12. DA TRAGÉDIA AO ROMANTISMO: Dois olhares sobre ... - UniABC

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Da Tragédia ao Romantismo: dois olhares sobre o amor de Romeu e Julieta
arfante está cheio de dor. Oh, o doer. Porque estou a
beijar-te. Estou a beijar-te. Toca-me fundo em pureza
e verdade.
ROMEU: Meu coração, até hoje, teve a dita de conhecer
o amor? Oh! que simpleza! Nunca soube até agora o
que é beleza.
Salientamos que este expediente utilizado no filme, o de acrescentar
música ao texto falado para conseguir uma empatia sentimental do público,
não foi inventado por nossa modernidade: ele já é presente em textos mais
antigos, mais especificamente em obras designadas como melodramas.
O termo melodrama foi utilizado pela primeira vez no ano de 1594.
Nesta época, o músico Jacopo Peri e o libretista Ottavio Rinuccini se
uniram para construir um texto que unisse melodia (melos) a uma ação
teatral (drama2 ). Ao resultado obtido dessa união, a ópera Dafni, os
autores denominaram de melodrama. Nos anos seguintes, outros autores
de óperas chamaram de melodrama seus textos inteiramente cantados.
Com o passar do tempo, porém, o melodrama se distanciou da fôrma
operística e passou a ser utilizado para espetáculos cujo acompanhamento
musical salientava apenas os momentos significativos do enredo. Esse
entendimento do termo surgiu pela primeira vez quando, em 1770, Jean
Jacques Rousseau classificou como melodrama seu texto Pigmalião. O autor
em questão julgou pertinente dar essa denominação à sua peça por ter
utilizado, na construção dramatúrgica dessa, árias da ópera italiana para
salientar os solilóquios sentimentais de um escultor que expressa, pela
estátua de uma Ninfa que esculpira, um amor funesto. A partir da obra
de Rousseau, portanto, a música inserida no drama passou a objetivar o
sentimentalismo que, por sua vez, tornou-se o principal elemento da fôrma
melodramática.
2 Na Antiguidade Clássica, o vocábulo drama era utilizado para designar a representação teatral pois, em
grego, esta palavra significa “ação”. Segundo um dos principais literatos daquela época, Aristóteles, a
utilização do vocábulo é pertinente já que dentre todos os gêneros literários (a saber: o lírico, o épico e
o dramático), esse é o que faz “aparecer e agir as próprias personagens” (ARISTÓTELES, 1969, p. 243).
Letras - Languages - Letras | Humanas | Revista UniABC - v.1, n.1, 2010 - ISSN: 2177-5818