar a língua, então como é que<br />

eu vou me comunicar com essa menina, precisa de alguém, precisa de ajuda...” Quanto aos colegas de<br />

sala “... eles recebem os alunos especiais muito bem, que estão acostumados a aceitar os outros...”. Sua<br />

preocupação maior é “... o que devo fazer como lidar...”.<br />

Se existir um aluno com deficiência auditiva matriculado numa escola, esta deve contratar um<br />

intérprete e promover as adequações necessárias ás suas expensas. Estes custos devem ser<br />

computados nos custos gerais da instituição de ensino, pois ela está obrigada a oferecer a estrutura<br />

adequada a todos os seus alunos, esta estrutura deve contemplar as pessoas com necessidades<br />

especiais. Os professores precisam também ser orientados quanto ao modo de comunicação dos surdos<br />

para flexibilização de currículos e conteúdos.<br />

O (S2) ainda não tentou definir características, necessidades dessa aluna e parece esperar que<br />

as dificuldades se dissipem, sem fazer tentativas, pois não foi mencionada, em momento algum, uma<br />

possível mudança de atitude com relação ao atendimento ao aluno com deficiência.<br />

Percebemos também, que a escola não tem o hábito de realizar reuniões de pais, para discutir<br />

com eles as necessidades dos alunos melhorando atendimento, tornando essa aproximação mais<br />

enriquecedora.<br />

Assim, nenhum programa de integração/inclusão poderá esquecer o importante aspecto da<br />

educação dos pais, da família, integrando-os ao sistema escolar realizado a integração familiar, pode-se<br />

falar em integração/inclusão dessas pessoas “começa na família e se amplia nos programas de<br />

atendimento dentro e fora do ambiente escolar Canziani (2005)”.<br />

Ainda a autora relata que “para implementar a integração na escola devem ser incluídas as mais<br />

variadas modalidades de aprendizagem que esse ambiente possa oportunizar”. Isto, desde o ensino<br />

propriamente dito, até a convivência entre os alunos, seu relacionamento com os professores e demais<br />

pessoas que trabalham na escola; o contato com os familiares, os estímulos do ambiente físico. Enfim,<br />

tudo que caracteriza a escola como marco de ação, no contexto da educação Canziani (2005).<br />

Observou-se, ainda, que os sujeitos acreditam que seria melhor se houvesse, na escola, um<br />

espaço específico segregado que fosse mais adequado para garantir a esses alunos com deficiência o<br />

acesso ao conhecimento. O sujeito 3 (S3) (sexo feminino, nível superior) trabalha há 16 anos nesta<br />

escola tem aluno com deficiência mental na sala, acredita que ele chegou à escola através da mãe.<br />

Porém, na ocasião, a mãe não falou que ele era deficiente. “... não disse que ele era diferente, a gente<br />

nota que ele não é uma pessoa normal...” e complementa “... na minha disciplina eu não o forço a fazer<br />

nada, dou muita atenção a ele...”. Quando o (S3) fala sobre este aluno deixa transparecer a necessidade<br />

de tratá-lo diferentemente dos outros. É como se o aluno não suportasse ser contrariado em nenhum<br />

momento e que todas as suas vontades devessem ser atendidas, e que a professora tivesse de<br />

superprotegê-lo dos colegas ou de problemas que ocorressem em sala. Ao descrevê-lo, diz: “... tem um<br />

jeito que ele não tem limite, você olha assim e não diz que ele é uma pessoa normal, se aperrear ele, ele<br />

passa a mão na cabeça e sai na carreira e aí eu deixo sempre ele a vontade...”.<br />

Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.1, 2012 - ISSN: 1981-4313<br />

129


As atitudes do (S3) deixam transparecer sua dificuldade em trabalhar esta situação, o que fica<br />

evidente em seu posicionamento durante sua fala. O comportamento deste aluno justifica, de forma<br />

clara, a preocupação do (S3) em lidar com ele e não contrariá-lo jamais. É como se todo o tempo este<br />

sujeito tivesse protegendo o aluno dos colegas e até dele mesmo, comportamento decorrente, talvez, da<br />

falta de conhecimento de atendimento educacional especializado.<br />

O referido sujeito coloca de maneira sincera que “... a dificuldade maior é que deveria existir um<br />

lugar especial pra ele e não é dificuldade trabalhar com ele, dificuldade é trabalhar com ele junto dos<br />

outros...”. Então, a ideia deste sujeito ainda é a de que alunos com deficiência devem estar numa sala<br />

especial, segregados, onde estarão, quem sabe, seguros de ofensas, não tendo que conhecer tantos<br />

conteúdos, nem sofrer diante das dificuldades que normalmente, a escola poderia proporcionar a eles.<br />

Acredita-se, portanto, que a inclusão não se caracteriza apenas pela convivência entre pessoas<br />

com e sem deficiência em um mesmo ambiente. Ela exige mudanças que beneficiem toda e qualquer<br />

pessoa. Uma escola é chamada de inclusiva quando consegue implementar medidas efetivas, a<br />

acessibilidade, demonstrando que há preocupação em acolher toda a pluralidade de modos de ser e de<br />

existir, presentes nas pessoas.<br />

O depoimento de uma mãe sujeito 4 (S4) relata a experiência de seu filho na escola regular de<br />

ensino. “... Meu filho único, 13 anos, tem deficiência física e mental. Eu ainda faço o ensino médio<br />

procuro participar da vida dele na certeza de lutar pelo que acredito...”. “... Ele frequenta uma instituição<br />

especializada, mais, já estudou em escola para normais...” esta escola tem parte normal e parte<br />

especial, só que ele ficou no colégio com crianças normais. “... Minha expectativa era boa, ele andou,<br />

falou, brincava com os colegas, chegou à escola com quatro ou cinco anos, e falou com sete...”. “... Ele<br />

saiu da escola por causa do carro. Ele chegava de sete, saia de que, de meio dia à uma hora e chegava<br />

de seis, sete horas. Quando ele saiu da escola, a professora veio atrás de mim depois, para eu voltar<br />

com ele. Ele tinha boa relação com os colegas e com a professora. A escola era boa de acesso.<br />

Conheço as diretrizes através de X, Y e outros lá (X e Y representam os nomes das professoras citadas<br />

pelo S4)”.<br />

Quando a mãe fala nas diretrizes nacionais de educação especial, percebe-se que seu<br />

conhecimento é superficial embora ela esteja procurando sempre informações. Talvez estas diretrizes<br />

não tenham chegado ainda a suas mãos.<br />

O (S4) afirma que a escola recebeu seu filho como receberia um aluno normal: “... acho que o<br />

tratamento é tudo igual, do jeito que ela tratava o normal ela tratava meu filho...”.<br />

Ao detalhar o dia do seu filho em sala de aula conta “... a professora ensinava os meninos<br />

normais para depois ensinar os especiais...” e complementa dizendo “... tinha que ficar alguém olhando<br />

os normais, eu ficava olhando os normais e ela ensinava dois especiais, eu ficava na sala...”. Trata-se,<br />

pois, de uma mãe presente, que procura entender e compreender as dificuldades que a professora<br />

encontra, e se dispõe a ajudá-la. Este aluno ficou nesta escola três anos e lá ele iniciou na alfabetização,<br />

depois fez a primeira série, tinha apoio pedagógico e alguns professores já lidavam com deficientes. A<br />

mãe diz “... lá, ele aprendeu muitas coisas, aprendeu o a, e, i, o, u. Ao falar da professora afirma: ““... lá<br />

as professoras não ficam tristes, só que, quando a professora ia ensinar o normal, eu esperava por ela<br />

pra depois ela ensinar a meu filho...” diz “... mais aí ela tinha razão. Eram 36 alunos normais na sala e só<br />

dois deficientes...”.<br />

A presente pesquisa ressaltou algumas experiências, tentando estabelecer um diálogo que<br />

pudesse indicar saídas para as dificuldades encontradas na prática pedagógica de professores, cujas<br />

salas de aula possuem alunos com deficiência. Aceitar e valorizar a diversidade são o primeiro passo<br />

para fazer parte desse processo inclusivo, criando uma escola de qualidade para todos.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O estudo apresentou alguns dados que permitiram uma reflexão sobre os aspectos relacionados<br />

à efetiva inclusão de alunos com deficiência inseridos no sistema regular de ensino. Os principais<br />

resultados apontaram que a escola precisa mudar e que o processo de inclusão não está acontecendo<br />

de forma satisfatória, que os alunos da escola em foco ainda não estão incluídos no sistema regular de<br />

ensino e que os professores estão cientes de não estarem preparados para essa inclusão.<br />

130<br />

Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.1, 2012 - ISSN: 1981-4313


Em consequência de alguns fatores, tais como: despreparo dos professores, decorrente de sua<br />

formação inicial e continuada, eles não aprenderam as práticas educacionais essenciais à promoção da<br />

inclusão e precisariam do apoio de especialistas; baixos salários; Indisponibilidade de apoios<br />

necessários, como, a atuação de professores-intérpretes da língua de sinais, serviços de apoio<br />

pedagógico para complementação curricular, utilizando procedimentos e materiais específicos.<br />

Além da infraestrutura e condições de trabalho precário; a totalidade de alunos por sala; falta de<br />

relacionamento família / escola com participação mais efetiva entre estas instituições; o<br />

desconhecimento das diretrizes nacionais da educação especial necessário para que a escola perceba<br />

os princípios que embasam a política educacional adotada, como também as formas pedagógicas e de<br />

administração consideradas como eficazes, na orientação inclusiva e em suas culturas, políticas e<br />

práticas; enfim, apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à comunicação, dificultam esse<br />

processo.<br />

Considera-se, portanto, que a perspectiva que se apresenta para os alunos, está distante de<br />

atingir aquilo que preconiza a política de inclusão escolar. Isto fica evidente quando se observa que<br />

diminui, sensivelmente, o número de alunos com deficiência nas séries avançadas nesta escola.<br />

Os participantes reconheceram a importância de uma escola que atendesse a todos os alunos,<br />

onde estes fossem valorizados por suas diferenças, no entanto, disseram que não estavam preparados,<br />

que o processo de inclusão precisa ser discutido com todos da escola para visualizar estratégias<br />

adequadas e que precisavam de apoio de pessoas especialistas.<br />

É importante destacar, que as análises aqui expostas, devem ser constantemente submetidas a<br />

novas análises e reformulações, o que dá a estas conclusões finais um caráter provisório e, não como<br />

verdades absolutas. Tais conclusões devem ser encaradas como questionáveis abertas, de maneira que<br />

possam suscitar investigações que venham contribuir para a elucidação desta temática.<br />

Os dados obtidos vêm reafirmar a necessidade da formação dos professores como uma questão<br />

relevante no momento que a ação docente passa a fazer parte de uma educação regida pelo paradigma<br />

da inclusão.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ARANHA, M. S. Inclusão social e municipalização. In: MANZINI, E. (Org.). Educação especial: temas<br />

atuais (pp.1-9). Marília: UNESP, 2000.<br />

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96. Apresentação Carlos Roberto<br />

Jamil Cury. 4. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.<br />

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Propaganda veiculada na RBS TV, 2005.<br />

BRASIL, Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Manual operacional para comitê de ética<br />

em pesquisa. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2002.<br />

CAMARGO JR. (Org.). Transtornos invasivos do desenvolvimento. In CANZIANI, M. L. Inclusão dos<br />

Portadores de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento no Sistema Regular de Ensino.3º Milênio.<br />

Brasília: Presidência da República, Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Coordenadoria<br />

Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, vol.2, p. 252-255. 2005.<br />

CANZIANI, M. L. Inclusão dos Portadores de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento no Sistema<br />

Regular de Ensino. Apud CAMARGOS JR. (Org.). Transtornos invasivos do desenvolvimento: 3º<br />

Milênio. Brasília: Presidência da República, Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Coordenadoria<br />

Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 2005. vol.2, p. 252-255.<br />

CARVALHO, R. E. Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Mediação, 2004.<br />

DUBOC, M. J. de O. A formação do professor e a inclusão educativa: uma reflexão centrada no aluno<br />

surdo. In: Revista Educação Especial. Santa Maria: Santa Maria, Cap. 26, p. 131-139, 2005.<br />

DUTRA, C. P.; GRIBOSKI, C. M. Gestão para a Inclusão. In: Revista Educação Especial. Santa Maria:<br />

Santa Maria, Cap. 26, p. 09-17, 2005.<br />

Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.1, 2012 - ISSN: 1981-4313<br />

131


GOFFREDO, V. Integração ou segregação? O discurso e a prática das escolas públicas da rede oficial<br />

do município do Rio de Janeiro. Integração, 4(10), 118-127, 1992.<br />

MANTOAN, M. T. E. Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças. In: Revista Nova Escola.<br />

São Paulo: Dinap, ed. 182, p. 24-26, 2005.<br />

MANZINI, E. F. Quais as expectativas com relação à inclusão escolar do ponto de vista do educador?<br />

Temas sobre desenvolvimento, 7(42), 52-54, 1999.<br />

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, Decreto Nº. 3. 956, de 08 de outubro de 2001. Promulga a Convenção<br />

Interamericana para a eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de<br />

Deficiência (Convenção da Guatemala). Brasília, 2001.<br />

RAMOS, A. C.; FÁVERO, E. A. G. Considerações sobre os direitos das pessoas com deficiência.<br />

ESMPU – Escola Superior do Ministério Público da União, Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.<br />

In: I Congresso Paulista de Direitos da Pessoa com Deficiência. O direito à diferença na igualdade de<br />

direitos. 2. ed. São Paulo: Artchip, 2002.<br />

REIS, M. G. O compromisso político-social do diretor como educador. Dissertação de Mestrado<br />

Não-Publicada, Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São<br />

Carlos, 2000.<br />

RICHARDSON, R. J. (Org.). Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.<br />

ROSS, P. Pressupostos da integração/inclusão frente à realidade educacional. Em Resumos de<br />

comunicações científicas. III Congresso Ibero-americano de Educação Especial (pp. 239-243). Foz do<br />

Iguaçu. PR: Secretaria de Educação Especial. Ministério da Educação e do Desporto, 1998.<br />

SAGE, D. D. Estratégias administrativas para o ensino inclusivo. In: STAINBACK; STAINBACK (Org),<br />

Inclusão: um guia para educadores (Trad., M F. Lopes pp. 129-141). Porto Alegre: Artes Médicas,<br />

1999.<br />

SANT’ ANA. I. M. Educação Inclusiva: concepções de professores e diretores. In: Psicologia. Maringá:<br />

Scielo Brasil, 2005. Vol. 10 nº. 2.<br />

SILVA, R. V. de S.; CARMO, A. A. Aspectos históricos e filosóficos da deficiência. In: Caderno texto do<br />

curso de capacitação de professores multiplicadores em educação física adaptada. Brasil: MEC;<br />

SEESP, 2002.<br />

STAINBACK, S.; STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Trad. Magda França Lopes.<br />

Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.<br />

STOBÄUS, C. D.; MOSQUERA, J. J. M. (Orgs) Educação Especial: em direção à educação<br />

inclusiva. In FONSECA, V. Tendências futuras da educação inclusiva. Porto Alegre:<br />

EDIPUCRS, 2003.<br />

1 Universidad Autônoma de Asunción – Paraguai<br />

132<br />

Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.1, 2012 - ISSN: 1981-4313<br />

Rua: Juvenal Mário da Silva, 984<br />

Manaira<br />

João Pessoa/ PB<br />

58038-511

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!