07.05.2013 Views

12. DA TRAGÉDIA AO ROMANTISMO: Dois olhares sobre ... - UniABC

12. DA TRAGÉDIA AO ROMANTISMO: Dois olhares sobre ... - UniABC

12. DA TRAGÉDIA AO ROMANTISMO: Dois olhares sobre ... - UniABC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

250<br />

Da Tragédia ao Romantismo: dois <strong>olhares</strong> <strong>sobre</strong> o amor de Romeu e Julieta<br />

drogado Mercúcio). No terceiro momento, após lutar bravamente contra<br />

as diversas manifestações do Mal, o Bom Romeu tem sua recompensa ao<br />

se unir, em um amor celestial, a Julieta.<br />

Na obra paradigma, porém, entendermos o jovem Romeu não é tão<br />

fácil, pois a luta que nele existe é de um homem que, se inicialmente<br />

enxerga a si como uma “alma de chumbo” (Ato I, Cena V), posteriormente<br />

percebe, ao encontrar seus mortos, que outros homens também suportam<br />

o peso da infelicidade. No sepulcro da família de Julieta, Romeu mata Páris<br />

e, após esse ato insano, expressa sua compaixão por aquele que também<br />

sofre pela morte de Julieta (“Dá-me essa mão, ó tu que estás inscrito, como<br />

eu também, no livro do infortúnio. (...) Repousa, morto, por um morto<br />

enterrado” (Ato V, Cena III)). Ainda neste local fúnebre, Romeu encontra<br />

Tebaldo e sente nesse o sofrimento de uma morte injusta (“Tebaldo, jazes<br />

num lençol de sangue? Oh! que maior favor fazer-te posso do que com esta<br />

mesma mão que a tua mocidade cortou, destruir, agora, também, a do que<br />

foi teu inimigo? Primo, perdoa-me” (Ato V, Cena III)).<br />

Em Shakespeare, portanto, somente a rima do amor pode salvar do<br />

tumulto da existência não apenas o sofredor Romeu, mas também os<br />

homens que possuem uma vida mais fúnebre do que a própria morte. Ou,<br />

como diria Shakespeare em um de seus poemas:<br />

Nem mármore, nem áureos monumentos<br />

De reis hão de durar mais que esta rima,<br />

E sempre hás de brilhar nestes acentos<br />

Do que na pedra, pois o tempo a lima.<br />

(...)<br />

Há de seguir teu passo sobranceiro<br />

Vencendo a morte e as legiões do olvido,<br />

E os pósteros, no juízo derradeiro,<br />

Hão de a este louvor prestar ouvido.<br />

Pois até a sentença que levantes<br />

Vive aqui e no lábio dos amantes.<br />

(SHAKESPEARE, 1994, p. 479)<br />

Letras - Languages - Letras | Humanas | Revista <strong>UniABC</strong> - v.1, n.1, 2010 - ISSN: 2177-5818

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!