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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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quais seriam as características <strong>de</strong>sse suposto processo <strong>de</strong> conhecimento<br />

da diversida<strong>de</strong>?<br />

Conforme o filósofo Jorge Larrosa, nos últimos tempos, conhecer<br />

a diversida<strong>de</strong> cultural po<strong>de</strong> proporcionar certo conforto na nossa relação<br />

com os outros, até o ponto em que<br />

lo extraño no inquiete lo propio, para que no nos<br />

extrañemos <strong>de</strong> nosotros mismos y para que, en el<br />

encuentro con el extranjero, no aprendamos que,<br />

en realidad, nosotros también somos extranjeros.<br />

Podríamos <strong>de</strong>cir que la comprensión procura<br />

un beneficio simbólico cuando su dimensión<br />

reflexiva se resuelve en un fortalecimiento <strong>de</strong><br />

las segurida<strong>de</strong>s que constituyen la i<strong>de</strong>ntidad <strong>de</strong>l<br />

intérprete. En ese sentido el otro extranjero es el<br />

que te permite sentirte en casa, el que te permite<br />

ser tú mismo haciendo <strong>de</strong> ti el (más o menos<br />

generoso) propietario <strong>de</strong> la casa 25 .<br />

Concordo com a concepção <strong>de</strong> Larrosa <strong>de</strong> que o conhecimento<br />

da diversida<strong>de</strong> cultural tem sido direcionado para o seu aprisionamento,<br />

transformando-se n<strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> exposição concedida, cujos fins não<br />

seriam <strong>de</strong>stinados à convivência e à circularida<strong>de</strong> sociocultural, mas à<br />

exibição <strong>de</strong> seus aspectos exteriores folclorizados, permitindo encontros<br />

seguros e assegurados, planificados e sem surpresas, convenientemente<br />

previstos e <strong>de</strong>spojados <strong>de</strong> incertezas 26 .<br />

Passados presentes urbanos a serem conhecidos nessa perspectiva<br />

pedagógica da diversida<strong>de</strong>: eis a minha hipótese inicial sobre o caráter<br />

da Festa das Tradições <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. Isso diz respeito, em primeiro<br />

lugar, à análise do processo <strong>de</strong> invenção <strong>de</strong> passados até então não<br />

presentificados, bem como das intencionalida<strong>de</strong>s e apropriações que<br />

buscavam brindar os festejadores com cenários, objetos, danças,<br />

músicas, comidas e ativida<strong>de</strong>s outras presumidamente referentes às<br />

suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Em segundo lugar, a hipótese leva-me a investigar<br />

as razões históricas, os termos da concessão <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> pública da<br />

diversida<strong>de</strong> cultural, as tensões e disputas que me permitem interpretar<br />

a festa não como acontecimento único, mas fato carregado <strong>de</strong> significações<br />

25 LARROSA, Jorge. ¿Para qué nos sirven los extranjeros? educação & socieda<strong>de</strong>, ano XXIII,<br />

n. 79, p. 69, ago. 2002.<br />

26 Id. Ibid. p. 82.

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