Artistas Portugueses-Canadianos de Ottawa-Gatineau (pdf 1, 683k)
Artistas Portugueses-Canadianos de Ottawa-Gatineau (pdf 1, 683k)
Artistas Portugueses-Canadianos de Ottawa-Gatineau (pdf 1, 683k)
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Joao Luis Alexandre<br />
(pintor)<br />
Filho <strong>de</strong> pais oriundos<br />
<strong>de</strong> Loulé, o “Jean<br />
Louis” nasceu em<br />
França. Emigrou para<br />
o Canadá, país que lhe<br />
ofereceu o que ele<br />
mais gosta –the great<br />
outdoors.<br />
44<br />
Começou a pintar em<br />
1991, motivado pelo<br />
amor que tem pela natureza, a vida selvagem e a<br />
caça. Trata a arte como um momento <strong>de</strong> reflexão e<br />
<strong>de</strong> relaxamento. As técnicas que aplica são aprendidas<br />
por ele mesmo, utilizando o erro e o ensaio<br />
como mãe do conhecimento.<br />
Jean Louis style offers a magnificent impressionism<br />
of the recreation of wildlife and nature. His<br />
hobbies of hunting and fishing inspire him. He<br />
finds relaxation in painting and feels it is a won<strong>de</strong>rful<br />
form of self therapy against the stresses of<br />
today’s world. Living in a country where winters<br />
are long, painting fills some of the void that loneliness<br />
seems to occupy during long winters. It is<br />
also a form of reaching for perfection and self<br />
education. A painting is a registry of the world<br />
around us and insi<strong>de</strong> us that stays forever. A trap<br />
that hunts well our i<strong>de</strong>as for later revision.<br />
Other artists have inspired Jean Louis and so have<br />
books, but he trusts the mother of all knowledge,<br />
trial and error, as the best source to exploit his<br />
new techniques. He loves to attain quality and<br />
only paints when inspired, about two a painting<br />
per year.<br />
In resume he loves his paintings and paints what<br />
he loves, for those who love the same things as he<br />
does. With a curious mind, he searches to convey<br />
what is in the imagination and first paints with the<br />
brain, or a mood, or a feeling. Then it is all about<br />
the colors, how others did it and how he is going<br />
to do it. It is a passion that always hunts him. Exploring<br />
the lightening and the shadows, mixing the<br />
colors, and creating something for him-self are<br />
what his works are all about. It is also what people<br />
see when they look at his work –self worth.<br />
Involved in our Portuguese community and playing<br />
soccer with FC Unidos in the Old Timers, Jean<br />
Louis is an example of second generation that<br />
continues to value the roots of his ancestors.<br />
Editorial<br />
44<br />
9<br />
- Obrigado por ter sido mãe e pai para mim e para os<br />
meus irmãos. Por favor, perdoe-me por ter sido uma criança<br />
rebel<strong>de</strong> e irrequieta. Eu sei que a avó nos amava, tal como<br />
amou os seus oito filhos. Eu amo-a, avó. Hei-<strong>de</strong> amá-la<br />
sempre! – Tornava-se difícil engolir e a dor na sua garganta era<br />
<strong>de</strong>vastadora. As lágrimas continuavam a correr como uma<br />
queda d’água. Era a dor <strong>de</strong> ter perdido a sua avó que o<br />
assolava, mas também o reconhecimento <strong>de</strong> todos os esforços e<br />
sacrifícios por que ela passou. O seu marido emigrara para o<br />
Brasil, <strong>de</strong>ixando-a sozinha com oito filhos para criar. Nunca<br />
mais voltou. Depois, aos cinquenta e cinco anos, começou tudo<br />
<strong>de</strong> novo e teve a seu encargo mais três crianças para criar,<br />
António e os irmãos. Foi uma mulher gigante, em coragem.<br />
Teria ele essa força? - Duvido... – pensou.<br />
Osama e o jovem pastor passaram-lhe pela<br />
lembrança. Enquanto tentava enxugar as lágrimas, apercebeuse<br />
que havia uma pequena poça <strong>de</strong> água na pedra mármore<br />
branca e cinzenta.<br />
- Como po<strong>de</strong> o fruto da tua coragem, sacrifício e fé ser<br />
tão fraco, avó? – Ao dizer isto, a imagem do padre<br />
Himalaya apareceu-lhe reflectida, na moldura <strong>de</strong> vidro<br />
oval da sua avó. António ficou apavorado. A crença em<br />
fenómenos sobrenaturais não era um legado seu, por<br />
isso, olhou em volta em busca <strong>de</strong> uma justificação<br />
plausível para o sucedido. Logo à esquerda existia um<br />
outro túmulo, com uma pedra maior e um livro branco<br />
<strong>de</strong> mármore, parecido com o da sua avó, e nesse livro, a<br />
fotografia do padre Himalaya.<br />
Apesar <strong>de</strong> aliviado, António muniu-se <strong>de</strong> um certo<br />
cepticismo em relação aos propósitos da vida humana, sobre o<br />
facto <strong>de</strong> as coisas acontecerem com um certo propósito, e <strong>de</strong> o<br />
nosso corpo ser apenas um invólucro da alma. Todas as suas<br />
crenças têm raiz nos rituais sagrados da igreja e na comunida<strong>de</strong><br />
medieval <strong>de</strong> Cendufe. No entanto, agora, ele <strong>de</strong>parava-se com<br />
tantos acontecimentos que pareciam ser a chave para algo mais<br />
profundo, que <strong>de</strong>cidiu ser mais flexível nas suas crenças. Talvez<br />
fosse uma resposta da sua avó, para o seu pedido <strong>de</strong> coragem.<br />
A coragem, que fora uma constante na vida <strong>de</strong>sse padre.<br />
Talvez a sua avó lhe esteja a dizer que siga esse exemplo,<br />
tentando <strong>de</strong>scobrir mais sobre a sua vida e obra. Talvez este<br />
seja um mo<strong>de</strong>lo a seguir, para que a sua vida se complemente.<br />
Talvez...<br />
9