Artistas Portugueses-Canadianos de Ottawa-Gatineau (pdf 1, 683k)

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Lentamente, recomeçou a caminhar por
entre as outras campas. Os seus olhos passavam
fugidios pelas fotografias de outros rostos que ele um
dia conheceu. Alguns eram espíritos simples. Outros,
pessoas ricas e respeitadas e outras simples pessoas
adoráveis. Depois, os seus olhos captaram a
fotografia mais maravilhosa de todo o cemitério.
Uma fotografia preenchida de amor incondicional,
extrema bondade, simplicidade, fé e sacrifício. Era a
fotografia da sua avó.
Colocou-se aos pés da campa, desenhando
uma vénia, com a cabeça. O seu queixo levantou-se
lentamente, como se lutasse com ele próprio para
observar completamente a sepultura. Era a fotografia
que lhe ocupava todo o olhar e, por um longo
minuto, ele acreditou que a sua avó estava ali com
ele, viva. Depois, pôs-se a admirar o lugar
maravilhoso que a sua mãe e tias haviam preparado.
O túmulo era coberto por uma esplêndida
pedra de mármore branca e cinzenta. À cabeça ficava
uma capela miniatura, feita em pedra, ladeada de
candeeiros e um crucifixo. A sepultura propriamente
dita, era uma peça de mármore branca, esculpida na
forma de um livro. A inscrição descrevia Deus e o
seu rebanho. A sua avó era um cordeiro dedicado
que nunca deu muito trabalho, pensou António.
Desejou ser mais parecido com ela, nesse aspecto.
Perguntou-se se o seu nome estaria também inscrito
no grande livro de Deus, aguardando o seu destino.
A fotografia da sua avó era bastante
pequena, por isso, ele aproximou-se para vê-la
melhor. Parecia uma bola de cristal. Ao olhar com
mais atenção, António verificou que a sua longa saia
preta estava a ser puxada por dois rapazes, um de
cada lado. Ela segurava ao colo, uma terceira
criança, ainda bebé, vestida de branco. Numa
questão de segundos, o passado preencheu-lhe o
olhar, como se se tratasse de um filme antigo. As
lágrimas começaram a cair-lhe pelo rosto, parando
na longa pedra de mármore. O nó que se instalou na
garganta era insuportável e não se desfez, enquanto
murmurava algumas palavras dirigidas à sua avó.
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Marques Soares
(Artesão)
Artesão amador
(segundo as suas
palavras) considera
a sua arte como uma
forma de hobby.
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Numa fase de saber dar valor à arte que
produz, o Marques faz lindos trabalhos.
Artesão tradicional Português, o Marques é de
facto um artista, e na nossa opinião, é uma
pessoa que expressa o seu portuguesísmo por
uma forma de arte. Portanto, todos que
registram valores e acções, concretas ou
abstractas, do nosso mundo real são artistas.
O senhor Marques produz lindos artesanatos
que representam o Portugal rural e
desportivo, parte da cultura portuguesa, logo
é um artista. A nossa equipa da revista
Musacademia oferece-lhe os sinceros
parabéns.
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