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FURNAS já alfabetizou mais de 21 mil brasileiros

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COMPROMISSO SOCIAL<br />

<strong>FURNAS</strong> <strong>já</strong> <strong>alfabetizou</strong><br />

<strong>21</strong><br />

<strong>mais</strong> <strong>mil</strong><br />

<strong>de</strong><br />

<strong>brasileiros</strong><br />

texto Eduardo Franklin e<br />

Magda Rocha<br />

ÚLTIMA FORMATURA REVELOU JOVENS, ADULTOS E IDOSOS DO RIO DE<br />

JANEIRO OTIMISTAS APÓS A CONQUISTA DESTE DIREITO DA CIDADANIA<br />

Um mosaico <strong>de</strong> emoções, do choro<br />

ao sorriso, e confiantes manifestações<br />

<strong>de</strong> otimismo frente às novas<br />

perspectivas que se apresentam,<br />

marcaram a solenida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formatura<br />

dos 1.200 jovens, adultos e idosos<br />

do Programa <strong>FURNAS</strong> Alfabetizando,<br />

no dia 23 <strong>de</strong> fevereiro, no Centro<br />

Comunitário Vila Santa Tereza, em<br />

Belford Roxo, na Baixada Fluminense<br />

(RJ). Entre alunos, professores, parentes<br />

e amigos, cerca <strong>de</strong> 2.500 pessoas<br />

confraternizaram no ginásio <strong>de</strong><br />

esportes do centro, em uma área cedida<br />

pela Empresa e on<strong>de</strong> outros pro-<br />

20 Revista <strong>FURNAS</strong> - Ano XXXIV - Nº 351 - Abril 2008<br />

jetos como <strong>de</strong> combate à <strong>de</strong>snutrição<br />

e suporte ao aleitamento materno<br />

são <strong>de</strong>senvolvidos pela Coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Social (CS.P).<br />

Os novos alfabetizados são moradores<br />

<strong>de</strong> regiões carentes <strong>de</strong><br />

Belford Roxo, Duque <strong>de</strong> Caxias,<br />

Itaboraí, Nova Iguaçu, Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

São Gonçalo, São João <strong>de</strong> Meriti,<br />

e suas trajetórias <strong>de</strong> vida po<strong>de</strong>m ser<br />

resumidas em dois enredos: o daqueles<br />

que nunca tiveram oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> freqüentar a escola, e os<br />

que foram obrigados a abandonar<br />

os estudos pela necessida<strong>de</strong> preco-<br />

Sirley Pereira Gomes: me sinto bem,<br />

feliz e disposta a apren<strong>de</strong>r <strong>mais</strong> e <strong>mais</strong><br />

Foto: José Lins


Alunos e professores<br />

reunidos após a solenida<strong>de</strong><br />

em Belford Roxo (RJ)<br />

ce e incontornável <strong>de</strong> trabalhar duro<br />

pelo sustento da família. O evento<br />

contou com a participação <strong>de</strong> parlamentares,<br />

autorida<strong>de</strong>s estaduais e<br />

municipais, da superinten<strong>de</strong>nte da<br />

CS.P, Gleyse Peiter, e do representante<br />

da Diretoria <strong>de</strong> Gestão Corporativa,<br />

Al<strong>de</strong>rizio Catarino.<br />

Saldo positivo<br />

O <strong>FURNAS</strong> Alfabetizando está inserido<br />

no termo <strong>de</strong> cooperação técnica<br />

que a Empresa assinou, em 2005, com<br />

o Ministério da Educação (MEC), com<br />

base no Protocolo <strong>de</strong> Cooperação das<br />

Estatais pela Educação. Des<strong>de</strong> então,<br />

<strong>FURNAS</strong> <strong>já</strong> <strong>alfabetizou</strong> <strong>mais</strong> <strong>de</strong> 20 <strong>mil</strong><br />

<strong>brasileiros</strong> nos estados <strong>de</strong> Minas Gerais,<br />

São Paulo e Espírito Santo.<br />

Nesta etapa, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, com<br />

um saldo socialmente positivo na relação<br />

custo-benefício, <strong>FURNAS</strong> investiu<br />

Foto: José Lins<br />

R$ 97.200,00 no programa, em um<br />

período <strong>de</strong> oito meses, carga horária<br />

<strong>de</strong> 320 horas, cerca <strong>de</strong> 70 professores<br />

e a parceria da ONG Semear, cre<strong>de</strong>nciada<br />

pelo MEC. Além do ensino, os alunos<br />

receberam gratuitamente material<br />

didático, alimentação e transporte<br />

para freqüentarem as aulas.<br />

A superinten<strong>de</strong>nte Gleyse Peiter<br />

agra<strong>de</strong>ceu a toda a Empresa, “que<br />

apóia firmemente nossos programas<br />

<strong>de</strong> resgate social, e hoje se<br />

sente honrada <strong>de</strong> participar <strong>de</strong>sta<br />

formatura, <strong>de</strong> melhorar a vida das<br />

pessoas”. Ela conclamou os alunos a<br />

prosseguirem nos estudos, “exercendo<br />

o direito <strong>de</strong> todo cidadão brasileiro<br />

à educação, para que juntos<br />

possamos realizar o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> um<br />

Brasil <strong>de</strong> todos e <strong>de</strong> todas. Não <strong>de</strong>sistam<br />

nunca!”, reforçou Peiter.<br />

Histórias <strong>de</strong> vida<br />

A formanda Sirley Pereira Gomes,<br />

63 anos, 11 netos e dois bisnetos,<br />

moradora <strong>de</strong> Belford Roxo, só freqüentou<br />

a escola quando tinha oito<br />

anos. “Meu pai era carrasco e não<br />

<strong>de</strong>ixava a gente estudar para não<br />

escrever carta ao namorado”, brinca<br />

ela. Em sua opinião, o <strong>FURNAS</strong> Alfabetizando<br />

“foi uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />

nesta altura da minha vida. Ficava<br />

triste quando não ia ao colégio. Me<br />

sinto bem, feliz, e disposta a apren<strong>de</strong>r<br />

<strong>mais</strong> e <strong>mais</strong>”.<br />

Sirley reconhece que sem estudo<br />

“não se faz nada direito, e no curso a<br />

gente apren<strong>de</strong> a chegar nos lugares,<br />

a falar com as pessoas, ganha <strong>mais</strong><br />

liberda<strong>de</strong>. Hoje, insisto com meus<br />

netos e bisnetos para estudarem e<br />

arrumarem emprego bom. Eu estou<br />

<strong>de</strong> cabeça branca e estudo. Por que<br />

eles não po<strong>de</strong>m se esforçar também?”,<br />

indaga.<br />

Moradora <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias,<br />

Sebastiana <strong>de</strong> Oliveira Rocha, 64 anos,<br />

foi criada na roça e, aos oito anos, seu<br />

pai a empregou na colheita do café,<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> só saiu aos 20 anos, para<br />

casar. Sempre lutando, não pu<strong>de</strong> estudar,<br />

mas quando os vizinhos me<br />

falaram do projeto <strong>de</strong> <strong>FURNAS</strong>, mesmo<br />

com minha artrose, o serviço <strong>de</strong><br />

casa e meu marido dizendo que eu<br />

não iria apren<strong>de</strong>r anda, resolvi encarar<br />

o <strong>de</strong>safio”.<br />

Sebastiana diz que o curso mudou<br />

sua vida e foi como uma terapia, on<strong>de</strong><br />

ela conheceu outras pessoas, se divertiu<br />

apren<strong>de</strong>ndo, “e agora não tenho<br />

<strong>mais</strong> dificulda<strong>de</strong> em fazer compras,<br />

telefonar, pegar uma condução,<br />

pedir informação. Aconselho todo<br />

jovem a estudar, trabalhar e ser uma<br />

pessoa honesta”, ensina ela.<br />

Sebastiana <strong>de</strong> Oliveira Rocha reconhece<br />

que o curso mudou a sua vida<br />

Revista <strong>FURNAS</strong> - Ano XXXIV - Nº 351 - Abril 2008 <strong>21</strong><br />

Foto: Eny Miranda


COMPROMISSO SOCIAL<br />

Efeito multiplicador<br />

Cearense, 39 anos, três filhos,<br />

morador <strong>de</strong> Jacarepaguá, Luciano<br />

Profíreo Moreno conta que trabalhava<br />

na roça e achava que não precisava<br />

estudar, apesar da posição contrária<br />

<strong>de</strong> seu pai, que ele hoje reconhece<br />

estar certa. “O estudo vai melhorar a<br />

minha vida, quero continuar apren<strong>de</strong>ndo<br />

a resolver os problemas do diaa-dia,<br />

como ir ao banco e tomar nota<br />

<strong>de</strong> algum recado. A gente fica com<br />

vergonha por não saber assinar o<br />

nome. Meus filhos me apóiam e ajudam<br />

nos <strong>de</strong>veres. Minha filha <strong>de</strong> oito<br />

anos, quando chego da escola, confere<br />

se fiz os trabalhos direito. Eles<br />

enten<strong>de</strong>m as dificulda<strong>de</strong>s que passei<br />

e os empregos que perdi por não saber<br />

ler nem escrever”, reconhece.<br />

“Para pegar ônibus, tinha que<br />

pedir ajuda e muita gente me ensinava<br />

errado. Colocava o <strong>de</strong>do para assinar<br />

meu nome, o que era chato, mas,<br />

agora, além do meu nome escrevo<br />

até cartas aos meus filhos”. O <strong>de</strong>poimento<br />

é <strong>de</strong> Leda Maria Tito, 56 anos,<br />

moradora <strong>de</strong> Jacarepaguá, quatro<br />

filhos, sendo um <strong>de</strong>les, <strong>de</strong> 18 anos,<br />

também participante do <strong>FURNAS</strong> Alfabetizando.<br />

Ela lembra os bons momentos<br />

que passou na única sala <strong>de</strong><br />

aula <strong>de</strong> sua vida, “on<strong>de</strong> todos se ajudam,<br />

a gente se distrai e <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong><br />

pensar nos problemas”, antecipando<br />

que não preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> estudar.<br />

Sandra Silva Alceu, 39 anos, e<br />

Ronaldo Gabriel <strong>de</strong> Arruda, 38, se<br />

conheceram na escola, e não escon<strong>de</strong>m<br />

que “matavam” aula para namorar.<br />

Ela freqüentou até a 1ª série,<br />

quando precisou trocar os estudos<br />

pelo trabalho; ele, chegou a estudar<br />

e trabalhar mas também <strong>de</strong>sistiu por<br />

22 Revista <strong>FURNAS</strong> - Ano XXXIV - Nº 351 - Abril 2008<br />

Foto: Eny Miranda<br />

Foto: José Lins<br />

conta do trabalho. Ronaldo diz que<br />

após participar do <strong>FURNAS</strong> Alfabetizando<br />

o relacionamento com a esposa<br />

está <strong>mais</strong> harmonioso, revelando<br />

que busca um emprego como<br />

segurança. Sandra sonha em ter um<br />

restaurante, “<strong>já</strong> que nós dois gostamos<br />

<strong>de</strong> cozinhar. Eu tenho dois filhos<br />

e Ronaldo um. Queremos uma<br />

vida melhor para eles, estamos sempre<br />

estimulando e mostrando a importância<br />

<strong>de</strong> estudar”, comentou<br />

ela, expondo o fator multiplicador<br />

buscado pelo programa.<br />

A professora Jacira Rodrigues, do<br />

Centro Comunitário Antares, em Santa<br />

Cruz, emocionada com o carinho<br />

dos alunos que a toda hora pediam<br />

para tirar fotografia a seu lado, disse<br />

Foto: Eny Miranda<br />

que embora tenha participado <strong>de</strong> outros<br />

projetos educacionais, <strong>de</strong>sta vez,<br />

a satisfação foi maior. “Uma das minhas<br />

alunas, <strong>de</strong> 78 anos, tinha a digital<br />

como assinatura na carteira <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e sentia muita vergonha<br />

por isso. Ela concluiu o curso e quer<br />

continuar a estudar, fez uma nova<br />

carteira <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e <strong>já</strong> tem até<br />

cartão <strong>de</strong> crédito”. Jacira <strong>de</strong>stacou o<br />

esforço e a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> todos,<br />

ressaltando a solidarieda<strong>de</strong> presenciada<br />

nas salas <strong>de</strong> aula, “on<strong>de</strong> quem<br />

sabia <strong>mais</strong> ajudava os que tinham<br />

dificulda<strong>de</strong>s, num clima <strong>de</strong> total camaradagem”,<br />

concluiu, sem disfarçar<br />

as lágrimas enquanto recebia<br />

abraços e mensagens <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento<br />

dos formandos.<br />

Foto: José Lins


Na página ao lado, os formandos<br />

Luciano Profireo, Sandra Silva<br />

Alceu e Ronaldo Gabriel, Leda<br />

Maria Tito e a professora Jacira<br />

Rodrigues (<strong>de</strong> azul)<br />

A superinten<strong>de</strong>nte da CS.P,<br />

Gleyse Peiter (ao centro), entrega<br />

certificados <strong>de</strong> conclusão a uma<br />

das coor<strong>de</strong>nadoras, ao lado da<br />

representante da ONG Semear;<br />

abaixo, exposição dos trabalhos<br />

realizados pelos alunos durante o<br />

curso <strong>de</strong> alfabetização<br />

Fotos: Eny Miranda<br />

Revista <strong>FURNAS</strong> - Ano XXXIV - Nº 351 - Abril 2008 23

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