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As atitudes do (S3) deixam transparecer sua dificuldade em trabalhar esta situação, o que fica<br />

evidente em seu posicionamento durante sua fala. O comportamento deste aluno justifica, de forma<br />

clara, a preocupação do (S3) em lidar com ele e não contrariá-lo jamais. É como se todo o tempo este<br />

sujeito tivesse protegendo o aluno dos colegas e até dele mesmo, comportamento decorrente, talvez, da<br />

falta de conhecimento de atendimento educacional especializado.<br />

O referido sujeito coloca de maneira sincera que “... a dificuldade maior é que deveria existir um<br />

lugar especial pra ele e não é dificuldade trabalhar com ele, dificuldade é trabalhar com ele junto dos<br />

outros...”. Então, a ideia deste sujeito ainda é a de que alunos com deficiência devem estar numa sala<br />

especial, segregados, onde estarão, quem sabe, seguros de ofensas, não tendo que conhecer tantos<br />

conteúdos, nem sofrer diante das dificuldades que normalmente, a escola poderia proporcionar a eles.<br />

Acredita-se, portanto, que a inclusão não se caracteriza apenas pela convivência entre pessoas<br />

com e sem deficiência em um mesmo ambiente. Ela exige mudanças que beneficiem toda e qualquer<br />

pessoa. Uma escola é chamada de inclusiva quando consegue implementar medidas efetivas, a<br />

acessibilidade, demonstrando que há preocupação em acolher toda a pluralidade de modos de ser e de<br />

existir, presentes nas pessoas.<br />

O depoimento de uma mãe sujeito 4 (S4) relata a experiência de seu filho na escola regular de<br />

ensino. “... Meu filho único, 13 anos, tem deficiência física e mental. Eu ainda faço o ensino médio<br />

procuro participar da vida dele na certeza de lutar pelo que acredito...”. “... Ele frequenta uma instituição<br />

especializada, mais, já estudou em escola para normais...” esta escola tem parte normal e parte<br />

especial, só que ele ficou no colégio com crianças normais. “... Minha expectativa era boa, ele andou,<br />

falou, brincava com os colegas, chegou à escola com quatro ou cinco anos, e falou com sete...”. “... Ele<br />

saiu da escola por causa do carro. Ele chegava de sete, saia de que, de meio dia à uma hora e chegava<br />

de seis, sete horas. Quando ele saiu da escola, a professora veio atrás de mim depois, para eu voltar<br />

com ele. Ele tinha boa relação com os colegas e com a professora. A escola era boa de acesso.<br />

Conheço as diretrizes através de X, Y e outros lá (X e Y representam os nomes das professoras citadas<br />

pelo S4)”.<br />

Quando a mãe fala nas diretrizes nacionais de educação especial, percebe-se que seu<br />

conhecimento é superficial embora ela esteja procurando sempre informações. Talvez estas diretrizes<br />

não tenham chegado ainda a suas mãos.<br />

O (S4) afirma que a escola recebeu seu filho como receberia um aluno normal: “... acho que o<br />

tratamento é tudo igual, do jeito que ela tratava o normal ela tratava meu filho...”.<br />

Ao detalhar o dia do seu filho em sala de aula conta “... a professora ensinava os meninos<br />

normais para depois ensinar os especiais...” e complementa dizendo “... tinha que ficar alguém olhando<br />

os normais, eu ficava olhando os normais e ela ensinava dois especiais, eu ficava na sala...”. Trata-se,<br />

pois, de uma mãe presente, que procura entender e compreender as dificuldades que a professora<br />

encontra, e se dispõe a ajudá-la. Este aluno ficou nesta escola três anos e lá ele iniciou na alfabetização,<br />

depois fez a primeira série, tinha apoio pedagógico e alguns professores já lidavam com deficientes. A<br />

mãe diz “... lá, ele aprendeu muitas coisas, aprendeu o a, e, i, o, u. Ao falar da professora afirma: ““... lá<br />

as professoras não ficam tristes, só que, quando a professora ia ensinar o normal, eu esperava por ela<br />

pra depois ela ensinar a meu filho...” diz “... mais aí ela tinha razão. Eram 36 alunos normais na sala e só<br />

dois deficientes...”.<br />

A presente pesquisa ressaltou algumas experiências, tentando estabelecer um diálogo que<br />

pudesse indicar saídas para as dificuldades encontradas na prática pedagógica de professores, cujas<br />

salas de aula possuem alunos com deficiência. Aceitar e valorizar a diversidade são o primeiro passo<br />

para fazer parte desse processo inclusivo, criando uma escola de qualidade para todos.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O estudo apresentou alguns dados que permitiram uma reflexão sobre os aspectos relacionados<br />

à efetiva inclusão de alunos com deficiência inseridos no sistema regular de ensino. Os principais<br />

resultados apontaram que a escola precisa mudar e que o processo de inclusão não está acontecendo<br />

de forma satisfatória, que os alunos da escola em foco ainda não estão incluídos no sistema regular de<br />

ensino e que os professores estão cientes de não estarem preparados para essa inclusão.<br />

130<br />

Pesquisa em Educação Física - Vol.11, n.1, 2012 - ISSN: 1981-4313

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