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Recebido em: 26/02/2012 Emitido parece em: 04/04/2012 Artigo original
CONDIÇÕES DE ATENDIMENTO A ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA ESCOLA REGULAR E
ANÁLISE DA ADAPTAÇÃO DESSES ALUNOS A ESTE SISTEMA: UM ESTUDO PILOTO
RESUMO
Ana Maria Meireles de Pontes Mendes 1
A inclusão expressa, com clareza, a transformação do sistema educacional, na organização dos
recursos necessários a fim de alcançar os objetivos e as metas para uma educação de qualidade
extensiva a todos os alunos. Objetivo: Assim, o presente estudo teve como objetivo investigar as
condições de atendimento do sistema regular de ensino a alunos com deficiência, bem como analisar a
efetiva adaptação desses alunos a este sistema. Metodologia: A proposta de pesquisa, aqui
apresentada, de natureza exploratória descritiva foi direcionada para um estudo de campo, seguindo
uma abordagem qualitativa e enfocou as seguintes questões: Será que os alunos com deficiência
encaminhados para o sistema regular de ensino são efetivamente incluídos? As escolas regulares
oferecem condições necessárias à inclusão desses alunos? Nosso estudo foi realizado numa escola
pública da rede regular de ensino de Santa Rita, na Paraíba. A amostra foi composta por dois
professores, uma diretora e uma mãe de aluno com deficiência. Para a coleta dos dados, foram
realizadas entrevistas do tipo semiestruturadas, com perguntas, enfocando a inclusão. Resultados: A
análise dos resultados foi realizada de duas formas: depoimentos dos sujeitos e fontes documentais.
Como resultado, esta pesquisa revelou que a escola precisa mudar e que o processo de inclusão não
está acontecendo de forma satisfatória, precisando, pois ser discutidas estratégias adequadas de
atendimento, que os professores estão cientes de não estarem preparados para essa inclusão.
Conclusão: É necessário também, que todos da escola conheçam as diretrizes nacionais da educação
especial. Só assim, a escola perceberá os princípios que norteiam à política educacional adotada, como
também, as formas pedagógicas e de administração consideradas eficazes, na educação inclusiva,
enfim, apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à comunicação, dificultam esse processo.
Palavras-chave: Alunos com deficiência, rede regular de ensino, inclusão.
REGULAR SCHOOL HANDICAPPED STUDENTS ATTENDANCE CONDITIONS AND
ANALYSIS OF THESE STUDENTS ADAPTATION TO THIS SYSTEM: A PILOT STUDY
ABSTRACT
The inclusion expresses, clearly, the educational system transformation, in the organization of the
necessary resources to an education of quality extending to all of the students. Objective: This way, the
present study had as an aim to investigate the handicapped students’ regular education system
attendance conditions, as well as to analyze the effective adaptation of these students to the system.
Methodology: The research proposal, presented here, of descriptive exploratory nature was directed to
a field study, following a qualitative approaching and focused the following questions: were the
handicapped students conducted to the education regular system included effectively? The regular
schools offered conditions necessary to these students inclusion? Our study was carried out in a public
school of Santa Rita, Paraiba education regular net. The sample was composed by two teachers, a
director and a mother of a handicapped student. For data collection were carried out interviews of a semi
structured type, with questions, focusing the inclusion. Results: The results analysis was done in two
forms: subjects declarations and documental sources. As a result, this research revealed that the school
must change and that the inclusion process isn’t happening in a satisfactory form, needing, this way, be
discussed attendance adequate strategies, that the teachers are aware that aren’t prepared for this
inclusion. Conclusion: It is also necessary that all of the school know the special education national
guidelines. Just so the school will notice the principles that guide educational politics adopted, as well as
the administrative and pedagogical forms considered effective in the inclusive education, at last, supports
necessary to the apprenticeship, locomotion and communication, raise difficulties to this process.
Keywords: Handicapped students, education regular net, inclusion.
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INTRODUÇÃO
A formulação de políticas públicas voltadas para a inclusão de alunos com deficiência tem sido
inspirada por uma série de documentos contendo declarações, recomendações e normas jurídicas, a
exemplo, da Conferência Mundial sobre Educação de pessoas com necessidades especiais, organizada
pela UNESCO e o Governo da Espanha em Salamanca, em junho de 1994, que alcançou importante
progresso neste setor.
Partindo daí, no Brasil, vêm sendo implantadas diversas destas políticas através da educação
para todos, com leis que fundamentam as políticas direcionadas a vários segmentos: ao bem estar, à
prevenção, às questões sociais e políticas.
Por isso, surgiu a ideia da realização deste estudo que diz respeito à formulação de políticas
públicas voltadas para a inclusão social e educacional, que funcionem como elemento facilitador no
processo de cidadania através da igualdade de oportunidades para todos. Tem como proposta,
investigar as condições de atendimento do sistema regular de ensino a alunos com deficiência e analisar
a efetiva adaptação desses alunos a este sistema.
A hipótese diretriz, aqui, é verificar se as condições do estabelecimento de ensino regular
oferecidas aos alunos com deficiência interferem no processo de inclusão; e, mais precisamente, se há
contradição entre a legislação sobre inclusão e as condições oferecidas pelos estabelecimentos de
ensino regular.
Muitos procedimentos poderão sustentar estratégias que favorecem o meio inclusivo,
considerando-se que a Secretaria Municipal de Educação de Santa Rita/PB, tem destinado esforços e
recursos, técnicos e humanos, para a implementação de uma proposta pedagógica capaz de significar
as práticas de sala de aula de forma a garantir uma efetiva participação a todos os alunos. Cursos de
formação tem sido objeto de preocupação e investimento por parte da política educacional do Município.
Mas, as atitudes inclusivas somente se consolidarão se ações estiverem pautadas nos valores que
norteiam as tomadas de decisões dos profissionais, o que, infelizmente ainda não está ocorrendo, pois o
profissional deve ser observado a partir da sua organização conceitual, procedimental e atitudinal.
A Educação Inclusiva tem como suporte a legislação vigente que teve início com a Declaração
de Salamanca, documento básico que proclama a educação inclusiva como princípio norteador na
educação das pessoas com deficiência. Este documento introduz o conceito de educação inclusiva que,
segundo Canziani apud Camargo Jr. (2005) significa um cenário prospectivo que: essas pessoas estarão
livres dos estigmas que as marginalizaram no contexto sócio educacional, respaldadas que são por
legislação específica que garante seu atendimento em estabelecimento comum de ensino, recebendo
apoios necessários que cada caso exige.
Quando falamos em inclusão referindo-se a pessoas com deficiência estamos propondo sua
inserção na sociedade. Segundo Stainback e Stainback (1999). O objetivo da inclusão nas escolas é
criar um mundo em que todas as pessoas se reconheçam e se apoiem mutuamente. Estes autores
ressaltam, ainda, que: Precisamos observar cuidadosamente a maneira como as escolas têm
caracteristicamente se organizado em torno das diferenças individuais e como desenvolveram
alternativas.
Dada a devida importância a este destaque, convém dizer que a qualidade da aprendizagem no
âmbito escolar se faz necessária porque não se pode apenas inserir alunos heterogêneos, ignorando
suas diferenças individuais.
Ao contrário, precisa-se de alternativas para o desenvolvimento do processo de inclusão nas
escolas, que atendam a todos os alunos com suas diversidades e suas necessidades dentro de um
contexto comum.
Em 2002, no I Congresso Paulista de Direitos da Pessoa com Deficiência, elaborou-se um texto
sobre “O direito à diferença na igualdade de direitos”, que aponta a existência de vários documentos
internacionais sobre inclusão mostrando, que o mais importante deles, para o Brasil, é a Convenção
Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras
de Deficiência. O texto diz ainda que o Brasil é signatário deste documento, que foi aprovado pelo
Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº. 198, de 13 de junho de 2001, e promulgado pelo
Decreto nº. 3.956 de 08 de outubro de 2001, da Presidência da República.
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O referido texto diz que: Toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, que
tenha efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das
pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais deve ser
afastado (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2001).
Nas discussões sobre educação inclusiva, a figura do professor (seu saber e sua formação) é
vista como mediadora das transformações. Por isso, diversas são as fontes que mostram a necessidade
de formação continuada para uma prática pedagógica de qualidade, a exemplo da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional de nº. 9394/96 que ressalta no Capítulo V, Art.59, inciso III, a importância
de “Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores de ensino regular capacitados para a integração desses
educandos nas classes comuns”.
Segundo Mantoan (2005) inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e,
assim, ter o privilegio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A autora diz ainda que
inclusão é estar com, é interagir com o outro.
Silva e Carmo (2002) afirmam que:
A ideia de inclusão não visa a atender somente às crianças rotuladas de deficientes,
mas representa um avanço nas relações até hoje estabelecidas na escola regular.
Significa avanço na medida em que todos os princípios que até hoje nortearam a escola
regular terão de ser revistos e superados, pois a grande barreira existente contra a
inclusão, entendida, aqui, como possibilidade ampla e universal de acesso e
permanência na escola, é principalmente a pesada e ultrapassada estrutura escolar.
Ainda os autores concluem que essa estrutura precisa ser superada. Caso isso não ocorra, toda
e qualquer tentativa de mudança rumo à inclusão não passará de mais uma tentativa frustrada, que
infelizmente somente a história demonstrará.
Aceitar o desafio da inclusão é ultrapassar barreiras, no entanto, é possível trabalhar dentro
desta perspectiva. Desse modo, a inclusão de alunos com deficiência no sistema regular de ensino
representa um grande desafio para os professores que os recebem e requer um investimento da escola,
na organização e implementação de uma escola para todos os alunos.
A inclusão na fala de Fonseca (apud STOBÄUS; MOSQUERA, 2003): Exige outra escola, bem
diferente da atual. A escola deve ser uma comunidade aberta, onde todos são valorizados exatamente
por suas diferenças, que os fazem únicos e plenos de possibilidades a serem desenvolvidas no convívio
e na interação com o outro.
Destaca, ainda, o autor: Nesta nova escola, não há lugar para o conteudismo, para o fracasso,
para o simples repasse do conhecimento, para a exclusão e para a desistência, para a evasão.
O processo de inclusão tem propiciado uma discussão sobre os limites da escola, exigindo dela,
novos posicionamentos, um ensino de qualidade para todos os alunos e reestruturação das condições
atuais.
A inclusão é considerada por Duboc (2005) como uma única modalidade educativa que envolve
todos os membros da instituição no processo de atendimento a diversidade. Como implicação, requer
que as escolas se modifiquem para os com necessidades educativas especiais em classes regulares
independentemente das condições intelectuais, físicas, sociais e culturais destes, enfim de todos que
estão em busca de desenvolvimento.
Dutra e Griboski (2005) definem inclusão como:
A transformação da escola a partir de um conjunto de princípios, como a valorização da
diversidade como elemento enriquecedor do desenvolvimento pessoal e social, o
desenvolvimento de currículos amplos que possibilitem a aprendizagem e a participação
de todos. O respeito às diferentes formas de aprender, o atendimento às necessidades
educacionais dos alunos, a acessibilidade física e nas comunicações e o trabalho
colaborativo na escola.
No decorrer do tempo, a educação vem adquirindo a valorização necessária ao desenvolvimento
global do indivíduo. Para que isso aconteça e garanta a todos o direito ao crescimento, diversas
Instituições vêm se encontrando e discutindo sobre esta temática.
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A educação inclusiva é tema atual no contexto da política educacional do nosso país, leis e
diretrizes sugeridas na concepção de direitos humanos, provocam mudanças no sistema educacional em
todos os níveis e orientam para a disposição de reconhecer igualmente o direito de cada um no processo
educacional, fazendo investir a responsabilidade da escola com a promoção da cidadania.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº. 9394/96, em seu capítulo referente
ao direito à educação e ao dever de educar, Art. 4º inciso III, diz que: O dever do Estado com educação
escolar pública será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado gratuito
aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.(BRASIL,
2001)
Nessa perspectiva, a educação assume as funções social, cultural e política, garantindo a
construção do conhecimento por meio das interações que estabelece com o meio.
É importante destacar a propaganda veiculada na TV pelo Governo Federal Brasileiro que
afirma: Toda criança é única, especial e diferente, mas numa coisa todas são iguais – todas devem ir à
escola. Professores e funcionários estão se preparando para receberem os alunos portadores de
necessidades educativas especiais. É o Brasil aprendendo e crescendo com as diferenças (BRASIL,
2005)
Enquanto educador é preciso analisar criticamente como vem sendo divulgado esse processo e,
ao mesmo tempo observar como ele está sendo implantado no sistema regular de ensino.
A escola inclusiva é, portanto, tendência do momento, tornando-se uma meta a ser seguida
pelos profissionais comprometidos com a educação tendo a aprovação da sociedade.
O objetivo desta tendência é não deixar o aluno fora do ensino regular e propor que a escola se
adapte a ele, contemplando a pedagogia da diversidade.
A Educação Inclusiva requer uma filosofia de educação de qualidade para todos. E, para isso, é
indispensável o desenvolvimento de uma pedagogia voltada para o aluno, com a participação da família
e da comunidade. Isto implica a organização da escola para a aprendizagem de todos os alunos que
nela estão inseridos.
Hoje, no mundo inteiro, a inclusão educacional tem ocupado significativo espaço de reflexões,
devendo ser entendida como um processo contínuo e permanente.
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Baseando-se no texto de Salamanca, Carvalho (2004) afirma que:
Parece não haver dúvidas de que os sujeitos da Inclusão são todos: os que nunca
estiveram em escolas, os que lá estão e experimentam discriminações, os que não
recebem as respostas educativas que atendam às suas necessidades, os que
enfrentam barreiras para a aprendizagem e para a participação, os que são vítimas das
práticas elitistas e injustas de nossa sociedade. Os que apresentam condutas típicas de
síndromes neurológicas, psiquiátricas ou com quadros psicológicos graves, além de
superdotados / com altas habilidades, os que se evadem precocemente e, obviamente,
as pessoas em situação de deficiência.
Nesta perspectiva, Inclusão significa a transformação do sistema educacional, que deverá estar
preparado para identificar e eliminar as barreiras que impedem o acesso de alunos ao conhecimento.
A Educação Inclusiva é fundamental para que alunos com deficiência não sejam afastados do
convívio que a diferença proporciona, acreditem no potencial que trazem consigo e que vejam a
diferença como algo enriquecedor, mostrando a cada momento, as suas reais capacidades de lidar com
o outro.
METODOLOGIA
Caracterização do estudo
A proposta de pesquisa, aqui apresentada, foi de natureza exploratória, por desenvolver ideias
com vista em fornecer hipóteses em condições de serem testadas em estudos posteriores e descritiva,
por descrever as características de populações e de fenômenos, foi direcionada para um estudo de
campo, seguindo uma abordagem qualitativa como tentativa de uma compreensão detalhada dos
significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados (RICHARDSON, 1999).
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Investigou - se as condições de atendimento do sistema regular de ensino a alunos com deficiência e
analisou-se a efetiva adaptação desses alunos a este sistema.
Contexto/participantes
Nosso estudo foi conduzido numa escola pública da rede regular de ensino de Santa Rita na
Paraíba, que não só atende a alunos ditos “normais”, mas também recebe alunos com deficiência. A
escola localiza-se na zona rural, funcionando nos três turnos, atendendo, em média, 600 alunos oriundos
de famílias de baixíssimo nível sócio econômico, onde os sujeitos da pesquisa foram dois professores de
sala de aula representados como sujeito 1 (S1) e sujeito 2 (S2) no conteúdo de discussão dos
resultados, uma diretora escolar, sujeito 3 (S3) e uma mãe, sujeito 4 (S4), para manter sigilo sobre suas
identidades.
Procedimentos e instrumentos para a realização do estudo
Os procedimentos utilizados dividiram-se em duas etapas: Após obter junto à Secretaria de
Educação, Departamento de Estatística, a lista de escolas da rede regular de ensino e o Censo 2008, a
pesquisadora fez um levantamento sobre as que apresentavam alunos com deficiência inseridos. Dentre
essas escolas, foi selecionada uma para a realização da pesquisa.
Inicialmente foi feito contato com a direção da escola, onde foram explicados os objetivos da
pesquisa e pedida a autorização por meio de um termo de consentimento livre e esclarecido, conforme
as normas para realização de pesquisa em Seres Humanos, Resolução nº. 196 do Brasil (2002).
A escolha dos participantes baseou-se nos seguintes critérios: os profissionais deveriam estar
tendo contato com alunos com deficiência em sua sala de aula ou na escola, o aluno (filho) deveria
estudar ou ter estudado em escola regular. As entrevistas com os participantes foram realizadas na
própria escola e em horário por eles escolhido.
Posteriormente, foram realizadas as entrevistas do tipo semiestruturadas, que visa obter do
entrevistado o que ele considera os aspectos mais relevantes de determinado problema: as suas
descrições de uma situação em estudo (RICHARDSON, 1999). Uma direcionada aos professores e
direção escolar, onde foram feitas perguntas visando o conhecimento dos sujeitos sobre as diferenças
encontradas nos alunos com deficiência, conhecimentos referentes à inclusão, as estratégias e
procedimentos utilizadas nas aulas e a avaliação com relação ao processo de inclusão na escola regular
de ensino, enquanto que para a mãe foi realizada perguntas como o relacionamento do aluno com seus
professores e colegas de sala, as intervenções dos professores para com esse aluno, as decisões
tomadas para que a inclusão ocorresse e também sobre o conhecimento que essa mãe tinha sobre as
diretrizes que regem a educação especial.
As duas com enfoque nas questões referentes à inclusão, estabelecendo categoria como o
conhecimento da política, a capacitação de professores, as dificuldades e discriminação, os conceitos, o
espaço físico e o conhecimento da legislação. A gravação foi feita pela pesquisadora, utilizando um
gravador MP3 marca Sony e para melhor entendimento dos dados gravados foi transcrita num bloco de
anotações com ajuda do programa Microsoft Office 2007 (Média Player) que serviu de base para as
análises. Após a coleta de dados das entrevistas, foi possível refletir sobre o papel desses educadores e
mãe inseridos no contexto da inclusão.
Análise dos dados
Para análise dos dados os procedimentos técnicos adotados no curso do trabalho incluíram a
realização das entrevistas, a análise de fontes documentais e o relato de experiências de impacto para a
inclusão dos alunos com deficiência.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os depoimentos revelaram uma grande preocupação dos entrevistados que apesar de aceitarem
o aluno com deficiência, consideram-se despreparados para lidar com a inclusão.
Este é o retrato do que temos observado na prática, porém não é o que diz a Constituição
Federal. Esta Constituição, após eleger como fundamentos de nossa República a Cidadania e a
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Dignidade da pessoa humana, como um dos objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem
preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, após garantir
o direito à igualdade, trata do direito de todos à educação, que deve visar ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho. Além disso, elege como um
dos princípios para o ensino, a igualdade de condições de acesso e permanência na escola,
acrescentando que o dever do estado com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso
aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada
um.
De tais princípios e garantias, ninguém pode ser excluído, portanto, qualquer que seja a escola,
deve observá-los, sob pena de grave ofensa à Constituição Federal. Ramos e Fávero (2002).
Em razão destas colocações, o Ministério Público Federal vem orientando a todas as pessoas
com deficiência e seus responsáveis, que denunciem sempre que não conseguirem acesso a qualquer
nível de ensino, principalmente o ensino infantil e o ensino fundamental, em escolas e salas comuns da
rede regular.
Neste caso a análise das entrevistas se referiu ao modo como o sistema regular de ensino
recebeu o aluno com deficiência. Através dos dados coletados, foi possível compreender melhor uma
série de fatores sobre inclusão que precisavam ser investigados, a fim de possibilitar um maior
entendimento sobre suas complexidades, podendo, desta forma, chegar ao resultado de responder ao
modelo de inclusão adotado por esta escola da rede regular de ensino. Esta coleta foi uma amostra que
serviu como estudo piloto, para a realização de um projeto que será posteriormente desenvolvido com
uma amostragem mais ampla, objetivando a confirmação desses resultados.
A inserção do aluno com deficiência na rede regular de ensino tem sido motivo de grande aflição
para os educadores. Muitos, não recebem com bons olhos tal proposta, apontando dificuldades como a
precária formação para lidar com a inclusão, a falta de clareza quanto ao diagnóstico de alguns alunos, o
trabalho com a construção de limites e questões relacionadas à avaliação desses alunos pelo sistema.
Para que as pessoas com deficiência possam exercer esse direito em sua plenitude é
indispensável, portanto, que a escola se adapte às mais diversas situações. A estas adaptações
chamamos inclusão, ou seja, espera-se que os ambientes, inclusive os educacionais, estejam
devidamente preparados para receber todas as pessoas.
Ainda faltam políticas públicas adequadas para que exista apoio técnico e financeiro ás escolas
para tanto, além de se investir na preparação de professores. Exemplo disto é a fala do sujeito 1 (S1)
(masculino, licenciado em história) quando se refere a uma ex aluna que vem repetindo a mesma série
há vários anos “...chamei a direção, chamei também a supervisão, sempre foi um problema mais não se
tinha muito o que fazer, eu não sabia como trabalhar, eu acho que os outros colegas também não
sabiam...” e continua dizendo “...e tudo o que se fazia era muito dificultoso, com muita dificuldade, eu sei
que agora ela desistiu, foi transferida, eu vou até saber da diretora se ela foi transferida, mais me falaram
que ela estava estudando na outra escola, não sei...”.
Outra dificuldade apresentada foi a inexistência de profissionais com capacitação na área que
segundo os entrevistados, é de grande importância para o atendimento ao aluno com deficiência. Na
medida em que a escola implica um ensino adaptado às diferenças e às necessidades individuais, os
educadores precisam estar habilitados para atuar de forma competente junto aos alunos inseridos. No
entanto, autores como Goffredo (1992) e Manzini (1999) têm alertado para o fato de que a implantação
da educação inclusiva tem encontrado limites e dificuldades, em virtude da falta de formação dos
professores das classes regulares para atender aos alunos com deficiência, além de infraestrutura
adequada e condições materiais para o trabalho pedagógico junto a esses alunos. O que se tem
colocado em discussão, é a ausência de formação especializada dos educadores para trabalhar com
essa clientela, e isso, certamente, se constitui em um sério problema na implantação de políticas desse
tipo (SANT’ANA, 2005). O sujeito 2 (S2) (sexo feminino, administradora escolar) afirma que “...a gente
sabe que essa criança tem alguma deficiência, só não sabemos qual e como a gente pode fazer pra
ajudar, a escola até tenta...”. O (S2) diz que “a escola tem professores regulares (que não são do ensino
especial)...” diz ainda que “... as dificuldades maiores encontra-se a aluna que cursa até a quarta série,
mas que os professores julgam que ela não acompanha a quinta série, e aí, como fazer...”. Novamente,
o (S2) destaca “... a maior das dificuldades para lidar com essa aluna é a gente não ter especialidade
nesta área para trabalhar com eles...”. Percebe-se, portanto, que a maneira mais específica de lidar com
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esses alunos, ainda não esta clara para este sujeito. No que se refere aos diretores, cabe a eles tomar
as providências de caráter administrativos correspondentes e essenciais para efetivar a construção do
projeto de inclusão (ARANHA, 2000). Para Ross (1998), o diretor de escola inclusiva deve envolver-se
na organização de reuniões pedagógicas, desenvolverem ações voltadas aos temas relativos à
acessibilidade universal, às adaptações curriculares, bem como convocar profissionais externos para dar
suporte aos docentes e as atividades programadas.
Além disso, o administrador necessita ter uma liderança ativa, incentivar o desenvolvimento
profissional docente e favorecer a relação entre escola e comunidade (SAGE, 1999; REIS, 2000). Ele
não consegue sequer imaginar que é preciso experimentar, ter um contato mais próximo com o aluno,
com a família, criar vínculo de amizade, ter carinho para conhecê-lo melhor, perceber suas necessidades
e, a partir daí, fazer um perfil, ver o nível de conhecimento, a bagagem que ele trás consigo e de que
maneira pode-se contribuir dar sequência e inseri-lo no contexto escolar. O (S2) disse, que a escola não
tinha qualquer apoio pedagógico, pelo fato de não ter nenhum funcionário com formação em Educação
Especial.
O mesmo sujeito reconhece que esses alunos são inteligentes, enfrentaram dificuldades e estão
prontos para aprender. Mas é preciso alguém com especialização para dar ao aluno um suporte
necessário.
Quando o (S2) refere-se a uma aluna surda diz: “... eu não sei falar a língua, então como é que
eu vou me comunicar com essa menina, precisa de alguém, precisa de ajuda...” Quanto aos colegas de
sala “... eles recebem os alunos especiais muito bem, que estão acostumados a aceitar os outros...”. Sua
preocupação maior é “... o que devo fazer como lidar...”.
Se existir um aluno com deficiência auditiva matriculado numa escola, esta deve contratar um
intérprete e promover as adequações necessárias ás suas expensas. Estes custos devem ser
computados nos custos gerais da instituição de ensino, pois ela está obrigada a oferecer a estrutura
adequada a todos os seus alunos, esta estrutura deve contemplar as pessoas com necessidades
especiais. Os professores precisam também ser orientados quanto ao modo de comunicação dos surdos
para flexibilização de currículos e conteúdos.
O (S2) ainda não tentou definir características, necessidades dessa aluna e parece esperar que
as dificuldades se dissipem, sem fazer tentativas, pois não foi mencionada, em momento algum, uma
possível mudança de atitude com relação ao atendimento ao aluno com deficiência.
Percebemos também, que a escola não tem o hábito de realizar reuniões de pais, para discutir
com eles as necessidades dos alunos melhorando atendimento, tornando essa aproximação mais
enriquecedora.
Assim, nenhum programa de integração/inclusão poderá esquecer o importante aspecto da
educação dos pais, da família, integrando-os ao sistema escolar realizado a integração familiar, pode-se
falar em integração/inclusão dessas pessoas “começa na família e se amplia nos programas de
atendimento dentro e fora do ambiente escolar Canziani (2005)”.
Ainda a autora relata que “para implementar a integração na escola devem ser incluídas as mais
variadas modalidades de aprendizagem que esse ambiente possa oportunizar”. Isto, desde o ensino
propriamente dito, até a convivência entre os alunos, seu relacionamento com os professores e demais
pessoas que trabalham na escola; o contato com os familiares, os estímulos do ambiente físico. Enfim,
tudo que caracteriza a escola como marco de ação, no contexto da educação Canziani (2005).
Observou-se, ainda, que os sujeitos acreditam que seria melhor se houvesse, na escola, um
espaço específico segregado que fosse mais adequado para garantir a esses alunos com deficiência o
acesso ao conhecimento. O sujeito 3 (S3) (sexo feminino, nível superior) trabalha há 16 anos nesta
escola tem aluno com deficiência mental na sala, acredita que ele chegou à escola através da mãe.
Porém, na ocasião, a mãe não falou que ele era deficiente. “... não disse que ele era diferente, a gente
nota que ele não é uma pessoa normal...” e complementa “... na minha disciplina eu não o forço a fazer
nada, dou muita atenção a ele...”. Quando o (S3) fala sobre este aluno deixa transparecer a necessidade
de tratá-lo diferentemente dos outros. É como se o aluno não suportasse ser contrariado em nenhum
momento e que todas as suas vontades devessem ser atendidas, e que a professora tivesse de
superprotegê-lo dos colegas ou de problemas que ocorressem em sala. Ao descrevê-lo, diz: “... tem um
jeito que ele não tem limite, você olha assim e não diz que ele é uma pessoa normal, se aperrear ele, ele
passa a mão na cabeça e sai na carreira e aí eu deixo sempre ele a vontade...”.
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As atitudes do (S3) deixam transparecer sua dificuldade em trabalhar esta situação, o que fica
evidente em seu posicionamento durante sua fala. O comportamento deste aluno justifica, de forma
clara, a preocupação do (S3) em lidar com ele e não contrariá-lo jamais. É como se todo o tempo este
sujeito tivesse protegendo o aluno dos colegas e até dele mesmo, comportamento decorrente, talvez, da
falta de conhecimento de atendimento educacional especializado.
O referido sujeito coloca de maneira sincera que “... a dificuldade maior é que deveria existir um
lugar especial pra ele e não é dificuldade trabalhar com ele, dificuldade é trabalhar com ele junto dos
outros...”. Então, a ideia deste sujeito ainda é a de que alunos com deficiência devem estar numa sala
especial, segregados, onde estarão, quem sabe, seguros de ofensas, não tendo que conhecer tantos
conteúdos, nem sofrer diante das dificuldades que normalmente, a escola poderia proporcionar a eles.
Acredita-se, portanto, que a inclusão não se caracteriza apenas pela convivência entre pessoas
com e sem deficiência em um mesmo ambiente. Ela exige mudanças que beneficiem toda e qualquer
pessoa. Uma escola é chamada de inclusiva quando consegue implementar medidas efetivas, a
acessibilidade, demonstrando que há preocupação em acolher toda a pluralidade de modos de ser e de
existir, presentes nas pessoas.
O depoimento de uma mãe sujeito 4 (S4) relata a experiência de seu filho na escola regular de
ensino. “... Meu filho único, 13 anos, tem deficiência física e mental. Eu ainda faço o ensino médio
procuro participar da vida dele na certeza de lutar pelo que acredito...”. “... Ele frequenta uma instituição
especializada, mais, já estudou em escola para normais...” esta escola tem parte normal e parte
especial, só que ele ficou no colégio com crianças normais. “... Minha expectativa era boa, ele andou,
falou, brincava com os colegas, chegou à escola com quatro ou cinco anos, e falou com sete...”. “... Ele
saiu da escola por causa do carro. Ele chegava de sete, saia de que, de meio dia à uma hora e chegava
de seis, sete horas. Quando ele saiu da escola, a professora veio atrás de mim depois, para eu voltar
com ele. Ele tinha boa relação com os colegas e com a professora. A escola era boa de acesso.
Conheço as diretrizes através de X, Y e outros lá (X e Y representam os nomes das professoras citadas
pelo S4)”.
Quando a mãe fala nas diretrizes nacionais de educação especial, percebe-se que seu
conhecimento é superficial embora ela esteja procurando sempre informações. Talvez estas diretrizes
não tenham chegado ainda a suas mãos.
O (S4) afirma que a escola recebeu seu filho como receberia um aluno normal: “... acho que o
tratamento é tudo igual, do jeito que ela tratava o normal ela tratava meu filho...”.
Ao detalhar o dia do seu filho em sala de aula conta “... a professora ensinava os meninos
normais para depois ensinar os especiais...” e complementa dizendo “... tinha que ficar alguém olhando
os normais, eu ficava olhando os normais e ela ensinava dois especiais, eu ficava na sala...”. Trata-se,
pois, de uma mãe presente, que procura entender e compreender as dificuldades que a professora
encontra, e se dispõe a ajudá-la. Este aluno ficou nesta escola três anos e lá ele iniciou na alfabetização,
depois fez a primeira série, tinha apoio pedagógico e alguns professores já lidavam com deficientes. A
mãe diz “... lá, ele aprendeu muitas coisas, aprendeu o a, e, i, o, u. Ao falar da professora afirma: ““... lá
as professoras não ficam tristes, só que, quando a professora ia ensinar o normal, eu esperava por ela
pra depois ela ensinar a meu filho...” diz “... mais aí ela tinha razão. Eram 36 alunos normais na sala e só
dois deficientes...”.
A presente pesquisa ressaltou algumas experiências, tentando estabelecer um diálogo que
pudesse indicar saídas para as dificuldades encontradas na prática pedagógica de professores, cujas
salas de aula possuem alunos com deficiência. Aceitar e valorizar a diversidade são o primeiro passo
para fazer parte desse processo inclusivo, criando uma escola de qualidade para todos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo apresentou alguns dados que permitiram uma reflexão sobre os aspectos relacionados
à efetiva inclusão de alunos com deficiência inseridos no sistema regular de ensino. Os principais
resultados apontaram que a escola precisa mudar e que o processo de inclusão não está acontecendo
de forma satisfatória, que os alunos da escola em foco ainda não estão incluídos no sistema regular de
ensino e que os professores estão cientes de não estarem preparados para essa inclusão.
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Em consequência de alguns fatores, tais como: despreparo dos professores, decorrente de sua
formação inicial e continuada, eles não aprenderam as práticas educacionais essenciais à promoção da
inclusão e precisariam do apoio de especialistas; baixos salários; Indisponibilidade de apoios
necessários, como, a atuação de professores-intérpretes da língua de sinais, serviços de apoio
pedagógico para complementação curricular, utilizando procedimentos e materiais específicos.
Além da infraestrutura e condições de trabalho precário; a totalidade de alunos por sala; falta de
relacionamento família / escola com participação mais efetiva entre estas instituições; o
desconhecimento das diretrizes nacionais da educação especial necessário para que a escola perceba
os princípios que embasam a política educacional adotada, como também as formas pedagógicas e de
administração consideradas como eficazes, na orientação inclusiva e em suas culturas, políticas e
práticas; enfim, apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à comunicação, dificultam esse
processo.
Considera-se, portanto, que a perspectiva que se apresenta para os alunos, está distante de
atingir aquilo que preconiza a política de inclusão escolar. Isto fica evidente quando se observa que
diminui, sensivelmente, o número de alunos com deficiência nas séries avançadas nesta escola.
Os participantes reconheceram a importância de uma escola que atendesse a todos os alunos,
onde estes fossem valorizados por suas diferenças, no entanto, disseram que não estavam preparados,
que o processo de inclusão precisa ser discutido com todos da escola para visualizar estratégias
adequadas e que precisavam de apoio de pessoas especialistas.
É importante destacar, que as análises aqui expostas, devem ser constantemente submetidas a
novas análises e reformulações, o que dá a estas conclusões finais um caráter provisório e, não como
verdades absolutas. Tais conclusões devem ser encaradas como questionáveis abertas, de maneira que
possam suscitar investigações que venham contribuir para a elucidação desta temática.
Os dados obtidos vêm reafirmar a necessidade da formação dos professores como uma questão
relevante no momento que a ação docente passa a fazer parte de uma educação regida pelo paradigma
da inclusão.
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