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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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Dessa perspectiva, novas maneiras e novos significados<br />

atravessam a urbanida<strong>de</strong> contemporânea, exigindo, por um lado, que<br />

se tome a cida<strong>de</strong> como configuração na “interseção entre seu movimento<br />

específico em um sistema <strong>de</strong> espaços hierarquicamente organizados e<br />

sua construção cultural como comunida<strong>de</strong> ou localida<strong>de</strong>” 7 e, por outro<br />

lado, os processos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação dos sujeitos para além da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

isomorfismo entre espaço, lugar e cultura. Isso porque<br />

25<br />

“o aqui e o lá” ficam embaçados e a idéia fixa<br />

<strong>de</strong> enraizamento é estremecida. Assim se instala<br />

a ruptura significativa entre cultura e espaço,<br />

ou melhor, entre cultura e lugar. A fixi<strong>de</strong>z<br />

que a tradição atribui aos lugares em muito já<br />

vazou para outros tantos. Existe a flui<strong>de</strong>z do<br />

contemporâneo 8 .<br />

Tais aspectos que envolvem nossas vivências contaminadas pelos<br />

fluxos globais da comunicação, da produção e consumo e <strong>de</strong> populações<br />

por certo nutriram o meu interesse pelo tema da pesquisa. Mas não é<br />

apenas isso. Outros <strong>de</strong>slocamentos marcaram a sua trajetória.<br />

Como professora <strong>de</strong> jovens universitários <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> História,<br />

repensar-me teórica e metodologicamente foi sempre preciso. Diante<br />

dos questionamentos um tanto <strong>de</strong>sestabilizadores que pouco a pouco<br />

se tornaram, na minha prática docente, lugar comum, mover-se com<br />

<strong>uma</strong> bagagem marxista 9 às costas entre ensino e pesquisa implicou<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar muros impeditivos e estabelecer fronteiras<br />

como possibilida<strong>de</strong>s. Nesse duro processo, foi necessário enfrentar<br />

autores provocadores, trabalhar em conjunto com colegas <strong>de</strong> áreas<br />

diversas, apren<strong>de</strong>r ensinando e superar o modo <strong>de</strong> fazer perguntas tendo<br />

na ponta da língua suas respostas.<br />

Dessa forma, procuro exprimir parte do trajeto da investigação,<br />

cuja trama se <strong>de</strong>senhou à medida que eu problematizava o tema e me<br />

7 GUPTA, Akhil; FERGUSON, James. Mais além da “cultura”: espaço, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e política<br />

da diferença. In: ARANTES, Antonio A. (Org.). o espaço da diferença. Campinas: Papirus,<br />

2000. p. 32.<br />

8 CAMPOS, Emerson César <strong>de</strong>; FLORES, Maria Bernar<strong>de</strong>te. Op. cit. p. 272.<br />

9 Refiro-me a minha formação inicial. Concluí o bacharelado em História em 1986 pela PUC-<br />

SP. No período, o Brasil efervescia com o fim da ditadura, o movimento pelas Diretas Já e o<br />

enfrentamento i<strong>de</strong>ológico entre intelectuais atingidos pela repressão militar. As leituras das obras<br />

<strong>de</strong> Marx foram obrigatórias em quase todas as disciplinas cursadas. Refutar ou ratificar suas<br />

análises era o exercício sistemático <strong>de</strong> qualquer estudante “comprometido” com a história.

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