07.05.2013 Views

educação cooperativista direcionada ao quadro funcional

educação cooperativista direcionada ao quadro funcional

educação cooperativista direcionada ao quadro funcional

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Educação e autogestão<br />

Educação Cooperativista <strong>direcionada</strong> <strong>ao</strong> Quadro Funcional: A experiência do<br />

“Prêmio Sicoob Coopemata”<br />

Resumo<br />

Gleice Santana Morais<br />

Universidade Federal de Viçosa<br />

gleice.morais@ufv.br<br />

Liliane Vieira Henriques<br />

Sicoob Coopemata<br />

lilihenriques@yahoo.com.br<br />

“É necessário o conhecimento do funcionário para esclarecimento <strong>ao</strong> cooperado”<br />

Relato de um colaborador do Sicoob Coopemata<br />

O presente artigo tem por objetivo analisar a importância do projeto “Prêmio Sicoob<br />

Coopemata” como um componente pedagógico da <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong>, capaz<br />

de promover o aperfeiçoamento das rotinas operacionais da cooperativa <strong>ao</strong> mesmo<br />

passo que socializa o saber em relação <strong>ao</strong>s aspectos essenciais, e simultaneamente<br />

diferenciais do cooperativismo. O principal público alvo a ser abordado será o<br />

<strong>quadro</strong> <strong>funcional</strong> da cooperativa de crédito Sicoob Coopemata. O estudo parte da<br />

premissa de que o funcionário é um agente multiplicador do conhecimento adquirido<br />

na cooperativa, por isso é necessário proporcionar a esse público instrumentos<br />

necessários para que tomem conhecimento da identidade da cooperativa em qual<br />

atuam. Tal análise se justifica na importância dada à <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong><br />

<strong>direcionada</strong> <strong>ao</strong>s funcionários, e não somente <strong>ao</strong>s cooperados, que já se constitui em<br />

um tópico bastante explorado por muitas pesquisas já publicadas. O artigo propõe<br />

um estudo de caso fundamentado por pesquisa bibliográfica e por aplicação de<br />

questionários. No entanto, o texto também revela a observação e interpretação dos<br />

fatos, a partir da participação e observação direta e pessoal dos autores. Os<br />

resultados obtidos mostraram a eficiência do projeto em contribuir no<br />

aperfeiçoamento de alguns pontos da dupla gestão da cooperativa, gestão social e<br />

empresarial, que implicaram em impactos, embora indiretos, mas benéficos para o<br />

cooperado.<br />

Palavras chave: gestão social, <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong>; <strong>quadro</strong> <strong>funcional</strong><br />

Abstract<br />

This paper aims to analyze the importance of the "Prêmio Sicoob Coopemata" as a<br />

component of the cooperative education, able to promote the improvement of<br />

operational routines of the co-operative and socializes knowledge simultaneously<br />

about the essentials and differentials aspects of the cooperative. The main public to<br />

be addressed are the employees of the Credit Co-operative Sicoob Coopemata. This


study assumes that the employees are multipliers of the knowledge acquired in the<br />

co-operative, so it is necessary to provide them the appropriates tools, intending that<br />

who become aware to identity of the co-operative in which they act. The paper’s<br />

importance is justified in the importance of the cooperative education directed to the<br />

employees, and not only to the cooperated, that constitutes a topic extensively<br />

explored by many published research. The paper presents a case study based on<br />

literature review and questionnaires. However, the text also reveals the observation<br />

and interpretation of the facts from the personal participation and direct observation<br />

of the authors. The results achieved showed the efficiency of the project to contribute<br />

to the improvement of some points of the dual management of the cooperative, social<br />

and business management.<br />

Key words: social management; cooperative education; staff.<br />

Introdução<br />

Atualmente, a permanência das organizações em um mercado tão competitivo<br />

e diversificado está sustentada pela excelência e eficiência na prestação de seus<br />

serviços. No âmbito das instituições financeiras, que sobrevivem das tarifas e juros<br />

cobrados pelos serviços prestados, estas precisam sempre buscar pela inovação no<br />

atendimento <strong>ao</strong> público a fim de atraí-los pelo seu diferencial diante das demais<br />

organizações. Entretanto para atingir tão almejada excelência na prestação de seus<br />

serviços, as empresas precisam buscar pela profissionalização dos seus atores<br />

internos, fruto de um processo educacional de formação e capacitação. No contexto<br />

do presente trabalho, que trata das organizações cooperativas é preciso buscar pela<br />

capacitação tanto de cooperados quanto dos colaboradores. Sendo assim é preciso<br />

“considerar a <strong>educação</strong> e a profissionalização da gestão, a inovação tecnológica e a<br />

capacidade empreendedora como fatores primordiais para o aumento da<br />

competitividade das cooperativas nos mercados externo e interno” (SESCOOP,<br />

2009, p. 5). Dessa forma, fica claro compreender como os custos com <strong>educação</strong> e<br />

profissionalização são na verdade investimentos que potencializam as vantagens de<br />

empresas e cooperativas nas suas relações mercadologicamente competitivas.<br />

Na busca por angariar espaço no mercado competitivo, as sociedades<br />

cooperativas não se distanciam dessa realidade. Sem grandes generalizações,<br />

talvez sejam essas as organizações que mais precisem usufruir desse processo<br />

educacional de formação e capacitação contínua. Em primeiro lugar por questões de<br />

ordem empresarial, para manterem fortes e competitivas as cooperativas devem<br />

adotar estratégias de mercado em nível igual ou superior as sociedades mercantis, e<br />

para isso precisam contar com um <strong>quadro</strong> <strong>funcional</strong> capacitado. E em segundo<br />

lugar, as cooperativas devem conciliar tais interesses de ordem empresarial com os<br />

interesses de ordem social pois, por se tratar de uma sociedade de pessoas e não<br />

de capital, esta dependerá da <strong>educação</strong> para tornar seus cooperados conscientes e<br />

participativos (em termos políticos e econômicos) da vida da cooperativa.<br />

Essa necessidade tão latente pela <strong>educação</strong> e capacitação tem sua origem na<br />

complexidade da sua gestão, que segundo Macedo, Sousa e Amodeo (2010, p. 26)<br />

[...] caracterizada pela sua dupla natureza, as cooperativas são desafiadas<br />

a atingir em sua gestão, <strong>ao</strong> mesmo tempo, objetivos de ordem econômica e<br />

social. Para isto se valem da gestão empresarial e social, onde a primeira<br />

preocupa-se em gerir os interesses e incentivos econômicos dos


associados, já a segunda, volta-se para o relacionamento da cooperativa<br />

com os associados, como forma de promover a participação em processos<br />

decisórios.<br />

Segundo a ACI (Aliança Cooperativa Internacional) “cooperativa é uma<br />

associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer<br />

aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de<br />

uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida”. Em suma, tratase<br />

do conjunto de economias individuais que vêem na organização coletiva,<br />

caracterizada pela gestão democrática, uma solução viável capaz de satisfazer suas<br />

necessidades econômicas, sociais e/ou culturais, necessidades essas que se<br />

buscadas isoladamente acabariam por exceder as capacidades individuais dos<br />

agentes envolvidos.<br />

Neste estudo a <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> é vista como um componente<br />

pedagógico da gestão social sendo considerada um mecanismo institucional de<br />

indubitável importância para o modelo de gestão <strong>cooperativista</strong>. Afinal, as<br />

cooperativas são propriedade de um coletivo, e a conciliação dos interesses desse<br />

coletivo se apóia politicamente num processo decisório democrático, logo a<br />

participação dos cooperados, na condição de donos e usuários, deve ser estimulada<br />

a fim de que esses possam ser presença ativa em todos os aspectos do<br />

desenvolvimento da gestão cooperativa. Independente do conceito a ela designado,<br />

e do público que esta irá abranger a <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong>, quando bem<br />

implementada apresenta-se como uma ferramenta de auxilio na gestão social dos<br />

empreendimentos cooperativos, que, por conseguinte reflete em benefícios para a<br />

gestão empresarial.<br />

A <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> tem por objetivo integrar todas as forças produtivas<br />

(órgãos internos, dirigentes, funcionários, técnicos, líderes, comunidade) para<br />

viabilizar a Cooperativa como instrumento de fortalecimento econômico e de<br />

desenvolvimento social dos seus membros.<br />

O estudo de caso que será apresentado é fruto de um contexto onde a gestão<br />

empresarial é visivelmente eficiente em virtude do comprometimento e<br />

profissionalismo dos colaboradores da cooperativa em questão. Entretanto a gestão<br />

social mostra-se deficiente se comparada com a evolução da gestão empresarial. O<br />

artigo ora apresentado não pretende abordar os efeitos diretos da <strong>educação</strong><br />

<strong>cooperativista</strong> como um processo e método capaz de mobilizar a participação dos<br />

cooperados nos processos decisórios, mas sim direcionar esforços para o <strong>quadro</strong><br />

<strong>funcional</strong>.<br />

O fato de o <strong>quadro</strong> <strong>funcional</strong> (os colaboradores) serem considerados, também,<br />

como atores sociais da comunidade a qual a cooperativa se insere, pode-se afirmar<br />

que este público constitui-se em um desdobramento do princípio <strong>cooperativista</strong><br />

referente <strong>ao</strong> “interesse pela comunidade”. Neste caso a cooperativa <strong>ao</strong> mesmo<br />

passo que gera emprego e renda na comunidade mostra também sua face educativa<br />

<strong>ao</strong> proporcionar meios para que os seus colaboradores se empoderem por meio da<br />

construção do saber atinente <strong>ao</strong> cooperativismo.<br />

Procedimentos Metodológicos<br />

O presente estudo, partiu-se primeiramente da inquietude de se mostrar a<br />

relevância das práticas de <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> com o foco no <strong>quadro</strong> <strong>funcional</strong>.<br />

Para isso, levantou-se uma discussão teórica a cerca da <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> e<br />

suas peculiaridades, a fim de contextualizar a problemática em questão.


Para fins de uma abordagem empírica, utilizou-se como estudo de caso o<br />

projeto institucional “Prêmio Sicoob Coopemata”, uma iniciativa da Cooperativa de<br />

Credito Sicoob Coopemata. De acordo com Gil (2002) o estudo de caso permite<br />

preservar o caráter unitário do objeto estudado; descrever o contexto em que se está<br />

sendo feita determinada pesquisa; formular hipóteses ou teorias e explorar as<br />

variáveis causais de determinado fenômeno em situações complexas que não<br />

possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos.<br />

Com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre o “Prêmio Sicoob<br />

Coopemata” buscou-se junto a Sicoob Coopemata informações relevantes quanto<br />

<strong>ao</strong>s objetivos e <strong>ao</strong> funcionamento da iniciativa. Além disso, tomou-se informações<br />

provenientes do edital de convocação do evento, acesso <strong>ao</strong> conteúdo dos trabalhos<br />

apresentados, entrevista informal com organizadores do evento, aplicação de<br />

questionários <strong>ao</strong>s colaboradores da Cooperativa com o intuito de averiguar a<br />

percepção desses em relação <strong>ao</strong> projeto “Prêmio Sicoob Coopemata”, além de<br />

considerar a observação participante dos autores.<br />

Os questionários foram enviados a todos os colaboradores da cooperativa por<br />

email devido a distância da sede <strong>ao</strong>s PACs (Posto de Atendimento <strong>ao</strong> Cooperado)<br />

totalizando assim, um montante de 64 questionários aplicados. Deste total, 35,93%<br />

foram devidamente respondidos, os outros 64,07% não foram respondidos.<br />

Gestão Social e Educação Cooperativista<br />

A <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> enquadra-se dentro das competências da gestão<br />

social de uma cooperativa, neste ambiente as propostas de <strong>educação</strong> são<br />

desenvolvidas e materializadas em programas e projetos que passam a ganhar<br />

significado no momento de sua implementação.<br />

Segundo Amodeo (20-??, p. 2) gestão social <strong>cooperativista</strong> constitui-se em<br />

[...] um campo complexo e multidimensional de conhecimentos, métodos e<br />

práticas, que têm como objetivo o desenvolvimento do relacionamento dos<br />

cooperados com a cooperativa, do sentimento de pertencimento, da<br />

identidade, da fidelidade e da confiança entre os associados e sua<br />

cooperativa, mediante a participação, a capacitação, a comunicação e o<br />

fluxo de informações entre todos os membros da organização, elementos<br />

todos que contribuirão para um democrático e economicamente eficiente<br />

exercício do poder na cooperativa.<br />

Ainda para Amodeo (20-??), esta aponta a <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> como um<br />

componente pedagógico atrelado a gestão social e vinculado a gestão empresarial,<br />

onde a gestão social mostra-se como um fator relevante para solidificar o<br />

empreendimento cooperativo no mercado. Para Gouvea (20-??. p. 3)<br />

A cooperativa desempenha um papel cada vez mais importante na<br />

economia, em defesa daqueles que, embora capazes, não conseguem se<br />

viabilizar isoladamente, tendo na <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> um de seus<br />

princípios fundamentais, com vistas a organizar e preparar associados,<br />

dirigentes e colaboradores a participarem de forma mais consciente e<br />

responsável da gestão cooperativa, para que possam competir neste<br />

mercado globalizado e altamente profissional e exigente.<br />

Atualmente, não existe um conceito que apresente um consenso quanto <strong>ao</strong><br />

significado de <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong>. Há uma série de autores que definem a


<strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> com base em suas experiências no tema. Mas afinal, o que<br />

se entende por <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong>? Que atividades podem receber o título de<br />

“promotoras do desenvolvimento <strong>cooperativista</strong>”? A <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> limitase<br />

somente <strong>ao</strong> campo de informação sobre os aspectos <strong>cooperativista</strong>s, ou é de<br />

responsabilidade dela fornecer, também, capacitação técnica <strong>ao</strong>s cooperados? Para<br />

quem se destina exatamente o seu público alvo? Não é a intenção do estudo<br />

aprofundar nas respostas de todas essas perguntas, mas expor alguns pontos de<br />

vista que podem nos suscitar alguma reflexões.<br />

Valadares (2005, p. 33) define <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> como:<br />

[...] um processo e um método para formular e executar políticas de<br />

<strong>educação</strong> e comunicação cujas características se referem a aspectos<br />

essenciais à prática da cooperação: a gestão democrática. Compreende o<br />

processo propriamente dito de preparação e adoção de planos e estratégias<br />

por decisões das bases <strong>cooperativista</strong>s e dos dirigentes e sua execução por<br />

parte do órgão responsável pela administração do serviço educacional e<br />

pelo esquema de organização comunitária adotada pela cooperativa.<br />

O autor propõe um modelo que seja contínuo <strong>ao</strong> caracterizá-la como um<br />

processo, não implicando assim em atividades de caráter pontual. Propõem também<br />

uma organização do <strong>quadro</strong> social quando afirma a necessidade de um esquema de<br />

“organização comunitária” a fim de que os membros participem mais ativamente das<br />

decisões da cooperativa.<br />

Em sintonia com os argumentos apresentados por Valares, Sampaio et al<br />

(2008, p. 13) aponta que a “[...] <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> é uma metodologia que visa<br />

disseminar o conceito e os princípios do cooperativismo a fim de estimular e<br />

capacitar o associado a assumir e exercitar seu papel como verdadeiro ‘dono’”.<br />

Nesta perspectiva os autores consideram que a disseminação do conteúdo filosófico<br />

é capaz de estimular as bases cooperativas a assumirem as rédeas do<br />

empreendimento.<br />

A <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> pode ser vista também como uma “estratégia para a<br />

estruturação de mecanismos institucionais que viabilizem a comunicação e a<br />

participação dos membros da cooperativa”. 1<br />

Pode-se perceber que os conceitos apresentados convergem no sentido de<br />

que a <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> busca estimular a participação consciente do <strong>quadro</strong><br />

social na gestão da cooperativa, sendo assim, todo esforço direcionado à prática da<br />

<strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> terá impacto, direto ou indireto, principalmente no<br />

cooperado, e que independente da atividade a que se propõe estabelecer a<br />

<strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> jamais poderá afetar drasticamente e tão pouco<br />

comprometer a gestão social da cooperativa, que constitui sua razão de ser.<br />

Entendemos por impactos diretos as conseqüências originadas de trabalhos de<br />

<strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> realizados diretamente e juntamente com os cooperados,<br />

onde estes são os protagonistas de todo o processo das atividades. E impactos<br />

indiretos quando a <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> está <strong>direcionada</strong> a outros atores, que<br />

não sejam os cooperados, mas que em virtude do relacionamento desses com<br />

aqueles as conseqüências do trabalho de <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> transpassa <strong>ao</strong><br />

cooperado.<br />

Quanto <strong>ao</strong>s públicos envolvidos na cooperativa Franco (1985, p. 20) diz que:<br />

1 Informação verbal (Aulas de <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> II – Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG, 2011)


[...] uma cooperativa dependerá da integração de três setores, todos de<br />

fundamental importância, que ele chama de “três mundos”: <strong>quadro</strong> social,<br />

composto pelos associados da cooperativa; <strong>quadro</strong> diretivo, pelos membros<br />

da administração eleitos e ou técnicos contratados, que formam a<br />

administração <strong>cooperativista</strong>; <strong>quadro</strong> <strong>funcional</strong>, pelos operadores do dia-adia<br />

da cooperativa.<br />

Para que um sócio ingresse em uma cooperativa faz-se necessário que este<br />

conheça os valores, princípios e regras que norteiam o movimento cooperativo e<br />

também que conheçam o funcionamento da cooperativa que irá fazer parte.<br />

Entretanto, esse é um discurso que, infelizmente, se concretiza na maioria das<br />

vezes na teoria. Se um mínino de esforço direcionado a <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> não<br />

se encontra enraizado na prática e na cultura organizacional da cooperativa<br />

dificilmente se estabelecerá um ambiente de comunicação entre cooperado [ou<br />

futuro cooperado] e demais agentes envolvidos no empreendimento.<br />

Schneider (2006, p. 14, grifo nosso) afirma que:<br />

Hoje, com a presença de muitas cooperativas de grandes dimensões, com<br />

gestões administrativamente complexas, é cada vez mais difícil um contato<br />

direto e freqüente dos dirigentes eleitos com seus associados. Quando em<br />

tais cooperativas o associado contata a cooperativa, as primeiras<br />

pessoas que encontra, são os funcionários, que o passam a atender<br />

nas diversas instâncias e repartições da cooperativa. Por isso é<br />

importante hoje, que tal funcionário, além de ter uma qualificada<br />

formação profissional, tenha igualmente um bom acervo acumulado de<br />

conhecimentos e experiências sobre a identidade cooperativa, sobre a<br />

especificidade da organização na qual trabalha. Deve poder conceber a<br />

cooperativa como uma empresa, mas como “uma empresa diferente”, pela<br />

filosofia e doutrina que a impregna, pela forma como tratam os associados e<br />

a forma de conceber a própria economia e o papel do capital na mesma.<br />

Na mesma perspectiva Amodeo (20-??, p. 5) acrescenta que<br />

Os funcionários devem ser informados já que eles são geralmente aqueles<br />

que realizam a interfase entre a cooperativa e seus associados. Deve se<br />

promover um intercambio freqüente e fluido que permita estruturar a<br />

organização em torno as linhas estratégicas definidas democraticamente e<br />

transformar as rotinas da organização de forma que acorde com essas<br />

novas estratégias. Isso só se consegue com mecanismos eficientes de<br />

comunicação e participação. Caso contrário, a organização continua<br />

aplicando velhas rotinas, sem aprender nem inovar no sentido estabelecido.<br />

Assim, a aprendizagem organizacional que desenvolve uma cultura<br />

cooperativa específica estará sustentada nos mecanismos de participação,<br />

capacitação e comunicação que sejam escolhidos.<br />

Nesse sentido observa-se a importância de proporcionar formação adequada a<br />

respeito do cooperativismo <strong>ao</strong> <strong>quadro</strong> <strong>funcional</strong> de uma cooperativa, pois, como<br />

destacado anteriormente, são eles que muitas vezes fazem o papel de ponte entre<br />

os interesses dos cooperados <strong>ao</strong> <strong>quadro</strong> diretivo, são os colaboradores que, na<br />

ausência de um agente de desenvolvimento cooperativo, apontam para os<br />

cooperados os diferenciais e os benefícios de serem associado a uma cooperativa.<br />

Os mecanismos de <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> direcionados <strong>ao</strong>s funcionários, ora<br />

explorado no presente estudo, são aqueles que buscam, <strong>ao</strong> mesmo tempo, criar um<br />

espaço de comunicação onde aspectos sobre a filosofia <strong>cooperativista</strong> possam ser<br />

ressaltados e incorporados pelos colaboradores e, <strong>ao</strong> mesmo tempo, capacitá-los


enquanto técnicos, tendo como ponto de partida as reais necessidades da<br />

cooperativa que, nesse caso, são percebidas pelos colaboradores durantes à<br />

execução de seus trabalhos e no seu contato, direto e/ou indireto, com os<br />

cooperados. Nesse ambiente de comunicação Amodeo (20-??, p. 7) sustenta que<br />

[...] deverão se estabelecer instâncias de intercambio e discussão<br />

permanentes, incorporadas no funcionamento da empresa e que habilitem a<br />

participação, a criação e discussão de estratégias, a análise crítica das<br />

informações disponíveis e a proposta de como o resultado desse processo<br />

será incorporado no fazer cooperativo.<br />

A abordagem do conceito de capacitação, inserida no contexto da <strong>educação</strong><br />

<strong>cooperativista</strong> do presente estudo, não será feita nos moldes tradicionais onde<br />

vislumbramos a figura de um profissional que transmite o seu saber <strong>ao</strong>s demais por<br />

meio de aulas/cursos. Schneider (2006, p.39) propõe que “a <strong>educação</strong> cooperativa<br />

deve basear-se não tanto na <strong>educação</strong> bancária, mas, sobretudo, deve saber<br />

despertar a criatividade e o protagonismo das pessoas”. Ainda sobre a capacitação<br />

Amodeo (20-??, p. 5) completa afirmando que a capacitação cooperativa diferenciase<br />

de uma simples capacitação em gestão destinada a associados, operários ou<br />

usuários em geral, dependendo do tipo de cooperativas. O objetivo da mesma não é<br />

só melhorar a gestão econômica, mas também, reforçar a própria relação com os<br />

cooperados.<br />

Sendo assim, o conceito de capacitação por ora empregado está relacionado à<br />

troca de conhecimentos técnicos entre os funcionários da cooperativa. A troca<br />

desses conhecimentos permite que colaboradores tenham a oportunidade de<br />

aprenderem uns com os outros por meio de feedback das atividades que estes<br />

executam na cooperativa e dos seus pareces técnicos direcionados a contribuição<br />

de melhorias tanto para o bom relacionamento com os cooperados quanto na<br />

prestação de serviços.<br />

O Prêmio Sicoob Coopemata<br />

O “Prêmio Sicoob Coopemata” teve sua primeira edição no ano de 2010, é uma<br />

iniciativa da Cooperativa de Crédito de Livre Admissão da Zona da Mata - Sicoob<br />

Coopemata, com sede na cidade de Cataguases MG. Atualmente o <strong>quadro</strong> social da<br />

cooperativa é composto por 3.210 cooperados e, um <strong>quadro</strong> <strong>funcional</strong> de 64<br />

colaboradores (dados de 01/2012), que são distribuídos em sete PAC’s (Posto de<br />

Atendimento <strong>ao</strong> Cooperado), a ver, Cataguases (sede), Muriaé, Ubá, São João<br />

Nepomuceno, Viçosa, Visconde do Rio Branco e Leopoldina. O Sicoob Coopemata é<br />

a primeira cooperativa de crédito a se tornar livre admissão na Zona da Mata<br />

Mineira, fato que representa um grande avanço para a região, uma vez que<br />

proporciona a adesão de cooperados com atividades econômicas diferenciadas, não<br />

privilegiando somente uma segmentação específica da economia.<br />

O “Prêmio Sicoob Coopemata” é uma iniciativa que tem por objetivo distinguir e<br />

reconhecer as melhores práticas <strong>cooperativista</strong>s <strong>direcionada</strong>s para o ramo crédito, a<br />

fim de que estas contribuam de forma exemplar, e simultaneamente estratégica,<br />

para o sucesso econômico e social do Sicoob Coopemata. O evento ocorre<br />

anualmente, e tem seu público alvo voltado para os <strong>quadro</strong>s: diretivo (direção) e<br />

<strong>funcional</strong> (funcionários) da cooperativa. Estes últimos são as peças chave, pois são<br />

eles que elaboram projetos com sugestões de melhorias para o desenvolvimento


das atividades operacionais da cooperativa. O projeto possui duas vertentes: a<br />

primeira preza pela solidez econômica da cooperativa aliada a identificação de<br />

sugestões estratégicas que terão como objetivo encontrar soluções que irão, direta<br />

ou indiretamente, contribuírem para a obtenção de resultados satisfatórios enquanto<br />

“empresa” cooperativa. A segunda tem seu foco na formação do ideal <strong>cooperativista</strong>,<br />

ou seja, estimula reflexões a cerca do cooperativismo, seus princípios, origem, a<br />

estruturação do ramo crédito a níveis nacional e internacional, seu diferencial diante<br />

dos demais empreendimentos enfim, <strong>ao</strong> elaborarem os projetos os funcionários<br />

aprendem sobre questões relevantes a cerca do modelo de organização em qual<br />

trabalham, entendem a complexidade, riqueza e filosofia do movimento<br />

<strong>cooperativista</strong>. Como um veículo de comunicação o “Prêmio Sicoob Coopemata”<br />

possui “importante papel de informar e educar seus destinatários, renovando e<br />

atualizando conceitos, processos produtivos e métodos organizacionais, adequados<br />

à realidade cooperativa e de mercado, promovendo o desenvolvimento integral das<br />

pessoas e das comunidades humanas” (SCHMITZ, 2004, p. 5).<br />

A proposta metodológica do projeto convida os funcionários a formarem<br />

equipes de trabalho entre si e desenvolverem projetos de melhorias <strong>direcionada</strong>s <strong>ao</strong><br />

funcionamento da cooperativa. Os conteúdos abordados são previamente<br />

informados, e a partir deles os colaboradores realizam suas pesquisas com base em<br />

estudos empíricos (a prática vivenciada) e em referenciais bibliográficos. Em alguns<br />

casos, os funcionários se disponibilizam em entrevistar cooperados, a fim de<br />

resgatar neles as soluções cabíveis à cooperativa afinal, é para este público que a<br />

cooperativa busca aperfeiçoar a prestação de seus serviços. Segundo relato de um<br />

colaborador do Sicoob Coopemata “Com a realização do prêmio e apresentação do<br />

trabalho, foi possível ter uma visão melhor do que o cooperado pensa e assim<br />

melhorar os pontos fracos e manter os pontos fortes apontados”. Em sua última<br />

edição, alguns cooperados foram convidados a darem depoimentos sobre a<br />

cooperativa durante a apresentação dos trabalhos, relatando suas opiniões em<br />

relação a satisfação e as vantagens de serem associados <strong>ao</strong> Sicoob Coopemata.<br />

O evento ocorre comumente em Cataguases, e reúne os funcionários de todos<br />

os PACs. Em dia marcado, as equipes que prepararam seus projetos apresentam<br />

suas propostas de melhorias e os resultados obtidos nas pesquisas, <strong>ao</strong> mesmo<br />

passo que demonstram o aprendizado adquirido quanto à filosofia <strong>cooperativista</strong>. O<br />

evento conta com uma banca de júri, que se encarrega de avaliar criteriosamente<br />

cada projeto levando em consideração: 1) A relevância do projeto para a<br />

cooperativa; 2) Contribuição de melhorias para o desempenho econômico e social<br />

da cooperativa; 3) Apresentação da pesquisa; 4) Gestão da pesquisa relatada e 5)<br />

Qualidade das informações prestadas. E há também uma avaliação feita pelos<br />

demais colaboradores que optaram por não participarem como apresentadores de<br />

trabalhos. Ao término todos os projetos apresentados são premiados. Os primeiros<br />

colocados recebem uma gratificação especial pelo destaque. O evento reconhece e<br />

respeita o desempenho de todos os participantes.<br />

A iniciativa cria um ambiente propicio para se repensar os métodos que estão<br />

sendo aplicados na gestão da cooperativa. Proporciona transparência quanto às<br />

falhas de gestão, <strong>ao</strong> passo que soluções são apresentadas. Estimula a criação de<br />

uma identidade cooperativa entre os funcionários, fazendo com que estes<br />

compreendam a razão de ser da organização em qual atual. Em uma pesquisa<br />

realizada por uma das equipes que participaram do “Prêmio Sicoob Coopemata”,<br />

objetivou-se identificar se seus colegas de trabalho [os colaboradores do Sicoob<br />

Coopemata] procuravam divulgar para conhecidos, a partir do conhecimento


adquirido no Sicoob Coopemata, o diferencial em fazer parte de uma cooperativa.<br />

Das respostas obtidas, 97% dos colaboradores afirmaram que sim, estão divulgando<br />

a cooperativa para terceiros. A informação é simples, mas, de acordo com a atitude<br />

dos colaboradores, pode-se perceber uma tendência de que a identidade<br />

cooperativa vem sendo desenvolvida na formação profissional do colaborador,<br />

juntamente com um sentimento de pertencimento.<br />

A partir desse cenário, podemos perceber o quão é importante e necessário<br />

sustentar meios de comunicação provenientes do ensejo da <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong><br />

para os colaboradores. Para Schmitz (2004, p. 4)<br />

[...] o público interno é multiplicador. Nas trocas que se estabelecem no<br />

espaço familiar, na comunidade e em outros ambientes que freqüenta e de<br />

que faz parte, ele será porta-voz da organização. Portanto, a credibilidade e<br />

a confiança que possui em relação a esta instituição, somada a vários<br />

outros fatores intrapessoais e interpessoais, farão com que suas<br />

manifestações tenham caráter positivo ou negativo.<br />

A informação para ser disseminada [ou multiplicada, como foi bem destacada<br />

por Schmitz] precisa ser passada de maneira coesa e correta <strong>ao</strong>s seus destinatários.<br />

Schneider (2006, p. 38) completa afirmando que<br />

[...] a ignorância em relação <strong>ao</strong> processo cooperativo, com todas as suas<br />

expressões e ramificações, implica em uma experiência amarga, correndo o<br />

risco de ser transmitida erroneamente a possíveis interessados e deixando<br />

de tal forma uma imagem negativa sobre a estrutura das cooperativas. E<br />

mais, a ignorância atrai e conduz <strong>ao</strong> submundo, onde o que reina é a<br />

mediocridade. Longe estão as cooperativas de pensar em qualquer situação<br />

relacionada com tal sentimento.<br />

Quando as informações não são transmitidas corretamente as consequências<br />

podem ser danosas, podendo comprometer até mesmo a imagem da cooperativa<br />

perante os seus mais diversos públicos, que acabam por obter uma interpreção<br />

errônea do papel que a cooperativa desempenha.<br />

Apresentação e Análise dos dados<br />

A apresentação e análise dos dados obidos com a aplicação de questionários<br />

serão apresentadas a seguir. Quanto às considerações gerais, estas serão<br />

explanadas de forma genérica nas conclusões finais da pesquisa.<br />

Em primeira instância quis-se identificar, de maneira geral, se o “Prêmio Sicoob<br />

Coopemata” foi capaz de contribuir de fato para ganhos de aprendizagem. As<br />

respostas obtidas demonstraram que o projeto é visto como uma oportunidade de<br />

aprendizado pela maioria dos colaboradores (95%), sendo que 5% não se<br />

pronunciaram a respeito.


Gráfico 1: “O Prêmio Sicoob Coopemata lhe proporcionou ganhos de aprendizagem?”<br />

Fonte: Dados da pesquisa (jan. 2012)<br />

Fora questionado <strong>ao</strong>s colaboradores se estes concordam que o “Prêmio Sicoob<br />

Coopemata” apresenta importância significativa para o desenvolvimento das<br />

atividades operacionais da cooperativa ou se eles acreditam ser uma iniciativa em<br />

vão. Nesta questão pode-se notar que 90% das respostas afirmaram que sim contra<br />

apenas 10% de afirmações negativas. O resultado nos leva a concluir que uma das<br />

vertentes do “Prêmio Sicoob Coopemata” é reconhecida pelos colaboradores, ou<br />

seja, que as sugestões de melhorias apresentadas no evento mostram-se como<br />

estratégias que auxiliam no aperfeiçoamento da gestão empresarial da cooperativa,<br />

garantindo maior eficiência na execução das atividades operacionais. Tal eficiência<br />

aliada <strong>ao</strong> profissionalismo dos técnicos (funcionários) permite que o<br />

empreendimento se solidifique e tenha sua marca reconhecida no mercado. Nesse<br />

sentindo esbarramos no viés técnico da capacitação quando esta se ocupa com as<br />

diversas funções e atividades próprias da cooperativa na sua dimensão de<br />

“empresa” cooperativa.<br />

Gráfico 2: “O Prêmio Sicoob Coopemata apresenta resultados significativos para o desenvolvimento<br />

das atividades operacionais da cooperativa?”<br />

Fonte: Dados da pesquisa (jan. 2012)<br />

Quanto a importância do evento enquanto um mecanismo capaz de<br />

proporcionar um ambiente onde os colaboradores possam expressar suas opiniões<br />

e expor suas sugestões à cooperativa, indagou-se se estes concordavam ser o<br />

“Prêmio Sicoob Coopemata” um mecanismo adequado para exporem tais sugestões<br />

e opiniões de melhorias a cooperativa. Por motivos diversos os colaboradores<br />

podem sentir-se inibidos de terem que apresentar suas propostas abertamente à<br />

diretoria. Entre os motivos podemos destacar: não se sentirem a vontade; não


acharem adequado tamanha exposição (preferindo levar suas opiniões <strong>ao</strong> seu<br />

superior imediato) ou até mesmo por pensarem que poderão ser reprimidos pelos<br />

comentários expostos. Os dados apresentados mostraram que 75% das respostas<br />

vistam o projeto como um meio adequado para se apresentar propostas de<br />

melhorias à cooperativa. A participação direta dos autores no evento comprova que<br />

os colaboradores não se sentiram inibidos <strong>ao</strong> expressarem suas opiniões, muitos até<br />

esporam suas sugestões nos aspectos referentes a “planos de carreira profissional”<br />

sem medo de serem questionados ou inibidos pela diretoria. Cabe aqui uma<br />

observação, o “Prêmio Sicoob Coopemata” não é o único meio pelo qual os<br />

funcionários possam apresentar suas sugestões, pelo contrário, o clima<br />

organizacional do Sicoob Coopemata é propicio e está aberto a novas ideias<br />

sempre.<br />

Gráfico 3: “O evento é um mecanismo adequado para que os colaboradores possam expressar suas<br />

sugestões de melhoria à cooperativa?”<br />

Fonte: Dados da pesquisa (jan. 2012)<br />

Uma das perguntas presentes no questionário visava identificar se a proposta<br />

do projeto Prêmio Sicoob Coopemata gera impacto na relação funcionáriocooperado.<br />

Esta pergunta proporcionou resultados importantes, pois se remete a um<br />

aspecto inerente a gestão social, ou seja, no relacionamento que se estabelece<br />

entre cooperativa [na figura do colaborador] e o cooperado.<br />

Gráfico 4: “A proposta do Prêmio Sicoob Coopemata gera impacto na relação funcionário-cooperado?”<br />

Fonte: Dados da pesquisa (jan. 2012)<br />

Com 90% de afirmações positivas, pode-se concluir que os colaboradores<br />

reconhecem que o aprendizado adquirido no evento gera impactos positivos no<br />

cooperado. Gerar impacto positivo no cooperado é muito importante, pois constitui<br />

em um dos objetivos da <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong>. Entretanto ainda é pertinente


destacar como os cooperados são impactados a partir dessa iniciativa. Por meio de<br />

questões subjetivas os colaboradores apontaram a maneira como veem o<br />

relacionamento cooperado-cooperativa (esta última na figura do colaborador)<br />

impactar positivamente no cooperado.<br />

Vale destacar que nem todos os funcionários que participam do “Prêmio Sicoob<br />

Coopemata” trabalham no setor de atendimento (ou seja, nem todos possuem um<br />

relacionamento direto com os cooperados), mas que mesmo assim souberam<br />

identificar como as questões tratadas no evento podem influenciar no<br />

relacionamento com o cooperado. As respostas foram discursivas, a seguir alguns<br />

relatos que representam bem as opiniões dos colaboradores:<br />

Relato 1: “Quanto maior for nossa intimidade com o sistema <strong>cooperativista</strong>, maior<br />

acúmulo de conhecimento sobre o sistema, maior apoio daremos <strong>ao</strong>s nossos<br />

cooperados.”<br />

Relato 2: “O Prêmio Sicoob Coopemata nos oferece a oportunidade de aprender e<br />

descobrir coisas novas sobre o cooperativismo em geral e, ainda aprofundar os<br />

conhecimentos que já possuíamos. Logo, nosso relacionamento com o cooperado<br />

se torna mais eficaz, pois passamos a conhecer muito mais a cooperativa.”<br />

Os relatos apresentados apontam que a iniciativa do projeto também<br />

proporciona o conhecimento referente <strong>ao</strong>s aspectos do cooperativismo e do “sistema<br />

<strong>cooperativista</strong>”, como afirma o colaborador. Neste sentido a proposta do projeto<br />

estimula o colaborador a refletir a cerca do cooperativismo como um todo, no seu<br />

sentido filosófico. A partir do relato de um colaborador “o funcionário bem informado<br />

poderá responder com maior segurança os questionamentos de cooperados e<br />

futuros cooperados sobre os diferenciais do cooperativismo”. Vemos aqui o papel do<br />

colaborador como multiplicador do conhecimento adquirido na cooperativa.<br />

Concepções errôneas podem levar a resultados desastrosos, daí a importância de<br />

proporcionar espaços de aprendizagem adequados a esse público específico da<br />

cooperativa.<br />

Relato 3: “Entendendo melhor a cooperativa, o funcionário fica mais capacitado para<br />

o atendimento <strong>ao</strong> cooperado”<br />

Relato 4: “Quanto mais conhecermos da cooperativa mais segurança teremos no<br />

atendimento e mais argumentos teremos para mostrar nosso diferencial”<br />

Nesse sentido a capacitação dos colaboradores produziu bons efeitos <strong>ao</strong><br />

propiciar que estes façam cognitivamente as distinções necessárias entre<br />

cooperativa e empresas que visam lucro, ou seja, os diferenciais do cooperativismo.<br />

Percebem-se também as implicações benéficas do projeto para desenvolvimento do<br />

trabalho cotidiano em virtude das sugestões de melhorias. Vemos que o<br />

envolvimento dos colaboradores com o projeto “Prêmio Sicoob Coopemata” estimula<br />

a criação de uma identidade cooperativa. O conhecimento adquirido permite maior<br />

identificação por parte do funcionário a respeito do empreendimento para qual<br />

trabalha, só transmitimos com firmeza aquilo que acreditamos e conhecemos.<br />

Quanto às sugestões de melhorias apontadas pelos colaboradores nas<br />

apresentações orais da segunda edição do “Prêmio Sicoob Coopemata”, procurouse<br />

identificar se era do conhecimento do colaborador se algumas dessas melhorias


foram colocadas em prática ou se pelo menos foram levadas em consideração pela<br />

diretoria da cooperativa. Neste caso tem-se um dado que aponta para um<br />

desdobramento prático do “Prêmio Sicoob Coopemata” no cotidiano da cooperativa<br />

<strong>ao</strong> querer verificar se de fato, as sugestões que são propostas estão sendo coladas<br />

em prática.<br />

Mais da metade (55%) responderam que sim. A participação direta dos autores<br />

no projeto permitiu afirmar que houve uma quantidade significativa de sugestões de<br />

melhorias para a cooperativa, em especial, na segunda edição do “Prêmio Sicoob<br />

Coopemata”. Entre elas a criação de um departamento de marketing na cooperativa<br />

foi bastante frisada pelos colaboradores. Esses verificaram a necessidade de se<br />

investir na marca da cooperativa, e mais que isso, no cooperativismo como um todo.<br />

Em entrevistas informais com os colaboradores estes afirmaram que o<br />

cooperativismo só não é conhecido pela sociedade por falta de divulgação do seu<br />

ideal.<br />

Gráfico 5: “É do seu conhecimento que as propostas de melhoria apresentadas foram levadas em<br />

consideração pela diretoria da cooperativa?”<br />

Fonte: Dados da pesquisa (jan. 2012)<br />

Dentre inúmeras sugestões de melhorias apontadas pelos colaboradores,<br />

foram citadas as que realmente lograram êxito e foram de fato coladas em prática.<br />

Entre elas, a necessidade de se criar um setor de marketing foi tão explicitada que a<br />

sugestão foi levada em consideração. Atualmente a cooperativa contratou um<br />

profissional da área de marketing que ficará incumbido de divulgar a marca “Sicoob<br />

Coopemata” bem como os serviços da cooperativa. As sugestões de planos de<br />

carreira profissional também foram levadas em consideração, os colaboradores<br />

afirmaram terem recebido aumento salarial, bonificações e oportunidades de<br />

crescimento dentro da cooperativa. Quanto a comunicação, houve a implantação<br />

imediata da intranet, a sugestão de aderir um sistema de vídeo conferencia foi<br />

levada em consideração e a possibilidade de sua aquisição está em estudo. Houve<br />

também a ativação dos depósitos nos TAAs (terminais de autoatendimento) que<br />

implicou em menores complicações <strong>ao</strong> cooperado, <strong>ao</strong> invés de esperar na fila para<br />

realizar seu depósito esse poderá fazê-lo no autoatendimento com maior rapidez.<br />

Por fim, divisão da área de superintendência em virtude da expansão da cooperativa<br />

que, além do cargo de superintendente, agora a cooperativa conta com o auxílio de<br />

um consultor para tal atividade.


Considerações Finais<br />

Apesar de ser uma iniciativa recente, o projeto vem demonstrando que é capaz<br />

de gerar resultados positivos. Os desafios do “Prêmio Sicoob Coopemata” permitem<br />

que a cooperativa, enquanto empreendimento social se desenvolva enquanto<br />

desenvolve simultaneamente os seus partícipes.<br />

Os dados apresentados na pesquisa mostram a eficiência do projeto enquanto<br />

ferramenta de aprimoramento da gestão empresarial, com ele, muitas falhas nas<br />

atividades operacionais puderam ser evidenciadas e corrigidas. A participação dos<br />

colaboradores foi de notória relevância, ninguém melhor que os próprios<br />

colaboradores para explicitarem as falhas das suas rotinas afinal, são eles os que<br />

lidam diretamente com as facilidades e dificuldades de sua área.<br />

Os impactos do “Prêmio Sicoob Coopemata” no cooperado são classificados<br />

como impactos indiretos. As afirmações evidenciam que o conhecimento adquirido<br />

no projeto facilita o atendimento <strong>ao</strong>s cooperados e futuros cooperados, se o<br />

colaborador conhece os serviços da cooperativa e as particularidades inerentes <strong>ao</strong><br />

cooperativismo, saberá transmitir com propriedades as informações demandadas<br />

pelos cooperados, estabelecendo assim uma comunicação eficiente com o <strong>quadro</strong><br />

social. O cooperado seria beneficiado diretamente se este também participasse do<br />

evento, podendo assim conhecer um pouco mais sobre a gestão empresarial da sua<br />

própria cooperativa.<br />

Do ponto de vista da gestão social, seriam fundamentais algumas adaptações<br />

no projeto para que a presença dos cooperados no evento “Prêmio Sicoob<br />

Coopemata” se tornasse interessante. Valadares (2005, p.18) argumenta que:<br />

A inexistência de um bom e eficiente sistema de <strong>educação</strong> e comunicação<br />

entre associados, dirigentes e funcionários, voltado <strong>ao</strong>s interesses da<br />

comunidade cooperativa, prejudica o associado na sua função de dono e<br />

usuário da cooperativa, que passa a distanciar se progressivamente de sua<br />

função primordial, que é a prestação de serviços <strong>ao</strong>s associados.<br />

Transforma-se numa empresa ineficiente, por não conseguir o suficiente<br />

grau de adesão dos associados, carentes das informações necessárias<br />

para se comprometerem mais com sua organização; ou transforma-se numa<br />

empresa eficiente, progressista, mas apenas uma empresa como outra<br />

qualquer, valorizando apenas a dimensão econômica e relegando a<br />

dimensão social a segundo ou terceiro plano.<br />

O autor explicita a importância da gestão social na formação de cooperados<br />

conscientes e comprometidos com o empreendimento. A fidelização do cooperado<br />

deve transcender o momento da sua admissão. É preciso dar continuidade <strong>ao</strong><br />

relacionamento com cooperado, este não pode ser lembrado unicamente na<br />

negociação. De qualquer forma a iniciativa já é um grande passo dado, e se mostra<br />

como um mecanismo institucional de <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong> em potencial, e como<br />

tal, possui grande relevância para o desenvolvimento social da cooperativa. No<br />

aspecto da capacitação<br />

[...] mais se ocupa com atividades próprias do campo econômico e técnico/<br />

tecnológico, procurando adestrar as pessoas, associados, funcionários e<br />

dirigentes, para serem bons produtores, bons vendedores e/ou<br />

compradores, bons prestadores dos diversos serviços. [...] ocupa com as<br />

diversas funções e atividades próprias da cooperativa na sua dimensão de<br />

‘empresa’ cooperativa. Opera fundamentalmente em sua vertente<br />

econômica, técnica e profissional (SCHNEIDER, 2006, p. 14).


Enquanto isso, no aspecto destinado a <strong>educação</strong>/formação<br />

[...] se ocupa em trabalhar com os associados, dirigentes e empregados as<br />

questões relativas à identidade, à filosofia da cooperativa, com atividades<br />

que mais se concentram na dimensão da cooperativa enquanto “associação<br />

das pessoas” (SCHNEIDER, 2006, p. 14).<br />

A perspectiva apresentada confirma as duas vertentes abordadas pelo “Prêmio<br />

Sicoob Coopemata”. Enquanto “organização empreendedora” proporciona<br />

capacitação, enquanto “associação de pessoas” formação <strong>cooperativista</strong> de seus<br />

colaboradores.<br />

O presente estudo não tem a intenção de apontar o que é certo ou errado. Tão<br />

pouco tem a pretensão de alterar a natureza do projeto, e sim, de suscitar alguns<br />

pontos considerados relevantes de mais uma proposta de <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong>.<br />

Na prática, o projeto é bem visto pelos dirigentes e colaboradores, que<br />

acreditam no potencial do “Prêmio Sicoob Coopemata” e investem na iniciativa. A<br />

causa foi abraçada e os planos são de continuidade.<br />

Schneider (2006, p. 47) afirma que:<br />

A <strong>educação</strong> cooperativa deve manter-se alinhada com a capacitação<br />

<strong>direcionada</strong> <strong>ao</strong> crescimento, à produtividade e competitividade, salientando<br />

os valores cooperativos de equidade, solidariedade, de maneira tal que o<br />

movimento cooperativo encontre um equilíbrio entre os objetivos<br />

econômicos - empresariais e a essência do cooperativismo.<br />

As palavras do autor coincidem bem com o papel que o “Prêmio Sicoob<br />

Coopemata” vem desempenhando. A busca pelo crescimento econômico aliado as<br />

reflexões inerentes a cerca do sistema <strong>cooperativista</strong>, permitiram que os<br />

colaboradores contribuíssem de forma consciente para a gestão empresarial e social<br />

da cooperativa.<br />

Referencial Bibliográfico<br />

AMODEO, N. B. P. Educação e comunicação <strong>cooperativista</strong>: Reflexões sobre<br />

<strong>educação</strong> e comunicação <strong>cooperativista</strong>. Viçosa, MG: [s.n.],[20-??].<br />

FRANCO, Homero M. Comunicação e <strong>educação</strong> <strong>cooperativista</strong>. Florianópolis:<br />

Imprensa Universitária da UFSC, 1985. 84p.<br />

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.<br />

GOUVEA, F. Educação <strong>cooperativista</strong> e organização do <strong>quadro</strong> social em<br />

cooperativas. Belo Horizonte, MG: [s.n.], [20-??]<br />

INTERNATIONAL CO-OPERATIVE ALLIANCE. Disponível em:<br />

http://www.ica.coop/coop/index.html. Acesso em: 20 janeiro 2012.


LAGO, A. Educação Cooperativa: A experiência do programa do Sicredi “A união faz<br />

a vida”. Trabalho apresentado <strong>ao</strong> XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de<br />

Economia, Administração e Sociologia Rural, ACRE, 2008.<br />

MACEDO, A. dos S.; SOUSA, D. N.; AMODEO, N. B. P. Análise da comunicação na<br />

integração vertical entre cooperativas. In: VII SEMINÁRIO SOBRE GESTÃO<br />

PROFISSIONAL DO COOPERATIVISMO, 2010, Viçosa, MG. Anais VII Seminário<br />

sobre gestão profissional do cooperativismo. Viçosa: UFV, 2010. p. 26-27.<br />

SAMPAIO, D. de O. et al. Organização do Quadro Social: O Caso da Cooperativa<br />

Campos Altos do Estado de Minas Gerais. In: V Encontro de Pesquisadores Latino<br />

Americano de Cooperativismo, 2008, Ribeirão Preto, SP. Anais V Encontro de<br />

Pesquisadores Latino Americano de Cooperativismo, Ribeirão Preto: [s.n.], 2008. p.<br />

1-17.<br />

SCHMITZ, V. R.; SCHNEIDER, J. O. A comunicação interna nas cooperativas e sua<br />

contribuição para o processo democrático. In: III Encontro de investigadores Latino-<br />

Americanos de Cooperativismo, 2004, São Leopoldo. III Encontro de investigadores<br />

Latino-Americanos de Cooperativismo. São Leopoldo : Unisinos, 2004. v. 1. p. 1-16.<br />

SCHNEIDER, J. O.; HENDGES, M. Educação e Capacitação Cooperativa: sua<br />

importância e aplicação, [S.l.]. Revista ESAC Economia Solidária e Ação<br />

Cooperativa, [s.n.], v. 1, n. 1, p. 33-48, 2006.<br />

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO. Diretrizes<br />

Estratégicas do SESCOOP. [Brasília], DF: [s.n.], 2009.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!