Artistas Portugueses-Canadianos de Ottawa-Gatineau (pdf 1, 683k)

52
Musacademia
Volume 1 Number 5
September 2006
Back page Image by Deolindo da Silva
[ Pregos do Sacrificio / Nail of Sacrifice ]
Casa Portuguesa
de Artes e Cultura
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Este número da Gazeta foi patrocinado pela
Casa Portuguesa de Artes e Cultura.
Os nossos agradecimentos.
Cette édition a été comandité par la
Maison Portugaise des Arts et Culture.
Merci pour votre soutien.
The printing costs for this issue were paid
by Portuguese House of Arts and Culture.
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Musacademia
Volume 1 Number 5
September 2006
Montagem
editorial dos
trabalhos
fotográficos
de
Élio Mendonça
Portuguese-Canadian Artists
Ottawa-Gatineau
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NOTICE TO ALL ARTISTS
Submissions
No payments are made to any artist. This is a
promotional magazine for the artists and a non
profit Group.
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etc.) should be sent to us by the 15 of
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it will depend of our team decision.
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• Paintings should be submitted in digital
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in black and white or grey scale washout
and usually as background art for the text
boxes.
• Photography will be printed in the same
terms as the Paintings, unless chosen for
front/back cover.
• Musical artists or groups are encouraged
to participate in our night of arts and send
us a small biography of themselves ahead
of time for our publication.
• Authors will not receive a copy by mail
unless requested with return postage envelope.
Editor
José Carlos Rodrigues
Corrections Chief
Portuguese - Maria João Boavida e Nuno Coelho
English & French - (still looking)
OUR ARTISTS COLLABORATORS
Moisés Silva, Antonio Pereira,
Agostinho Sendão, Sereia Dos Acores,
Maria da Luz Maio, João Luis Alexandre.
Marques. José Eliso Moniz, Élio Mendonça
2
Musacademia is published 6 * p/year
by the Portuguese-Canadian Artists
Of Ottawa-Gatineau.
Paticipate, send us some material.
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padrehimalaya@yahoo.ca
2
51
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The Portuguese show Sundays 10AM to 11AM
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613-241-2743
190 Dalhousie Street,
Ottawa, ON K1N 7C6
Cafe Caco Sports Bar
613-749-8249
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Vanier, ON K1L 6E8
Lisbon Bakery & Café
613-741-2978
355 Montreal Road,
Vanier, ON K1L 8H3
Mario's Food Centre
613-749-1247
381 McArthur Avenue,
Vanier, ON K1L 6N5
Europa Food Centre
613-749-9935
77 Beechwood Avenue,
Ottawa, ON K1M 1L8
Tugal's Restaurant
613-789-9295
74 Cobourg Street,
Ottawa, ON K1N 8G8
Pombalense Meat & Fish
819-770-3724
39, rue Frontenac,
Gatineau, QC J8X 1Y9
Restaurant Mar Azul
819-770-2460
172, rue Eddy,
Gatineau, QC J8X 2W9
Euro Copies & Printing
613-241-1317
44 Murray Street,
Ottawa, ON K1N 5M4
51

50
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COME AND SIGN
OUR GUEST BOOK
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3
“As nossas igrejas foram as nossas pontes do passado
e assim, hoje, acolhem a comunidade Portuguesa num
passado presente...”
Por J.C. Rodrigues
Comunidade Portuguesa em transição.
A nossa comunidade de Ottawa Gatineau esta numa fase
moribunda em termos de artes. Em comparação com o nosso
país de origem, com o nosso país de acolhimento, e com as
outras comunidades portuguesas residentes no Canadá, estamos
a ficar para trás.
Temos neste momento alguns veteranos e instituições
portuguesas na nossa região que sofrem duma estagnação e
falta de promoção cultural. Simultaneamente, temos uma
geração nova que começa a querer participar e continuar certas
tradições, assim como criar novas formas de contribuições
artísticas e culturais no seio comunitário e na sociedade em
geral.
Eu penso que é importantíssimo começarmos a pensar
numa estrutura central aonde nós nos possamos interajudar e
trabalhar em grupo.
Como neste momento, as únicas casas portuguesas
culturalmente activas que se encontram separadas da igreja são
os Amigos Unidos em Hull, o Clube do Lusitânia e,
recentemente, a Casa das Artes e Cultura, a minha sugestão é
simples : propor aos diferentes organismos a criação duma
comissão cultural central. Essa comissão cultural podia vir a
coordenar os vários aspectos necessários à promoção cultural e
fazer a interligação entre as varias organizações da região.
Numa época em que é difícil encontrar pessoas para o
voluntariado, a minha sugestão é a simplificação e
mordenização das comissões e organizações, ou seja, a
concentração de várias comissões e organizações numa só.
Assim, os seguintes grupos poderiam unir-se e criar uma mesa
redonda (round table) para serem mais fortes.
A religião tem-nos sido útil e continua a ter uma missão
importantíssima nas nossas vidas de cristãos. Eu encorajo todos
a continuar a participar e apoiar as nossas igrejas, pois somos
todos católicos, e Deus sabe como as Igrejas estão com
dificuldades financeiras.
Mas, por outro lado temos que dar continuação à cultura
portuguesa e às artes, temos que ser unidos e criarmos uma
comissão colectiva das varias organizações. Pois, também
somos todos Portugueses…
Juntos poderiamos encontrar soluções aos vários
dilemas que a comunidade apresenta, em termos de artes e
cultura, duma forma mais eficaz e com sucesso.
Por favor, pensem nisso…
padrehimalaya@yahoo.ca
3

Padre Manuel Antonio Gomes Himalaya 1868-1933
"Father Himalaya" is considered to be the father of solar
energy in Portugal, and a visionary pioneer in the field of
renewable energy. After taking Holy Orders in the Society
of Jesus he studied natural sciences, physics, chemistry,
mathematics and astronomy, and traveled to France where
he studied with the noted chemist Marcelin Berthelot. In
1899 he was granted a patent by the French government for
a device to produce heat by focusing the sun's rays. In 1900
he constructed a test device in the Pyrenees and attained a
temperature of 1100 degrees centigrade. In 1902 an experi-
ment in Lisbon attained 2000 degrees, and he made a final,
startling demonstration of the power of such a device at the
4
St. Louis Exposition in Missouri 1904. There he constructed
his "Pireliofero", a 3-story high parabolic mirror mounted on
a monstrous iron framework which focused sunlight on an
oven mounted at the top of the structure. The oven reached a
temperature of 3500 degrees, melting a test chunk of basalt,
and Father Himalaya won a Grand Prize for his efforts. He
promoted other forms of renewable energy as well, includ-
ing tidal energy and hydroelectric power, wind power, and
geothermal power. Alas, there was plenty of cheap coal and
oil available, and his work was generally ignored and for-
gotten. Father Himalaya retired to become chaplain at Viana
Castle, a charity home, where he died at the age of 65. His
work has excited interest in Europe in recent years, and his
ideas have only lately attained a measure of the respect
which eluded them in his lifetime.
4
49
Maria da Luz Maio (Fadista)
Nasceu em Vila do Conde Portugal. Quando era jovem
ficou comovida por Amália Rodrigues e desde os seus
15 anos nunca mais
parou de cantar o fado.
Radicada em Ottawa no
Canadá, participa ocasionalmente
em espectáculos
culturais organizados
pela casa da cultura
e artes. Como Ottawa
é uma cidade pequena,
e com poucos artistas
que tocam a guitarra
do fado, a Maria da Luz continua a procurar
acompanhantes para a sua lindissíma voz.
Sereia dos Açores (Poeta)
De sexo femenino, esta grande poeta esconde-se entre
nós. Prefere guardar a sua identidade secreta.
Diz-nos que a poesia e a arte são meios de communicação
dos sentimentos e de mensagens e nao obras
de prestígio ou de popularidade. Assim, prefere que o
leitor se concentre na mensagem da leitura e nao na
personagem que a escreveu.
Across Canada Portuguese Artists are growing
Other Portuguese-Canadian artists in our community
We are still trying to find:
Portuguese Canadian Artists in the Region of
Ottawa Gatineau.
If you know of a Portuguese Canadian artist, or
any artist that his works reflect the Portuguese
society and culture, please tell us about it...
http://musacademia.tripod.com
49

48
Deolindo da Silva (Painter)
Born in Cidade do Porto, Portugal,
Deolindo is a self made artist.
After his arrival in Canada,
being homesick and encountering
life difficulties in a totally
new world, forced an emotional
intelligence upon himself and an
approximation to our Creator
that is worth taking the time to appreciate. This is obviously
seen through the works he has produced reflecting
Creation and the Creator –an inspirational voyage that I
have enjoyed since the very first day I’ve seen his paintings.
He tells me that he read many books and observes how
others use different methods of mixing and brushing colours.
He experiments in ways to search for the spontaneous
thought where it is most pure and uncontaminated.
He wishes to expose the freedom of thought in its
pure form, where nothing is wrong, just part of creation,
with limits of course. If the thoughts are of evil then our
pure imagination is to know and not to fall in the abysm
of darkness...
Deolindo has used different styles and techniques and
continues to purify his own style as a form of freedom
from what society and world sometimes imprisons us in.
From brush strokes to mixing the paint right on the canvas,
always looking for the colors of the Portugal in his
heart and the effects of lighting and shading in his spirit,
he continues the path of an emerging artist.
Deolindo has been the right arm and persistent for the
existence of this Portuguese Canadian artistic movement
(Musacademia) in the region of Ottawa Gatineau. I hope
others will follow in his footsteps and allow their spirit of
freedom to shine through art and help Musacademia as
much as Deolindo has done.
To contact him: terraavista@hotmail.com
48
5
Traduzido da versão Inglesa
“The Niche of Sao Tiago”
Escrito por José Carlos Rodrigues
A Igreja de São Tiago
(Continuação do Volume 1 Numero 4
Enfim o cume da montanha. Apesar de estar
sem fôlego, António recuperou as suas forças ao escalar
a longa escadaria de granito que conduz ao interior da
igreja. Olhando em volta, apreciou o vale lindíssimo, as
oliveiras centenárias e dois ciprestes enormes, que
sangravam pelas feridas causadas pelos folhetos
informativos que por hábito ali se afixavam.
Quando era adolescente, António e todos os
rapazes e raparigas chegavam uma boa meia hora antes
do início da missa. Mas ninguém entrava para à igreja
antes do início das cerimónias. Formavam-se grandes
círculos de conversação com separação de sexos. De um
lado eles, do outro elas, que este solo sagrado implicava
um certo sentido de decência... Eles falavam de futebol e
de mulheres. Elas falariam das romarias que se
aproximavam e, claro está, de rapazes. Era uma
belíssima oportunidade para se saber quem era
comprometido e quem ainda estava disponível. As
raparigas conferenciavam sobre quem fez a corte a quem
e se se desse o caso de o mesmo rapaz tentar a sua sorte
com mais do que uma, esse seria fatalmente posto de
parte: Ninguém sairia com esse. Era a cultura do respeito
mútuo. Uma rapariga que se prezasse não admitiria ser
cortejada por um rapaz até que ele provasse as suas
melhores intenções e que elas fossem honestas e
respeitadoras.
Depois de um certo tempo, o mordomo faria o
sino girar uma vez, fazendo ecoar uma forte e seca
pancada, que anunciava a chegada do pároco e o
consequente início da missa. Era altura de parar com a
conversa e adequar os olhares ao momento solene que se
seguiria. Todos se dirigiam para dentro da igreja,
juntando-se às mulheres mais velhas, que há muito
rezavam terços atrás de terços.
As mulheres entravam pela porta principal. A
porta onde todas as cerimónias importantes, como a
procissão de velas, decorriam; era a porta de entrada na
casa de Deus.
5

Os homens, esses, entravam pela porta lateral,
por norma atrasados, em relação às mulheres. Até no
campo religioso o homem desafia as regras estabelecidas,
o que é admissível, uma vez que a mulher, segundo a
Bíblia, foi criada a partir da figura masculina.
Ao entrarem, molhavam levemente as pontas
dos dedos, no recipiente de água benta que se encontrava
junto às portas, e faziam uma longa vénia até tocarem com
o joelho direito no velho soalho da igreja.
Os homens ocupavam os lugares cimeiros, junto
ao altar-mor. As mulheres ficavam na parte de trás da
igreja, junto à pia baptismal. Por vezes, um homem mais
liberal sentava-se junto da sua esposa na parte de trás, mas
uma mulher nunca se atreveria a colocar-se na parte
reservada aos homens. E se o homem o fazia, teria que ser
muito respeitado para não ser motivo de chacota.
A divisão de papéis era muito rígida. E,
naturalmente, não se aplicava apenas a esta questão dos
lugares que se ocupavam na missa. Uma mulher podia dar
uma estalada pública ao seu marido, sem que ele dissesse
uma palavra em desagravo, se ela tivesse razão e ele fosse
culpado de algum acto indecente. Uma mulher não
consentiria que um homem assistisse a um parto, mas
esperava que ele percebesse o sacrifício por que passara.
Em relação às decisões domésticas, elas estavam também
a cargo da mulher.
A avó de António angariou o seu respeito social
seguindo essas regras, agora ultrapassadas. Sentava-se
sempre na parte de trás da igreja, ali ao lado do altar de
Nossa Senhora de Fátima. Não se atrevia a ir à parte da
frente da igreja, a não ser para receber a comunhão. Era
uma mulher bondosa e corajosa, que sabia como e quando
falar. E quando ela falava, podia fazer o homem mais
valente tremer. Era uma mulher leal, trabalhadora e
possuidora de uma inabalável fé e devoção ao próximo e à
igreja. Era uma pessoa sensata e isso também contribuía
para o respeito que lhe dedicavam. Conseguia estruturar
um discurso argumentativo, sobre qualquer assunto da
aldeia, melhor e mais facilmente do que qualquer pessoa
com mais instrução na paróquia, e isso incluía o próprio
padre. Era bondosa, conhecedora e tolerante. E em
momento algum a sua voz se exaltava ou insultava quem
quer que fosse, para vincar a sua opinião.
6
6
47
Antonio Pereira (Poeta)
Natural da freguesia de S. Antonio de Sao Mi-
guel, Açores, o Senhor Antonio Pereira (28-11-
1922) tem escrito milhares de poemas por
puro prazer da poesia. A poesia para ele é uma
forma de não esquecer as nossas raízes de
língua e cultura portuguesa, assim como uma
forma de matar saudade. Toda a nostalgia que
sentimos da nossa terra sai em palavras de
inspiração que servem para partilhar, com a
família e amigos, os sentimentos da vida.
José Carlos De Araújo Rodrigues (Escritor)
Natural do Minho
do Concelho de
Arcos de Valde-
vez, o José Carlos
tem se dedicado à
escrita de ficção
histórica.
Escreve para par-
tilhar o que é im-
portante para ele,
esperando dar ao
leitor um prazer
na leitura e
aprendizagem. He
also writes stories
for children and
poetry. In 2004 he published his first book,
Le Dragon du Lac Osisko.
Involved in our Portuguese community as
Coach/Manager for FC Unidos Old Timers,
he is an example of second generation
that continues to value the roots of his
ancestors.
47

46
Agostinho Sendão (Poeta)
Natural do Minho, da freguesia de Santa Cruz,
Concelho de Ponte da Barca, o Senor Sendão é
um poeta popular com um sentido poético de
profunda reflexão. A nostalgia da sua terra e dos
seus tempos de jovem relatam bem a sua sau-
dade. Também amante desta terra, Canadá, pro-
cura sempre partilhar a sua cultura portuguesa
como um Português Canadiano orgulhoso dos
dois Países. Mensagem que ele pensa que os jov-
ens Portugueses aqui radicados deveriam de con-
siderar. Começou a escrever poesia pelos seus 28
anos após uma birra com estudantes de Soajo,
que tinham a mania de fazer poemas. Um dia
picou o dedo no monte e pôs-se a pensar….
Se firo o meu dedo,
A dor vai direita ao cérebro
E retorna ao dedo
Também o poema
Como uma canção
Vem ao Coração
Quebrando meu tédio
Daí que um senhor chamado Ênes lhe disse:
« Agostinho, se tu fizeres mil poemas como este,
serás muito conhecido ».
Acontece que o Senhor Sendão já fez milhares de
poemas e ainda nao é conhecido pela sua poesia
como devia de ser. Em todo o caso, é um Senhor
formidável e muito bem conhecido aqui na cidade
de Ottawa, pela nossa comunidade Portuguesa,
que o estima muito como pessoa e apreciamos
bem a sua poesia.
46
Uma vez, alguém ocupou o seu lugar cativo na
igreja. Ao aproximar-se, tossiu ligeiramente para anunciar a
sua presença. A mensagem foi prontamente entendida pela
outra pessoa que, de imediato, se retirou para outro lado. Na
secção masculina, havia procedimentos idênticos. Se um
ancião marcava o seu lugar, ninguém se atreveria a ocupálo,
mesmo que o senhor desse lugar não comparecesse à
missa. Era uma sociedade capaz de entendimento mútuo,
sem grandes palavras. Ali mandava a tradição e o respeito –
uma espécie de interactividade simbólica.
Ao fixar o chão do átrio da igreja, os seus olhos
adivinharam o muro branco e comprido, que vedava uma
zona rectangular enorme, do lado esquerdo da igreja. Era o
cemitério, o lugar que ele desejava visitar.
Entrou nesse solo sagrado com as pernas a tremer e
o coração disparado. A tristeza começava a instalar-se no
seu corpo e o seu pensamento procurava as palavras certas
para dizer à sua avó. Estava aí para lhe agradecer.
Agradecer-lhe a educação, a sensatez e mais do que tudo,
agradecer-lhe o facto de lhe ter dado um pouco da bondade
que o seu coração emanava. Pensou dizer-lhe o quanto a
amava e como sentia a sua falta. Mas este era também um
momento feliz. Saber que a vida da sua avó fora longa e
completa comovia-o de uma forma tranquila. As suas
acções sempre demonstraram ser a prova viva da sua
devoção e a fé tê-la-á seguramente conduzido para um lugar
melhor.
Benzeu-se com um pouco de água benta da pia de
pedra, à entrada do cemitério. Depois, deslocou-se até à
campa da sua prima, fazendo um percurso que lhe era
sobejamente conhecido. A fotografia de Ana Maria, tirada
na primeira comunhão, sorria-lhe desde a pedra tumular.
Receberam juntos a primeira comunhão. Era uma menina
muito bonita e inteligente, como o comprovava a sua bata
sempre impecavelmente limpa.
- Olá, prima. Desculpa ter ficado tanto tempo sem te
visitar. Estás segura com os anjos. Sinto-o. Mas as saudades
continuam a apertar-me o peito… Nunca te esquecerei. Se
pudesses enviar-me alguma força desse lugar onde estás,
ficar-te-ia imensamente grato. Estou aqui para me despedir
da minha avó, como certamente sabes. – António falava sem
desviar o olhar da pequena fotografia. – Que o universo
consiga reunir as nossas almas, um dia! Até lá, querida Ana
Maria.
7
7

8
Lentamente, recomeçou a caminhar por
entre as outras campas. Os seus olhos passavam
fugidios pelas fotografias de outros rostos que ele um
dia conheceu. Alguns eram espíritos simples. Outros,
pessoas ricas e respeitadas e outras simples pessoas
adoráveis. Depois, os seus olhos captaram a
fotografia mais maravilhosa de todo o cemitério.
Uma fotografia preenchida de amor incondicional,
extrema bondade, simplicidade, fé e sacrifício. Era a
fotografia da sua avó.
Colocou-se aos pés da campa, desenhando
uma vénia, com a cabeça. O seu queixo levantou-se
lentamente, como se lutasse com ele próprio para
observar completamente a sepultura. Era a fotografia
que lhe ocupava todo o olhar e, por um longo
minuto, ele acreditou que a sua avó estava ali com
ele, viva. Depois, pôs-se a admirar o lugar
maravilhoso que a sua mãe e tias haviam preparado.
O túmulo era coberto por uma esplêndida
pedra de mármore branca e cinzenta. À cabeça ficava
uma capela miniatura, feita em pedra, ladeada de
candeeiros e um crucifixo. A sepultura propriamente
dita, era uma peça de mármore branca, esculpida na
forma de um livro. A inscrição descrevia Deus e o
seu rebanho. A sua avó era um cordeiro dedicado
que nunca deu muito trabalho, pensou António.
Desejou ser mais parecido com ela, nesse aspecto.
Perguntou-se se o seu nome estaria também inscrito
no grande livro de Deus, aguardando o seu destino.
A fotografia da sua avó era bastante
pequena, por isso, ele aproximou-se para vê-la
melhor. Parecia uma bola de cristal. Ao olhar com
mais atenção, António verificou que a sua longa saia
preta estava a ser puxada por dois rapazes, um de
cada lado. Ela segurava ao colo, uma terceira
criança, ainda bebé, vestida de branco. Numa
questão de segundos, o passado preencheu-lhe o
olhar, como se se tratasse de um filme antigo. As
lágrimas começaram a cair-lhe pelo rosto, parando
na longa pedra de mármore. O nó que se instalou na
garganta era insuportável e não se desfez, enquanto
murmurava algumas palavras dirigidas à sua avó.
8
Marques Soares
(Artesão)
Artesão amador
(segundo as suas
palavras) considera
a sua arte como uma
forma de hobby.
45
Numa fase de saber dar valor à arte que
produz, o Marques faz lindos trabalhos.
Artesão tradicional Português, o Marques é de
facto um artista, e na nossa opinião, é uma
pessoa que expressa o seu portuguesísmo por
uma forma de arte. Portanto, todos que
registram valores e acções, concretas ou
abstractas, do nosso mundo real são artistas.
O senhor Marques produz lindos artesanatos
que representam o Portugal rural e
desportivo, parte da cultura portuguesa, logo
é um artista. A nossa equipa da revista
Musacademia oferece-lhe os sinceros
parabéns.
45

Joao Luis Alexandre
(pintor)
Filho de pais oriundos
de Loulé, o “Jean
Louis” nasceu em
França. Emigrou para
o Canadá, país que lhe
ofereceu o que ele
mais gosta –the great
outdoors.
44
Começou a pintar em
1991, motivado pelo
amor que tem pela natureza, a vida selvagem e a
caça. Trata a arte como um momento de reflexão e
de relaxamento. As técnicas que aplica são aprendidas
por ele mesmo, utilizando o erro e o ensaio
como mãe do conhecimento.
Jean Louis style offers a magnificent impressionism
of the recreation of wildlife and nature. His
hobbies of hunting and fishing inspire him. He
finds relaxation in painting and feels it is a wonderful
form of self therapy against the stresses of
today’s world. Living in a country where winters
are long, painting fills some of the void that loneliness
seems to occupy during long winters. It is
also a form of reaching for perfection and self
education. A painting is a registry of the world
around us and inside us that stays forever. A trap
that hunts well our ideas for later revision.
Other artists have inspired Jean Louis and so have
books, but he trusts the mother of all knowledge,
trial and error, as the best source to exploit his
new techniques. He loves to attain quality and
only paints when inspired, about two a painting
per year.
In resume he loves his paintings and paints what
he loves, for those who love the same things as he
does. With a curious mind, he searches to convey
what is in the imagination and first paints with the
brain, or a mood, or a feeling. Then it is all about
the colors, how others did it and how he is going
to do it. It is a passion that always hunts him. Exploring
the lightening and the shadows, mixing the
colors, and creating something for him-self are
what his works are all about. It is also what people
see when they look at his work –self worth.
Involved in our Portuguese community and playing
soccer with FC Unidos in the Old Timers, Jean
Louis is an example of second generation that
continues to value the roots of his ancestors.
Editorial
44
9
- Obrigado por ter sido mãe e pai para mim e para os
meus irmãos. Por favor, perdoe-me por ter sido uma criança
rebelde e irrequieta. Eu sei que a avó nos amava, tal como
amou os seus oito filhos. Eu amo-a, avó. Hei-de amá-la
sempre! – Tornava-se difícil engolir e a dor na sua garganta era
devastadora. As lágrimas continuavam a correr como uma
queda d’água. Era a dor de ter perdido a sua avó que o
assolava, mas também o reconhecimento de todos os esforços e
sacrifícios por que ela passou. O seu marido emigrara para o
Brasil, deixando-a sozinha com oito filhos para criar. Nunca
mais voltou. Depois, aos cinquenta e cinco anos, começou tudo
de novo e teve a seu encargo mais três crianças para criar,
António e os irmãos. Foi uma mulher gigante, em coragem.
Teria ele essa força? - Duvido... – pensou.
Osama e o jovem pastor passaram-lhe pela
lembrança. Enquanto tentava enxugar as lágrimas, apercebeuse
que havia uma pequena poça de água na pedra mármore
branca e cinzenta.
- Como pode o fruto da tua coragem, sacrifício e fé ser
tão fraco, avó? – Ao dizer isto, a imagem do padre
Himalaya apareceu-lhe reflectida, na moldura de vidro
oval da sua avó. António ficou apavorado. A crença em
fenómenos sobrenaturais não era um legado seu, por
isso, olhou em volta em busca de uma justificação
plausível para o sucedido. Logo à esquerda existia um
outro túmulo, com uma pedra maior e um livro branco
de mármore, parecido com o da sua avó, e nesse livro, a
fotografia do padre Himalaya.
Apesar de aliviado, António muniu-se de um certo
cepticismo em relação aos propósitos da vida humana, sobre o
facto de as coisas acontecerem com um certo propósito, e de o
nosso corpo ser apenas um invólucro da alma. Todas as suas
crenças têm raiz nos rituais sagrados da igreja e na comunidade
medieval de Cendufe. No entanto, agora, ele deparava-se com
tantos acontecimentos que pareciam ser a chave para algo mais
profundo, que decidiu ser mais flexível nas suas crenças. Talvez
fosse uma resposta da sua avó, para o seu pedido de coragem.
A coragem, que fora uma constante na vida desse padre.
Talvez a sua avó lhe esteja a dizer que siga esse exemplo,
tentando descobrir mais sobre a sua vida e obra. Talvez este
seja um modelo a seguir, para que a sua vida se complemente.
Talvez...
9

10
Muitos dos encontros que teve nesta viagem estavam
envoltos de um certo mistério: os pressentimentos
selvagens de Osama em relação à felicidade e ao templo
de Himalaya, o jovem pastor e, agora isto. Seriam
mensagens da sua avó, perguntou-se. A sua cervical
recomeçou a doer, tal como acontecia nos dias de stresse
em Otava.
- Bem, aprendi com a minha avó tudo sobre sacrifício,
respeito, honestidade, amor e fé. Se tudo isto serve
para me dar uma última lição sobre coragem, o
melhor é aproveitar a oportunidade.
- Pois é, “quem não arrisca não petisca”! – Disse,
encarando a imagem da avó, com um olhar
fulminante, que parecia ultrapassar essa própria
imagem. – É o que dá usar fotos ovais, - pensou
com um certo cepticismo.
Ficou por ali, mais alguns minutos, reflectindo sobre a
vida e lamentando não ter tido mais fé na sua vida e nele
próprio. Era como se não pudesse abandonar aquele local,
sem que algo em si se alterasse. A cedência que fez foi
prometer à sua avó que iria ler tudo sobre o padre
Himalaya, para tentar perceber a importância dessa figura
na sua vida.
- Okey, vou embora. Mas, peço-lhe que me avise,
quando um nevoeiro céptico me cegar ou a ciência
me impedir de ver para além do conhecimento
empírico!
A estas palavras, a avó de António permaneceu,
naturalmente muda, mas o seu semblante, na fotografia,
parece ter serenado.
Estava lindíssima.
Era, de facto, bela.
10
43
43
José Eliso Moniz (poeta)
José Eliso Moniz (1943),
poeta açoriano, oriundo da
illha de São Miguel,
escreveu um lindo livro de
poésias intitulado
“Gaivotas, Céu e Mar.” Com um desenho na capa do
Sr. Pe. António Tavares De Sousa e um prefácio so-
ciológico da Dra. Edite Noivo, este livro é uma das
primeiras obras publicadas por um artista da nossa
região que merece toda a nossa atenção.
Apontado para os grandes horizontes internacionais de
expressão poética, descreve a sua paixão literária
“fazendo poesia” a qual não se limita única e simples-
mente ao berço açoriano. Em 1977 emigra para o Ca-
nadá, onde colabora para muitos jornais de língua por-
tuguesa: Diário dos Açores, A Voz de Portugal, Jornal
do Emigrante, Jornal Nacional, Portuguese Times, The
Portuguese American, e alguns artigos literários para
diversos eventos culturais e religiosos.
A colectânea destes poemas é dedicada àquele que,
como uma gaivota, rasgou o céu e o mar e conquistou
novos mundos de sensibilidade da alma portuguesa.
“Gaivotas, Céu e Mar”
De
copyrights@José Eliso Moniz

Élio Mendonça
(fotógrafo)
42
Amigo da comunidade
portuguesa e um dos dirigentes
da “Portuguese House of Arts
and Culture,” juntamente com o
Egidio Nascimento e outros, não
deixa de ser, ele mesmo um
grande artista de fotografia.
A vida levou-o a trabalhar neste
país como todos nós
artistas. Tem feito uma carreira
profissional no dominio de segurança da tecnologia de
informação e esta num projecto importante com o Governo. No
entanto a sua paixão pela fotografia e o querer partilhar as suas
experiências com a comunidade portuguesa, especiamente os
mais novos, deixa-o numa fase de reflexão. Será que por
intermédio duma arte, como a fotografia, os nossos jovens
portugueses poderão sentir-se melhor como portugueses?
Nada como convidar os nossos jovens, e outros profissionais em
fotografia, a participarem mais activamente na comunidade
portuguesa de Ottawa Gatineau, e ver até que ponto é que estas
novas formas de intercâmbio comunitário poderão trazer novos
laços de amizade.
Élio has created a wonderful website with some of his works, and
invites all of us to go take a sneak peek. Personally I have done it
and I must say that the photography of Canadian nature and seasons
touches my soul.
His parents brought him here, to this beautiful country as a child
from the beautiful islands of the Azores Portugal. Élio did not have
the opportunity to study in Portuguese, but he graduated from
Carleton University with a degree in English Literature. He has
also worked professionally in photography and now plays an important
role in the Information Technology Security sector.
I hope that the photography that Élio shares with us will motivate
us to try it ourselves, or send him an e-mail and ask for advice on
how to get started. Also, I hope we will see a major exposition of
all his works sometime soon.
Here is Élio’s web site :
http://www.zengineer.com/Gallery.htm
Here is the site of the Portuguese House of Arts
and Culture, where Élio is also involved:
http://www.casaportuguesa.ca/
You can also visit our website at:
http://musacademia.tripod.com
and go to artists or links to visit all artists
homepages.
42
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Junho –Dia de Portugal
In the month of June, we celebrated the day of Portugal
as usual, without any support from Portugal. We did not bother
asking either, or submitting a « projecto » to the Portuguese
Embassy here in Ottawa. People think the embassy of Portugal
has lots of money, but the truth is that, like in Canada, money
comes from budgets and if we want to celebrate the day of
Portugal it is up to us to submit a requisition for funding.
A few years ago, there was a real gentleman for an ambassador,
forgot his name, but not his deeds. He organized a
small modest party in the front yard of his house, maybe because
he knew it was better than putting up with a divided
community and all the possible criticism if he had sponsored
one and not another… however, these little celebrations in his
yard were the greatest party we ever had to celebrate our
wonderful country of Portugal. We felt welcomed and brotherhood
feelings could be seen in people’s smiles and in their efforts
to contribute to the party: some brought homemade petiscos,
others wine, others the folklore dance and the party was
on. For one day a year, our divided community came together
in one place –the ambassador’s house– and we all felt like
brothers and sisters…
This year the day of Portugal coincided with the beautiful
celebrations at the church of Saint Bernadette, which was
decorated beautifully, and where I spent my 10 of June. Father
Antonio put up an historical exposition to celebrate our forefathers
and our culture –very very interesting: religious artefacts,
pictures of the first comers from the Azores, paintings,
arts and crafts, and the wonderful rendinha. I hope he does it
again next year.
Senhor Santo Cristo also had various celebrations and a
Soccer festival. 4 teams composed their soccer tournament:
Ottawa Benfica (the winning team), Amigos do S. Santo Cristo
(second place), Amigos Unidos Old Timers (third place), and
our brotherly friends from Angola (fourth place and 2005
champions).
What sadden me the most about this day was to drive
by our Portuguese monument in Hull and to see the precarious
shape it was in… our national flag was not even there. In addi-
tion there were a number of flags missing. I do not know who
takes care of this monument, but please put up the missing
flags, if you need one come to my place, I have one extra…
Éditorial
padrehimalaya@yahoo.ca
11

12
Portuguese Community Corner
The Grupo dos Jovens dos Amigos Unidos
did their 4th annual golf tournament with suc-
cess. It was at Mont Cascades, in the middle of
total nature and stress free. The wonderful
diner was served by Lolachers (Jonas) and
amazingly good and delicious. Organizer Paulo
da Costa says, « we are increasing our number
from previous years and we are getting close
to having the chance to do a shot gun. We’ll
see next year».
Golf is becoming a tradition in our Portuguese
community and a form of social integration and
fun.
Antonio Suarez (Lisbon Bakery) organizes in
September the Diana Cup, in memory of his
little one and to support CHEO. ELCRO organ-
ises one too, close to the day of Portugal. CASA
does one in August to finance its activities.
I encourage you all to continue, golf is a great
game and a way for us to get together. Times
change and we must: lead, follow, or watch…
Editor
12
41
Arte e Artistas
A definição original e abrangente de arte (do latin
ars, significando técnica ou habilidade) é o produto
ou processo em que o conhecimento é usado para
realizar determinadas habilidades; esse é o sentido
usado em termos com “artes marciais”. Mas o
sentido moderno do termo costuma ser usado para
significar a actividade artística ou o produto da
actividade artística. O que poderia ser o produto
final da manipulação humana sobre uma matériaprima
qualquer.
Ernst Gombrich, famoso historiador de arte,
afirmava que nada existe realmente a que se possa
dar o nome de Arte. Existem somente artistas (A
História da Arte, LTC ed.). Ou seja, arte é um
fenómeno cultural. Regras absolutas sobre arte não
sobrevivem ao tempo, mas em cada época,
diferentes grupos (ou cada indivíduo) escolhem
como devem compreender esse fenómeno.
Portanto Arte pode ser sinónimo de beleza,
ou de uma Beleza transcendente. Dessa forma o
termo passa a ter um carácter extremamente
subjectivo, qualquer coisa pode ser chamada de
Arte desde que alguém a considere assim, não
precisando ser limitada à produção feita por um
artista. Mas como foi mencionado, a tendência
dominante é considerar o termo Arte apenas
relacionado, directamente, à produção artística.
Os historiadores de arte procuram
determinar os períodos que empregam um certo
estilo estético por 'movimentos artísticos'. A arte
regista as ideias e os ideais das culturas e etnias,
sendo assim, importante para a compreensão da
história do Homem e do mundo.
Muitas formas artísticas podem extrapolar a
realidade, exagerando coisas normalmente aceites
ou simplesmente criando novas formas de se
perceber a realidade.
Em algumas sociedades as pessoas
consideram que a arte pertence à pessoa que a
criou. Geralmente pensam que o artista usou o seu
talento intrínseco na sua criação. Essa visão
(geralmente da maior parte da cultura ocidental)
reza que um trabalho artístico é propriedade do
artista. Outra maneira de se pensar sobre talento é
como se fosse um dom individual do artista. Os
povos judeus, cristãos e muçulmanos geralmente
pensam dessa maneira sobre a arte.
Existem outras sociedades onde as pessoas
pensam que o trabalho artístico pertence à
comunidade. Esse pensamento é levado de acordo
com a convicção de que a comunidade deu ao
artista o capital social para o seu trabalho. Nessa
visão a sociedade é um colectivo que produz a arte,
através do artista, que apesar de não possuir a
propriedade da arte é visto como importante para
sua concepção.
Existem muitas contradições quanto à honra
ou ao gosto pela arte, indicando assim o tipo de
moral que a sociedade exerce.
Também pode ser definida, mais
genericamente, como o campo do conhecimento
humano relacionado com a criação e crítica de obras
que evocam a vivência e interpretação sensorial,
emocional e intelectual da vida em todos os seus
aspectos.
Editorial
41

40
Ressureição [Resurection]
The Knowledge of Faith
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13
Where to go see the world cup
The world soccer cup came and went and we
had options as to where to go and watch it with
friends.
The Centro dos
Amigos Unidos had a
giant screen set up for
the events, and so did
the church of Senhor
Santo Cristo. The
church of Saint Bernadette
also had a TV
room for such events.
We can not forget the
Lusitania Club which
has been our oldest cultural
and sports center ever and there we can always
see the soccer.
Many people like to see the games with other
groups and nationalities and for that you can all
ways go to any Canadian sports bar, but nothing
will be as close as being in a Portuguese establishment.
The Café Caco at 77 Montreal Rd. was a great
place to be and meet other nationalities. I believe the
Brazilian community has made Café Caco their
home place and the drums and celebrations they
made went beyond Game and all the way to our
soul. When they were eliminated, they still kept going
to Café Caco to encourage Portugal. That’s what
brothers are for…
The Café Tugals and Mar Azul also offer
these games and get together in a home environment
where we all feel like we are in Portugal.
I always recommend all of them and have
fun. Make new friends throughout the community
and next time: may Portugal go Far FAR FAR….
And bring us the win that was stolen from us in
1966. Portugal showed they have a team, and all I
can think of is the words of Rene Leveque: A la prochaine
fois...
If you need more information on the matches
and times, for all the events that go on at Café Caco,
please visit their website:
http://cafecaco.tripod.com
13

14
WHAT DO YOU THINK OF THIS MAGAZINE?
Can you participate?
Send us some material:
Pictures, stories, novels, poems, events,
anything really. It can be in English. Aussi
en Français e em português claro…
Vamos lá, juntos fazemos a força. Wouldn’t
it be nice to have a written media in
our community of Ottawa Gatineau?
Toronto has it, Montreal and Vancouver
too. Most other small Portuguese communities
in Canada have something.
Why shouldn’t we have the same? It is
important to all of us… participate.
We are looking for a assistant editors with
good knowledge of Portuguese/French and
English. HELP US !!!!!!!!!!!!!!!!!!
We are also looking for other artist to add
to the list of Ottawa Gatineau, if you know
of some one tell us about it.
http://musacademia.tripod.com
padrehimalaya@yahoo.ca
14
39
Natividade
BY
39

38
Galileia
Sinai
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From a novel entitled “A Miner’s Peaches & Tears”
by JC. Rodrigue
“He was well ahead of schedule and had plenty of time to
make it for his nine o’clock engagement, so he decided to park at
his favourite restaurant on the Byward Market, Casa do Churrasco.
Here, they grilled succulent chicken in a steam oven, and
although he was not hungry, he decided to have a steaming cup of
espresso before heading up to Parliament Hill.”
Many of you know that this wonderful little family restaurant
is Portuguese, but some of you did not have the opportunity
to go eat there or simply order take out.
The ambiance and the décor is fabulous, for a small family
restaurant it looks more like a fine dinning. And I am glad it does
because the food deserves such an atmosphere.
The lunch menu is simple and it offers a number of choices
of sandwiches for those on the go. But my favourite is the buffet.
Offering something I adore on a daily basis – chilli, BBQ chicken
and salad makes my lunch choice an easy one. In addition they
offer you soup, other treats and desert for a small price of 8.99 all
you can eat.
The dinner is a touch more expensive and a touch more
classy. Most famous dishes form Portugal are available: Cod and
other fish, grelhados of different meats, with a wonderful selection
of wines and tasty desserts and coffees.
It is also the only 100% truly Portuguese restaurant in our
region and I highly recommend it. Bring your family and the
kids. They will love it.
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World Cup Summation
Having said that let me tell you what I have
heard people say about our Portuguese team:
Some say “Figo is back and strong,” some say, “the
first game against Angola was a lousy game and that
Portugal should have attacked more and put in more
goals… you never know… they might need them later
for points in case of a tie”. Others said “they don’t
trust Portugal cause they always argue and even go
on strike in important world events… like in Mexico in
the 80’s.”
Now some are optimistic and place great con-
fidence on Figo, Cristiano and Pauleta. Figo seems to
be off the hook for this year and Cristiano better start
passing the ball or making some goals or else… and
Pauleta, well he is a “lucky star.” The Portuguese
from the islands of the Acores love this man and they
are right to do so. He is a great scorer. Let’s all politi-
cise and hope he keeps up the chance, a lucky break
got him, and politics are keeping him there. Person-
ally I could not care less, as long a he continues to
put out his best and finish up the work the rest of the
team does –passing the ball to him so he can put in
the goal.
September is here and the world cup is long
over and all the nice comments the after effects of
this world cup and great event, went to a media fren-
zied about Zidane’s heading an Italian in the final.
The greedy media spoiled the ending, where com-
mentaries should have been around the technical
aspects of the final and how the teams did. Many new
countries are doing better, like Gana, and what hap-
pen to Corea? This was all missed in the end. It is the
only regret. Zidane’s red card is a red card. Period.
I would like to leave you all with a reflection:
Do you think sports take away form the possi-
ble rivalry of economical struggle and somewhat
make us accept things and be on an automatic
mood?
Editorial
16
37
Alfa (No Princípio)
Fear Not
37

36
A Última Trompete
Sobrenatural
O Cavaleiro do Cavalo Branco
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Angola gives Portugal a taste of experience
SOCCER: Angola met Portugal for the first time in a
competitive soccer match in this past world cup.
The result was the same as the teams' two previous
unfriendly and friendly –Portugal won.
The Portuguese team edged its former colony 1-0
in Group D of the World Cup. When the two countries
met in 1999 and 2001, the Portuguese outscored
the Black Antelopes 10-1. This time, it was
a lot closer.
"We knew it was going to be a tough match but I
think we played well and can be proud of our performance,"
Angola midfielder Figueiredo said.
Portugal dominated the early stages of the match,
and Pauleta nearly gave the European team the
lead after a few seconds. About three minutes
later he did score, giving his team a 1-0 lead that
it held on to despite Angola's increasingly strong
play.
Some local fans even began cheering for the African
team as Angola proved its defence had improved
significantly since it lost all three of its
World Cup warm-ups.
The Angola team also played better than they did
earlier at this year's African Cup of Nations, when
they lost to Cameroon and Congo before beating
Togo and failing to reach the quarterfinals. Against
Portugal, Angola previously lost 6-0 and 5-1, with
the latter match ending 20 minutes early after four
Angolan players were sent off for brutal tackles
and dissent.
On Sunday, the defence improved as the match
wore on, despite the absence of Yamba Asha, who
was suspended for doping and can't play at the
tournament in Germany.
But defender Kali said his team had time to improve
before meeting Mexico in its next match on
Friday.
"We will continue working hard and with God's will
we will win our next game," Kali said. "I tried to do
my job, which means trying to do everything so
that the ball isn't stolen from Angola and to stop
balls coming in from our opponents.
“Angola was given its independence from Portugal
in 1975, but the country then fought a 27-year
civil war that ended only four years ago.” This
sort of instability has affected all facets of life including
sports, but Angola proved through a simple
soccer match that they are now on their own two
feet and strong. We will keep an eye on this nation
and it’s great soccer abilities.
Editorial
17

Ser poeta
18
Cantinho dos poetas e escritores
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim ...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente ...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
"O Mar e os Meus Pensamentos"
O mar puxa por mim p'rá poesia
As ondas são as Musas que me inspiram
E seja a bem, ou fantasia,
Há versos novos que no mar surgiram!
São sobre as ondas escritos os meus versos
Mirando aquele céu acinzentado
E com os pensamentos mais diversos
Escrevo, porque sei que estou inspirado!
Aproveito a hora a que as Musas
Se chegam até mim aqui no mar
E se ideias havia mui confusas
Nesse momento eu as sinto clarear!
O mar é um alfobre de tormentos
Mas muita coisa bela tem p'ra dar
Pois em mim são férteis os momentos
Em que há vontade enorme p'ra rimar!
J. Quintino Teles - Ilhavo - 1980
18
Artista Deolindo da Silva
35
Atelier do Pintor
Soberania de Deus
Sonho
35
Cantinho do Pintor

34
What Is It You See In A Child?
What is it you see in a child?
Can you please, explain it to me?
What is it you see in a child?
Is it the same innocence that I see?
What is it you see in a child?
They’re so trusting, so blinded by love.
What is it you see in a child?
Why hurt our gifts from Heaven above?
What is it you see in a child?
How could you touch them in untoward
displays?
What is it you see in a child?
Why would you destroy them that way?
What is it you see in a child?
You’re the ADULT – CONTROL YOUR-
SELF!
What is it you see in a child?
They are not feeling the same way that
you felt!
What is it you see in a child?
Don’t you care how it cuts to the bone?
What is it you see in a child?
Why can’t you just leave them alone???
Danita Fisher Copyright 2005
http://www.thesagittarianinkwell.com/index.html?
0.6987261525120112
34
Deus, responda-me!
19
Cantinho dos poetas e escritores
Que adianta a beleza
do meu palacete,
se não sou capaz de oferecer
uma cama a quem dorme na calçada?
Que adianta ter mesa farta,
onde há do bom e do melhor,
se não sou capaz de levar a ela
uma criança desamparada?
Que adianta matar a fome
do meu estômago,
se não consigo
ter fome de Ti?
Que adianta eu viver
de festas e fanfarras,
se meu espírito
não está em sintonia Contigo?
Que adianta eu cultivar rosas
e encher-me de beleza,
se atiro espinhos
sobre os irmãos?
Que adianta eu falar de paz,
se não sou capaz
de perdoar meu adversário,
meu amigo e meu inimigo?
Que adianta dominar o mundo,
abarcar a terra,
se a morada do meu coração
acha-se desabitada?
José Maria Veloso Cintra
As crianças brincam
As crianças brincam e não sabem
que o poderoso que a cabeça lhes afaga
é monstro alado, de sorriso composto
caveira sedenta de algemas e sangue
As crianças brincam e não sabem
que o poderoso percorre sempre
o trilho da dor alheia
sorvendo dos homens o melhor
fadando-os vazios e medrosos
pássaros sem asas, moluscos transvertidos
As crianças brincam e os homens não o sabem
Alberto Acharan
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Verdes são os campos
Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.
Cantinho dos poetas e escritores
Luís de Camões
20
33
Cantinho das crianças
Devemos de escutar as crianças e os jovens… ?
"Às vezes eu sinto que o mundo quer que eu cresça mais depressa.
Eu sinto que as pessoas não respeitam o que eu digo ou
o que tenho para dar por causa da minha idade."
A transição do ponto em que nos encontramos hoje para um
mundo onde as opiniões das crianças e jovens serão levadas em
consideração não se faz da noite para o dia. Como todas as transições
intelectuais, trata-se de um processo que depende de
aquisição de novos conhecimentos, aumento da compreensão e
superação de medos e resistências. E à medida que se desenvolve
o indispensável trabalho intelectual, e que novas compreensões
são colocadas em prática, são necessárias novas habilidades
por parte de todos os envolvidos – crianças e adultos,
famílias, comunidades, cidades e organizações.
Uma vez que a família é o primeiro local onde a criança aprende
a participar, é também o fórum ideal onde a criança pode aprender
a expressar suas opiniões sem deixar de respeitar as perspectivas
dos outros. Como aconselha o Comitê sobre os Direitos
da Criança em uma de suas primeiras sessões:
"Tradicionalmente, a criança tem sido vista como um membro da
família dependente, invisível e passivo. Só recentemente a criança
passou a ‘ser vista´, e... o movimento avança no sentido
de lhe dar espaço para que seja ouvida e respeitada... Por outro
lado, a família torna-se a estrutura ideal para o primeiro estágio
da experiência democrática para cada um e para todos estes
membros individuais, inclusive a criança."
Assim como tradicionalmente os pais assumem que sabem o que
é melhor para seus filhos e filhas, as agências e autoridades que
trabalham em favor da criança também tendem a adotar a
mesma postura, sem considerar o que os beneficiários de ‘seus´
projetos têm a dizer. Os resultados podem ser desastrosos. No
Reino Unido, por exemplo, as décadas de 80 e 90 testemunharam
uma série de inquéritos públicos documentando abusos
físicos e sexuais sistemáticos de funcionários em abrigos de crianças,
instituições criadas para proteger as crianças de danos
em suas próprias famílias. Uma das lições básicas desses inquéritos
foi a percepção de que abusos tão amplamente disseminados
ocorreram porque as crianças envolvidas não foram ouvidas:
quando reclamaram, os responsáveis pela instituição não
acreditaram nelas, e essas crianças ficaram expostas a novos
abusos, punitivos.
Vale a pena consultar as crianças, mas também que é preciso
que haja uma mudança na forma de pensar e na abordagem dos
adultos, para que seja possível aumentar sua capacidade de
ouvir e compreender as crianças e os adolescentes, e para incluir
as crianças e os adolescentes em discussões ‘sérias´.
Trabalhar em colaboração com as crianças não seja uma atitude
natural, muitos deles foram convencidos do valor dessa colaboração,
seja por meio de campanhas de educação pública, seja
por meio de treinamento mais específico. As pessoas que vivem
e trabalham mais ligadas às crianças – pais, professores, recreacionistas
– freqüentemente são as primeiras a mudar seu
modo de pensar. Mas essa mudança de atitude acontece também
com outros adultos que tradicionalmente se supõe que tenham
pouco contato com crianças, como agentes de saúde e
planejadores municipais.
Cada vez mais, grupos de adultos vêm-se esforçando para
‘normalizar´ suas percepções com relação às crianças e aos adolescentes,
assim como as conexões que mantêm com eles. Países
com conhecimentos e tradições tão distintos como Jamaica e
Mongólia foram elogiados pelo Comité sobre os Direitos da
Criança pela maneira como, por meio de oficinas de treinamento,
conseguiram melhorar as habilidades de pais e professores,
consultores jurídicos e advogados no sentido de estimular o direito
de expressão da criança. Em Ottawa Gatineau temos que
fazer o mesmo… para que eles um dia deiem um continuamento
a nossa comunidade.
Composto pela UNICEF e JC.Rodrigues
33

32
Cantinho das crianças
O Ruca
As crianças portuguesas vão poder
levar para casa as aventuras do Ruca para ver
e rever as histórias que já conhecem da série
transmitida pela Dois. Acabadas de chegar ao
mercado, em DVD e em vídeo, as aventuras
do Ruca prendem qualquer criança ao écrã,
quer pela música, quer pelas histórias simples
com diálogos fáceis de compreender.
Destinados a crianças dos 2 aos 6
anos, os vídeos do Ruca resultam da pesquisa
da psicóloga infantil canadiana Nicole Nadeau
e são uma adaptação de contos e histórias
inicialmente publicados em livros que apresentam
uma forte componente educativa e de
desenvolvimento das crianças, ajudando-as a
perceber o mundo que as rodeia e a crescer,
ao mesmo tempo que dá resposta às
questões típicas da idade.
A Lusomundo lançou os vídeos do
Ruca no passado dia 8 de Abril num evento
que contou com a presença de sua Excelência
Patrick Parisot, Embaixador do Canadá em
Portugal, que deu o seu alto patrocínio a esta
iniciativa que visa promover um produto de
origem canadiana de grande sucesso internacional,
assim como representantes das várias
instituições envolvidas no lançamento, das
quais se destacam, Margarida Pinto Correia,
Administradora Executiva da Fundação Gil,
que recebe um pequeno contributo por cada
cassette vendida.
O Canadá goza de uma reputação
notável na produção, desenvolvimento e
comercialização de programas de televisão de
grande qualidade que exporta para todo o
mundo e, muito particularmente de séries
infantis, como é este o caso. Estes programas,
para além de serem divertidos, fomentam
os valores da amizade, família e normas
de conduta em sociedade. De acordo
com as informações mais recentes sobre a
indústria do cinema e produção televisiva
canadianas, em 2004 o valor total das suas
exportações elevou-se a 2,27 biliões de
dólares canadianos (1,45 biliões de euros), do
qual 236 milhões de dólares canadianos (150
milhões de euros) se referem aos programas
específicos para crianças.
O lançamento dos vídeos do Ruca,
apoiado, também, pela RTP, Antena 1 e revista
Pais & Filhos,foi um êxito. Nos 45 dias após
o seu lançamento venderam-se cerca de 20
mil exemplares de DVDs e Vídeos.
32
21
Cantinho dos poetas e escritores
Quem diz que Amor é falso ou enganoso
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce, e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.
Se males faz Amor em mim se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.
Luís de Camões
21

22
Cantinho dos poetas e escritores
Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,
Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
——————
Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.
Fernando Pessoa
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Cantinho dos Jovens
É este hoje o patamar mínimo para que possamos
adquirir e reter, ao longo da vida, novas competências.
A estratégia da Iniciativa Novas Oportunidades
tem dois pilares fundamentais. Em primeiro lugar,
fazer do ensino profissionalizante de nível
secundário uma verdadeira e real opção, dando
Oportunidades Novas aos nossos jovens. Esta é
uma resposta há muito reclamada pelo País. É a
melhor resposta para os inaceitáveis níveis de
insucesso e abandono escolar que ainda temos.
Durante o período de vigência da Iniciativa iremos
envolver mais de 650 mil jovens em cursos
técnicos e profissionalizantes. O objectivo definido
no Programa do Governo, que aqui se reafirma, é
o de fazer com que as vagas em vias profissionalizantes
representem, em 2010, metade do total de
vagas ao nível do ensino secundário.
O segundo pilar é o de elevar a formação de base
dos activos. Dar a todos aqueles que entraram na
vida activa com baixos níveis de escolaridade, uma
Nova Oportunidade para poderem recuperar, completar
e progredir nos seus estudos. São muitos
aqueles que não tiveram, enquanto jovens, a
oportunidade para estudar mais e que entraram
precocemente no mercado de trabalho. Não seria
possível, por razões de justiça e de coesão social,
abdicar do esforço da sua qualificação. Mas a verdade
é que este esforço é também condição essencial
para o nosso processo de desenvolvimento.
A simples mudança geracional não permitirá nas
próximas décadas dotar o país das competências
fundamentais de que todos necessitamos. É por
isso que a Iniciativa Novas Oportunidades assume
uma estratégia nova – prioridade à formação de
base dos activos – e define objectivos exigentes:
qualificar 1.000.000 de activos até 2010.
Atingir estes objectivos implica o desenvolvimento
profundo e consistente do Sistema de Reconhecimento,
Validação e Certificação de Competências –
como forma de medir e certificar competências
adquiridas em contextos não formais e informais –
, a disponibilização de ofertas complementares
adequadas, a construção de um exigente sistema
de avaliação de qualidade que assegure a
manutenção dos mais elevados padrões de exigência
e, essencialmente, o forte envolvimento e compromisso
dos trabalhadores e das empresas.
O sucesso da Iniciativa Novas Oportunidades exige
um empenhamento profundo de todos – cidadãos,
empresas e instituições – na valorização de uma
cultura de aprendizagem e na sua efectivação no
terreno. Será, seguramente, um caminho muito
longo, duro e difícil. Esta escolha não admite hesitações.
José Sócrates
Primeiro-Ministro

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Cantinho dos Jovens
A Ambição
O desenvolvimento do país confronta-nos com
uma opção clara e inadiável: a aposta na
qualificação da população portuguesa.
A importância central da qualificação para o
crescimento económico e para a promoção da
coesão social está hoje amplamente demonstrada
por diversos indicadores publicados
por várias organizações internacionais. Não
podemos continuar a ignorá-los. Precisamos
de encarar de frente a realidade e o desafio.
O atraso que nos separa dos países mais desenvolvidos
radica, em grande medida, no insuficiente
nível de qualificação da população portuguesa. Esta
é a questão central que temos de enfrentar. A solidez
do processo de modernização do país depende
essencialmente de vencermos a batalha da qualificação.
É aqui que temos que combater. É aqui que
temos que vencer.
A opção da qualificação tem merecido um consenso
alargado na sociedade portuguesa e tem proporcionado
progressos importantes nos últimos anos.
Mas o ritmo de recuperação que alcançámos é
ainda insuficiente. A nossa ambição tem de ser
muito maior.
Temos de fazer mais, temos de fazer melhor e temos
de fazer mais rápido. Precisamos de acelerar
fortemente a qualificação dos portugueses, tendo
em vista a convergência com os países mais desenvolvidos.
Precisamos de objectivos ambiciosos e de
uma estratégia clara. E precisamos de acção firme,
persistente e determinada.
É esta a ambição que vos proponho na Iniciativa
Novas Oportunidades: dar um forte e decisivo
impulso à qualificação dos portugueses.
A importância desta ambição está bem expressa na
centralidade da estratégia de qualificação no âmbito
do Plano Nacional de Emprego e do Plano Tecnológico.
Em conjunto com uma nova geração de
políticas de formação contínua, que visa alargar a
participação de activos e PME’s em processos de
qualificação, a Iniciativa Novas Oportunidades constitui
um pilar fundamental das políticas de emprego
e formação profissional para os próximos
anos.
A Iniciativa Novas Oportunidades assenta numa
base clara: o nível secundário é o objectivo de referência
para a qualificação dos nossos jovens e
adultos. É este hoje o patamar mínimo para dotar
os cidadãos das competências essenciais à moderna
economia do conhecimento em que vivemos.
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Lágrima do coração...
Cantinho dos poetas e escritores/as
Ver-te partir, a relação na indefinição
Fria, distante, levas o meu coração
Nunca como neste momento
Senti que te ia perder
Agonizo num tormento,
Impotente, sem nada a fazer
Nem sequer um beijo,
Apenas um frio adeus
Afastas-te, e eu vejo
Os lábios que, um dia, foram meus
Fogem, e eu ardo de amor e desejo...
Quero parar a tua marcha,
Abraçar-te, tocar-te, beijar-te...
Uma pergunta, enquanto o meu coração racha:
Deixas-me, simplesmente, amar-te?
Andreia Silva (Faial) [Thanks for participating]
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Cantinho dos poetas e escritores
Entre as brumas da memória
Novo neste novo país
Português de história e tradição
Recomeça aquilo que a raíz
Marcou no seu coração
Trás com ele o seu cantinho
Edifíca igreja, trabalho e comunidade
Tradições que tinha no seu ninho
Ambições e fraternidade
Começou forte e hoje está cansado
Neste jogo de querer reconstruir portugal
E ficar no passado
Nas memorias dum grande amor pasmado
Daquele que fui o nosso país natal
De herois do mar e esplendor... acanhado!
José Carlos Rodrigues
Este meu poema, em forma de soneto moderno, foi
inspirado pelo trabalho fotográfico de Élio Mendonça
exposto na primeira página, aonde podem ver
pioneiros do futebol português aqui nesta região.
Como o futebol, o folclore, as nossas tradições
religiosas e outras coisas, tudo está nas brumas da
nossa memória como uma grande obra. Obra que
requer voluntarios para dar repouso aos homens e
mulheres que já muito fizeram.
Ajudem as nossas organizações portuguesas antes que
seja tarde. A nossa cultura é linda e os nossos jovens
devem de ter orgulho de quem somos...
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Os nossos preços por estadia incluem:
Actividades regulares
Alojamento
Três refeições diárias
Todos os impostos canadianos
Equipamento necessário para a prática de desporto
Calendário:
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Cantinho dos Jovens
Verão: De duas a oito semanas durante os meses Julho e
Agosto
Calendários e programas específicos para grupos, quando
solicitados.
Cursos de línguas
15 horas de aulas de línguas por semana
O máximo de 10 alunos por grupo
Professores qualificados e experientes
Disponibilização gratuita de livros e todo o material de ensino
necessário
Grupos:
Época de Inverno:
Esqui alpino (15 horas por semana), esqui de fundo,
caminhadas na neve, patinagem no gelo, sobrevivência
na floresta, construção de iglos, prática do tobogã,
hóquei no gelo, jogos com bola
Diferentes calendários ou programas disponíveis
para grupos durante todo o ano
Aulas ecológicas para grupos escolares
Viagens de finalista
Acampamentos onde se praticam as línguas
Os programas poderão incluir: visitas a Montreal, Otava, à
cidade de Quebeque e a uma aldeia ameríndia, às Cataratas
do Niágara, Carnaval do Inverno na cidade de Quebeque
Outras informações
Um campo relativamente pequeno (capacidade para 150 participantes)
que oferece um ambiente familiar
Pessoal qualificado para o ensino e para as actividades ao ar
livre
Membro da Canadian Camping association
Membro da National Camp association (EUA)
Membro da Canadian Better Business Bureau (BBB)
Situado junto de um lago rodeado por bosques e montanhas
Idade dos participantes: 10-16 anos
Alojamento: quatro participantes por quarto
Reunião de participantes de todo o mundo
Três refeições diárias equilibradas, variadas e nutritivas
Serviço de transporte de e para o aeroporto de Montreal
Pode fazer a sua reserva na Internet ou solicitar um formulário
de reserva, que lhe será enviado por E-Mail ou por
fax.
http://ekocamp.com/campo-verao.htm
Jolanta Wnuk-Gibeau or Louis Gibeau
1-(888)-643-7012 (toll-free in U.S. and Canada)
or 1-(819)-322-7051

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Information
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Cantinho dos Jovens
Ekocamp International
Campo de Férias Internacional
para jovens no
Canadá
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Os nossos campo de verão reúnem jovens de
todo o mundo num ambiente canadiano único
e seguro. Com o século XXI à porta, o mundo
está a tornar-se cada vez mais internacional e
complexo. O objectivo do Ekocamp é de preparar
os jovens para desempenharem um papel
activo neste mundo, oferecendo:
• Os benefícios de viver num ambiente internacional
• Cursos de inglês e francês
• Uma oportunidade única para a prática de
esqui no Inverno
• A vivência na floresta canadiana
A permanência na famosa maravilha que é a vasta e
ampla floresta canadiana e o convívio com amigos
de todo o mundo, proporcionam aos jovens uma
experiência rara, da qual jamais se irão esquecer!
Actividades regulares (Preços)
Integração em grupos que falam ou inglês
ou francês, natação, esqui aquático, windsurf,
canoagem no rio com acampamento
por uma noite, arco, montanhismo, equitação,
jogos com bola, sobrevivência na floresta.
Actividades opcionais: (Preços)
Cursos de inglês (15 horas)
Visita a Montreal (um dia)
Visita a Ottawa (um dia)
Visita à cidade de Quebeque e a uma aldeia
ameríndia (dois dias)
Vida de Jesus
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Num estábulo de Belém
Entre pachorrentos animais
Deu à luz a Virgem Mãe
O Rei de todos os mortais.
Sem ter títulos de nobreza
O Fillho de Deus humanado
Nasce na maior pobreza
Por animais bafejado.
Cresce e ensina a doutrina
Esse Filho de Maria,
Com tanta graça divina
E muita sabedoria.
Jovem com tanto talento
Sábio no mundo falado
Cumpria um mandamento
Que o Pai Lhe tinha dado.
Doutores que O escutavam
Perguntas Lhe faziam
Boquiabertos ficavam
Com tudo o que ouviam.
Fez coisas de admirar
Até demónios expulsou!
Acabou por Se entregar
A quem na Cruz O pregou.
Cristo, um ser sublime
De tão nobres predicados
Morre na Cruz e redime
Todos os nossos pecados.
E na hora em que morreu
As nuvens se ofuscaram
A terra inteira tremeu
E mortos ressuscitaram.
Por
José Eliso Moniz
Poeta da nossa communidade
Autor do livro
“Gaivotas, Céu e Mar”
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Cantinho dos poetas e escritores
Imagem por Deolindo da Silva

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Eu Sou Português Aqui
Eu sou português
aqui
em terra e fome talhado
feito de barro e carvão
rasgado pelo vento norte
amante certo da morte
no silêncio da agressão.
Eu sou português
aqui
mas nascido deste lado
do lado de cá da vida
do lado do sofrimento
da miséria repetida
do pé descalço
do vento.
Nasci
deste lado da cidade
nesta margem
no meio da tempestade
durante o reino do medo.
Sempre a apostar na viagem
quando os frutos amargavam
e o luar sabia a azedo.
Eu sou português
aqui
no teatro mentiroso
mas afinal verdadeiro
na finta fácil
no gozo
no sorriso doloroso
no gingar dum marinheiro.
Cantinho dos poetas e escritores
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Nasci
deste lado da ternura
do coração esfarrapado
eu sou filho da aventura
da anedota
do acaso
campeão do improviso,
trago as mão sujas do sangue
que empapa a terra que piso.
Cantinho dos poetas e escritores
Eu sou português
aqui
na brilhantina em que embrulho,
do alto da minha esquina
a conversa e a borrasca
eu sou filho do sarilho
do gesto desmesurado
nos cordéis do desenrasca.
Nasci
aqui
no mês de Abril
quando esqueci toda a saudade
e comecei a inventar
em cada gesto
a liberdade.
Nasci
aqui
ao pé do mar
duma garganta magoada no cantar.
Eu sou a festa
inacabada
quase ausente
eu sou a briga
a luta antiga
renovada
ainda urgente.
Eu sou português
aqui
o português sem mestre
mas com jeito.
Eu sou português
aqui
e trago o mês de Abril
a voar
dentro do peito.
Eu sou português aqui
José Fanha
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