09.05.2013 Views

Automotiva Usiminas. Fazer melhor sempre. - Automotive Business

Automotiva Usiminas. Fazer melhor sempre. - Automotive Business

Automotiva Usiminas. Fazer melhor sempre. - Automotive Business

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Automotive</strong><br />

ABRIL DE 2011<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

MARCOS DE OLIVEIRA<br />

ALTO ASTRAL DA FORD NA<br />

HORA DA GLOBALIZAÇÃO REAL


ÍNDICE<br />

34 ENTREVISTA | MARCOS DE OLIVEIRA<br />

ALTO ASTRAL<br />

NA HORA DA<br />

GLOBALIZAÇÃO REAL<br />

Marcos de Oliveira faz lucros sucessivos no<br />

comando da Ford na América do Sul, mostra o<br />

novo Cargo e prepara o lançamento do EcoSport global<br />

10 FÓRUM<br />

AUTOMOTIVO<br />

PACTO PARA COMPETIR<br />

Setor quer incentivo já<br />

20 Economia<br />

22 Ford<br />

24 PSA<br />

26 Comerciais<br />

28 Importação<br />

30 Autopeças<br />

32 Compras<br />

38 COBIÇA<br />

ESCOLHA O SEU PRESENTE<br />

Confira cinco dicas de consumo<br />

40 ESPECIAL: TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

EVOLUÇÃO OU MORTE<br />

O risco de ficar para trás<br />

52 DESENVOLVIMENTO<br />

NOVA POLÍTICA INDUSTRIAL<br />

Foco no setor automotivo<br />

56 ELETRÔNICA<br />

ATRÁS DO BONDE<br />

Presença em projetos globais<br />

58 Montadoras<br />

62 Sistemistas<br />

64 Pesados<br />

66 Rastreamento<br />

LUIS PRADO


67 NOVO CARGO<br />

CARA BRASILEIRA<br />

Parceria com fornecedores<br />

71 LANÇAMENTO<br />

NOVO COROLLA<br />

Mudança bem-vinda no motor<br />

72 PRÊMIO TOYOTA<br />

DENSO E MARO NA FRENTE<br />

Soma da qualidade, logística e custo<br />

74 PRÊMIO GM<br />

BENTELER É A MELHOR<br />

Quem ganha não quer mais perder<br />

77 AUTOMEC<br />

FEIRA BATE RECORDES<br />

Aftermarket mostra fôlego<br />

78 GESTÃO<br />

CURSOS IN COMPANY<br />

Capacitação sob medida<br />

80 HORA EXTRA<br />

VÁLVULA DE ESCAPE<br />

Receitas dos executivos<br />

83 SEGURANÇA VEICULAR<br />

COM OU SEM O GOVERNO?<br />

Brasil tira o atraso<br />

85 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO<br />

A SOLUÇÃO DO PLM<br />

Software para acelerar<br />

88 GESTÃO DE FROTA<br />

GENE DE TI NO STRALIS<br />

Iveco aposta no Frota Fácil<br />

90 PRÊMIO<br />

AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

EXCELÊNCIA E INOVAÇÃO PARA SER REI<br />

As <strong>melhor</strong>es iniciativas do setor<br />

110 ALTA RODA<br />

EM BUSCA DO EQUILÍBRIO<br />

A análise de Fernando Calmon<br />

Carlos Panitz é gerente de planejamento de materiais e logística<br />

na MWM International e não diretor de suprimentos, como foi<br />

publicado na edição 7 desta revista.<br />

<strong>Automotive</strong>


EDITORIAL<br />

Inovação contínua, aos trancos ou em grandes saltos? Descubra o que<br />

é <strong>melhor</strong> para sua empresa. Invente, mas reinvente logo porque seus<br />

concorrentes enferrujados acabarão reagindo.<br />

A Ford conhece a lição. Reagiu: não lembra mais o que é prejuízo na<br />

região nem fala dos tempos esquisitos da joint venture com a Volkswagen.<br />

Marcos de Oliveira, seu presidente para a América do Sul, colocou a<br />

companhia em alto astral e quer surfar na área de tecnologia. Suas<br />

iniciativas valem a capa desta edição, com direito à entrevista principal, a<br />

uma resposta à Hyundai e ao lançamento do novo Cargo.<br />

A renovação na Ford foi providencial diante dos tempos difíceis que o<br />

parque industrial brasileiro enfrenta com a fragilização na capacidade de<br />

competir com os invasores asiáticos, tema em que Pedro Kutney mergulhou<br />

para ouvir o governo, entidades e empresas. A análise passa a limpo o<br />

que se falou recentemente sobre o assunto e faz foco nos cenários para o<br />

desenvolvimento tecnológico e inovação. Coube ao jornalista Jairo Morelli<br />

avaliar os nossos avanços em eletrônica veicular.<br />

O Programa de Desenvolvimento da Competitividade e seus efeitos<br />

estiveram em discussão no II Fórum da Indústria Automobilística, dia 11<br />

de abril no Golden Hall do WTC, com recorde de participantes e direito a<br />

pesquisa eletrônica em tempo real para mostrar o que o setor pensa de<br />

fato sobre competitividade e quem deve fazê-la acontecer. Houve respostas<br />

duras e os participantes votaram pela inovação e incentivo já.<br />

O prêmio REI, outro destaque nesta revista, é um reconhecimento<br />

de <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> à excelência e inovação em empreendimentos<br />

automotivos. Ele inova por ser conduzido inicialmente por um grupo de 40<br />

especialistas da indústria automobilística e depois ir a voto popular.<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> reforça o time editorial, já atendido por uma dezena<br />

de jornalistas inquietos e motivados pela inovação e pela WebTV AB. Pedro<br />

Kutney passa a comandar, na redação, o serviço de notícias do portal e a<br />

newsletter diária, que recebe apoio de Mário Curcio, ex-Jornal do Carro<br />

e AutoEsporte, e da Giovanna Riato. Temos a contribuição da Agência<br />

Estado e correspondentes para trazer a informação da hora, com grande<br />

credibilidade.<br />

O que mais? Estamos inventando, porque você, leitor, nossa razão de<br />

existir, merece.<br />

Até a próxima.<br />

6BUSINESS<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

Editor<br />

paulobraga@automotivebusiness.com.br<br />

DESEMBRULHE A INOVAÇÃO<br />

REVISTA<br />

www.automotivebusiness.com.br<br />

Editada por <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>, empresa<br />

associada à All Right Comunicação Ltda.<br />

Tiragem de 10.500 exemplares, com<br />

distribuição direta a executivos de fabricantes<br />

de veículos, autopeças, distribuidores,<br />

entidades setoriais, governo, consultorias,<br />

empresas de engenharia, transporte e logística<br />

e setor acadêmico.<br />

Diretores<br />

Maria Theresa de Borthole Braga<br />

Paula Braga Prado<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

Editor<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

MTPS 8858<br />

Redação<br />

Giovanna Riato, Jairo Morelli, Mário Curcio<br />

e Pedro Kutney<br />

Colaboradores desta edição<br />

Fernando Calmon, Guilherme Manechini,<br />

Igor Thomaz, Marta Pereira, Rodrigo Mora,<br />

Solange Calvo, Sueli Osório e<br />

Wagner Gonzalez<br />

Design e diagramação<br />

Ricardo Alves de Souza<br />

<br />

Estúdio Luis Prado<br />

Tel. 11 5092-4686<br />

www.luisprado.com.br<br />

Publicidade<br />

Paula B. Prado<br />

Carina Costa<br />

Greice Ribeiro<br />

Monalisa Naves<br />

<br />

CRM e database<br />

Josiane Lira<br />

Comunicação e eventos<br />

Carolina Piovacari<br />

Media Center e WebTV<br />

Thais Celestino<br />

Webdesign<br />

Filipe Oliveira<br />

<br />

Margraf<br />

Distribuição<br />

ACF Acácias, São Paulo<br />

<br />

Av. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema,<br />

04082-001, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5095-8888<br />

redacao@automotivebusiness.com.br


EDITORIAL<br />

Inovação contínua, aos trancos ou em grandes saltos? Descubra o que<br />

é <strong>melhor</strong> para sua empresa. Invente, mas reinvente logo porque seus<br />

concorrentes enferrujados acabarão reagindo.<br />

A Ford conhece a lição. Reagiu: não lembra mais o que é prejuízo na<br />

região nem fala dos tempos esquisitos da joint venture com a Volkswagen.<br />

Marcos de Oliveira, seu presidente para a América do Sul, colocou a<br />

companhia em alto astral e quer surfar na área de tecnologia. Suas<br />

iniciativas valem a capa desta edição, com direito à entrevista principal, a<br />

uma resposta à Hyundai e ao lançamento do novo Cargo.<br />

A renovação na Ford foi providencial diante dos tempos difíceis que o<br />

parque industrial brasileiro enfrenta com a fragilização na capacidade de<br />

competir com os invasores asiáticos, tema em que Pedro Kutney mergulhou<br />

para ouvir o governo, entidades e empresas. A análise passa a limpo o<br />

que se falou recentemente sobre o assunto e faz foco nos cenários para o<br />

desenvolvimento tecnológico e inovação. Coube ao jornalista Jairo Morelli<br />

avaliar os nossos avanços em eletrônica veicular.<br />

O Programa de Desenvolvimento da Competitividade e seus efeitos<br />

estiveram em discussão no II Fórum da Indústria Automobilística, dia 11<br />

de abril no Golden Hall do WTC, com recorde de participantes e direito a<br />

pesquisa eletrônica em tempo real para mostrar o que o setor pensa de<br />

fato sobre competitividade e quem deve fazê-la acontecer. Houve respostas<br />

duras e os participantes votaram pela inovação e incentivo já.<br />

O prêmio REI, outro destaque nesta revista, é um reconhecimento<br />

de <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> à excelência e inovação em empreendimentos<br />

automotivos. Ele inova por ser conduzido inicialmente por um grupo de 40<br />

especialistas da indústria automobilística e depois ir a voto popular.<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> reforça o time editorial, já atendido por uma dezena<br />

de jornalistas inquietos e motivados pela inovação e pela WebTV AB. Pedro<br />

Kutney passa a comandar, na redação, o serviço de notícias do portal e a<br />

newsletter diária, que recebe apoio de Mário Curcio, ex-Jornal do Carro<br />

e AutoEsporte, e da Giovanna Riato. Temos a contribuição da Agência<br />

Estado e correspondentes para trazer a informação da hora, com grande<br />

credibilidade.<br />

O que mais? Estamos inventando, porque você, leitor, nossa razão de<br />

existir, merece.<br />

Até a próxima.<br />

6BUSINESS<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

Editor<br />

paulobraga@automotivebusiness.com.br<br />

DESEMBRULHE A INOVAÇÃO<br />

REVISTA<br />

www.automotivebusiness.com.br<br />

Editada por <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>, empresa<br />

associada à All Right Comunicação Ltda.<br />

Tiragem de 10.500 exemplares, com<br />

distribuição direta a executivos de fabricantes<br />

de veículos, autopeças, distribuidores,<br />

entidades setoriais, governo, consultorias,<br />

empresas de engenharia, transporte e logística<br />

e setor acadêmico.<br />

Diretores<br />

Maria Theresa de Borthole Braga<br />

Paula Braga Prado<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

Editor<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

MTPS 8858<br />

Redação<br />

Giovanna Riato, Jairo Morelli, Mário Curcio<br />

e Pedro Kutney<br />

Colaboradores desta edição<br />

Fernando Calmon, Guilherme Manechini,<br />

Igor Thomaz, Marta Pereira, Rodrigo Mora,<br />

Solange Calvo, Sueli Osório e<br />

Wagner Gonzalez<br />

Design e diagramação<br />

Ricardo Alves de Souza<br />

<br />

Estúdio Luis Prado<br />

Tel. 11 5092-4686<br />

www.luisprado.com.br<br />

Publicidade<br />

Paula B. Prado<br />

Carina Costa<br />

Greice Ribeiro<br />

Monalisa Naves<br />

<br />

CRM e database<br />

Josiane Lira<br />

Comunicação e eventos<br />

Carolina Piovacari<br />

Media Center e WebTV<br />

Thais Celestino<br />

Webdesign<br />

Filipe Oliveira<br />

<br />

Margraf<br />

Distribuição<br />

ACF Acácias, São Paulo<br />

<br />

Av. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema,<br />

04082-001, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5095-8888<br />

redacao@automotivebusiness.com.br


50


FÓRUM DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA<br />

PACTO PARA<br />

ALAVANCAR A<br />

COMPETITIVIDADE<br />

10BUSINESS


FÓRUM PROMOVIDO POR AUTOMOTIVE BUSINESS REUNIU<br />

A CADEIA DE PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA,<br />

TRAZENDO À TONA DIAGNÓSTICOS E SOLUÇÕES PARA RECOMPOR<br />

A COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS, QUE PEDEM MUDANÇAS<br />

IMEDIATAS E GOSTARIAM DE VER EM AÇÃO UMA CÂMARA SETORIAL<br />

PARA A CONSTRUÇÃO DE UM AMPLO PACTO NO SETOR


FÓRUM DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA<br />

CADEIA DE PRODUÇÃO QUER INCENTIVOS JÁ<br />

O<br />

II Fórum da Indústria Automobilística,<br />

promovido por<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> em 11<br />

de abril no Golden Hall do WTC, no<br />

complexo que integra o Hotel Sheraton<br />

e o Shopping D&D em São Paulo, reuniu<br />

677 profissionais relacionados à indústria<br />

automobilística para avaliar as<br />

fragilidades no poder de competição<br />

das empresas do setor e propor soluções<br />

visando à consolidação do parque<br />

industrial. Em resposta a pesquisa eletrônica<br />

em tempo real, durante o encontro,<br />

73,5% dos participantes da votação<br />

concordaram que há um grande<br />

senso de urgência no estímulo às empresas<br />

da cadeia de produção. Apenas<br />

4,1% declararam que as soluções devem<br />

ser analisadas sem precipitação e<br />

outros 22,4% recomendaram que a implementação<br />

seja progressiva.<br />

O que barra, afinal, o avanço dos<br />

programas em andamento? Segundo<br />

o levantamento, há conflitos de interesses<br />

na cadeia (36% das respostas),<br />

baixa capacidade de gestão e vontade<br />

política do governo (26%), concorrência<br />

de outros segmentos industriais<br />

(20%) e desinteresse das multinacionais<br />

que dominam o setor (18%). Nada<br />

menos de 61% dos votantes entenderam<br />

que um programa de competitividade<br />

setorial deve começar por meio<br />

de um pacto setorial, como uma câmara<br />

setorial reunindo todas as partes<br />

envolvidas, e 55% deixaram claro que<br />

a capacidade de competir só pode ser<br />

recuperada com um amplo acordo nacional<br />

liderado pelo governo.<br />

Dos votantes, 55,8% destacaram<br />

que os veículos produzidos no Brasil<br />

têm baixo conteúdo perto dos importados,<br />

enquanto 25,6% entenderam<br />

que eles atendem as necessidades e o<br />

poder de compra locais e 16,3% disseram<br />

que os produtos podem evoluir rapidamente<br />

para ser competitivos. Ape-<br />

12BUSINESS<br />

nas 2,3% afirmam que os veículos nacionais<br />

são “carroças” para competir<br />

aqui ou lá fora.<br />

A pesquisa indicou ainda, com metade<br />

dos votos no quesito, que os diagnósticos<br />

sobre queda de competitividade<br />

foram feitos e as dificuldades são<br />

bem conhecidas. Outros 38,8% dos<br />

votos recomendam que os diagnósticos<br />

sejam refeitos já, com energia, recursos<br />

e objetivos claros.<br />

A evolução do Mercosul Automotivo<br />

foi vista de diferentes prismas: 31,1%<br />

acreditam que o bloco nunca existiu<br />

de fato como entidade, 33,3% entendem<br />

que ele só avançará após a solução<br />

dos problemas de competitividade<br />

na região, 28,9% disseram que ele não<br />

decolou porque a Argentina só quer<br />

solucionar os próprios problemas.<br />

O resultado da pesquisa foi encaminhado<br />

ao governo, por meio de Paulo<br />

Bedran, diretor do Departamento de<br />

Indústrias de Equipamento de Transporte,<br />

do Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio, que participou<br />

do painel de encerramento.<br />

FÓRUM<br />

O fórum teve o patrocínio de 30 empresas<br />

do setor e a presença em palestras<br />

e debates de representantes do<br />

governo, Anfavea, Fenabrave, Sindipeças,<br />

SAE Brasil, AEA, PricewaterhouseCoopers,<br />

Bradesco e executivos das<br />

PAULA PRADO, na<br />

abertura do fórum<br />

principais fabricantes de veículos leves<br />

e comerciais.<br />

Bedran anunciou, no painel de encerramento,<br />

as linhas mestras do PDC,<br />

Programa de Desenvolvimento da<br />

Competitividade que o governo preparou<br />

para incentivar o setor em substituição<br />

ao PDP, Programa de Desenvolvimento<br />

Produtivo, alinhado com a<br />

promoção da produção. “O setor automotivo<br />

será um dos contemplados<br />

com os incentivos, bem como os segmentos<br />

de petróleo e gás, eletrônica e<br />

química. Haverá estímulo também à<br />

área de combustíveis alternativos”, antecipou<br />

na ocasião.<br />

O representante do governo nos debates<br />

disse que é difícil reeditar uma<br />

câmara setorial. Para ele, os fóruns<br />

de competitividade atuais representam<br />

um caminho adequado para as<br />

discussões. Bedran, no entanto, aceita<br />

a ideia de um “pacto” para endossar<br />

as respostas à necessidade de garantir<br />

novo patamar de competitividade<br />

ao setor automotivo.<br />

Sergio Reze, presidente da Fenabrave,<br />

fez a palestra de abertura do fórum.<br />

Capa de edição recente da revista <strong>Automotive</strong><br />

<strong>Business</strong>, ele disse que o Brasil<br />

tem uma das <strong>melhor</strong>es redes de distribuição<br />

de veículos do mundo e produz<br />

automóveis perfeitamente adequados<br />

à realidade local. A seguir, o sócio-<br />

-diretor da PricewaterhouseCoopers,<br />

Marcelo Cioffi, fez palestra para situar<br />

o Brasil automotivo no concerto global<br />

e advertiu que os investimentos previstos<br />

são insuficientes para atender<br />

a demanda do mercado.<br />

Sérgio Habib, presidente do Grupo<br />

SHC e da JAC Motors Brasil, concedeu<br />

entrevista aos editores de <strong>Automotive</strong><br />

<strong>Business</strong> e explicou a decisão de importar<br />

veículos chineses, com uma estrutura<br />

de 50 revendas inauguradas simultaneamente<br />

e o apresentador Faus-


tão atuando como promotor da marca.<br />

Fernando Honorato Barbosa, economista<br />

coordenador do Departamento<br />

de Pesquisas Econômicas do Bradesco,<br />

analisou os cenários da economia<br />

para concluir: haverá ajustes em<br />

2011 para crescer mais depois.<br />

Os presidentes Carlos Gomes, da<br />

PSA Peugeot Citroën, e Marcos de Oliveira,<br />

da Ford, avaliaram as tendências<br />

na indústria automobilística em<br />

painel de debates com Fernando Calmon,<br />

colunista, e Paulo Ricardo Braga,<br />

editor de <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>. O programa<br />

trouxe sessão também com a<br />

presença de Alexander Seitz, vice-presidente<br />

de compras para a América do<br />

Sul da Volkswagen, Orlando Cicerone,<br />

diretor de compras da GM América do<br />

Sul, João Pimentel, diretor de compras<br />

da Ford, e Osias Galantine, diretor de<br />

compras do Grupo Fiat. Em uníssono<br />

os quatro garantiram que têm dado<br />

prioridade às compras de componentes<br />

no Brasil.<br />

As perspectivas para o segmento de<br />

veículos comerciais foram detalhadas<br />

em painel coordenado por jornalistas<br />

da revista, com a presença de Alcides<br />

Cavalcanti, diretor de vendas e marketing<br />

da Iveco, Gilson Mansur, diretor de<br />

vendas de veículos comerciais da Mercedes-Benz<br />

do Brasil, Oswaldo Jardim,<br />

diretor de operações da Ford Caminhões,<br />

e Ricardo Alouche, diretor<br />

de vendas, marketing e pós-vendas da<br />

MAN Latin America. Os executivos das<br />

quatro principais fabricantes de caminhões<br />

e chassis de ônibus destacaram<br />

que as soluções para a comercialização<br />

de veículos Euro 5 a partir de janeiro<br />

estão prontas e disseram estar confiantes<br />

na disponibilidade de diesel de<br />

boa qualidade, junto ao Arla 32, produto<br />

para tratamento de emissões.<br />

Letícia Costa, diretora da Prada,<br />

Paulo Butori, presidente do Sindipeças,<br />

e Flávio Del Soldato, conselheiro<br />

da entidade e diretor da <strong>Automotiva</strong><br />

<strong>Usiminas</strong>, analisaram as questões<br />

que fragilizam o setor de autopeças e<br />

destacaram a urgência na definição de<br />

INVESTIMENTOS NÃO ACOMPANHAM MERCADO<br />

Marcelo Cioffi, sócio-diretor da PricewaterhouseCoopers,<br />

mostrou no fórum que<br />

a produção da indústria automobilística<br />

mundial evoluiu em 2010, após um 2009<br />

com a menor taxa de utilização do parque<br />

industrial da história recente, com 65% de<br />

ociosidade. No ano passado os emergentes<br />

montaram 35 milhões de unidades e<br />

os países maduros, 36 milhões. Os emergentes<br />

terão peso crescente na produção<br />

mundial, com os governos dando incentivos<br />

à produção local e exportação. Até<br />

2013 a Índia deve adicionar 2,7 milhões<br />

de unidades à capacidade atual, basicamente produtos<br />

subcompactos. A Coreia do Sul tem um mercado que<br />

não cresce, de 1,5 milhão de unidades, mas a capacidade<br />

produtiva é de quase 5 milhões de unidades. “O país dependerá<br />

muito das exportações e permanecerá focando<br />

mercados em crescimento”, explicou, apontando o Bra-<br />

medidas para amenizar os problemas<br />

na cadeia de suprimentos. “É indispensável<br />

estimular o setor prontamente”,<br />

alertou Del Soldato. Ao lado de Vagner<br />

Galeote, presidente da SAE Brasil,<br />

eles enfatizaram a importância da pesquisa<br />

e inovação para a competitividade<br />

da indústria automobilística e a necessidade<br />

de implantar programas para<br />

determinar o conteúdo local de sistemas<br />

automotivos.<br />

Um dos destaques do fórum foi o<br />

Network Café, para aproximar diretores<br />

e gerentes das montadoras nas<br />

áreas de compra e engenharia com os<br />

participantes do encontro. Trinta profissionais<br />

das fabricantes de veículos<br />

leves e pesados estiveram presentes.<br />

O painel de encerramento trouxe<br />

ideias sobre competitividade e propostas<br />

de Marcos Vinicius Aguiar, diretor<br />

da AEA, Luis Moan, vice-presidente<br />

da Anfavea, Paulo Petroni, sócio-diretor<br />

da PricewaterhouseCoopers, e Paulo<br />

Bedran, diretor do Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio.<br />

sil como alvo dos produtos sul-coreanos.<br />

Ele destacou que outros mercados asiáticos<br />

apresentam crescimento significativo,<br />

citando Tailândia, Indonésia, Malásia e<br />

Taiwan. Cioffi disse que o mercado russo<br />

foi bastante afetado em 2009: “O governo<br />

agiu rápido e em 2010 incentivou programas<br />

de reciclagem de automóveis e de renovação<br />

de frota, estimulando a recuperação.<br />

O país deve atingir uma produção de<br />

5 milhões de veículos em 2017”, afirmou.<br />

O diretor da PwC recordou que o Brasil<br />

hoje é o quarto maior mercado global,<br />

mas o sexto maior produtor, e que nos últimos dez anos<br />

as vendas cresceram 8,9% ao ano em média, enquanto<br />

as importações aumentaram 14,3% no mesmo período.<br />

Para ele, isso indica que o Brasil precisa ser competitivo<br />

localmente e garantir a capacidade de exportar, com investimentos<br />

em inovação e tecnologia. (Mário Curcio)


Alta tecnologia no<br />

desenvolvimento de<br />

soluções integradas para<br />

o mercado automotivo.<br />

Estamos <strong>sempre</strong> em busca de inovações e soluções tecnológicas. Em 140 anos de atuação, esta constante<br />

procura nos fortaleceu para hoje sermos um dos líderes mundiais no fornecimento de peças automotivas. Nosso<br />

portfólio de produtos composto por artefatos de borracha, cockpits, controladores de ar, módulos de conforto,<br />

painéis de instrumentos leves e pesados, pneus, rádios, sensores, sistemas de freios e unidades de gerenciamento<br />

de motor é desenvolvido para cada vez mais chegarmos ao objetivo de termos uma condução livre de acidentes,<br />

além de tornar a mobilidade cada vez mais acessível, segura, prazerosa e ambientalmente correta.


www.continental-automotive.com.br<br />

Respeite a sinalização de trânsito.


FÓRUM DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA<br />

A FORÇA DO FÓRUM<br />

16BUSINESS


FÓRUM AUTOMOTIVO | ECONOMIA<br />

AJUSTE EM 2011<br />

PARA CRESCER MAIS<br />

RÁPIDO DEPOIS<br />

BRADESCO PROJETA AQUECIMENTO<br />

CONTÍNUO DA ECONOMIA BRASILEIRA<br />

PEDRO KUTNEY<br />

“A<br />

juste<br />

adiante.” Assim o eco-<br />

moderado em 2011<br />

e excelentes perspectivas<br />

nomista-coordenador de pesquisa<br />

econômica do Bradesco, Fernando<br />

Honorato Barbosa, resumiu o cenário<br />

macroeconômico brasileiro em<br />

apresentação durante o II Fórum da<br />

Indústria Automobilística, realizado por<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> em 11 de abril.<br />

O economista destacou que as<br />

20BUSINESS<br />

FERNANDO BARBOSA:<br />

governo mantém embalo<br />

perspectivas otimistas para o Brasil<br />

estão lastreadas por um conjunto de<br />

fatores que pode garantir anos seguidos<br />

de prosperidade econômica ao<br />

País, a começar pela continuidade da<br />

elevação da renda da população, que<br />

compra mais, toma mais crédito e assim<br />

põe em marcha um círculo virtuoso,<br />

no qual as empresas vendem mais<br />

e, portanto, geram novos empregos.<br />

Conforme demonstrou Barbosa<br />

em sua apresentação, o salário médio<br />

brasileiro, que está pouco acima<br />

de R$ 1,5 mil, deverá superar R$ 1,6<br />

mil até o fim de 2012. Mais pessoas<br />

estarão sendo alçadas nos próximos<br />

meses para a chamada classe média,<br />

com renda entre R$ 1.159 e R$ 4.635,<br />

que já representa 52,4% da população<br />

e, segundo as projeções do Bradesco,<br />

deve chegar a 58,2% em 2020.<br />

Ao mesmo tempo, a taxa de de<strong>sempre</strong>go<br />

permanece em queda, devendo<br />

fechar em 6,4% da população<br />

ativa nas principais regiões metropolitanas<br />

do País em 2011, caindo para<br />

6,1% ao fim de 2012.<br />

“Tudo corrobora para o aquecimento<br />

do mercado interno”, avalia Barbosa,<br />

lembrando ainda que os próximos<br />

anos são de intensificação de grandes<br />

investimentos no País, com as<br />

obras do PAC, Plano de Aceleração<br />

do Crescimento, exploração das re-<br />

servas de petróleo do pré-sal, Copa de<br />

2014 e Olimpíadas de 2016.<br />

O horizonte de longo prazo promete<br />

a manutenção desse cenário<br />

de pleno emprego, renda em ascensão<br />

e consumo em alta, pois o Brasil<br />

tem um enorme bônus demográfico<br />

a usufruir, com a maior parte da população<br />

em idade economicamente<br />

ativa nos próximos 25 anos.<br />

FREIO DE ARRUMAÇÃO<br />

O aquecimento do consumo também<br />

traz efeitos colaterais indesejáveis e o<br />

principal deles é a escalada da inflação,<br />

que tende a atingir o pico de 7%<br />

este ano, segundo projeta o Bradesco,<br />

principalmente porque a demanda<br />

vem crescendo mais do que o PIB,<br />

Produto Interno Bruto, nos últimos<br />

anos, o que obriga o governo a acionar<br />

“um freio de arrumação”, conforme<br />

explica Barbosa, com cortes de<br />

gastos públicos e adoção de medidas<br />

para desaquecer o consumo, entre<br />

elas o aumento dos juros.<br />

Mas o economista aposta que o governo<br />

não quer perder o embalo que a<br />

economia ganhou e, por isso, será comedido<br />

nos remédios para conter a inflação,<br />

que pelas estimativas do banco<br />

deve voltar a cair para 4,5% em 2012. “A<br />

taxa de juros deve subir, mas não muito,<br />

vemos apenas mais dois aumentos<br />

de 0,25 ponto, ficando em 12,25% ao<br />

ano no fim de 2011”, diz Barbosa. O<br />

Bradesco avalia que o atual ciclo de alta<br />

dos juros é de curta duração e estima<br />

que a taxa volte a cair no próximo ano,<br />

terminando 2012 em 11,25%.<br />

“Acreditamos que o governo não irá<br />

aprofundar a alta dos juros para não<br />

atrapalhar o crescimento econômico.<br />

Preferirá lançar mão de outros instrumentos<br />

para combater a inflação, como<br />

corte de gastos e adoção de medidas<br />

de contenção do crédito, como já<br />

fez em novembro passado com aumento<br />

dos compulsórios para alguns tipos<br />

de financiamento”, avaliou Barbosa.


FÓRUM AUTOMOTIVO | FABRICANTES<br />

UM FORD DO BRASIL<br />

PARA O MUNDO<br />

MARCOS DE OLIVEIRA DEFENDE O 4 o LUGAR DA FORD<br />

WAGNER GONZALEZ<br />

One Ford é o slogan da montadora<br />

de Dearborn para<br />

governar suas atividades<br />

globais, entre as quais a engenharia<br />

brasileira vai se destacar com o projeto<br />

da segunda geração do EcoSport.<br />

Para garantir que a operação local vai<br />

cumprir as metas desse programa, o<br />

presidente da empresa para o mercado<br />

sul-americano, Marcos de Oliveira,<br />

tem planos imediatos, revelados no II<br />

Fórum da Indústria Automobilística<br />

(Golden Hall, WTC, São Paulo, 11 de<br />

abril). “Há investimentos correntes de<br />

R$ 4,5 bilhões, até 2015, para aumentar<br />

nossa participação no mercado,<br />

modernizar as linhas de montagem<br />

e ampliar a capacidade de produção.<br />

Considero o aporte adequado.”<br />

Oliveira entende que a bandeira do<br />

22BUSINESS<br />

MARCOS DE OLIVEIRA<br />

explica efeitos do One Ford<br />

One Ford abre excelente oportunidade<br />

para a engenharia brasileira conquistar<br />

espaço, incluindo o novo EcoSport.<br />

Com a integração de todas as fábricas<br />

da marca no mundo, um projeto<br />

como esse é delegado à região que<br />

possui o <strong>melhor</strong> conhecimento das<br />

tarefas a serem desenvolvidas. No caso,<br />

o Brasil. “Os outros quatro países<br />

que produzirão o EcoSport poderão<br />

adequar o projeto, sem alterar os conceitos<br />

básicos. Daí o nome One Ford”,<br />

explicou o executivo que em 25 anos<br />

de carreira também já desempenhou<br />

diversas tarefas na África do Sul, Espanha,<br />

Estados Unidos e México.<br />

A parceria com fornecedores foi ressaltada<br />

pelo executivo da Ford: “Não é<br />

possível a uma montadora gerir sozinha<br />

a cadeia de suprimentos”. Segun-<br />

do ele, a integração entre os elos do<br />

supply chain é fundamental para atender<br />

especificações, garantir qualidade<br />

e até mesmo evitar recalls.<br />

Sobre a invasão de automóveis<br />

produzidos na Ásia e a pretensão da<br />

Hyundai de ocupar a quarta posição<br />

no mercado brasileiro, Oliveira respondeu<br />

com a conhecida frase do jogador<br />

Garrincha: “Esqueceram de combinar<br />

com os adversários.” Ele assegurou<br />

que só vai crescer quem oferecer produtos<br />

desejados, a preço correto, que<br />

mexam com a mente, o coração e<br />

o bolso do consumidor brasileiro.<br />

“Será preciso também entregar produto<br />

e serviços com qualidade e capilaridade<br />

em todo o mercado nacional”,<br />

adverte, fazendo referência à força da<br />

marca na distribuição.<br />

O presidente da Ford enfatizou os<br />

avanços no programa de motores em<br />

Taubaté, SP, que atende com o Sigma<br />

o powertrain do Fiesta produzido no<br />

México e o Focus argentino. Ele desconversou<br />

a respeito do desenvolvimento<br />

de um motor de três cilindros<br />

(Projeto Fox) para o sucessor do Ka.<br />

Sobre dificuldades de diluir custos<br />

logísticos consequentes da existência<br />

de fábricas em São Paulo e Bahia, o<br />

executivo ponderou que os obstáculos<br />

são menores que as vantagens: “A<br />

Ford foi uma desbravadora ao montar<br />

a planta de Camaçari e enfrentou dificuldades.<br />

Mas ao levar a empresa para<br />

a Bahia abrimos mercado de trabalho<br />

e estimulamos o desenvolvimento regional.<br />

Foi um trabalho difícil, mas<br />

muito bom para o País”, completou.


FÓRUM AUTOMOTIVO | FABRICANTES<br />

PSA CRESCE NO BRASIL PARA<br />

GANHAR AMÉRICA LATINA<br />

SEM DISPUTAR A LIDERANÇA, CARLOS GOMES<br />

QUER MARCAS COMO REFERÊNCIA DE QUALIDADE<br />

WAGNER GONZALEZ<br />

O<br />

português Carlos Gomes,<br />

presidente da PSA para a<br />

América Latina radicado no<br />

Brasil desde julho de 2010, mostrou<br />

no II Fórum da Indústria Automobilística<br />

que o grupo francês tem planos<br />

ambiciosos para as marcas Citroën e<br />

Peugeot na região. “Embora sejamos<br />

o segundo fabricante de automóveis<br />

mais antigo do mundo, somos o grupo<br />

mais jovem que se estabeleceu<br />

no mercado brasileiro. Em dez anos<br />

tivemos alguns tropeços, mas esta-<br />

mos crescendo. Conquistamos<br />

5% do<br />

mercado e vamos<br />

ampliar a<br />

capacidade na<br />

América Latina para compensar o fato<br />

de não termos plantas no México ou<br />

nos Estados Unidos”, explicou à plateia<br />

durante painel de debates.<br />

A meta de Gomes é obter 7,5%<br />

das vendas da região. “Não existe<br />

ambição pela liderança neste mercado,<br />

mas temos a proposta de ser<br />

referência em qualidade”, explica. A<br />

<strong>melhor</strong>a da linha de produtos está em<br />

curso, com renovação total. Exemplos<br />

recentes foram o lançamento da<br />

segunda geração da picape Hoggar<br />

e do 408. A meta é fabricar fabr 500 mil<br />

veículos por ano.<br />

O presidente da PSA aadmite<br />

dificul-<br />

dades com a nacionalização nacionalizaç de peças<br />

como caixas de câmbio automáticas<br />

e explica que pretende<br />

vencer resis-<br />

tências decorrentes das ccaracterísticas<br />

do mercado e do tamanho tamanh da rede das<br />

marcas. “Possuímos 16 160 concessio-<br />

nárias, enquanto as marc marcas líderes do<br />

mercado mercado somam até<br />

quatro vezes<br />

esse número.”<br />

CARLOS CARLO GOMES:<br />

busca da d liderança<br />

na área<br />

de qualidade<br />

O crescimento do grupo PSA dribla<br />

o apagão de mão de obra tão comentado<br />

por empresas do setor automotivo.<br />

“Não temos problema desse tipo<br />

na planta de Porto Real”, garantiu,<br />

enfatizando o entrosamento com o<br />

governo do Rio de Janeiro para o preenchimento<br />

de vagas de vários níveis.<br />

“Essa parceria tem nos ajudado muito,<br />

embora haja dificuldade em encontrar<br />

profissionais experientes, em particular<br />

nas áreas de motores e eletroeletrônica.<br />

Trata-se de uma demanda reprimida<br />

que envolve setores além da indústria<br />

automobilística”, disse o executivo.<br />

Questionado sobre restrições ao uso<br />

de automóveis com motores de combustão<br />

interna nos grandes centros<br />

urbanos, Carlos Gomes lembrou que<br />

o velho mundo busca uma transição<br />

inviável no Brasil, pelo menos agora.<br />

“Um mercado de 3,5 milhões de unidades<br />

por ano, nosso caso, é pequeno<br />

em relação aos da América do Norte,<br />

Ásia e Europa para introdução de elétricos<br />

e híbridos em escala”, assinalou.<br />

A PSA informa ter sido o primeiro<br />

construtor a fabricar e a vender<br />

carros elétricos na França. “Esses<br />

veículos são adequados para frotas<br />

de serviço, como as do correio, que<br />

circulam 200 a 300 quilômetros por<br />

dia. Há um efeito importante na redução<br />

de emissões. Estudos comprovam<br />

que a qualidade do ar pode<br />

aumentar em dez anos a média de<br />

vida do ser humano.”


FÓRUM AUTOMOTIVO | VEÍCULOS COMERCIAIS<br />

LÍDERES REVISAM PROJEÇÃO<br />

PARA CAMINHÕES<br />

VENDAS DEVEM SOMAR 170 MIL UNIDADES EM 2011<br />

JAIRO MORELLI<br />

As projeções otimistas anunciadas<br />

no final do ano passado<br />

ficaram mais comedidas após<br />

o fechamento do excelente primeiro<br />

trimestre deste ano, que consolidou<br />

aumento de aproximadamente 24%<br />

na comparação com igual período<br />

de 2010. Executivos dos principais fabricantes<br />

de caminhões e ônibus do<br />

País afirmaram, durante o II Fórum<br />

da Indústria Automobilística, que dificuldades<br />

na cadeia de suprimentos<br />

e capacidade instalada (que já beira o<br />

limite) serão fatores preponderantes<br />

no desempenho das vendas em 2011<br />

e também em 2012.<br />

“No final do ano passado havia projeção<br />

de um mercado até 15% maior<br />

em 2011. Os números foram revisados<br />

e calculamos que as vendas deverão<br />

somar cerca de 170 mil unidades”,<br />

aposta o diretor de vendas de veículos<br />

comerciais da Mercedes-Benz, Gilson<br />

Mansur. A opinião é compartilhada<br />

por executivos de Ford, Iveco e MAN,<br />

26BUSINESS<br />

que também participaram do evento.<br />

Nem mesmo a possibilidade visível<br />

de um final de ano quente por conta<br />

da chegada do Euro 5 (P7) em 2012,<br />

que deverá encarecer os produtos entre<br />

8% e 20%, parece puxar as projeções.<br />

“Os mais leves, de entrada, poderão<br />

ficar até 20% mais caros. Já os<br />

mais pesados deverão apresentar um<br />

incremento de custo menor, na casa<br />

dos 8%”, explica Mansur. Assim como<br />

o diretor da Mercedes-Benz, todos são<br />

categóricos em afirmar que teremos<br />

o diesel adequado para a tecnologia<br />

Euro 5, ou perto disso, no início do<br />

próximo ano. “Nossos produtos estão<br />

prontos e homologados. Acredito que<br />

não teremos dificuldades na questão<br />

do combustível”, diz o confiante diretor<br />

de vendas, marketing e pós-venda da<br />

MAN Latin America, Ricardo Alouche.<br />

Para ele, <strong>melhor</strong>es respostas sobre o<br />

comportamento do mercado em 2012<br />

serão dadas apenas a partir do segundo<br />

semestre.<br />

CAMINHÕES: fabricantes<br />

estão prontos para Euro 5<br />

Alguns fabricantes já acenam com<br />

o fornecimento direto, por meio das<br />

revendas espalhadas pelo País, do Arla<br />

32, composto à base de ureia, que terá<br />

de abastecer os modelos dotados de<br />

sistemas de pós-tratamento como o<br />

SCR, sigla em inglês para Sistema de<br />

Redução Catalítica. O aditivo, que ajudará<br />

no controle das emissões, deverá<br />

estar presente com uma parte em cada<br />

cinco do diesel, ou seja, para cada<br />

cinco litros de diesel será necessário<br />

um litro de ureia. O custo do aditivo<br />

e do novo diesel ainda são mistérios<br />

que, segundo os fabricantes, também<br />

deverão ser esclarecidos mais para o<br />

final do ano. Problemas com possível<br />

contaminação não preocupam.<br />

A chegada de novas marcas também<br />

parece não preocupar as tradicionais.<br />

“O segmento de caminhões<br />

é muito mais peculiar que o de automóveis.<br />

As vendas são mais técnicas<br />

e ter uma estrutura de pós-venda e<br />

distribuição consolidada faz a diferença”,<br />

afirma o diretor de operações<br />

da Ford Caminhões, Oswaldo<br />

Jardim.<br />

O preço mais baixo proporcionado<br />

pelos produtos destes novos players<br />

também não será tão decisivo na visão<br />

do diretor de vendas e marketing<br />

da Iveco, Alcides Cavalcanti. “Assim<br />

como a Iveco, que demorou alguns<br />

bons anos para montar uma estrutura<br />

consolidada e apta às condições de<br />

um País de dimensões geográficas tão<br />

grandes como o Brasil, eles também<br />

terão de passar por esse processo.”


FÓRUM AUTOMOTIVO | IMPORTAÇÃO<br />

NÃO HAVERÁ<br />

INVASÃO CHINESA NO<br />

MERCADO BRASILEIRO<br />

QUEM GARANTE É SÉRGIO HABIB, PRESIDENTE DA JAC, QUE<br />

NÃO GOSTOU DE OPERAÇÕES CONCORRENTES NA CHINA<br />

GUILHERME MANECHINI<br />

O<br />

empresário Sérgio Habib,<br />

responsável pela vinda da<br />

marca ao País, diz não acreditar<br />

em uma invasão chinesa no<br />

mercado nacional. Essa declaração<br />

foi dada durante o II Fórum da Indústria<br />

Automobilística, promovido por<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> dia 11 de abril<br />

em São Paulo.<br />

Para Habib, as marcas chinesas terão<br />

de enfrentar desafios relacionados<br />

a qualidade, número de concessionários<br />

e instalação de fábricas para<br />

serem representativas no mercado<br />

28BUSINESS<br />

nacional. “Talvez cheguem a 5% do<br />

mercado, mas não será uma invasão.<br />

Para isso seria preciso uma rede de<br />

300 ou 400 concessionários, algo difícil<br />

em minha opinião”, afirmou.<br />

“Visitei todas as montadoras chinesas.<br />

Tem de tudo, fabricante sério,<br />

não sério e também os completamente<br />

não sérios”, disse, citando fábricas<br />

com óleo pelo chão, nas quais os<br />

funcionários trabalham sem proteção<br />

adequada. “A BYD é uma prova<br />

de que até mesmo o megainvestidor<br />

Warren Buffet se engana em suas<br />

HABIB: seis anos de<br />

garantia a carros da JAC<br />

apostas”, comentou. Ele informou,<br />

ainda, que o importador de uma marca<br />

chinesa no Chile arca com custos<br />

de garantia de 6%, que considera absurdamente<br />

elevada.<br />

Depois de citar os exemplos negativos,<br />

o empresário justificou sua<br />

escolha pela JAC Motors. Entre os<br />

principais argumentos está a presença<br />

de componentes de grandes sistemistas<br />

internacionais. “Nosso painel<br />

é Visteon, tenho a Delphi no motor,<br />

os bancos são da Johnson Controls.<br />

São fornecedores que estão no Brasil,<br />

por isso posso oferecer seis anos de<br />

garantia.”<br />

Habib relata que solicitou mais de<br />

duzentas alterações nos carros destinados<br />

ao Brasil, entre elas a redução<br />

de ruídos do painel, <strong>melhor</strong>a nos bancos<br />

e configurações dos equipamentos<br />

de som. Ele teria sido prontamente<br />

atendido, demonstrando o interesse<br />

do fabricante chinês pelo mercado<br />

brasileiro.<br />

A previsão da JAC é comercializar 45<br />

mil unidades no País este ano e até 100<br />

mil em 2012. Mais que isso, entende<br />

o empresário, requer investimentos e<br />

provavelmente uma fábrica local. Para<br />

avançar ele tem como desafio garantir<br />

credibilidade à marca chinesa<br />

e agregar qualidade crescente ao<br />

produto que já tem bom preço.


FÓRUM AUTOMOTIVO | AUTOPEÇAS<br />

DÉFICIT DE AUTOPEÇAS DEVE<br />

ULTRAPASSAR US$ 4,5 BILHÕES<br />

NO PRIMEIRO BIMESTRE BALANÇA FOI NEGATIVA EM US$ 715,3 MILHÕES<br />

Na esteira do que vem ocorrendo<br />

nos últimos anos, a<br />

balança comercial da indústria<br />

de autopeças novamente deverá<br />

apresentar crescimento do déficit no<br />

resultado de 2011. Flávio Del Soldato,<br />

diretor da <strong>Automotiva</strong> <strong>Usiminas</strong><br />

e membro do Conselho de Adminis-<br />

30BUSINESS<br />

GUILHERME MANECHINI<br />

tração do Sindipeças, Sindicato Nacional<br />

da Indústria de Componentes<br />

para Veículos Automotores, avisa que<br />

os resultados apurados entre janeiro<br />

e fevereiro projetam déficit de pelo<br />

menos US$ 4,2 bilhões até o fim do<br />

ano. O rombo, no entanto, deverá ser<br />

maior, chegando a US$ 4,5 bilhões.<br />

SETOR DE AUTOPEÇAS<br />

quer incentivos imediatos<br />

A previsão foi traçada durante o Painel<br />

“Autopeças: propostas para sair de<br />

xeque”, durante o II Fórum da Indústria<br />

Automobilística, promovido em<br />

São Paulo em 11 de março. Pesquisa<br />

eletrônica de <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>,<br />

realizada pouco antes, já havia indicado<br />

que, para 74% dos votantes, o


déficit deste ano será ainda maior que<br />

o do ano passado, de US$ 3,54 bilhões.<br />

“Haverá diversos lançamentos<br />

ao longo do ano e isso naturalmente<br />

aumenta o volume de importações”,<br />

justificou Del Soldato.<br />

Dados do Sindipeças apontam que<br />

o déficit no primeiro bimestre foi de<br />

US$ 715,3 milhões, ante os US$ 701<br />

milhões apurados em igual período<br />

do ano passado. A entidade estima<br />

que este ano sejam importados cerca<br />

de 750 mil veículos, com exportações<br />

no patamar de 600 mil a 700 mil.<br />

REIVINDICAÇÕES<br />

Ao lado de outras 15 entidades de classe,<br />

o Sindipeças entregou ao governo<br />

federal, no início do ano, as principais<br />

reivindicações do setor para <strong>melhor</strong>ar<br />

a competitividade da produção de<br />

autopeças no País. Entre as principais<br />

propostas estão redução de custos trabalhistas,<br />

financiamento de longo prazo<br />

para ganhos de produtividade, revisão<br />

da Nomenclatura Comum do Mercosul<br />

e normatização de componentes pelo<br />

Inmetro, para garantir a qualidade e<br />

destino das importações.<br />

Paulo Butori, presidente do Sindipeças,<br />

afirma que o documento entregue<br />

ao governo aponta os principais problemas<br />

que podem ser minimizados em<br />

curto prazo para <strong>melhor</strong>ar a competitividade<br />

do setor. Um trabalho mais de<br />

longo prazo, com o objetivo de integrar<br />

um plano mais ambicioso para a indústria<br />

nacional, de acordo com o executivo,<br />

será apresentado mais adiante.<br />

Outra sugestão ao governo diz<br />

respeito a financiamentos aos fornecedores<br />

classes dois e três (Tiers 2 e<br />

3) que contam com poucas garantias<br />

para conseguir empréstimos. “Sugerimos<br />

um fundo garantidor, nos moldes<br />

do PróCaminhoneiro do BNDES,<br />

para avalizar as operações”, disse<br />

Butori. Ele assegura que o governo<br />

entendeu a urgência das solicitações<br />

e conversa com o setor para buscar<br />

GALEOTE: mais inovação<br />

e produtividade na indústria<br />

soluções. “O governo quer ajudar a<br />

indústria manufatureira. Sabe que as<br />

commodities vão bem, mas que a<br />

situação das manufaturas é bastante<br />

complicada”, resumiu.<br />

Del Soldato valoriza a redefinição<br />

dos critérios que podem tornar mais<br />

clara a classificação dos componentes<br />

automotivos que circulam pela<br />

região. Ele entende que a iniciativa<br />

evitará boa parte dos casos em que<br />

a classificação vem registrada na categoria<br />

“outras” e inibirá triangulação,<br />

importação de componentes de países<br />

que não têm acordo automobilístico<br />

com o Brasil aproveitando condições<br />

exclusivas aos países-membros.<br />

Letícia Costa, sócia-diretora da<br />

Prada Assessoria, faz coro: “O Brasil<br />

não tem controle efetivo sobre as importações<br />

de componentes. Existem<br />

diversas maneiras de diagnosticar o<br />

que é conteúdo local e o que não é,<br />

impondo barreiras não tarifárias.”<br />

GARGALOS<br />

A pesquisa realizada durante o fórum<br />

apontou também as dificuldades do<br />

segmento de autopeças na atualidade.<br />

Custos em alta, falta de recursos<br />

para investimentos em tecnologia e<br />

inovação, dificuldades com mão de<br />

obra, entre outros, foram alguns dos<br />

temas colocados pelos especialistas<br />

que participaram do painel “Autopeças:<br />

propostas para sair do xeque”.<br />

A maior surpresa, na opinião de Vagner<br />

Galeote, presidente da SAE Brasil,<br />

é a falta de recursos para investir em<br />

produtividade e inovação. Segundo o<br />

levantamento, 32,1% dos executivos<br />

dizem não ter recursos para aplicar<br />

em tecnologia e inovação. “Não vejo<br />

como <strong>melhor</strong>ar a competitividade sem<br />

investimentos. Essa posição de investir<br />

em curto prazo tem de mudar. Não<br />

vemos isso como sustentável. É<br />

preciso investir com olhos de quem<br />

acredita em um crescimento do País<br />

nas próximas décadas”, afirmou.<br />

Ficaram claras na pesquisa outras<br />

dificuldades do setor. Diante de um<br />

previsível volume de produção de 5<br />

milhões de unidades entre Argentina<br />

e Brasil, 41,9% dos executivos que votaram<br />

manifestaram que haverá gargalos<br />

no fornecimento dos componentes<br />

para a indústria. Outros 29,7%<br />

afirmaram que serão necessárias<br />

importações para atender à demanda<br />

e 24,3% acreditam que a indústria<br />

de autopeças tem capacidade para<br />

tal volume de produção. Outro dado<br />

preocupa: mais de 77% dos votantes<br />

apostam em alta generalizada dos<br />

preços de serviços e matérias-primas.<br />

LETÍCIA COSTA: explicar<br />

<strong>melhor</strong> o conteúdo local


FÓRUM AUTOMOTIVO | COMPRAS<br />

MONTADORAS PRIORIZAM<br />

O SUPRIMENTO LOCAL<br />

HÁ GARGALOS PARA BORRACHAS E CUSTOS<br />

ELEVADOS PARA AÇO E PLÁSTICOS<br />

SUELI OSÓRIO<br />

Durante o II Fórum da Indústria<br />

Automobilística, os executivos<br />

responsáveis por compras das<br />

quatro principais montadoras instaladas<br />

no País garantiram que contam<br />

prioritariamente com o suprimento de<br />

fornecedores locais, mas tendo <strong>sempre</strong><br />

em vista a competitividade.<br />

Osias Galantine, diretor de compras<br />

do Grupo Fiat, informou que em 2011<br />

o grupo aplicará R$ 14 bilhões em<br />

compras produtivas e de R$ 4 bilhões<br />

a R$ 5 bilhões em compras não produtivas.<br />

Desse total, a fonte prioritária<br />

é local. “Na média compramos 95%<br />

de fornecedores locais. Importamos<br />

para modelos de baixo volume ou se<br />

32BUSINESS<br />

COMPRADORES: carro<br />

daqui deve ter peça local<br />

a competitividade é muito diferente”,<br />

registrou.<br />

Osias entende que hoje a definição<br />

de comprar ou importar tem um sentido<br />

mais amplo: “Agora, a decisão a ser<br />

tomada é se faço o carro aqui ou fora.<br />

Se faço aqui, as peças são locais”, enfatizou.<br />

Ele salientou que 70% do que<br />

compra vem de empresas situadas em<br />

raio de 150 quilômetros da fábrica.<br />

João Pimentel, diretor de compras da<br />

Ford, informou que a empresa tem 350<br />

fornecedores para a América do Sul .<br />

“A opção é por comprar componentes<br />

localmente até valer a pena. Quanto<br />

mais perto da nossa localização, <strong>melhor</strong>.<br />

Trabalhamos para trazer mais for-<br />

necedores a Camaçari. Nosso objetivo<br />

é ser mais competitivos. Decidimos isso<br />

junto aos fornecedores e às vezes eles<br />

mesmos optam por importar alguns<br />

componentes para <strong>melhor</strong>ar custos.”<br />

Na General Motors, segundo o diretor<br />

de compras, Orlando Cicerone<br />

Filho, há 90% a 95% de conteúdo local<br />

nas plataformas correntes. “Vamos ter<br />

vários lançamentos e tivemos de puxar<br />

alguns produtos importados de saída.<br />

Queremos ter conteúdo local grande<br />

até para não ter problemas como os<br />

acarretados pela tragédia do Japão.<br />

Mas nas plataformas correntes temos<br />

muito pouco conteúdo importado,<br />

como na S10.” Segundo Cicerone,<br />

não dá para assumir que, na vida inteira<br />

de uma operação, conte-se <strong>sempre</strong><br />

com frete marítimo ou até aéreo.<br />

Ele informou que, em 2011, a General<br />

Motors América do Sul vai desembolsar<br />

US$ 7 bilhões em compras produtivas,<br />

US$ 600 milhões em materiais<br />

indiretos e US$ 1 bilhão em investimentos<br />

em equipamentos.<br />

Cicerone acrescenta que, para as<br />

commodities, gostaria de ter mais fornecedores.<br />

Alexander Seitz, vice-presidente<br />

de compras da Volkswagen<br />

para a América do Sul, ressalta que<br />

é importante definir duas fontes: uma<br />

nacional e outra importada. Segundo<br />

Seitz, hoje a Volkswagen conta com<br />

80% a 85% de conteúdo local – contabilizado<br />

para a região do Mercosul –,<br />

o que considera um nível bom.


“Espero do meu fornecedor que ele<br />

defina se vai importar o componente<br />

ou terá produção local. Os carros chineses<br />

têm preços muito mais baixos<br />

que os nossos e, se não atacarmos<br />

essa questão, teremos problemas em<br />

breve”, argumentou Seitz.<br />

COMMODITIES<br />

Segundo Galantine, a Fiat tem tido<br />

problemas com o fornecimento de<br />

borrachas natural e sintética, principalmente<br />

por causa da crise na Líbia,<br />

que afeta a produção de petróleo.<br />

Além de ser usada nos pneus, a borracha<br />

é utilizada em tubos e guarnições.<br />

Outro material que exige alerta<br />

é o alumínio. “O valor do dólar está<br />

ajudando, mas o preço subiu consideravelmente<br />

desde o fim do ano<br />

passado”, disse. Em relação ao aço,<br />

a Fiat negocia com o fornecedor. “Importamos<br />

30% do aço”, disse.<br />

Seitz, da Volkswagen, afirmou que<br />

fez um contrato com o fornecedor de<br />

aço e tem proteção do preço por um<br />

tempo determinado. “Aqui no Brasil<br />

temos toda a matéria-prima para fazer<br />

aço, por que tem de ser 30% mais caro<br />

que lá fora?”, questionou. Segundo<br />

ele, a mesma coisa ocorre com o plástico,<br />

que custa 30% a mais no País.<br />

INVESTIMENTO<br />

Os participantes do painel de debates<br />

concordaram que é importante que os<br />

fornecedores também aumentem a produtividade<br />

e invistam em automação.<br />

Segundo Seitz, enquanto no Brasil os<br />

salários têm aumentado de 5% a 10%<br />

ao ano, a produtividade só cresce 0,9%,<br />

ao passo que na Alemanha os salários<br />

subiram, mas a produtividade também.<br />

João Pimentel, da Ford, alerta que<br />

os fornecedores que não estiverem<br />

investindo deixarão de fornecer em<br />

breve. “Há linhas de crédito disponíveis<br />

para investimentos em ferramental,<br />

automação e engenharia. Se isso<br />

não ocorrer, vamos importar peças e<br />

até trazer veículos importados. Espero<br />

que isso não aconteça.”<br />

Galantine reforçou que a Fiat também<br />

tem orientado os fornecedores a buscar<br />

financiamentos do governo para investir<br />

e admite que é preciso disseminar o<br />

conhecimento a respeito da disponibilidade<br />

de linhas especiais para inovação<br />

e desenvolvimento. Seitz enfatizou que é<br />

uma hora boa para aplicar em automação.<br />

“Com o real forte, é o <strong>melhor</strong> momento<br />

para investir em equipamentos e<br />

elevar a produtividade”, concluiu.


FOTOS: RUY HIZA<br />

ENTREVISTA | MARCOS DE OLIVEIRA<br />

CHEGOU A HORA DA<br />

GLOBALIZAÇÃO REAL<br />

O<br />

engenheiro Marcos de Oliveira tem vivência profissional<br />

privilegiada: em 27 anos na Ford, onde<br />

começou como estagiário da divisão de componentes<br />

em 1984, ele já passou por diversos departamentos<br />

e funções, no Brasil e no exterior. “Aprendi a projetar<br />

carros, fabricá-los e também vendê-los”, resume ele, que<br />

antes de assumir a presidência da Ford Brasil e Mercosul,<br />

em dezembro de 2006, passou 17 anos ocupando cargos<br />

fora do País: dirigiu a operação da Ford na África do Sul, foi<br />

CEO da empresa no México e, antes de retornar a São Bernardo<br />

do Campo, era diretor executivo de desenvolvimento<br />

de produtos na América do Norte, onde participou do<br />

planejamento, desenvolvimento e lançamento de modelos<br />

como Fusion e Edge.<br />

Com sua extensa experiência, Oliveira defende que o desenvolvimento<br />

de um automóvel envolve mais do que enge-<br />

34BUSINESS<br />

O PRESIDENTE DA FORD<br />

PREVÊ MOVIMENTO<br />

DE INCLUSÃO<br />

TECNOLÓGICA DOS<br />

CARROS FEITOS NO<br />

BRASIL, POR CAUSA<br />

DO AUMENTO DA<br />

RENDA E APERTO<br />

DA LEGISLAÇÃO<br />

PEDRO KUTNEY<br />

nharia competente, um “pacote completo” que inclui também<br />

marketing, finanças, compras e manufatura. Segundo<br />

ele, a Ford do Brasil mostrou que tem esse pacote, por isso<br />

ganhou da matriz a liderança para desenvolver um dos projetos<br />

globais da companhia, a nova geração do EcoSport.<br />

Para Oliveira, chegou a hora da globalização real da indústria<br />

automobilística brasileira: “Antes fazíamos adaptações.<br />

Agora os produtos já são projetados para atender também<br />

as necessidades do consumidor brasileiro, pois hoje ele<br />

faz parte de um dos cinco maiores mercados do mundo”.<br />

O executivo acrescenta a isso o aumento da renda e a expansão<br />

do crédito no País, o que eleva as expectativas dos<br />

compradores aqui. “Vencerão aqueles que souberem acompanhar<br />

e atender essas expectativas”, afirma Oliveira, para<br />

justificar sua aposta na maior inclusão tecnológica dos veículos<br />

feitos aqui nos próximos anos.


AUTOMOTIVE BUSINESS – Do ponto<br />

de vista de um engenheiro, que<br />

durante 27 anos na mesma companhia<br />

já trabalhou no desenvolvimento<br />

de produtos no Brasil e no exterior,<br />

o que mudou nesses anos no setor<br />

automotivo brasileiro e na Ford?<br />

MARCOS DE OLIVEIRA – A utilização<br />

de ferramentas analíticas virtuais, como<br />

CAD e outras. Isso dá hoje ao engenheiro<br />

recursos para fazer uma avaliação<br />

<strong>melhor</strong> do seu trabalho. É uma<br />

grande vantagem, porque <strong>melhor</strong>a a<br />

qualidade dos projetos e reduz o número<br />

de protótipos necessários para validar<br />

um produto. Essa instrumentação<br />

forçou o engenheiro ao longo dos anos<br />

a se desenvolver <strong>melhor</strong> para utilizar essas<br />

ferramentas.<br />

Em termos de desenvolvimento<br />

tecno lógico do setor automotivo,<br />

em qual patamar o Brasil se encontra<br />

atualmente?<br />

OLIVEIRA – A engenharia brasileira<br />

avançou para utilizar as ferramentas<br />

que mencionei e hoje está emparelhada<br />

com a engenharia automotiva global.<br />

Precisamos evoluir mais em relação<br />

aos sistemas de segurança ativa,<br />

como mecanismos de airbags, pois<br />

nessa área ainda estamos nos desenvolvendo,<br />

em razão até da realidade diferente<br />

do Brasil. Mas quando falamos<br />

de motores, transmissões, chassis, desenhos<br />

de interior e exterior, tudo isso<br />

é bastante compatível com as <strong>melhor</strong>es<br />

práticas mundiais.<br />

Se vivêssemos no <strong>melhor</strong> dos mundos,<br />

onde todos os consumidores<br />

pudessem comprar o que há de <strong>melhor</strong>,<br />

o Brasil teria hoje capacidade de<br />

desenvolver automóveis com o mesmo<br />

nível tecnológico dos mercados<br />

maduros?<br />

OLIVEIRA – Poderíamos fazer quase<br />

tudo. Como disse, em termos de segurança<br />

ainda existem requerimentos<br />

que nós aqui ainda não temos. Mas<br />

acho que é questão de tempo. Nos<br />

próximos dois ou três anos essa distância<br />

vai desaparecer.<br />

Em qual direção a inovação do setor<br />

seguirá no Brasil nos próximos<br />

anos?<br />

OLIVEIRA – O mercado automotivo é<br />

cada vez mais globalizado e o Brasil é<br />

um exemplo disso. Há quinze anos era<br />

um mercado fechado, isolado, com limitações<br />

tecnológicas. Hoje isso mudou<br />

porque vemos produtos aqui de todos<br />

os lugares do mundo, com as mais<br />

modernas tecnologias existentes. Isso<br />

faz a expectativa do consumidor subir<br />

de nível, pois ele quer as mesmas tecnologias.<br />

A indústria brasileira tem de<br />

se adaptar a essa realidade. Claro que<br />

o poder aquisitivo menor impõe limitações,<br />

mas a renda do brasileiro está<br />

crescendo e ele quer cada vez mais,<br />

mas pagando menos. Acho que a engenharia<br />

brasileira deve ser capaz de<br />

tornar isso acessível em termos de custos.<br />

Essa é a mágica para transformar<br />

tecnologias de ponta em tecnologias de<br />

massa mais rapidamente.<br />

O FOCO<br />

AGO AGORA NÃO<br />

É<br />

TROPICALIZAR,<br />

MAS AS DE<br />

DESENVOLVER R<br />

O PROJETO<br />

DESDE O INÍCIO<br />

PENSANDO NO<br />

CLIENTE BRASILEIRO<br />

O movimento de globalização no<br />

setor automotivo brasileiro aconteceu<br />

em ondas. Primeiro a maré encheu,<br />

trazendo carros modernos para<br />

serem produzidos aqui, como fez a<br />

Ford com o Ka e Fiesta. Depois houve<br />

desglobalização e nova safra de<br />

produtos projetados só para o Brasil,<br />

como é o caso também dos Ka<br />

e Fiesta atuais. E agora, vamos nos<br />

globalizar novamente?<br />

OLIVEIRA – Acho que agora virá a globalização<br />

real. O que aconteceu no fim<br />

dos anos 90 foi que empresas adaptaram<br />

produtos para trazê-los ao Brasil,<br />

onde o poder aquisitivo do consumidor<br />

médio ainda estava crescendo. Naquele<br />

momento houve uma adaptação. Os<br />

novos carros já estão sendo projetados<br />

com a visão de atender consumidores<br />

de todos os mercados onde serão vendidos.<br />

O foco agora não é tropicalizar<br />

algo já existente, mas desenvolver desde<br />

o início pensando também nas necessidades<br />

do cliente brasileiro, pois ele<br />

hoje faz parte de um dos cinco maiores<br />

mercados do mundo, bem diferente do<br />

que acontecia uma década atrás. Tam-


ENTREVISTA | MARCOS DE OLIVEIRA<br />

bém é preciso levar em conta que o poder<br />

de compra cresceu com mais renda<br />

e crédito, o que faz caber no bolso o veículo<br />

com mais equipamentos.<br />

Você acredita que o carro de entrada<br />

no Brasil, com baixo conteúdo, o<br />

chamado “peladão”, está perdendo<br />

mercado no Brasil?<br />

OLIVEIRA – Não está perdendo mercado,<br />

mas ganhando nível de sofisticação<br />

maior. Vou usar o exemplo do Ford Ka,<br />

nosso modelo de entrada, que desde o<br />

lançamento em 2008 é vendido com<br />

travas elétricas acionadas a distância,<br />

algo que há pouco tempo era considerado<br />

um luxo. E ao longo do tempo essa<br />

tendência deve se aprofundar, com<br />

adição cada vez maior de equipamentos<br />

mesmo nos veículos de entrada.<br />

A médio e longo prazos o “carro pelado”<br />

vai desaparecer do mercado, pois o<br />

cliente terá um nível mínimo de expectativa<br />

e vai exigir itens como já é o caso<br />

da direção assistida, que se transformou<br />

em um equipamento quase que<br />

básico.<br />

Agregar tecnologia é uma forma<br />

de devolver competitividade internacional?<br />

OLIVEIRA – Sem dúvida. O segredo da<br />

engenharia brasileira do futuro está em<br />

como agregar novas tecnologias de forma<br />

acessível. Isso se faz com a instalação<br />

de capacidade avançada de desenvolvimento<br />

tecnológico e geração<br />

de massa crítica de consumo, para criar<br />

escala de produção, com custo menor.<br />

Você passou dezessete anos fora do<br />

Brasil. Muitas coisas mudaram nesse<br />

tempo. Como era a Ford que deixou<br />

aqui e como é a Ford que você reencontrou<br />

ao regressar como presidente,<br />

em 2006?<br />

OLIVEIRA – Antes os recursos eram<br />

bastante limitados, era necessário utilizar<br />

aquilo que já existia fora do País da<br />

<strong>melhor</strong> maneira e adaptar às necessi-<br />

36BUSINESS<br />

OS PROJETOS DE<br />

SUCESSO LIDERADOS<br />

PELO BRASIL<br />

PROVARAM À MATRIZ<br />

QUE TÍNHAMOS<br />

CAPACIDADE PARA<br />

ASSUMIR UM<br />

PROJETO GLOBAL<br />

dades do mercado brasileiro. Foi só a<br />

partir do desenvolvimento do EcoSport<br />

que a engenharia brasileira da Ford ganhou<br />

papel de protagonismo, com o<br />

desenvolvimento de um produto desde<br />

a sua base. Tem sido um processo<br />

de transformação ao longo dos últimos<br />

dez anos e quando voltei isso ainda<br />

estava acontecendo. Hoje a realidade<br />

é de uma engenharia bem equipada<br />

com todos os recursos necessários para<br />

desenvolver produtos completos, para<br />

o mercado local e outros países.<br />

Você lamenta não poder fabricar aqui<br />

alguns dos modelos que ajudou a desenvolver,<br />

como o Edge e o Fusion?<br />

OLIVEIRA – Não, porque acho que a<br />

engenharia competente é aquela que<br />

sabe utilizar os recursos disponíveis<br />

de forma inteligente e eficiente, traduzindo<br />

esses recursos em soluções de<br />

mercado que atendam e surpreendam<br />

o consumidor. Quando saí da faculdade,<br />

a equação para o desenvolvimento<br />

de um produto era custo-mais-margem-igual-a-preço.<br />

Hoje é o contrário:<br />

primeiro descobrimos qual é o preço<br />

competitivo de mercado, depois achamos<br />

a margem para recuperar o investimento<br />

que deve ser feito e finalmente<br />

determinamos o custo de produção.<br />

É um processo muito mais complexo e<br />

fundamental para o negócio. Posso citar<br />

o exemplo do novo caminhão Ford<br />

Cargo 2012, que foi totalmente projetado<br />

no Brasil com colaboração da<br />

Europa e dos Estados Unidos, mas todo<br />

o desenvolvimento foi focado nas<br />

necessidades dos clientes de todos os<br />

mercados onde o produto é vendido, e<br />

no preço que deveria ter para atender<br />

a demanda.<br />

A operação de caminhões da Ford é<br />

bastante peculiar no Brasil, diversos<br />

conjuntos são feitos fora por fornecedores<br />

e depois montados na planta<br />

de São Bernardo. A cabine, por<br />

exemplo, é soldada e pintada na <strong>Automotiva</strong><br />

<strong>Usiminas</strong>, depois viaja duzentos<br />

quilômetros até a linha de<br />

montagem. A Ford até investiu recursos<br />

na fábrica do fornecedor para<br />

produzir o novo Cargo. Ainda assim a<br />

operação tem custos vantajosos?<br />

OLIVEIRA – Sim, porque embora a fabricação<br />

de caminhões seja complexa,<br />

os volumes não são tão grandes.<br />

No modelo que usamos, a <strong>Automotiva</strong><br />

<strong>Usiminas</strong> faz a cabine, a Cummins<br />

os motores, a Eaton as transmissões e<br />

nossa engenharia integra tudo. Assim<br />

os custos são diluídos. Essa fórmula


nos dá escala para produzir<br />

nossos caminhões com<br />

preços competitivos. Por<br />

exemplo, se tivéssemos<br />

que fazer as diversas famílias<br />

de motores que usamos<br />

no Cargo, teríamos de<br />

investir muito para fazer volumes<br />

pequenos.<br />

Está em gestação no centro<br />

de desenvolvimento<br />

de Camaçari a próxima<br />

geração do EcoSport,<br />

carro que deverá ser produzido<br />

também em outros<br />

países. Como a matriz<br />

da companhia foi convencida a<br />

trazer para o Brasil um projeto global?<br />

OLIVEIRA – Depois do próprio<br />

EcoSport, o Ka 2008 foi desenvolvido<br />

aqui, o Fiesta atual também, agora<br />

apresentamos o Cargo 2012. Todos<br />

esses projetos bem-sucedidos liderados<br />

pela engenharia brasileira provaram<br />

à matriz que nós tínhamos capacidade<br />

para assumir um projeto global.<br />

O EcoSport ganhou admiração na<br />

matriz da Ford, não só pelo produto<br />

em si, mas também pelo “branding”, a<br />

marca que criamos. É preciso lembrar<br />

que o desenvolvimento de um carro<br />

não envolve só a competência de 1,5<br />

mil engenheiros de produto que temos<br />

aqui, é também o trabalho de marketing,<br />

que desenha o conceito, e tem o<br />

apoio das áreas de finanças, compras<br />

e manufatura, que viabilizam o projeto.<br />

Portanto o EcoSport é o resultado desse<br />

pacote completo de competências<br />

que nós temos disponível no Brasil.<br />

É verdade que a estratégia global de<br />

comunicação do novo EcoSport também<br />

será desenhada aqui no Brasil?<br />

OLIVEIRA – Exatamente. No caso da<br />

próxima geração do EcoSport, o trabalho<br />

de pesquisas e clínicas com consumidores<br />

está sendo feito nos diferentes<br />

países onde o carro será vendido, porque<br />

a necessidade de um brasileiro pode<br />

não ser exatamente igual à de um<br />

cliente de outro país. Por isso o trabalho<br />

de marketing é muito importante para<br />

orientar todo o desenvolvimento, para<br />

que o produto atinja na mosca seu objetivo.<br />

Essa é a verdadeira globalização.<br />

Podemos esperar mais projetos globais<br />

da Ford aqui?<br />

OLIVEIRA – Esse é o nosso desejo e<br />

estamos trabalhando para isso, são<br />

processos contínuos de planejamento.<br />

A Ford está expandindo a capacidade<br />

de Camaçari de 230 mil para 300<br />

mil unidades/ano. Existem planos de<br />

produzir motores na Bahia?<br />

OLIVEIRA – A nossa fábrica de Taubaté<br />

passa por um grande processo<br />

de ampliação, que começou no<br />

ano passado, e pode fazer até 500<br />

mil motores por ano, contando os<br />

modelos RoCam e Sigma. Por enquanto<br />

tem capacidade para atender<br />

as necessidades das Américas,<br />

com o RoCam para Camaçari e as<br />

exportações do Sigma (para México<br />

e Argentina). Para o futuro nós ainda<br />

estamos definindo como vamos fazer<br />

o abastecimento de motores para<br />

Camaçari. Existem diversas alter-<br />

nativas em estudo.<br />

Há muitos competidores<br />

chegando ao mercado<br />

brasileiro. O quarto lugar<br />

da Ford está ameaçado?<br />

OLIVEIRA – Esperamos<br />

não só manter nosso<br />

market share (em torno<br />

de 10%) e até fazê-lo crescer,<br />

com nosso plano de<br />

aumento de capacidade e<br />

lançamento de novos produtos.<br />

Em nenhum outro<br />

lugar do mundo apenas<br />

três marcas dominam<br />

mais de 60% das vendas.<br />

Não é possível imaginar<br />

que elas não vão perder uma parte<br />

disso diante de mais de vinte concorrentes.<br />

Claro que alguém terá de perder<br />

espaço e acho que nós podemos<br />

tomar um pouco disso, pois a Ford<br />

está só no meio do caminho para os<br />

líderes. O consumidor vai determinar<br />

o modelo e o tamanho do mercado<br />

de cada empresa, mas aquele modelo<br />

que funcionou por quarenta anos<br />

no Brasil, de veículos básicos, com níveis<br />

mínimos de equipamentos, mudou<br />

e continuará mudando nos próximos<br />

anos, pois o poder aquisitivo do<br />

brasileiro está aumentando e suas expectativas<br />

também. Portanto, vencerão<br />

aqueles que souberem acompanhar<br />

e atender essas expectativas.<br />

Então a Ford aposta no modelo de<br />

agregar valor aos veículos?<br />

OLIVEIRA – Sem dúvida. E não só para<br />

atender expectativas dos consumidores,<br />

mas também por causa da legislação,<br />

que aos poucos obriga todos os<br />

fabricantes a acrescentar nos seus carros<br />

elementos de segurança como airbags<br />

e ABS. Assim a integração tecnológica<br />

será um requerimento básico para<br />

atender as regulamentações. Isso já<br />

aconteceu nos principais mercados do<br />

mundo e esse momento também está<br />

chegando aqui.


COBIÇA<br />

ESCOLHA O SEU PRESENTE<br />

38BUSINESS<br />

Edição limitada da Montblanc dedicada ao romancista americano Mark Twain.<br />

A marca desenvolve linhas especiais em homenagem a escritores desde 1992.<br />

Depois de utilizadas, as ferramentas de manufatura das canetas são destruídas<br />

para garantir que seja impossível reproduzi-las. A tinteiro sai por<br />

R$ 2.572,00. Onde: Montblanc, Shopping Cidade Jardim,<br />

Av. Magalhães de Castro, 12.000, São Paulo, SP, tel. (11) 3552-8000.<br />

A pasta masculina Avenue, da Victor Hugo, mantém a<br />

tradição da marca de utilizar apenas materiais nobres.<br />

É revestida de couro com padronagem croco. O modelo é um<br />

sucesso de vendas mantido há várias coleções.<br />

Por R$ 6.725,00. Onde: Victor Hugo, Rua Oscar Freire, 816,<br />

São Paulo, SP, tel. (11) 3082-1303.<br />

De ouro e aço, o Calibri, da Cartier, acaba de chegar às lojas<br />

brasileiras. O relógio utiliza o sistema mecânico de corda automática,<br />

desenvolvido recentemente pela marca francesa. A pulseira é polida e<br />

acetinada, feita de aço inoxidável e ouro rosa 18 quilates. O modelo tem<br />

impermeabilidade a até 30 metros. Por R$ 25.130,00. Onde: Cartier,<br />

Rua Haddock Lobo, 1.567, São Paulo, SP, tel. (11) 3081-0051.<br />

Com controle touch para regular a temperatura, a<br />

adega climatizada Allblack, da Brastemp, comporta 20<br />

garrafas. O toque especial fica por conta da iluminação<br />

interna por LED. Preço sugerido de R$ 799,00.<br />

Onde: Fast Shop, Shopping Iguatemi,<br />

Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.232,<br />

São Paulo, SP, tel. (11) 3232-3550.<br />

Depois do impacto da chegada do iPad pipocam<br />

no mercado aparatos para tornar o tablet ainda<br />

mais prático. O iRest, da Rain Design, é um deles.<br />

O equipamento serve de descanso de colo e mesa<br />

para o produto da Apple. Recém-chegada ao<br />

Brasil, a novidade é importada pela Asys.<br />

Por R$ 299,00. Onde: A2you,<br />

Shopping Pátio Paulista, Rua Treze de Maio, 1.947,<br />

São Paulo, SP, tel. (11) 3232-3800.<br />

(Preços pesquisados em abril)


ESPECIAL | TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

EVOLUÇÃO<br />

OU MORTE<br />

A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA NACIONAL PRECISA ACELERAR<br />

PROJETOS DE INOVAÇÃO E INCLUSÃO TECNOLÓGICA<br />

40BUSINESS<br />

DE SEUS PRODUTOS, SOB PENA DE FICAR PARA<br />

TRÁS DIANTE DA CONCORRÊNCIA GLOBAL<br />

PEDRO KUTNEY<br />

PRODUÇÃO do Pico Eco,<br />

solução ecológica da Marelli<br />

na área de bicos injetores


Como já determinou a teoria<br />

da evolução das espécies,<br />

traçada por Charles Darwin<br />

ainda no século 19, os veículos brasileiros,<br />

assim como fazem os seres<br />

vivos, terão de evoluir para se adaptar<br />

ao novo meio ambiente altamente<br />

competitivo, ou poderão ser extintos.<br />

Para o caso de máquinas criadas<br />

pelo homem, essa evolução atende<br />

pelo nome de desenvolvimento tecnológico.<br />

Um estrangeiro do primeiro m<br />

undo que visitasse o Brasil no começo<br />

dos anos 90 e retornasse agora,<br />

vinte anos depois, certamente encontraria<br />

aqui um cenário automotivo<br />

totalmente “evoluído” na forma e<br />

no conteúdo, com mercado cerca de<br />

cinco vezes maior e veículos leves e<br />

pesados muito mais modernos, tanto<br />

na aparência como em tecnologia<br />

agregada – deixando para a história<br />

criações brasileiras elaboradas a partir<br />

de “catados” de projetos das matrizes<br />

de empresas multinacionais,<br />

que geraram produtos tão únicos<br />

quanto as tartarugas gigantes que intrigaram<br />

Darwin nas Ilhas Galápagos,<br />

como Ford Corcel, Chevrolet Opala e<br />

Volkswagen Santana, só para citar alguns<br />

casos. Nesse sentido, pode-se<br />

afirmar que a indústria automotiva<br />

nacional passou por uma revolução,<br />

que em apenas uma década transformou<br />

completamente a face do setor<br />

no País. Contudo, se a evolução foi<br />

grande, rápida e notável, é porque o<br />

atraso era abissal.<br />

A realidade atual é bem <strong>melhor</strong>,<br />

mas ainda há um longo caminho a<br />

percorrer para atualizar os produtos<br />

locais e colocá-los em linha com padrões<br />

mais avançados e globalmente<br />

competitivos. Recentes estudos<br />

de competitividade sobre o setor no<br />

Brasil, elaborados por diversas consultorias<br />

especializadas como CSM<br />

Worldwide e PricewaterhouseCoopers,<br />

têm uma conclusão comum:<br />

mostram que os veículos nacionais<br />

e seus fabricantes estão um ou dois<br />

passos atrás dos principais concorrentes<br />

internacionais. Caso os integrantes<br />

do setor não acelerem o<br />

passo da atualização tecnológica,<br />

está no horizonte próximo a perda<br />

de terreno para as novas potências<br />

automotivas, especialmente China e<br />

Índia, que no atual ritmo vão ultrapassar<br />

o Brasil em inteligência pro-<br />

INOVAÇÃO NO BRASIL<br />

(2008/R$ bilhões) s)<br />

OLHANDO OLHA PARA<br />

TRÁS, TRÁS A EVOLUÇÃO<br />

DA INDÚSTRIA<br />

FOI ENORME E<br />

HÁ GRANDES<br />

OPORTUNIDADES<br />

PELA FRENTE<br />

INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO<br />

NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA BRASILEIRA<br />

VIRGILIO CERUTTI: presidente da<br />

Magneti Marelli para o Mercosul<br />

dutiva, como já fez a Coreia do Sul.<br />

A incorporação de tecnologias<br />

modernas ao tecido social costuma<br />

espelhar com nitidez o grau de desenvolvimento<br />

das nações. O Brasil<br />

automotivo não foge a essa regra.<br />

Em um país onde a maioria da população<br />

ainda não pode pagar por muitas<br />

das sofisticações tecnológicas, é<br />

natural que o conteúdo dos veículos<br />

produzidos aqui seja menor. Virgilio<br />

Empresas Empresas inovadoras % de inovadoras<br />

BRASIL 106.862 41.262 38,6%<br />

SETOR AUTOMOTIVO 2.638 1.190 45%<br />

MONTADORAS 38 30 83%<br />

AUTOPEÇAS 1.517 708 47%<br />

Faturamento Investimento em inovação ção % do faturamento<br />

to<br />

MONTADORAS 126 2,5 2%<br />

AUTOPEÇAS 75,2 0,53 0,7%<br />

Total 201,2 3 1,5%<br />

Fonte: Pintec/IBGE 2008<br />

Fonte: Pintec/IBGE, Anfavea, Sindipeças


ESPECIAL | TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

Cerutti, presidente da Magneti Marelli<br />

Mercosul, admite que boa parte dos<br />

componentes feitos aqui passa por<br />

reduções tecnológicas para baixar<br />

custos. “Mas isso é natural para um<br />

país emergente, não é algo negativo,<br />

faz parte do desenvolvimento social”,<br />

pondera. “Olhando para trás, a evolução<br />

da indústria foi enorme e há<br />

grandes oportunidades pela frente.”<br />

De forma geral, a combinação deletéria<br />

de impostos e margens nos ní-<br />

INVESTIMENTOS EM PESQUISA E DESENVOLVIMENTO<br />

398<br />

1.029<br />

667<br />

65 %<br />

ALEMANHA<br />

149<br />

786<br />

42BUSINESS<br />

399<br />

51 %<br />

FRANÇA<br />

(2008/US$ bilhões)<br />

121<br />

INOVAÇÃO NO SETOR AUTOMOTIVO<br />

1.010<br />

ITÁLIA<br />

veis mais altos do mundo acabou por<br />

expurgar avanços tecnológicos dos<br />

carros nacionais, para cortar custos.<br />

Sem economia de escala local, algumas<br />

das mais modernas tecnologias<br />

automotivas incorporadas aos carros<br />

produzidos aqui são importadas,<br />

caso da eletrônica veicular.<br />

BASE FRÁGIL<br />

Na busca pela inovação, quando se<br />

divide o bolo entre montadoras e seus<br />

EUA JAPÃO CHINA ALEMANHA COREIA BRASIL<br />

492<br />

49 %<br />

77<br />

2.638*<br />

1.190<br />

BRASIL<br />

45 %<br />

959<br />

435<br />

45 %<br />

ESPANHA<br />

Empresas Empresas inovadoras<br />

Fonte: MCT<br />

(*) Número inclui fabricantes de veículos, cabines, carrocerias, reboques, peças, acessórios e recondicionamento de motores<br />

Fonte: Brasil - Pintec/IBGE 2008. Demais países: Community Innovation Survey 2004/ABDI<br />

45<br />

23<br />

fornecedores, a situação é pior na parte<br />

de baixo da cadeia industrial. Enquanto<br />

30 das 36 fabricantes de veículos no<br />

Brasil fizeram inovações de processos e<br />

produtos no período de 2006 a 2008,<br />

ou 83% das empresas consultadas, 708<br />

fábricas de autopeças disseram ter feito<br />

o mesmo, ou menos da metade (47%)<br />

das 1.517 ouvidas pelo IBGE (quadro<br />

na página ao lado).<br />

“A base da indústria brasileira de<br />

autopeças investe pouco em pesquisa,<br />

desenvolvimento e inovação, por<br />

isso está perdendo a corrida para outras<br />

nações emergentes”, avisa Flávio<br />

Campos, diretor de engenharia da divisão<br />

de arquitetura eletroeletrônica<br />

da Delphi América do Sul. “Principalmente<br />

os fornecedores de componentes<br />

de baixa tecnologia agregada<br />

tendem a desaparecer aqui, porque<br />

estão sofrendo enormes pressões de<br />

custos e não conseguem competir<br />

com os chineses”, sentencia.<br />

Para Campos, até mesmo grandes<br />

fornecedores de sistemas sofisticados<br />

se acomodaram: “Os sistemistas<br />

investem, mas em nível ainda abaixo<br />

da necessidade. É preciso acordar<br />

depressa e acelerar a engenharia local,<br />

para agregar valor aos produtos.<br />

Essa é a única forma de competir<br />

com a China e isso só se faz com<br />

muita pesquisa e desenvolvimento”.<br />

De fato, a grande maioria das inovações<br />

promovidas pelo setor automotivo<br />

no Brasil não representa<br />

novidade para o mercado mundial.<br />

Segundo o IBGE, entre os fabricantes<br />

de veículos, de 2006 a 2008 houve<br />

apenas uma inovação de produto<br />

inédita em termos internacionais e<br />

nenhuma em relação a processos de<br />

produção. Já entre os fornecedores<br />

de componentes existiram só nove<br />

inovações globais de produtos e cinco<br />

de processos.<br />

PERSPECTIVA POSITIVA<br />

Daqui para frente a indústria brasilei-


a deverá acompanhar mais de perto<br />

a evolução internacional, acredita<br />

Rejman: “Atualmente, várias empresas<br />

estão trabalhando em projetos de<br />

novos produtos que irão ser produzidos<br />

e comercializados não somente<br />

em países emergentes, mas também<br />

em mercados de alta tecnologia”,<br />

afirma. “O progresso também se<br />

aplica ao uso de ferramentas de desenvolvimento<br />

que eram incipientes<br />

no passado, tais como programas de<br />

simulação, e hoje são parte integrante<br />

do desenvolvimento local.”<br />

Apesar das dificuldades, a maioria<br />

dos analistas projeta um cenário positivo<br />

para o desenvolvimento tecno-<br />

BAIXO INVESTIMENTO<br />

SETOR LIDERA APORTES LOCAIS EM P&D, MAS BRASIL APLICA MENOS DE 1% DO PIB NESSA ÁREA<br />

Apesar da grande evolução do desenvolvimento local de<br />

produtos, especialistas alertam que o País é obrigado a<br />

importar muita inteligência, na forma de projetos e produtos<br />

de alto valor agregado, porque aqui o investimento<br />

na área é substancialmente inferior ao de muitos países<br />

concorrentes. Isso fica claro quando se comparam os<br />

gastos totais com pesquisa e desenvolvimento (P&D).<br />

Segundo dados do Ministério da Ciência e Tecnologia, o<br />

capital destinado a P&D no Brasil por governo, estatais<br />

e empresas privadas mal passa de 1% do PIB, cerca de<br />

US$ 23 bilhões por ano, enquanto a China, por exemplo,<br />

direciona 1,5% de seu PIB, mais de US$ 120 bilhões/<br />

ano, e os Estados Unidos, a nação que mais investe nisso,<br />

gasta quase US$ 400 bilhões, ou 2,7% do PIB.<br />

O setor automotivo é, de longe, o segmento da indústria<br />

de transformação nacional que mais investe em<br />

pesquisa e desenvolvimento, com o total de R$ 3 bilhões<br />

em 2008, de acordo com dados da mais recente Pintec,<br />

Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE. Este valor,<br />

contudo, representou apenas 1,5% do faturamento naquele<br />

ano dos fabricantes de autopeças e veículos, que<br />

chegou a R$ 201 bilhões. E foi um terço dos investimentos<br />

totais de R$ 8,5 bilhões.<br />

Essas cifras revelam que o porcentual destinado a<br />

P&D por empresas do setor automotivo no País está<br />

bastante abaixo dos padrões das matrizes, que gastam<br />

de 5% a 8% das receitas para desenvolver tecnologia.<br />

MUITAS MUIT VEZES É<br />

NECESSÁRIA NEC ALTA<br />

TECNOLOGIA<br />

PARA CONTER<br />

OS CUSTOS DE<br />

COMPONENTES<br />

AUTOMOTIVOS<br />

PAULO ALVES, diretor de sistemas de<br />

segurança e carroceria da Continental<br />

Fabricante de pneus e diversos sistemas automotivos,<br />

a alemã Continental, por exemplo, investiu sozinha algo<br />

como US$ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento durante<br />

o ano passado, o que supera o investimento do<br />

segmento inteiro no Brasil.<br />

A situação fica pior quando se divide o investimento<br />

entre montadoras e fornecedores de peças. As fabricantes<br />

de veículos destinaram em 2008, segundo a Pintec,<br />

R$ 2,5 bilhões às atividades de P&D, ou 2% do faturamento<br />

naquele ano, enquanto as fábricas de componentes<br />

gastaram R$ 528 milhões, ou apenas 0,7% das<br />

receitas. O quadro é preocupante, pois atualmente grande<br />

parte das inovações tecnológicas é promovida pelos<br />

sistemistas. Assim, a indústria instalada aqui perde uma<br />

importante fonte de evolução.<br />

Nesse cenário, ideias novas que criam valor se propagam<br />

mais lentamente no Brasil, onde 41.262 empresas,<br />

ou 38,6% das 106.862 consultadas na Pintec,<br />

declararam ter implementado inovações de processos e<br />

produtos entre 2006 e 2008, ante 101 mil corporações<br />

inovadoras na Alemanha só em 2004, ou 56%.<br />

Os resultados são <strong>melhor</strong>es no setor automotivo brasileiro:<br />

1.190 de 2.638 corporações ouvidas promoveram<br />

inovações, mas o índice de 45%, embora maior que a<br />

média nacional, ainda está atrás do nível mundial – na<br />

indústria automotiva alemã foi de 65% em 2004, e de<br />

51% na França no mesmo ano.


ESPECIAL | TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

lógico no Brasil, criado pela evolução<br />

do mercado brasileiro. A renda está<br />

crescendo no País e também avançam<br />

as ambições dos consumidores,<br />

que naturalmente poderão pagar por<br />

carros mais confortáveis e bem equipados<br />

– como já ocorre com itens<br />

como direção assistida, acionamento<br />

elétrico de vidros e travas, ar-condicionado<br />

e até câmbio robotizado.<br />

Outro ponto que fará a tecnologia<br />

automotiva subir degraus é o aperto<br />

da legislação de segurança e emissões,<br />

que exige sistemas hoje só<br />

disponíveis como opcionais ou nos<br />

modelos topo de gama, como ABS,<br />

airbags, rastreador e dispositivos de<br />

tratamento de gases. Tudo isso tende<br />

a deixar os veículos mais caros,<br />

é verdade, entretanto não é menos<br />

verdadeiro que ganhos de escala diluem<br />

significativamente os custos e,<br />

no fim das contas, o consumidor terá<br />

um carro mais seguro, econômico e<br />

INTELIGÊNCIA IMPORTADA<br />

BRASIL FORMA 30 MIL ENGENHEIROS POR ANO E A CHINA, 400 MIL<br />

44BUSINESS<br />

menos poluente desde os produtos<br />

básicos. Pode ser uma evolução forçada,<br />

mas ocorrerá.<br />

O poder de consumo dos brasileiros<br />

ainda será, por muitos anos à<br />

frente, inferior ao de países desenvolvidos.<br />

Por isso o grande desafio<br />

que se impõe é de agregar valor sem<br />

alterar o preço para cima. É o que<br />

Flávio Campos, da Delphi, chama de<br />

“engenharia frugal”, termo que ouviu<br />

de engenheiros indianos. “Nosso<br />

mercado, apesar de simples, está se<br />

sofisticando”, avalia.<br />

“Isso não é baixa tecnologia. Muitas<br />

vezes é necessária muita tecnologia<br />

para conter os custos”, defende<br />

Paulo Alves, diretor da unidade de<br />

sistemas de segurança e carroceria<br />

da Continental Brasil. Ele cita o Pase<br />

um sistema elaborado pela Continental<br />

que destrava as portas e liga<br />

o carro só com a aproximação da<br />

chave, que pode ficar no bolso do<br />

LABORATÓRIO da Bosch<br />

na área de eletrônica para<br />

desenvolvimento veicular<br />

motorista. “É um exemplo de tecnologia<br />

que reduz gasto, pois com ela<br />

se dispensa o uso da trava mecânica<br />

de direção”, explica.<br />

Se os fabricantes instalados no<br />

Brasil não conseguirem fornecer produtos<br />

<strong>melhor</strong>es por valores competitivos,<br />

certamente os concorrentes<br />

importados ocuparão esse espaço,<br />

como já tentam fazer algumas marcas<br />

chinesas por aqui, com carros<br />

que chegam mais bem equipados e<br />

custam menos do que equivalentes<br />

nacionais – apesar de pagarem alíquota<br />

de importação de 35%.<br />

Com vendas crescentes e projeção<br />

de mercado de 4 milhões de automóveis<br />

em 2015, Rejman prevê alta<br />

demanda por modelos específicos<br />

para o consumidor brasileiro. “Essa<br />

situação acelera a necessidade de<br />

progredirmos cada vez mais rápido,<br />

pois as empresas precisam ser capazes<br />

de projetar tais modelos.”<br />

muito mais inteligência<br />

do que exportamos”,<br />

“Importamos<br />

reconhece Alberto Rejman,<br />

diretor da GM e membro da SAE<br />

Brasil. E Flávio Campos, diretor de<br />

engenharia da Delphi, acrescenta:<br />

“O problema maior disso é que hoje<br />

temos muitos produtos locais no<br />

Brasil e não dá para adaptar tudo o<br />

que vem de fora. Por isso precisamos<br />

criar e agregar valor aqui”.<br />

Mais dados do IBGE reforçam essa<br />

preocupação: 1.190 empresas automotivas<br />

inovadoras geraram apenas<br />

116 depósitos de patentes de 2006 a<br />

2008, sendo onze de fabricantes de<br />

veículos e 105 de fornecedores. Isso<br />

denota que o processo de inovação


ESPECIAL | TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

no Brasil, além de lento, também<br />

apresenta baixa relevância.<br />

“O Brasil evoluiu, mas quanto da<br />

atual tecnologia foi desenvolvida<br />

aqui?”. Quem pergunta é Rogelio<br />

Golfarb, diretor de assuntos corporativos<br />

da Ford América do Sul. “Temos<br />

de usar o que já está pronto sem<br />

preconceito, e rápido, mas se apenas<br />

copiarmos o que já existe lá fora, seremos<br />

iguais ou piores do que outros<br />

países. Inovação e engenharia nacional<br />

são ferramentas fundamentais<br />

para enfrentar os desafios da competitividade<br />

global”, analisa.<br />

FOCO ESTRATÉGICO<br />

Para Alberto Rejman, diretor de engenharia<br />

da GM e membro da SAE<br />

Brasil, a engenharia automotiva nacional<br />

precisa continuar a aproveitar<br />

suas principais potencialidades: “Temos<br />

vocação para o desenvolvimento<br />

de produtos destinados a países<br />

emergentes, com excelente conhecimento<br />

em otimização do sistema<br />

trem-de-força, de massa, redução<br />

de perdas mecânicas e de consumo<br />

elétrico, além da aplicação de<br />

arquiteturas elétricas flexíveis”. Mas<br />

ele também ressalta a necessidade<br />

de não parar por aí: “É preciso evoluir<br />

para alcançar autonomia plena<br />

nos desenvolvimentos futuros, que<br />

serão muito mais complexos, pois<br />

envolverão tecnologias hoje ainda pouco conhecidas em<br />

nossa indústria, tais como os veículos híbridos”.<br />

Flávio Campos, diretor de engenharia da Delphi, indica<br />

que existem três grandes áreas de ataque para a engenharia<br />

automotiva brasileira nos próximos anos: sistemas<br />

de powertrain, eletroeletrônica veicular e novos materiais.<br />

“Temos muito a evoluir para <strong>melhor</strong>ar a eficiência dos<br />

motores flex. Precisamos investir muito mais em sistemas<br />

eletrônicos drive by wire, que mudam tudo na concepção<br />

de um veículo. E temos de pensar em nanotecnologia<br />

e compostos alternativos para substituir commodities,<br />

como o plástico, que não para de subir de preço.”<br />

46BUSINESS<br />

Mas não será nada fácil ter inovação e<br />

engenharia sem pesquisadores nem engenheiros.<br />

O baixo nível de investimento<br />

em educação hoje cobra um alto preço.<br />

Faltam ao País profissionais dedicados<br />

aos avanços tecnológicos. Segundo<br />

registros do Ministério da Ciência e Tecnologia<br />

(MCT), existem 1,4 pesquisador<br />

e 2,6 pessoas ocupadas em tempo<br />

integral com atividades de pesquisa e<br />

desenvolvimento a cada mil habitantes<br />

no Brasil, enquanto na Alemanha, por<br />

exemplo, esses índices são de 7,5 e 13,<br />

respectivamente; na vizinha Argentina,<br />

2,9 e 3,9; e na China, 2,1 e 2,5.<br />

Rejman, que também é diretor<br />

executivo de engenharia de produtos<br />

da General Motors América do<br />

Sul, diz que a falta de mão de obra<br />

qualificada é uma das principais<br />

fraquezas do setor no Brasil. “Estamos<br />

muito atrás dos outros países.<br />

Hoje formamos 30 mil engenheiros<br />

por ano, em média, ao passo que<br />

a China forma 400 mil, a Índia 250<br />

mil e a Coreia 80 mil. Não há expansão<br />

dos centros de formação<br />

técnica proporcional ao nível de<br />

crescimento econômico do País.<br />

E a situação fica ainda mais críti-<br />

“A indústria está convidada a fazer<br />

desenvolvimento tecnológico aqui”,<br />

afirma Besaliel Botelho, vice-presidente<br />

da Bosch. “Já existem para<br />

isso incentivos do governo, como a<br />

Lei do Bem, mas precisamos usar<br />

mais. Temos apoio para inovar, o<br />

que falta é apoio para produzir”,<br />

diz, citando os já conhecidos gargalos<br />

competitivos do Brasil, como<br />

impostos altos e infraestrutura deficiente.<br />

Essa, aliás, é outra equação<br />

a ser resolvida, pois de nada adiantará<br />

implementar avanços sem a<br />

respectiva produção. Por isso Botelho<br />

avalia que o desenvolvimento<br />

tecnológico ajuda, mas não elimina<br />

todas as deficiências do País.<br />

Nesse sentido, o setor automotivo vem sendo tratado<br />

como uma das prioridades no novo pacote de competitividade<br />

que até o fim de abril estava em gestação em Brasília,<br />

segundo Paulo Bedran, diretor do Departamento de<br />

Indústrias de Equipamento de Transporte, do Ministério<br />

do Desenvolvimento. Desta vez, o governo parece estar<br />

disposto a trocar incentivos, como redução de impostos,<br />

por maior desenvolvimento tecnológico local. Estava no<br />

radar, por exemplo, a taxação de veículos por eficiência<br />

energética, e não por tamanho do motor, como ocorre<br />

hoje. Dessa forma, evoluir não será uma escolha, mas<br />

uma obrigação de sobrevivência.


ca quando se buscam profissionais<br />

com experiência”.<br />

PONTE ACADÊMICA<br />

Embora no Brasil existam centros<br />

universitários de excelência internacional,<br />

são poucos os exemplos de<br />

parcerias pragmáticas entre a academia<br />

e empresas para fazer andar mais<br />

depressa o desenvolvimento tecnológico.<br />

“Essa parceria está engatinhando<br />

aqui, precisamos construir essa<br />

ponte”, destaca Paulo Matos, supervisor<br />

de estratégia de inovação da<br />

Fiat do Brasil. “Existe nas universidades<br />

brasileiras muita pesquisa básica<br />

e pouca pesquisa aplicada (aquela<br />

que se transforma na prática em produtos<br />

e processos)”, avalia.<br />

“Aqui, 80% dos doutores estão nas<br />

universidades e só 20% na indústria,<br />

enquanto no exterior acontece<br />

o inverso. Assim temos um longo<br />

caminho para transformar teoria em<br />

prática”, diz Besaliel Botelho, vice-<br />

-presidente executivo da Robert Bosch<br />

Brasil. Ele ressalta uma estatística<br />

que comprova essa desconexão:<br />

AGENDA DA INOVAÇÃO<br />

FOTO: RUY HIZA<br />

segundo dados do MCT, 2,63% dos<br />

artigos técnicos publicados no mundo<br />

são de pesquisadores brasileiros,<br />

mas só 0,31% dos pedidos de patentes<br />

vêm do País. “Isso quer dizer que<br />

fazemos dez vezes mais pesquisa do<br />

que desenvolvemos produtos ou processos<br />

para colocar no mercado.”<br />

Botelho acrescenta que a Bosch<br />

mantém poucas parcerias com<br />

ENGENHARIA<br />

ENG<br />

FRUGAL FRUG É UMA DAS<br />

RESPOSTAS PARA<br />

AGREGAR VALOR<br />

AOS AO SISTEMAS SEM<br />

ALTERAR O PREÇO<br />

PARA CIMA<br />

Ex-presidente da Anfavea, o diretor de assuntos corporativos da Ford América do Sul, Rogelio<br />

Golfarb, defende a urgente adoção de uma “agenda da inovação” no País, que para ele será<br />

fundamental a fim de retomar a competitividade da indústria nacional. Golfarb cita dez pontos<br />

dessa agenda, que divide responsabilidades entre governo e empresas:<br />

FLAVIO CAMPOS, diretor de<br />

engenharia da Delphi no Brasil<br />

universidades no Brasil, “porque há<br />

poucos incentivos para isso”. Flávio<br />

Campos, da Delphi, conta que atualmente<br />

monitora mais de trinta trabalhos<br />

em universidades, mas poucos<br />

terão aproveitamento prático. O<br />

mesmo diz Virgilio Cerutti, presidente<br />

da Magneti Marelli, que tem aproveitado<br />

a proximidade da sede da empresa<br />

em Hortolândia (SP) com a<br />

<br />

adoção de incentivos à inovação


ESPECIAL | TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

FOTO: RUY HIZA<br />

Unicamp para captar alguns bons<br />

profissionais. “A região de Campinas,<br />

com muitas empresas e centros universitários<br />

de alto padrão, se transformou<br />

em um polo tecnológico de<br />

qualidade internacional”, afirma.<br />

Apesar de raros, há bons exemplos<br />

de como academia e empresas podem<br />

se ajudar bem mais. Matos cita<br />

o laboratório de interferências eletromagnéticas<br />

criado recentemente<br />

pela Fiat em Betim (MG), com par-<br />

48BUSINESS<br />

O SETOR S<br />

AUTOMOTIVO<br />

AU<br />

É UMA DAS<br />

cerias que envolveram a UNB, UFMG<br />

e centros europeus. “Graças a esse<br />

esforço conjunto conseguimos fazer<br />

aqui um laboratório muito mais barato,<br />

com um quarto do tamanho do<br />

que temos na Itália”, conta. Assim a<br />

Fiat ganhou vantagem no desenvolvimento<br />

de produtos, pois atualmente<br />

a maioria das montadoras precisa<br />

mandar os carros ao exterior para<br />

fazer esses testes.<br />

“Com o aumento da demanda por<br />

A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS VEÍCULOS<br />

ESTÁ LASTREADA EM SISTEMAS ELETRÔNICOS<br />

COMPLEXOS. O BRASIL NÃO FICA ATRÁS, MAS<br />

DEPENDE ESSENCIALMENTE DE IMPORTAÇÕES<br />

PRIORIDADES P<br />

DO<br />

NOVO PACOTE DE<br />

COMPETITIVIDADE<br />

PAULO BEDRAN, diretor do<br />

departamento de indústrias de<br />

equipamento de transporte do MDIC<br />

tecnologia embarcada, naturalmente<br />

os centros de engenharia brasileiros<br />

serão forçados a se desenvolver. Por<br />

isso parcerias efetivas com universidades<br />

e centros de P&D precisam<br />

ser fomentadas, assim como a troca<br />

de conhecimentos entre centros de<br />

engenharia no Brasil e no exterior. As<br />

empresas devem investir na expansão,<br />

e em muitos casos na criação,<br />

de centros de competência no País”,<br />

destaca Rejman.<br />

O SALTO DA ELETRÔNICA<br />

PEDRO KUTNEY<br />

A<br />

evolução tecnológica dos veículos<br />

passa, necessariamente,<br />

pela eletrônica, que a cada<br />

ano embarca dúzias de semicondutores<br />

e sistemas integrados que podem<br />

controlar desde as travas das portas, o<br />

motor, até a troca de marchas. Para se<br />

ter ideia da velocidade desse avanço,<br />

em 1960 um carro tinha algo como<br />

100 circuitos, ante mais de 3 mil hoje.<br />

Progressos como airbags, antitravamento<br />

de freios (ABS) ou mesmo os<br />

carros híbridos não seriam possíveis<br />

sem uso intensivo de microeletrônica.


Não por acaso, a indústria automotiva<br />

consome atualmente mais de US$<br />

200 bilhões por ano em componentes<br />

eletrônicos, responsáveis por cerca de<br />

40% do conteúdo dos carros atuais,<br />

segundo estimativas da agência de<br />

comércio exterior de Taiwan, onde<br />

estão instalados alguns dos maiores<br />

fornecedores mundiais de eletrônica<br />

automotiva.<br />

No Brasil, o menor nível de sofisticação<br />

dos carros não impede o<br />

rápido avanço da incorporação de<br />

eletrônica – muito pelo contrário, até<br />

porque em muitos casos isso reduz<br />

custos, com a substituição de sistemas<br />

mecânicos por eletrônicos mais<br />

baratos. Um levantamento feito em<br />

2010 pela Infineon, um dos maiores<br />

fabricantes de componentes eletrônicos<br />

para a indústria automotiva,<br />

TECHCENTER da Delphi<br />

atende desenvolvimento de<br />

eletrônica automotiva no País


ESPECIAL | TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

estima que o conteúdo eletrônico<br />

dos veículos brasileiros deve crescer<br />

110% até 2020. Atualmente (e pelos<br />

próximos dez anos), os veículos<br />

brasileiros têm o maior valor de semicondutores<br />

entre os países emergentes<br />

que compõem o Bric (Brasil,<br />

Rússia, Índia e China).<br />

Segundo o estudo encomendado<br />

pela Infineon, a indústria automotiva<br />

brasileira agrega atualmente, em<br />

média, US$ 164 por carro em semicondutores<br />

(componentes de chaveamento,<br />

potência e carga) que inte-<br />

DEMANDA POR SEMICONDUTORES VEICULARES NO BRASIL<br />

257<br />

2008<br />

383<br />

2010<br />

130<br />

130<br />

115<br />

109<br />

164<br />

149<br />

137<br />

128<br />

50BUSINESS<br />

520<br />

2012<br />

200<br />

(US$ milhões)<br />

170<br />

161<br />

146<br />

628<br />

2014<br />

270<br />

184<br />

179<br />

825<br />

2016<br />

910<br />

2018<br />

VALOR DE SEMICONDUTORES POR CARRO<br />

BRASIL<br />

CHINA<br />

RÚSSIA<br />

ÍNDIA<br />

(US$)<br />

gram diversas centrais eletrônicas.<br />

Esse valor já é 26% maior do que os<br />

US$ 130 por veículo de 2008, e deverá<br />

crescer nada menos do que 143%,<br />

para US$ 200, até 2020. Isso coloca<br />

o Brasil levemente à frente das médias<br />

da China (US$ 398 em 2020<br />

ante US$ 149 em 2010), Rússia (US$<br />

379 ante US$ 137) e Índia (US$ 368<br />

ante US$ 128). Ainda assim, esse<br />

nível é baixo para incorporar as tecnologias<br />

mais sofisticadas. Um automóvel<br />

híbrido, por exemplo, carrega<br />

cerca de US$ 600 só em semicondu-<br />

988<br />

2020<br />

2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020<br />

157<br />

300<br />

250<br />

250<br />

245<br />

378<br />

365<br />

360<br />

325<br />

Fonte: Infineon<br />

400<br />

398<br />

379<br />

368<br />

Fonte: Infineon<br />

tores, que integram sistemas eletrônicos<br />

embarcados substancialmente<br />

mais caros.<br />

DEPENDÊNCIA EXTERNA<br />

As estimativas da Infineon apontam<br />

que até 2020 o Brasil consumirá<br />

quase US$ 1 bilhão por ano em semicondutores<br />

automotivos, o que<br />

representa um salto de 158% sobre<br />

os US$ 383 milhões de 2010. O problema<br />

é que, se nada for feito, isso<br />

impactará negativamente a balança<br />

comercial do País, pois quase 100%<br />

desses componentes são importados<br />

– como é o caso da própria Infineon,<br />

que traz de suas fábricas da Ásia<br />

e Europa todos os semicondutores<br />

que vende aqui para sistemistas e<br />

montadoras.<br />

Esta é hoje uma indústria estratégica<br />

para o setor automotivo mundial.<br />

Tanto que os grandes players<br />

investem pesadamente para dominar<br />

a tecnologia. A Bosch, por exemplo,<br />

anunciou em 2010 o investimento de<br />

US$ 1 bilhão, o maior já feito pela<br />

centenária empresa em um só empreendimento,<br />

para construir uma<br />

fábrica de semicondutores em Reutlingen,<br />

na Alemanha, que até 2016<br />

poderá fazer 1 milhão de microchips<br />

por dia para atender à crescente demanda<br />

de diversos setores.<br />

Em outro exemplo de estratégia,<br />

a sul-coreana Hyundai firmou em<br />

2009 um acordo com a Infineon<br />

para montar, na Coreia, um centro<br />

conjunto para o desenvolvimento de<br />

eletrônica veicular. “Gostaria muito<br />

que um fabricante aqui no Brasil fizesse<br />

o mesmo”, diz César Manieri,<br />

gerente de contas automotivo da<br />

Infineon, que tem 55% de seu faturamento<br />

lastreado no fornecimento<br />

para a indústria automotiva.<br />

“Existe evolução aqui, mas de forma<br />

lenta. Muitos lançamentos têm<br />

só o desenho novo e o mesmo conteúdo<br />

tecnológico. As montadoras


ESPECIAL | TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

são reticentes em agregar tecnologia<br />

com custo maior. Assim, todos os<br />

avanços, por enquanto, dependem<br />

do que a lei obrigar, como já é o caso<br />

de ABS, airbags e rastreador”, avalia<br />

Manieri. “Existe um mundo a evoluir<br />

na área de eletrônica veicular no Brasil.<br />

O desafio é criar tecnologia local<br />

com preço acessível.”<br />

“As universidades têm investido<br />

no desenvolvimento de técnicas de<br />

fabricação de substratos, mas ainda<br />

PRINCIPAIS SISTEMAS ELETRÔNICOS<br />

DE UM CARRO BRASILEIRO COMUM<br />

Telemetria: rastreamento, GPS<br />

52BUSINESS<br />

PRODUÇÃO de centralinas<br />

nas instalações da Magneti<br />

Marelli no Brasil<br />

de forma tímida. Ainda são escassos<br />

os recursos e incentivos governamentais<br />

para a fabricação local<br />

de componentes eletrônicos. Nem<br />

mesmo itens de complexidade intermediária<br />

são produzidos no Brasil”,<br />

destaca Alberto Rejman, diretor da<br />

Seção São Paulo da SAE Brasil e<br />

diretor executivo de engenharia de<br />

produtos da General Motors América<br />

do Sul. “Importamos anualmente<br />

mais de US$ 18 bilhões por ano em<br />

gerenciamento do motor flex, gerenciamento de câmbio robotizado<br />

faróis, lanternas<br />

frontais, ABS<br />

acionamento de travas e vidros, alarme, climatização<br />

instrumentos, controles, rádio, DVD, GPS<br />

eletrônicos, somos completamente<br />

dependentes de outros países, não<br />

apenas na indústria automotiva, mas<br />

também na de informática e de telecomunicações.”<br />

VISÃO ESTRATÉGICA<br />

“O País não incentivou a indústria<br />

eletrônica e perdeu a concorrência<br />

para China e Coreia. Agora não<br />

consegue produzir nada aqui”, avalia<br />

Besaliel Botelho, vice-presidente<br />

executivo da Robert Bosch Brasil. “O<br />

crescimento do consumo de bens<br />

eletrônicos pode mudar essa realidade.<br />

Tomara, porque nós precisamos<br />

comprar esses componentes e<br />

hoje dependemos só de importação,<br />

o que pode ser um risco quando se<br />

olha o que aconteceu depois do terremoto<br />

no Japão, que paralisou embarques<br />

para cá”, completa.<br />

Especialistas dizem que a instalação<br />

de uma fábrica de semicondutores<br />

requer mercado muito grande<br />

para justificar investimentos bilionários,<br />

de US$ 1 bilhão a US$ 3 bilhões<br />

em uma só fábrica, e por isso o Brasil<br />

já teria perdido para a Ásia essa corrida.<br />

Contudo, se o volume de eletrônicos<br />

importados já passa de US$<br />

18 bilhões/ano, com perspectivas de<br />

crescimento, parece mais do que justificável<br />

a instalação dessa indústria<br />

no País. Mas, ao menos no setor automotivo,<br />

nem todos enxergam dessa<br />

maneira. “Não vejo necessidade<br />

de fazer pecinhas aqui, o importante<br />

é agregar valor, montar os circuitos e<br />

sistemas eletrônicos”, diz Cledorvino<br />

Belini, presidente da Fiat América Latina<br />

e da Anfavea, a associação dos<br />

fabricantes de veículos.<br />

Maurício Muramoto, presidente<br />

da Continental Brasil, concorda<br />

com essa visão: “Podemos importar<br />

componentes e desenvolver os sistemas<br />

aqui”, diz. Ele conta que, há dez<br />

anos, quando ainda estava na Siemens<br />

VDO (depois comprada pela


Continental), só havia dois engenheiros<br />

eletrônicos na empresa e quase<br />

foi “jogado pela janela” de uma sala<br />

na Alemanha ao propor à diretoria o<br />

desenvolvimento local no Brasil. “O<br />

mercado brasileiro provou que eu<br />

tinha razão, pois os produtos proo- duzidos aqui precisam de soluções es<br />

pensadas aqui. Hoje 250 engenheiros<br />

trabalham na divisão eletrônica<br />

e dominamos o ciclo completo de<br />

desenvolvimento de circuitos e sistemas.<br />

Por isso acho que o País tem<br />

condições de avançar nessa área<br />

mesmo importando todos os semicondutores<br />

de que precisa”, defende.<br />

Importando peças ou não, o fato<br />

é que o setor automotivo nacional<br />

não pode prescindir da eletrônica,<br />

hoje tão presente quanto o aço em<br />

qualquer veículo, do mais simples ao<br />

O SETOR<br />

AUTOM AUTOMOTIVO NÃO<br />

PODE PRESCINDIR<br />

DDA<br />

ELETRÔNICA,<br />

TÃO TÃ PRESENTE<br />

QUANTO O AÇO<br />

EM QUALQUER<br />

VEÍCULO NOVO<br />

MAURÍCIO MURAMOTO,<br />

presidente da Continental no Brasil<br />

mais sofisticado. Então é preciso escolher,<br />

e rápido, a <strong>melhor</strong> tática para<br />

jogar esse jogo. Os maiores países<br />

fabricantes de veículos do mundo<br />

importam componentes de toda natureza,<br />

mas por motivos estratégicos<br />

também mantêm dentro de suas<br />

fronteiras praticamente toda a cadeia<br />

de fornecedores, inclusive a de eletrônicos<br />

– se isso não fosse importante,<br />

a Bosch não precisaria investir<br />

tanto em uma fábrica própria de microships,<br />

por exemplo. Como o Brasil<br />

hoje integra o clube dos maiores<br />

produtores mundiais, estará criando<br />

um paradigma para a indústria se<br />

deixar só no exterior toda a base de<br />

fornecimento de eletrônica. Portanto,<br />

sem exemplos bem-sucedidos anteriores,<br />

é arriscado dizer se essa estratégia<br />

vai funcionar ou não.


ESPECIAL | TECNOLOGIA DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO INDUSTRIAL<br />

GOVERNO QUER<br />

MAIS TECNOLOGIA<br />

NOVA POLÍTICA INDUSTRIAL PREVÊ INCENTIVOS À ATUALIZAÇÃO<br />

TECNOLÓGICA DOS VEÍCULOS NACIONAIS<br />

PEDRO KUTNEY<br />

O<br />

governo reconhece a importância<br />

do setor automotivo<br />

para a indústria nacional e<br />

já diagnosticou: boa parte da falta de<br />

competitividade global dos veículos<br />

brasileiros está ligada ao seu menor<br />

conteúdo tecnológico. Também admite<br />

que a alta carga tributária limita<br />

o maior desenvolvimento. Por isso, na<br />

política industrial em gestação, deverá<br />

trocar redução de impostos por inclusão<br />

tecnológica e maior capacidade de<br />

produção local.<br />

Bruno Jorge ajudou a coordenar<br />

pesquisas de diagnóstico e até o fim<br />

de abril esperava por determinações<br />

do governo para começar a articular a<br />

aplicação de medidas de apoio ao setor<br />

automotivo. Jorge é o especialista<br />

dedicado ao “Projeto Automotivo” da<br />

Agência Brasileira de Desenvolvimento<br />

Industrial (ABDI), órgão criado em 2004<br />

com a missão de apoiar e monitorar a<br />

execução da política industrial. Vinculada<br />

ao Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior, o MDIC,<br />

a ABDI promove a articulação das diversas<br />

instâncias governamentais (além<br />

do próprio MDIC, outros ministérios,<br />

autarquias e estatais) para que propostas<br />

sejam colocadas em prática.<br />

Nesta entrevista exclusiva a <strong>Automotive</strong><br />

<strong>Business</strong>, Jorge revelou que a incorporação<br />

de conteúdos tecnológicos nos<br />

veículos produzidos no Brasil está no<br />

radar do governo para garantir a sobrevi-<br />

54BUSINESS<br />

54BUSINESS<br />

vência desta indústria, por isso é um dos<br />

focos da política industrial para o setor.<br />

AUTOMOTIVE BUSINESS – Como o<br />

governo/ABDI enxerga o atual estágio<br />

de desenvolvimento da indústria<br />

automotiva no País?<br />

BRUNO JORGE – A indústria automotiva<br />

tem avançado muito. Na década de<br />

1990 fez uma reestruturação em seu<br />

processo produtivo, em direção a formas<br />

de produção mais flexíveis, com<br />

um grande volume de novos investimentos<br />

e ampliação da capacidade<br />

produtiva. Já na primeira década deste<br />

século tem havido um importante avanço<br />

nas atividades de engenharia local.<br />

Exemplo disso é o desenvolvimento<br />

do motor flex. A engenharia brasileira<br />

atua no desenvolvimento de produtos<br />

e, em alguns casos, até em plataformas<br />

globais. Entretanto, não se pode olhar<br />

apenas para a realidade do mercado<br />

interno, pois vivemos em uma época<br />

de indústria global. Nesse sentido,<br />

constata-se considerável distância entre<br />

os veículos fabricados localmente e os<br />

de outras regiões, no que se refere a<br />

tecnologia (segurança, conforto e infotainment),<br />

eficiência energética, custos<br />

e também preços.<br />

Muito se tem falado a respeito da perda<br />

de competitividade da indústria<br />

automotiva brasileira. O maior avanço<br />

tecnológico pode reverter essa si-<br />

tuação? E como obter esse avanço?<br />

JORGE – É muito provável que o maior<br />

avanço tecnológico dos produtos possa<br />

reverter essa situação. De fato, os<br />

veículos produzidos no País são considerados<br />

tecnologicamente inferiores<br />

quando se faz uma comparação com<br />

os principais mercados internacionais.<br />

A incorporação de conteúdos tecnológicos<br />

e de segurança nos veículos<br />

produzidos localmente é uma questão<br />

estratégica para a sobrevivência desta<br />

indústria e por isso é um dos focos das<br />

nossas reflexões sobre uma nova política<br />

industrial para o setor.<br />

Como o poder público pode atuar<br />

para aumentar aqui os investimentos<br />

em P&D?<br />

JORGE – O fortalecimento e a atração<br />

de centros de P&D fazem parte da<br />

nova política industrial em gestação no<br />

governo. Sabe-se que nos próximos<br />

dez anos os países emergentes serão<br />

responsáveis pelo crescimento do mercado<br />

global, por isso iremos aproveitar<br />

esse ativo para influenciar estratégias<br />

globais das empresas do setor. E é<br />

esse o papel do governo: sinalizar para<br />

a indústria global que o Brasil é um<br />

dos mercados mais promissores, que<br />

a base existente pode se tornar mais<br />

competitiva pela inovação e agregação<br />

de valor e que nós temos condições de<br />

fazê-lo. Nesse sentido, serve de bom<br />

exemplo o programa Pró-Engenharia,


do BNDES, que financia máquinas e<br />

equipamentos nacionais, mão de obra,<br />

testes e ensaios, registros de patentes<br />

no Brasil e no exterior, obras e softwares.<br />

Esse programa já desembolsou<br />

mais de R$ 2 bilhões nos últimos anos,<br />

financiando o desenvolvimento da engenharia<br />

no País.<br />

O automóvel no Brasil é tributado como<br />

supérfluo e sofre a mais alta taxação<br />

do mundo. Isso é um obstáculo<br />

para o maior desenvolvimento tecnológico<br />

dos produtos fabricados aqui?<br />

JORGE – A carga tributária embutida<br />

nos produtos é um empecilho ao crescimento<br />

do mercado de maneira geral.<br />

O governo estuda formas de redução<br />

dessa carga, em troca da adição de<br />

tecnologia nos veículos e do aumento<br />

da capacidade instalada das fábricas<br />

brasileiras.<br />

A legislação brasileira não exige ainda<br />

para todos os carros novos equipamentos<br />

como airbag e ABS, nem<br />

limita emissões de CO 2 ou consumo<br />

de combustível. O aperto na legislação<br />

é solução para incentivar o maior<br />

avanço tecnológico?<br />

JORGE – A legislação tem sido um<br />

dos instrumentos mais eficientes para<br />

promover a inovação nessa indústria<br />

no mundo. Isso fica evidente quando se<br />

olha o caso da Europa e até de alguns<br />

países emergentes, como a China. Mas<br />

a legislação é apenas um dos componentes.<br />

Deve-se atentar para o custo<br />

atrelado à adição de tecnologia, que<br />

deve ser partilhado entre a indústria,<br />

o governo e a sociedade, sem que os<br />

preços finais sejam duramente impactados.<br />

O setor automotivo é um dos<br />

que mais recebem recursos do governo,<br />

seja na forma de financiamento ou<br />

desoneração tributária, como aconteceu<br />

no caso da redução do IPI em 2008<br />

e 2009, sem que necessariamente seja<br />

obrigado a incorporar aos veículos produzidos<br />

aqui tecnologias disponíveis<br />

BRUNO JORGE: dedicação a<br />

projetos automotivos na ABDI<br />

globalmente. A existência de uma legislação<br />

de eficiência energética/emissões<br />

de CO ² é necessária e estratégica. Servirá,<br />

portanto, como mais um elemento<br />

de contrapartida para esses incentivos.<br />

Especialistas defendem que a indústria<br />

automotiva nacional deve concentrar<br />

P&D em nichos menos explorados<br />

em outras partes do mundo,<br />

para assim ganhar relevância. Quais<br />

poderiam ser esses nichos?<br />

JORGE – Uma das questões mais estratégicas<br />

para um país diz respeito à<br />

definição de sua matriz energética. A<br />

França, por exemplo, tem apostado fortemente<br />

nos veículos elétricos, pois sua<br />

matriz energética nuclear – a despeito<br />

de todos os riscos – possibilita essa<br />

aposta. O Brasil, por sua vez, também<br />

detém uma matriz limpa, graças às nossas<br />

hidrelétricas, o que também possibilitaria<br />

uma aposta nos veículos elétricos.<br />

Entretanto, temos também uma opção<br />

energética para o transporte que nos<br />

torna muito competitivos: os biocombustíveis.<br />

Por isso o desenvolvimento de<br />

motores flex de segunda geração, com<br />

mais eficiência energética, é um nicho<br />

claro para nossa indústria. Além disso,<br />

deve-se reconhecer que boa parte da<br />

nossa competência em engenharia automotiva<br />

encontra-se em veículos do<br />

segmento B que, somados aos carros<br />

A (city cars), estarão entre os que mais<br />

crescerão nos mercados globais. Assim,<br />

investir em P&D nessas áreas constitui<br />

clara oportunidade para o País.<br />

Como agregar mais valor tecnológico<br />

aos veículos feitos aqui?<br />

JORGE – Por meio da combinação equilibrada<br />

entre legislação e incentivos.<br />

Além disso, é importante que haja um<br />

aumento das parcerias entre as próprias<br />

empresas, com centros de pesquisas e<br />

universidades. Existe conhecimento<br />

acumulado que pode ser mais bem<br />

aproveitado no desenvolvimento de novos<br />

produtos.<br />

O governo brasileiro deve incentivar<br />

mais o desenvolvimento local de veículos<br />

elétricos e híbridos?<br />

JORGE – Nesse momento a indústria<br />

que mais necessita de atenção é a indústria<br />

real dos veículos a combustão<br />

interna. Deve-se buscar o desenvolvimento<br />

dos motores flex de segunda<br />

geração, mais eficientes. Mas, estrategicamente<br />

falando, o Brasil tem sim<br />

de estudar e avaliar quais os recursos<br />

necessários para a indústria futura do<br />

carro híbrido e elétrico, ter uma visão<br />

consistente das ações e custos atrelados<br />

a esses novos modos de propulsão,<br />

para definir um plano de longo prazo.<br />

Já existe uma visão de que ônibus híbridos<br />

a etanol sejam um dos focos do<br />

nosso esforço em apoiar o desenvolvimento<br />

de veículos híbridos e elétricos.<br />

Boa parte do desenvolvimento tecnológico<br />

dos veículos vem da eletrônica,<br />

mas a grande maioria dos<br />

componentes eletrônicos (como semicondutores)<br />

vem da Ásia. Desta<br />

forma, a indústria automotiva brasileira<br />

corre o risco de se tornar cada<br />

vez mais dependente de tecnologia<br />

externa?<br />

JORGE – O governo está atento a essa<br />

mudança no desenvolvimento tecnológico<br />

dos veículos e seus impactos<br />

na cadeia. Isso está em nosso diagnóstico,<br />

que irá subsidiar a nova política<br />

para a área industrial.


ELETRÔNICA VEICULAR<br />

CONECTIVIDADE, alto nível de informação e interação<br />

com o usuário por meio de comandos de voz e soft touch,<br />

sistemas de segurança ativa e passiva, redução de emissões:<br />

o Ford Focus elétrico aponta tendências na indústria<br />

automobilística, passos adiante da realidade brasileira.<br />

56BUSINESS<br />

CORRENDO ATRÁS<br />

DO BONDE<br />

O BRASIL DEPENDE DE<br />

COMPONENTES DA ÁSIA, MAS<br />

DOMINA AS ARQUITETURAS<br />

ELETROELETRÔNICAS E ATUA<br />

EM PROJETOS GLOBAIS<br />

JAIRO MORELLI<br />

Não é novidade que a indústria automotiva mundial<br />

é extremamente dependente de componentes e<br />

subcomponentes oriundos do mercado asiático.<br />

É de lá, de países como Japão, China, Coreia, Índia e Tailândia,<br />

que saem os microprocessadores, semicondutores,<br />

módulos e complementos utilizados na construção da<br />

inteligência para o comando de motores, painéis, vidros,<br />

portas e mais uma infinidade de sistemas que compõem<br />

toda a eletrônica dos automóveis, caminhões e ônibus que<br />

rodam no Brasil e mundo afora.


A falta de escala e de políticas governamentais<br />

de incentivo ao desenvolvimento<br />

de centros de pesquisa e<br />

infraestrutura local neste sentido é a<br />

razão apontada pelos principais executivos<br />

do setor para a inexistência<br />

de fábricas de componentes eletrônicos<br />

por aqui. “Perdemos o bonde.<br />

Tivemos a chance de montar essa<br />

estrutura há alguns anos e não aproveitamos.<br />

Essa dependência existe e<br />

continuará por um bom tempo”, afirma<br />

o presidente da Continental, Maurício<br />

Muramoto.<br />

Crises como a atual vivida pelo Japão,<br />

que proporcionou a paralisação<br />

de algumas linhas de montagem na<br />

terra do sol nascente, não devem trazer<br />

impacto expressivo por aqui, mas<br />

servem como reflexão sobre nossa<br />

dependência e vulnerabilidade a fontes<br />

de suprimento. O alerta vale não<br />

apenas para o setor automotivo, mas<br />

a toda a indústria eletroeletrônica que<br />

utiliza componentes asiáticos.<br />

Se por um lado falta “matéria-prima”<br />

local, a capacitação humana por<br />

trás dos sistemas inteligentes que comandam<br />

nossos veículos é expressiva.<br />

Claro que nem de longe chegamos<br />

aos níveis chineses, onde mais de 300<br />

mil engenheiros são formados anualmente<br />

(ficamos no patamar de 32<br />

mil), mas a participação nos projetos<br />

globais permite grande intercâmbio de<br />

informações e competências e o desenvolvimento<br />

de soluções locais, em<br />

linha com as características peculiares<br />

de cada mercado.<br />

“As plataformas vêm prontas no essencial.<br />

Não se justifica começar um<br />

projeto do zero. Entretanto, boa parte<br />

do que se utiliza lá fora não se enquadra<br />

na realidade brasileira e vice-versa.<br />

É aí que entra a engenharia nacional<br />

para adaptar os produtos às características<br />

locais”, explica o diretor do<br />

grupo de eletrônica da Visteon América<br />

do Sul, Roberto Picchi.<br />

Quem pensa que por conta dessa<br />

metodologia o trabalho é mais simples<br />

está enganado – ou não seriam<br />

necessárias centenas de pessoas focadas<br />

apenas na parte eletrônica dentro<br />

de montadoras e sistemistas. “Somos<br />

uma indústria de aplicação, validação<br />

e calibração no que diz respeito a sistemas<br />

eletrônicos. Mas muitos projetos<br />

são modificados por conta das<br />

demandas regionais, em trabalho que<br />

agrega bastante complexidade, afirma<br />

o gerente executivo de engenharia da<br />

MAN para a América Latina, Rodrigo<br />

Chaves. Ele acrescenta que já é comum<br />

a exportação de soluções criadas<br />

localmente.<br />

Apesar dos novos sistemas serem<br />

aplicados primeiramente em mercados<br />

de primeiro mundo, o crescimento<br />

sustentável da economia local<br />

vem diminuindo a defasagem. Equipamentos<br />

antes vendidos por aqui<br />

como opcionais ganham a cada ano<br />

maior representatividade no País. Ar<br />

condicionado, travas e vidros elétricos,<br />

fechaduras keyless e rádios com<br />

MP3 e entrada USB já fazem parte do<br />

cotidiano de boa parte dos brasileiros.<br />

Outros, como airbag e ABS, também<br />

se popularizarão em pouco tempo<br />

com a chegada de resoluções que os<br />

tornarão obrigatórios a partir de 2014.<br />

“A inclusão de alguns equipamentos<br />

no Brasil ocorre de acordo com a<br />

chegada de regulamentações. Assim<br />

como na parte de segurança, a rigidez<br />

em torno das emissões também<br />

nos obrigará a fornecer motores mais<br />

eficientes e menos poluentes. E todas<br />

essas soluções vêm amparadas por<br />

uma dose expressiva de eletrônica<br />

com características locais”, explica o<br />

diretor de assuntos corporativos da<br />

Ford, Rogelio Golfarb.<br />

Apesar de a inclusão ainda ocorrer<br />

de maneira gradual, a velocidade com<br />

a qual chegam os equipamentos e<br />

sistemas dotados de gerenciamento<br />

eletrônico é muito maior do que há alguns<br />

anos. Tecnologias como injeção<br />

direta e partida a frio, ainda restritas a<br />

modelos mais luxuosos, também tendem<br />

a crescer por aqui. Avanços em<br />

eletrificação já podem ser vistos em<br />

modelos vendidos no País, como é<br />

o caso do Fusion híbrido, ainda caro<br />

para o bolso do brasileiro.<br />

“Soluções mais em conta devem<br />

aparecer em dois ou três anos”, aposta<br />

o engenheiro do departamento de<br />

relações institucionais da Honda, Alfredo<br />

Guedes Júnior, para quem o estímulo<br />

governamental nesse sentido<br />

é decisivo. A chegada dos motores<br />

eletrônicos Euro 5 nos caminhões<br />

em 2012 também deixará nossos pesados<br />

muito próximos aos lá de fora.<br />

Câmbios automatizados e semiautomatizados,<br />

sistemas de segurança<br />

ativa e passiva, além de itens sofisticados<br />

de conforto e entretenimento,<br />

já contam com presença maciça entre<br />

os extrapesados. Na Volvo, a caixa<br />

I-Shift já representa mais de 70% dos<br />

modelos comercializados pela marca.<br />

“Estamos muito próximos do estado<br />

da arte”, confidencia o físico e diretor<br />

de desenvolvimento de produto da<br />

Iveco para a América Latina, Renato<br />

Mastrobuono.<br />

Para dar conta de tantas funções,<br />

o poder de processamento dos computadores<br />

que controlam e gerenciam<br />

essas informações tem evoluído de<br />

maneira bastante significativa. “O que<br />

há dez anos era realizado por memórias<br />

de 16 kB já é feito no País com<br />

512 kB, chegando a até 1 MB em caminhões.<br />

E quando se fala em maior<br />

capacidade de memória e processamento,<br />

automaticamente há maior<br />

capacidade e esforços de engenharia”,<br />

afirma Muramoto, da Continental, que<br />

coloca avanços em centralização das<br />

informações e diminuição de peso<br />

como parte das estratégias da empresa.<br />

“A capacidade de processamento<br />

praticamente dobra a cada dois anos.<br />

E nossa engenharia acompanha essa<br />

evolução”, conclui.


ELETRÔNICA VEICULAR | FABRICANTES DE VEÍCULOS<br />

OS CHIPS DA EVOLUÇÃO<br />

TECNOLÓGICA<br />

PACOTES OFERECIDOS APENAS EM IMPORTADOS<br />

SOFISTICADOS ESTÃO NA MIRA DAS MONTADORAS LOCAIS<br />

JAIRO MORELLI<br />

A<br />

falta de incentivos, políticas e escala para a produção<br />

local de componentes eletrônicos parece não impedir<br />

o avanço tecnológico dos fabricantes de veículos<br />

no País, o que pode ser comprovado pelo expressivo aumento<br />

na participação de sistemas inteligentes em nossos<br />

automóveis a cada ano. Itens até pouco tempo opcionais,<br />

como trio elétrico, ar-condicionado, chaves por frequência e<br />

rádio MP3 com entrada USB já fazem parte do cotidiano de<br />

consumidores antes restritos a um menu básico.<br />

“Nos próximos três ou quatro anos haverá uma evolução<br />

sem precedentes no volume e na sofisticação da eletrônica<br />

aplicada nos veículos nacionais”, adianta o diretor de engenharia<br />

elétrica da General Motors do Brasil, Plínio Cabral Jr.<br />

58BUSINESS<br />

MITSUBISHI IMIEV: depois do primeiro<br />

testado por <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>, os<br />

novos têm direção do lado esquerdo<br />

LUIS PRADO<br />

Novidades em segurança, conforto e conectividade fazem<br />

parte dos planos da marca para o País e sistemas como o<br />

One Star oferecido na América do Norte – um pacote de<br />

serviços baseado em comandos de voz e sofisticada infraestrutura<br />

telemática, que reúne satélites e sistemas de bordo<br />

para ouvir a previsão do tempo, telefonar, enviar mensagens,<br />

diagnosticar componentes e descobrir postos de serviços–,<br />

estão mais perto do que parecem. O sistema Sync, presente<br />

nos modelos luxuosos da Ford vendidos aqui, é outra demonstração<br />

desse potencial.<br />

Novas legislações obrigarão a inclusão de airbag e ABS, a<br />

partir de 2014, chips veiculares para rastreamento e identificação,<br />

em prazo mais curto, além de aparatos para controle<br />

rígido das emissões que exigirão um acréscimo progressivo<br />

de sistemas eletrônicos. “A chegada do ABS e do airbag<br />

permitirá, em segundo momento, a introdução de sistemas<br />

como ESP, EBD e anticolisão. A forma e o momento<br />

para o acréscimo dessas novidades vão variar, mas o<br />

avanço será rápido e expressivo”, aposta Cabral Jr.<br />

Na esteira deste caminho sem volta no que diz respeito a<br />

componentes eletrônicos, a falta de uma indústria desenvolvida<br />

no País já começa a preocupar. “A eletrônica é uma das<br />

questões mais cruciais de nosso setor. Quando você olha<br />

para a evolução dos carros, com direções elétricas, em vez<br />

de hidráulicas, ar-condicionado com comando eletrônico,<br />

e uma infinidade de sistemas inteligentes, que antes eram<br />

puramente mecânicos, admite que a construção de uma indústria<br />

de componentes por aqui seria fundamental”, afirma<br />

o diretor de assuntos corporativos da Ford, Rogelio Golfarb.<br />

“Falta uma visão setorial e estratégica de que podemos<br />

trazer esses componentes para o Brasil, assim como planos<br />

e incentivos para que uma indústria se desenvolva por aqui”,<br />

acrescenta. Ele explica que a eletrônica representa 15% do<br />

conteúdo em modelos de entrada e 35% nos topos de linha,<br />

com clara tendência de alta.


ELETRÔNICA VEICULAR | FABRICANTES DE VEÍCULOS<br />

CABRAL JR.: sistemas<br />

com hardware importado<br />

Apesar da falta de hardware, que<br />

vem da Ásia, a capacitação da engenharia<br />

e a participação ativa das equipes<br />

nos projetos globais garantem<br />

estágio avançado e desenvolvimento<br />

similar ao que ocorre em países de primeiro<br />

mundo. “O Brasil é plenamente<br />

capaz de desenvolver software e sistemas<br />

a partir de hardware importado. A<br />

GM adquire programas e módulos desenvolvidos<br />

por fornecedores no País”,<br />

confidencia Cabral Jr., da GM.<br />

A GM concluiu que nos modelos<br />

mais básicos a arquitetura descentralizada,<br />

com custos mais baixos, é a<br />

adequada. Já para os mais luxuosos,<br />

a centralização, com um computador<br />

central controlando os variados<br />

módulos do carro, é a mais indicada.<br />

“É nesse contexto que entra<br />

a criatividade da engenharia local,<br />

adaptando o que temos de mais<br />

moderno lá fora às características<br />

do nosso mercado”, explica o diretor<br />

da fabricante de veículos.<br />

Os engenheiros brasileiros da<br />

Ford participam de projetos mundiais<br />

na área eletrônica, discutindo<br />

quais são as arquiteturas, sistemas<br />

e componentes mais adequados.<br />

“Por conta da velocida-<br />

60BUSINESS<br />

de com que a eletrônica evolui, nasce<br />

a necessidade de atualizações constantes<br />

nos projetos”, explica Golfarb.<br />

Para driblar inconvenientes, a montadora<br />

trabalha com sistemas flexíveis<br />

que permitem alterações até mesmo<br />

na véspera do lançamento.<br />

Motores flexíveis, sistemas de rastreamento<br />

e redução de peso são<br />

frentes em que o Brasil também<br />

avança de maneira global, em alguns<br />

casos exportando soluções para mercados<br />

desenvolvidos. “Sem eletrônica<br />

não haveria o flex e todos os avanços<br />

conquistados com ele”, destaca<br />

Cabral Jr. A difusão de sistemas<br />

de rastreamento, para localização,<br />

bloqueio ou identificação, permite<br />

posição de destaque para a engenharia<br />

local, que embarca boa parte das<br />

inovações e planeja elevar o nível de<br />

conectividade.<br />

A redução de massa, possibilitada<br />

pela substituição de sistemas mecânicos<br />

por eletroeletrônicos, é uma<br />

obsessão. Cada grama que se pode<br />

eliminar certamente será tirado, para<br />

compensar a introdução de novidades<br />

e itens que passarão a ser obrigatórios<br />

como airbag, ABS, rastreador.<br />

ELETRIFICAÇÃO<br />

O desenvolvimento de um powertrain<br />

elétrico acessível para o bolso do brasileiro<br />

entrou na agenda de engenheiros<br />

nas principais montadoras. “Veremos<br />

CÂMARA DE RÉ: sistema<br />

começa a se popularizar<br />

GUEDES JR.: os incentivos<br />

são indispensáveis<br />

algo mais enquadrado às condições<br />

brasileiras em três ou quatro anos. Talvez<br />

alguma coisa puramente elétrica,<br />

quem sabe”, projeta o otimista engenheiro<br />

do departamento de relações<br />

institucionais da Honda do Brasil, Alfredo<br />

Guedes Jr.. Para que isso ocorra,<br />

alerta, serão necessárias políticas de<br />

incentivo, com tarifações diferenciadas.<br />

O gerente executivo de desenvolvimento<br />

de produto da Volkswagen, Kai<br />

Hohmann, estende o assunto. “Mesmo<br />

com incentivos existe uma barreira<br />

cultural. É preciso saber se o brasileiro<br />

estará disposto a pagar pelo menos<br />

30% a mais por um modelo mais eficiente<br />

ambientalmente e com<br />

custo de manutenção bem mais<br />

elevado”, adverte, referindo-se a<br />

modelos híbridos.<br />

Enquanto híbridos e elétricos<br />

mais em conta não aparecem,<br />

outros sistemas tomam a dianteira<br />

por aqui. “Estudamos alternativas<br />

para a partida a frio e sistemas<br />

com taxa de compressão variável<br />

e de injeção direta, aguardando o<br />

momento adequado para a introdução<br />

no mercado”, afirma Cabral<br />

Jr., da General Motors.


ELETRÔNICA VEICULAR | SISTEMISTAS<br />

A INTELIGÊNCIA NAS<br />

SOLUÇÕES LOCAIS<br />

MARELLI: sistemas a partir<br />

de componentes importados<br />

Poucas áreas dentro da indústria<br />

automobilística evoluem de<br />

maneira tão significativa como<br />

a de eletrônica. Os investimentos são<br />

constantes, em resposta ao ritmo<br />

com que aumenta a capacidade de<br />

processamento e de armazenamento<br />

de informações. “Aqui na Continental<br />

aplicamos algo em torno de 10% do<br />

faturamento em pesquisa e desenvolvimento<br />

com foco em eletrônica”, afirma<br />

o presidente da empresa, Maurício<br />

Muramoto, que de seu escritório, na<br />

unidade de Guarulhos, em São Paulo,<br />

comanda um time de 250 engenheiros<br />

que queimam neurônios em troca<br />

de soluções adequadas à realidade<br />

brasileira. É de lá que saem todas as<br />

inovações em clusters, climatizadores<br />

e módulos de gerenciamento de motor<br />

que serão aplicadas nos veículos<br />

nacionais de seus clientes.<br />

Muramoto reconhece a dependência<br />

de componentes do mercado asiático,<br />

mas enfatiza que a inteligência<br />

desenvolvida localmente, por trás dos<br />

sistemas, é que faz a diferença. “Esses<br />

62BUSINESS<br />

SISTEMISTAS INVESTEM EM APLICAÇÕES<br />

ADEQUADAS À REALIDADE BRASILEIRA<br />

JAIRO MORELLI<br />

componentes utilizados na construção<br />

dos sistemas são os mesmos aplicados<br />

na indústria de computadores,<br />

televisores e celulares. Inteligência e<br />

capacitação nós temos nesse campo e<br />

é nisso que investimos”, explica.<br />

Para o executivo, o Brasil tornou-<br />

-se referência entre os emergentes<br />

no campo do projeto automotivo,<br />

capacitando-se a adequar para sua realidade<br />

econômica as criações orquestradas<br />

pelas organizações de primeiro<br />

mundo. Muitas destas novidades já<br />

chegam a ser exportadas para outros<br />

emergentes, como é o caso de Índia<br />

e China, e tais avanços têm permitido<br />

à Continental crescer bastante em eletrônica<br />

embarcada no Brasil, ao ritmo<br />

de 15% por ano, índice respeitável na<br />

visão de seu presidente.<br />

Assim como na Continental, outra<br />

empresa que gerencia suas operações<br />

por meio de escritórios instalados na cidade<br />

de Guarulhos, SP, e também avança<br />

em inovações para clusters, além da<br />

parte de áudio, é a Visteon. Toda a estrutura<br />

fabril, no entanto, está montada<br />

em Manaus, AM, onde são desenvolvidas<br />

soluções para plataformas globais<br />

desenvolvidas pela companhia.<br />

“Adaptamos o que existe lá fora para<br />

as características de nosso mercado”,<br />

explica o diretor do grupo de eletrônica<br />

para América do Sul, Roberto Picchi.<br />

Para o executivo, a evolução das classes<br />

C e D fará com que novos sistemas<br />

na parte de áudio comecem a se popularizar<br />

por aqui.<br />

“Comando de voz para todas as<br />

funções e a conectividade deverão crescer<br />

de maneira considerável. E é neste<br />

contexto que surgem as oportunidades<br />

e necessidades. Módulos de reconhecimento<br />

de voz, por exemplo, poderão<br />

ser desenvolvidos no País”, aposta Picchi,<br />

ressaltando que antes disso haverá<br />

difusão de sistemas touch screen integrados<br />

com GPS e câmera de estacionamento,<br />

entre outras funções.<br />

Apesar de as possibilidades serem<br />

imensas, a introdução das inovações<br />

deverá ocorrer de maneira gradual,<br />

profetiza o gerente de novos negócios<br />

da divisão de sistemas eletrônicos do<br />

grupo Magneti Marelli, Ricardo Takahira.<br />

“Componentes de série lá fora, mais<br />

sofisticados, acabam normalmente na<br />

lista de opcionais por aqui. Incorporar<br />

as inovações globais aos modelos populares<br />

é o mais difícil.”<br />

Takahira assinala que existem diferentes<br />

enfoques no desenvolvimento<br />

de sistemas eletrônicos, especialmente<br />

no caso de infotainment. “Há produtos<br />

destinados ao aftermarket, por exemplo,<br />

com características mais abertas<br />

e que podem ganhar personalidade<br />

exclusiva para atender determinado fa-


MURAMOTO: inteligência<br />

local faz a diferença<br />

bricante. Um navegador pode ser integrado<br />

à arquitetura de uma família de<br />

veículos, trazendo funções adicionais<br />

para valorizar o projeto”, afirma. Um<br />

dos programas em desenvolvimento<br />

na Marelli é a econavegação, para<br />

otimizar a navegação com mapas que<br />

permitam reduzir consumo e emissões.<br />

No Brasil há também projetos<br />

avançados em diversas frentes como<br />

carroçaria e chassis. Porém, aqui, dificilmente<br />

a engenharia parte do zero, o<br />

que se traduz em trabalho de aplicação<br />

e adequação das tecnologias já prontas<br />

e aprovadas.<br />

LEGISLAÇÃO TRAZ AVANÇO<br />

A segurança ativa e passiva dos ocupantes,<br />

assim como o nível de emissões,<br />

é tema relevante que ganhará<br />

ainda mais peso com novos apertos da<br />

legislação. A chegada de itens como<br />

ABS e airbag, que se tornarão obrigatórios<br />

em poucos anos, deve trazer como<br />

consequência a proliferação de inovações<br />

e aplicações para sistemas complementares.<br />

Avanços em sistemas de<br />

controle do motor, injeção direta e partida<br />

a frio estão na linha de frente dos<br />

desenvolvimentos da Bosch no Brasil,<br />

maior fornecedora de componentes<br />

para a indústria automotiva e com forte<br />

tradição em sistemas eletrônicos para<br />

todos os segmentos de veículos.<br />

“No Brasil contamos com time expressivo<br />

de engenheiros dedicados à<br />

eletrônica veicular, criando circuitos,<br />

layout de placas, conexões e software”,<br />

confidencia o gerente de engenharia<br />

da companhia, Fábio Ferreira.<br />

Para ele, a eletrônica é a chave para os<br />

grandes avanços no controle do powertrain.<br />

“Evoluímos bastante na parte<br />

de processadores, que ficam cada vez<br />

mais poderosos, com 32 bits. Avança<br />

também a sofisticação na integração<br />

dos módulos eletrônicos e na<br />

compactação, acompanhando a<br />

onda de downsizing de motores.”<br />

Por outro lado, a centralização de<br />

informações, considerada por muitos<br />

como tendência, é vista de maneira<br />

diferente pelo gerente. “Não acho que<br />

vamos concentrar tudo, construindo<br />

arquiteturas supercentralizadas. O<br />

conceito distribuído tem a vantagem<br />

de permitir o uso de módulos em outras<br />

aplicações”, afirma. Ferreira também<br />

questiona os esforços em torno<br />

da eletrificação. “Os híbridos não deveriam<br />

ser o grande foco do Brasil neste<br />

momento. Temos a solução do flex e<br />

podemos avançar bastante neste sentido.<br />

Mesmo assim, estamos atentos a<br />

esta tendência e, com certeza, estaremos<br />

no jogo.”<br />

A ausência de políticas de incentivo<br />

e benefícios tributários e ainda o limitado<br />

poder de compra do brasileiro são<br />

apontados pelo diretor de engenharia<br />

da Delphi para América do Sul, Flávio<br />

Campos, como fatores complicadores<br />

para a popularização deste tipo de motorização<br />

no País. “Tenho uma visão<br />

pragmática sobre eletrificação. O custo<br />

desses modelos ainda é muito alto<br />

para a realidade brasileira e não acredito<br />

que o mercado esteja disposto<br />

a pagar muito mais por um Celta<br />

elétrico em lugar do equipado com<br />

motor a combustão. Acho que isso<br />

deve se difundir de maneira mais efetiva<br />

em nichos, como o de caminhões<br />

para entregas urbanas e ônibus com<br />

circulação controlada”, afirma.<br />

Na área da eletrônica veicular, Campos<br />

aponta a tendência de comoditização<br />

do hardware. “As pessoas vão<br />

acabar me questionando sobre isso,<br />

mas na hora que você tem uma estrutura<br />

de indústria global, a orientação é<br />

de um mesmo hardware para todo o<br />

mundo. Mais ou menos como ocorre<br />

nos computadores. O que muda mesmo<br />

é o software, onde serão aplicadas<br />

as inovações”, afirma.<br />

O engenheiro de Delphi confidencia<br />

a existência de um gap ainda grande<br />

em relação a mercados como o norte-<br />

-americano e o europeu, mas admite<br />

que soluções caseiras importantes<br />

evoluem de maneira significativa no<br />

País, como a Mapec, concebida para<br />

aumentar a funcionalidade do veículo<br />

com recursos antes só existentes em<br />

processadores sofisticados. “Investimos<br />

fortemente em linguagem de<br />

programação e softwares, com ótimos<br />

resultados”, garante, referindo-se ao<br />

interesse despertado pelo produto entre<br />

montadoras locais e da Índia, México<br />

e China, além da Europa Oriental. <br />

PICCHI: à espera dos<br />

comandos de voz


ELETRÔNICA VEICULAR | PESADOS<br />

A UM PASSO DO<br />

ESTADO DA ARTE<br />

OS AVANÇOS DA ELETRÔNICA NOS CAMINHÕES EXTRAPESADOS<br />

VÃO SE ESTENDER PROGRESSIVAMENTE A OUTRAS CATEGORIAS<br />

JAIRO MORELLI<br />

A<br />

chegada dos motores Euro 5,<br />

em 2012, colocará a indústria<br />

nacional de caminhões em patamar<br />

nunca antes experimentado no<br />

País. Graças a eles será possível estender<br />

benefícios da inteligência eletrônica,<br />

com a consolidação de sistemas<br />

sofisticados de segurança, conforto e<br />

telemática restritos aos extrapesados.<br />

Os fabricantes de veículos comerciais<br />

no Brasil consideram a transformação<br />

para a motorização Euro 5 um<br />

divisor de águas para o desenvolvimento<br />

crescente da eletrônica embarcada<br />

nos veículos pesados produzidos<br />

nacionalmente. “A partir de 2013 ofereceremos<br />

uma evolução muito rápida<br />

nesse campo em todos os nossos produtos”,<br />

afirma o diretor de desenvolvimento<br />

de produto da Iveco na América<br />

64BUSINESS<br />

MASTROBUONO:<br />

legislação puxa inovação<br />

Latina, Renato Mastrobuono, avisando<br />

a chegada de sistemas multiplexados.<br />

A aplicação do airbag e do ABS,<br />

obrigatórios a partir de 2014, permitirá,<br />

segundo Mastrobuono, avanços<br />

consideráveis em sistemas de segurança<br />

passiva e ativa: “As legislações<br />

puxam essas inovações e possibilitam<br />

o envolvimento da engenharia local”.<br />

“Contamos com forte capacitação<br />

em eletrônica para pesados no País,<br />

entre fabricantes e fornecedores”, afirma<br />

o gerente executivo da engenharia<br />

de desenvolvimento e produto da<br />

MAN Latin America, Rodrigo Chaves.<br />

Mas se por um lado temos competência<br />

humana, por outro dependemos<br />

do mercado externo, principalmente<br />

da Ásia, no abastecimento de componentes.<br />

“Quase 100% vem de fora. As<br />

atividades aqui são mais voltadas<br />

para a integração e aplicação”,<br />

diz Chaves, explicando<br />

que as novas e rígidas regulamentações<br />

podem criar<br />

escala para a nacionalização<br />

de componentes e estender<br />

a aplicação a produtos de outros<br />

segmentos, além dos de<br />

extrapesados: “A indústria caminha<br />

ao sabor da oportunidade”.<br />

Enquanto isso não<br />

acontece, o jeito é ir trazendo<br />

aos poucos o que temos<br />

de mais moderno lá fora. Foi<br />

o que a Ford fez ao repaginar<br />

o Cargo 2012, que ganhou dose cavalar<br />

de eletrônica ante o predecessor,<br />

tanto no produto como nos processos<br />

de manufatura e montagem. “O Cargo<br />

era pobre em eletrônica. Para o modelo<br />

2012 trouxemos uma série de novidades<br />

e sistemas que antes só aplicávamos<br />

em nossos automóveis”, afirma<br />

o engenheiro-chefe do programa<br />

de caminhões Ford, Antônio De Lucca.<br />

Ele entende que a integração entre<br />

as engenharias de leves e pesados<br />

permite certos avanços, diferentemente<br />

do que ocorre entre fabricantes restritos<br />

apenas a caminhões.<br />

Câmbios eletrônicos, como o I-<br />

-Shift da Volvo, começam a ganhar<br />

maior representatividade e correspondem,<br />

atualmente, a 70% dos caminhões<br />

vendidos pela marca. Tal participação<br />

explica o investimento de R$<br />

25 milhões para sua nacionalização e<br />

também do motor de 11 litros, ambos<br />

importados da Suécia.<br />

Avanços em conforto, telemetria e<br />

rastreabilidade também ocorrem localmente,<br />

segundo o gerente de marketing<br />

de produto caminhões da<br />

Mercedes-Benz, Eustáquio Sirolli. “Há<br />

coisas desenvolvidas nacionalmente<br />

que serão aplicadas primeiro lá fora e<br />

apenas num segundo momento por<br />

aqui”, explica ele, comprovando o intercâmbio<br />

cada vez maior da engenharia<br />

brasileira no desenvolvimento<br />

de soluções globais.


ELETRÔNICA VEICULAR | RASTREAMENTO<br />

O CHIP DO<br />

BBB AUTOMOTIVO<br />

CHIPS DE IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO PERMITIRÃO UM<br />

CONTROLE QUE REMETE AOS REALITY SHOWS<br />

JAIRO MORELLI<br />

A<br />

partir deste ano, prometem as<br />

autoridades em trânsito, evoluiremos,<br />

finalmente, para níveis<br />

inéditos no que diz respeito ao<br />

minucioso controle da frota circulante.<br />

O avanço virá por meio de dois novos<br />

chips instalados em todos os veículos<br />

do País – um deles para identificação,<br />

atendendo o Siniav – Sistema<br />

Nacional de Identificação Automática<br />

de Veículos, mais simples, e outro<br />

para localização. O termo rastreamento,<br />

utilizado anteriormente, foi<br />

abolido pelo governo e na indústria,<br />

por remeter ao que muitos consideram<br />

uma invasão de privacidade.<br />

A preocupação em criar um reality<br />

show em nível nacional acabou provocando<br />

diversos adiamentos na implantação<br />

dos componentes, especialmente<br />

o que permite a localização de veículos.<br />

“As discussões geraram atrasos<br />

na instalação dos chips. Mas, pelas últimas<br />

conversas, posso adiantar que<br />

ambos deverão começar a ser instalados<br />

ainda neste ano”, afirma o diretor<br />

do Denatran, Orlando Moreira da Silva.<br />

O primeiro que vai chegar será o do<br />

Siniav, de fácil instalação, por não interferir<br />

na arquitetura do veículo. Trata-<br />

-se de selo eletrônico, de poucos centímetros,<br />

com poder de transmitir todas<br />

as informações do proprietário<br />

e do veículo para as centrais dos Detrans<br />

de cada Estado. Sua função é tirar<br />

das ruas todos os inadimplentes. O<br />

66BUSINESS<br />

ORLANDO MOREIRA:<br />

chips vão chegar este ano<br />

sistema funcionará por meio de antenas<br />

eletrônicas instaladas por todo o<br />

País, mais baratas do que as torres de<br />

radares, mas com poder de captação<br />

na casa dos milissegundos. O custo,<br />

em princípio, deverá ser absorvido pelo<br />

governo e empresas do ramo já participam<br />

das licitações.<br />

Especialistas apostam que a iniciativa<br />

será o ponto de partida para o pedágio<br />

urbano. Outros, nem tanto. “Já temos<br />

sistemas como o Sem Parar, que permitiriam<br />

facilmente a prática deste serviço”,<br />

lembra o diretor de assuntos corporativos<br />

da Ford, Rogelio Golfarb. No<br />

Rio de Janeiro, projeto piloto do Siniav<br />

já funciona de maneira efetiva em veícu-<br />

los oficiais e São Paulo deverá ser o próximo<br />

Estado a iniciar os serviços.<br />

Mais no final do ano chegará o chip<br />

de localização, que se tornará obrigatório<br />

por força da lei e deverá vir de<br />

série em todos os modelos zero-quilômetro.<br />

Mais complexo, por interferir<br />

na arquitetura eletrônica, precisará ser<br />

instalado na linha de montagem das<br />

próprias montadoras, que terão de<br />

absorver os custos e evitam falar em<br />

repasse às tabelas de preço.<br />

Enquanto os debates continuam,<br />

fornecedores do componente como<br />

a Continental já preparam a produção.<br />

“Tenho uma fábrica pronta<br />

para montar os localizadores”, afirma<br />

o presidente da empresa, Maurício<br />

Muramoto. Seu funcionamento, assim<br />

como no Siniav, também depende<br />

de antenas, porém com abrangência<br />

muito maior, equivalente à de sofisticados<br />

sistemas de rastreamento que funcionam<br />

no País, com capacidade para<br />

bloqueio na operação dos veículos.<br />

“A habilitação do serviço ficará por<br />

conta do proprietário”, diz Silva, do Denatran,<br />

que antecipa bons descontos<br />

nas apólices de seguro com a popularização<br />

do localizador. Por outro lado,<br />

o sigilo no ir e vir está sendo questionado,<br />

visto que cada veículo poderá<br />

ser monitorado a qualquer hora e lugar.<br />

A polêmica está instaurada e consumirá<br />

ainda boas discussões ao longo<br />

do ano.


LANÇAMENTO | CARGO<br />

CARA, GOSTO E<br />

JEITINHO BRASILEIROS<br />

A FORD FAZ UM CARGO NOVO A CADA 2 MINUTOS E 40<br />

SEGUNDOS EM SÃO BERNARDO DO CAMPO, TIRANDO<br />

PROVEITO DE UM CUIDADOSO PROJETO LOCAL, PARCERIAS<br />

COM OS FORNECEDORES E ADEQUAÇÕES NA FÁBRICA.<br />

APOSTA AGORA É GANHAR PARTICIPAÇÃO DE MERCADO<br />

Aproveitar as boas perspectivas de crescimento previstas<br />

para o mercado de caminhões nos próximos<br />

anos (170 mil unidades em 2011) e ganhar participação<br />

nos segmentos em que atua são metas da Ford com<br />

a reformulada família Cargo, que chega em maio, com onze<br />

modelos valorizados pelo novo design, cabine-leito, câmbio<br />

JAIRO MORELLI<br />

sincronizado (em lugar da caixa seca anterior) e uma extensa<br />

lista de componentes e modificações que deixaram o veículo<br />

mais produtivo e a vida a bordo mais prazerosa e segura.<br />

Não faltou ousadia no projeto, a começar pelo investimento<br />

expressivo, parcela dos R$ 670 milhões que serão<br />

aplicados até 2013 na Ford Caminhões. Trata-se do primei-<br />

CARGO 2012: cabineleito<br />

é uma das atrações<br />

<strong>Automotive</strong>


LANÇAMENTO | CARGO<br />

ro produto na história da marca totalmente<br />

desenvolvido sob a batuta da<br />

divisão brasileira. Adaptações estruturais<br />

e de maquinário na linha de São<br />

Bernardo do Campo, no ABC paulista,<br />

e um alinhamento estratégico com<br />

a cadeia de fornecedores foram ações<br />

decisivas que tornaram o programa<br />

do novo caminhão, da concepção e<br />

desenvolvimento ao pacote eletrônico,<br />

muito mais sofisticado que o da<br />

geração anterior.<br />

Modernas ferramentas virtuais para<br />

aprimorar o desempenho do veículo<br />

e o processo de manufatura foram<br />

utilizadas desde o início do projeto,<br />

antes mesmo da construção do primeiro<br />

protótipo. Oswaldo Jardim,<br />

diretor de operações, explica que junto<br />

do projeto dos caminhões ocorreu o<br />

detalhamento da linha de montagem,<br />

equipamentos e ferramental.<br />

“Criamos uma fábrica virtual, eliminando<br />

interferências, problemas<br />

de qualidade e de ergonomia para os<br />

operadores. Foi a primeira vez que a<br />

Ford utilizou essa rotina no projeto de<br />

caminhões”, assegurou o executivo.<br />

Uma das providências na montagem<br />

dos veículos, nas instalações de São<br />

Bernardo do Campo, foi elevar o teto<br />

na área da tapeçaria para acomodar<br />

BUSINESS<br />

ANA HICKMANN:<br />

atração no lançamento<br />

as cabines maiores que, nas versões<br />

leito, ganharam 30 centímetros de altura.<br />

Depois da aplicação dos revestimentos<br />

internos, as cabines seguem<br />

por um transportador aéreo para ser<br />

fixadas sobre os chassis. Entre os novos<br />

equipamentos, dois robôs aplicam<br />

os vidros, garantindo distribuição uniforme<br />

de cola e a fixação precisa do<br />

para-brisa.<br />

O Cargo 2012 tem mais de 1.500<br />

componentes totalmente novos, com<br />

nível maior de complexidade, eletrônica<br />

embarcada e equipamentos. Um deles<br />

é o painel de instrumentos, cuja submontagem<br />

está a cargo da Continental,<br />

na planta da Ford. O equipamento<br />

chega completo à linha de montagem,<br />

onde existem dispositivos específicos<br />

para a instalação no veículo.<br />

Com as alterações na fábrica para<br />

reforçar a segurança e a ergonomia<br />

nos postos de trabalho, a velocidade da<br />

linha de montagem está programada<br />

O<br />

CARGO 2012<br />

TEM MAIS M DE 1.500<br />

COMPONENTES<br />

COM<br />

TOTALMENTE<br />

OTA T<br />

NO NOVOS, COM MAIS<br />

ELETRÔNICA<br />

OSWALDO JARDIM,<br />

diretor de operações da Ford Caminhões:<br />

empresa investe R$ 670 milhões até 2013


para chegar a 22 veículos/hora – a mais<br />

alta na produção de caminhões no<br />

Brasil. Uma unidade sai completa a<br />

cada 2 minutos e 40 segundos.<br />

PRODUTO<br />

Classificar o Cargo 2012 como um<br />

novo caminhão não é exagero. Depois<br />

de tantas modificações, nem de longe<br />

ele se parece com o irmão envelhecido,<br />

embora motorização, chassi e<br />

componentes consagrados tenham<br />

sido mantidos. A cabine é a maior surpresa,<br />

trazendo para a família de caminhões<br />

o conceito global de design<br />

batizado de Kinetic e aplicado nos automóveis<br />

da marca.<br />

Estruturalmente, trata-se da mesma<br />

cabine desenvolvida na Turquia<br />

pela Ford Otosan, com adaptações e<br />

personalizações comandadas por um<br />

time nacional. Por aqui ela é produzida<br />

pela <strong>Automotiva</strong> <strong>Usiminas</strong> com aço do<br />

próprio grupo. A empresa mineira, de<br />

Pouso Alegre, estampa, arma e pinta<br />

os conjuntos, entregues na Ford just<br />

in time. “É o único caso no mundo em<br />

que a Ford designou para um fornecedor<br />

a produção completa de uma cabine<br />

pintada na cor final”, diz o diretor<br />

da <strong>Usiminas</strong>, Flávio Del Soldato, que<br />

produz cabines do Cargo desde 2000 e<br />

investiu em instalações novas, incluindo<br />

pintura, para o projeto 2012.<br />

Da unidade em Pouso Alegre, que se<br />

destaca pela automação, sai uma centena<br />

de cabines do novo Cargo por dia,<br />

com o desafio de atravessar a rodovia<br />

Fernão Dias em direção ao ABC paulista.<br />

Na versão leito, a cama de 1,90<br />

metro por 57 centímetros (uma das<br />

maiores do mercado) pode ser rebatida<br />

e traz embaixo razoável espaço para<br />

bagagem. Outro destaque é o basculamento<br />

da cabine, por sistema de acionamento<br />

hidráulico que exige menor<br />

esforço e permite abertura de 60 graus,<br />

facilitando o acesso ao motor.<br />

O Cargo adotou as novas transmissões<br />

Eaton das famílias FS, de seis<br />

NA USIMINAS, porta do<br />

Cargo ganha aprovação<br />

FORD REFORÇOU<br />

PARCERIA COM A<br />

USIMINAS PARA<br />

PRODUÇÃO DAS<br />

CABINES EM<br />

POUSO ALEGRE<br />

marchas com a primeira sincronizada, e<br />

FTS, com 13 marchas, totalmente sincronizadas.<br />

Em todas as versões o eixo<br />

traseiro é Meritor, com carcaça robusta<br />

e de alta durabilidade. Completam<br />

o pacote suspensão na cabine, novas<br />

transmissões com sistema de acionamento<br />

por cabo, válvula de freio de<br />

seis vias, coluna de direção com ajuste<br />

pneumático, chave com código eletrônico<br />

antifurto, vidros elétricos de série<br />

e a opção de bancos com suspensão<br />

pneumática extraconforto, travas e retrovisores<br />

elétricos.<br />

No quesito motorização, nada novo.<br />

Até o final do ano continuam em linha<br />

os consagrados Cummins de quatro<br />

e seis cilindros, Euro 3, reconhecidos<br />

pela eficiência em consumo e força. A<br />

partir de janeiro entra o Euro 5, que já<br />

está aprovado.<br />

MERCADO<br />

Nas categorias em que atua, a Ford<br />

tem 24% de participação nas vendas<br />

nacionais. No mercado total, responde<br />

por 18%, em terceiro lugar no ranking<br />

de fabricantes e com 28 mil unidades<br />

emplacadas em 2010, atrás de MAN/<br />

Volkswagen e Mercedes-Benz.<br />

“O crescimento econômico vai continuar<br />

estimulando o setor, com investimentos<br />

na área agrícola, construção<br />

civil e infraestrutura. O mercado de<br />

caminhões é o indicador da robustez<br />

da economia”, diz o presidente da empresa,<br />

Marcos de Oliveira, lembrando<br />

que 60% da riqueza transportada no<br />

Brasil depende de caminhões. Este foi<br />

um dos motivos que levaram a Ford a<br />

arregaçar as mangas e tocar o projeto<br />

do novo Cargo, que teve como um dos<br />

grandes desafios a eclosão da crise financeira<br />

no final de 2008. O preço dos<br />

veículos deve ser equivalente ao do<br />

concorrente VW Constellation.<br />

<strong>Automotive</strong>


LANÇAMENTO | CARGO<br />

USIMINAS: DEPOIS DO<br />

CARGO, NEGÓCIOS NA FILA<br />

HÁ TRÊS SURPRESAS A CAMINHO. UMA SERIA A PACCAR?<br />

A<br />

<strong>Automotiva</strong> <strong>Usiminas</strong> investiu<br />

R$ 49 milhões na fábrica de<br />

Pouso Alegre, MG, em parceria<br />

com a Ford, para estruturar a linha de<br />

montagem das cabines do Novo Cargo,<br />

entregues completas na planta de<br />

veículos comerciais em São Bernardo<br />

do Campo, SP. Um dos passos importantes<br />

para selar o negócio foi a implantação<br />

de uma nova linha de pintura,<br />

robôs e equipamentos de solda<br />

semiautomáticos.<br />

A inauguração oficial das instalações<br />

ocorreu em 30 de março, com<br />

a participação de Marcos de Oliveira,<br />

presidente da Ford para o Mercosul,<br />

Oswaldo Jardim, diretor de operações<br />

da Ford Caminhões, e João Pimentel,<br />

diretor de compras da fabricante.<br />

Wilson Brumer, presidente da<br />

<strong>Usiminas</strong>, e Sérgio Leite, superinten-<br />

BUSINESS<br />

dente de vendas e marketing da <strong>Usiminas</strong>,<br />

prestigiaram também a cerimônia,<br />

ao lado de Flávio Del Soldato,<br />

diretor da <strong>Automotiva</strong> <strong>Usiminas</strong>.<br />

A <strong>Automotiva</strong> <strong>Usiminas</strong> é a única<br />

empresa de autopeças que produz<br />

cabines completas para automóveis,<br />

caminhões e comerciais leves, pintadas<br />

nas cores finais. Sua atuação vai<br />

desde o desenvolvimento de projetos<br />

até o produto final, abrangendo<br />

estamparia, armação, acabamento,<br />

pintura e montagem final dos componentes<br />

(trimming).<br />

A empresa nem de longe lembra<br />

sua antecessora, a Brasinca, adquirida<br />

pela <strong>Usiminas</strong> em 1999, com uma<br />

linha de pintura ociosa e poucos negócios<br />

em carteira. Com o avanço<br />

do mercado de veículos comerciais<br />

e a ampliação do portfólio de servi-<br />

ços, a empresa entrou em trajetória<br />

de alta. Além de estampar em aço,<br />

a companhia domina também a tecnologia<br />

do alumínio, utilizada nas cabines<br />

do caminhão da Internacional.<br />

Estão na lista de clientes também a<br />

General Motors, Iveco/Fiat, Mercedes-Benz,<br />

Mitsubishi, Scania, Peugeot,<br />

International (NC2), Mahindra by<br />

Bramont e Volkswagen.<br />

A expectativa é aumentar o faturamento,<br />

de R$ 406 milhões em 2010,<br />

para R$ 500 milhões já em 2011, um<br />

avanço de 23%. A meta para 2015 é<br />

R$ 1 bilhão. Del Soldato não revela<br />

o segredo para o crescimento, mas<br />

admite que há três “boas surpresas”<br />

a caminho. Uma delas pode ser a<br />

montagem de cabines para a Paccar,<br />

cujos diretores norte-americanos estiveram<br />

no Brasil em visita a fornecedores<br />

sistemistas. A fabricante já disse<br />

a <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>, durante o<br />

recente IAA, em Hannover, que participará<br />

do mercado brasileiro com caminhões<br />

da DAF. A intenção é montar<br />

os veículos em uma fábrica no Sul<br />

do País. (Paulo Ricardo Braga). <br />

PARCERIA PARA FABRICAR CABINES<br />

João Pimentel, diretor de compras da<br />

Ford; Romel Erwin de Souza, diretor<br />

de vendas automotivas da <strong>Usiminas</strong>;<br />

Flávio Del Soldato diretor da <strong>Automotiva</strong><br />

<strong>Usiminas</strong>; Oswaldo Jardim, diretor de<br />

operações da Ford Caminhões; Marcos<br />

de Oliveira, presidente da Ford para o<br />

Mercosul, Wilson Brumer, presidente da<br />

<strong>Usiminas</strong>; e Sérgio Leite, superintendente<br />

de vendas e marketing da <strong>Usiminas</strong>,<br />

durante a inauguração da linha de<br />

produção de cabines do novo Cargo.


LANÇAMENTO | TOYOTA<br />

COROLLA 2012: TRADIÇÃO<br />

PARA ENFRENTAR RIVAIS<br />

SEDÃ DA TOYOTA MUDA POUCO À ESPERA DE CONCORRENTES<br />

Há dois anos se distanciando dos<br />

rivais no número de emplacamentos,<br />

o Toyota Corolla chega<br />

à linha 2012 com pretensões aparentemente<br />

modestas, mas que na<br />

verdade podem se tornar um grande<br />

desafio. Isso porque o tradicional sedã<br />

tem a missão de vender neste ano 55<br />

mil unidades, montante praticamente<br />

igual às 54.995 comercializadas ao<br />

longo de 2010. Por outro lado, o Corolla<br />

enfrentará concorrentes (alguns já<br />

lançados, outros ainda por vir) ora inéditos,<br />

ora totalmente renovados e em<br />

alguns casos superiores do ponto de<br />

vista tecnológico. Nesse contexto, as<br />

mudanças parecem tímidas.<br />

Para atingir a meta, a Toyota<br />

curiosamente investiu nas<br />

versões de entrada, que respondem<br />

por um volume menor<br />

nas vendas. As configurações<br />

XLi (5% do mix) e GLi<br />

(30%) ganharam novo motor<br />

e câmbio manual de seis<br />

marchas. A nova transmissão<br />

equipará apenas 30%<br />

dos modelos GLi e 20% da<br />

versão XLi. Quanto às topos<br />

de linha XEi e Altis, nenhuma<br />

alteração significante, exceto<br />

pela câmera de auxílio à ré,<br />

exclusividade da Altis – que,<br />

apesar disso, teve o preço reduzido<br />

de R$ 88.250 para R$<br />

86.570.<br />

Embalam as evoluções<br />

mecânicas um discreto facelift,<br />

que atinge faróis, grade,<br />

RODRIGO MORA<br />

para-choques e lanternas (compostas<br />

por LEDs na versão Altis). Internamente,<br />

revestimento dos bancos distinto e<br />

materiais em diferentes tons, além da<br />

entrada para iPod, pen drive e MP3/<br />

MP4 no sistema de som.<br />

Sai de cena o motor 1.8 de 132/136<br />

cavalos de potência e entra uma nova<br />

família, batizada de 2ZR-FBE. Também<br />

1.8, o atual propulsor gera 139 cv com<br />

tanque cheio de etanol ou 144 cv abastecido<br />

exclusivamente com gasolina.<br />

Ao final do test-drive promovido pela<br />

Toyota por estradas do interior de São<br />

Paulo, chegamos à conclusão de que<br />

motor e câmbio formam uma dupla<br />

afinada e a sexta marcha é bem-vinda<br />

FICHA TÉCNICA / PREÇOS<br />

1.8 Dual VVT-i 16V DOHC Flex<br />

139 cv a 6.000 rpm (gasolina)<br />

144 cv a 6.000 rpm (etanol)<br />

18 m.kgf a 4.400 rpm (gasolina)<br />

18,6 m.kgf a 4.800 rpm (etanol)<br />

2.0 Dual VVT-i 16V DOHC Flex<br />

142 cv a 5.800 rpm (gasolina)<br />

153 cv a 5.800 rpm (etanol)<br />

19,8 m.kgf a 4.000 rpm (gasolina)<br />

20,7 m.kgf a 4.000 rpm (etanol)<br />

XLi 1.8 M/T R$ 63.570<br />

XLi 1.8 A/T R$ 67.570<br />

GLi 1.8 M/T R$ 67.070<br />

GLi 1.8 A/T R$ 70.570<br />

XEi 2.0 A/T R$ 76.770<br />

Altis 2.0 A/T R$ 86.570<br />

DIVULGAÇÃO TOYOTA<br />

– a 120 km/h, o ponteiro do conta-giros<br />

adormecia às 3.000 rpm, garantindo<br />

silêncio a bordo e contribuindo para<br />

o consumo. O desempenho é adequado<br />

à proposta do sedã, que entrega ao<br />

condutor boa dirigibilidade, em grande<br />

parte por conta dos engates macios e<br />

precisos do novo câmbio.<br />

O bloco 2.0, lançado em 2010, tem<br />

desempenho não mais do que levemente<br />

superior. Seu rodar é suave,<br />

mas a quinta marcha da transmissão<br />

automática continua uma sentida ausência.<br />

O Corolla é um carro fácil de<br />

guiar, que explora muito bem a suavidade<br />

e o conforto, mas que não proporciona<br />

muita emoção.<br />

NOVO COROLLA:<br />

<strong>melhor</strong> mudança está no motor 1.8<br />

atualizado, afinado com o câmbio<br />

<strong>Automotive</strong>


SUPRIMENTOS | PRÊMIO TOYOTA<br />

SHUNICHI NAKANISHI, presidente da Toyota<br />

Mercosul, Takeshi Umehara, gerente geral<br />

de compras da Toyota Motor Corporation, e<br />

Hiroshige Shinbo, presidente da Denso Brasil<br />

DENSO E MARO LEVAM O<br />

SUPPLY AWARD 2010<br />

TOYOTA PREMIOU 66 EMPRESAS DA CADEIA DE SUPRIMENTO<br />

A<br />

Denso foi o <strong>melhor</strong> fornecedor da Toyota no Brasil<br />

em 2010; a Indústria Maro, na Argentina. Para<br />

chegar a essa conquista, as duas empresas passaram<br />

por uma seleção rígida, que envolveu todos os parceiros<br />

comerciais da montadora na cadeia de suprimentos no<br />

Mercosul sob os critérios de qualidade, logística e custo.<br />

Os dois vencedores tiveram desempenho exemplar durante<br />

o ano, com o <strong>melhor</strong> resultado na média. Para ser considerado<br />

um parceiro excelente pela Toyota, sob o ponto de vista<br />

72BUSINESS<br />

de Qualidade, não devem ser registrados produtos defeituosos<br />

nas entregas. No caso de Logística, 100% das entregas precisam<br />

ser feitas no prazo previsto, sem atraso. Como desafio para<br />

chegar ao topo na área de Custo, é preciso garantir uma redução,<br />

na linha de produtos, de pelo menos 3%. As empresas<br />

que atingiram esses patamares ganharam o troféu Excelência.<br />

O certificado foi concedido a parceiros que garantiram<br />

15 PPM (Partes por Milhão) em qualidade, 100% de entrega<br />

(com eventual divergência) ou redução de custo inferior a 3%.


PREMIADAS<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Eldorado<br />

Henkel<br />

NGK<br />

Nitto Denko<br />

Sanko<br />

Testori (Ar)<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Basf<br />

Benteler<br />

Bridgestone<br />

Delga<br />

Manesmann<br />

PecVal<br />

Pirelli<br />

ThyssenKrupp<br />

Tokai Rika<br />

ZF Lemforder<br />

Amic (Ar)<br />

Cinco empresas receberam reconhecimento<br />

especial por ideias implantadas<br />

com sucesso: Borlem, Eldorado,<br />

JCI, pelos suprimentos no<br />

Brasil, e Bosal e Denso, na Argentina.<br />

A premiação ocorreu na Argentina<br />

e em São Paulo, prestigiada pelo presidente<br />

da Toyota Mercosul, Shunichi<br />

Nakanishi, e o gerente geral de compras<br />

da Toyota Motor Corporation,<br />

Takeshi Umehara. <br />

Bridgestone (Ar)<br />

Maro (Ar)<br />

Sidecarga (Ar)<br />

TTA (Ar)<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

3M<br />

Enertec<br />

Fumagalli<br />

Nitto Denko<br />

NSK Suzano<br />

Regali Fundição<br />

TRBR<br />

3M (Ar)<br />

Amic (Ar)<br />

Cordero (Ar)<br />

Felko (Ar)<br />

Frik Rot (Ar)<br />

Maro (Ar)<br />

Matrimet (Ar)<br />

TTA (Ar)<br />

Ventalum (Ar)<br />

presidente da Fumagalli<br />

Wheels, Celso Simomura, gerente de<br />

compras da Toyota, e Valter Sales, diretor<br />

de vendas da Fumagalli Wheels<br />

<br />

<br />

<br />

Associated Spring<br />

NGK<br />

Pirelli<br />

Resil<br />

Sanko<br />

Sumidenso<br />

ThyssenKrupp<br />

Tyco<br />

Yazaki<br />

ZF Lemforder<br />

Faurecia (Ar)<br />

Roma (Ar)<br />

Testori (Ar)<br />

Yazaki (Ar)<br />

Plimer (Ar)<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Denso (Ar)<br />

Hutchinson (Ar)<br />

Matrimet (Ar)<br />

Roma (Ar)<br />

Guidi (Ar)<br />

<br />

<br />

<br />

Fumagalli<br />

JCI<br />

Metagal<br />

Panasonic<br />

3M (Ar)<br />

Pilkington (Ar)<br />

Yazaki (Ar)<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Borlem<br />

Bosal<br />

Eldorado<br />

JCI<br />

Denso (Ar)<br />

(Ar= na Argentina)


SUPRIMENTOS | PRÊMIO GM<br />

SUPPLY OF THE YEAR: Edgard Pezzo, Jaime<br />

Ardila e Orlando Cicerone entregaram o troféu de<br />

<strong>melhor</strong> do ano a André Faria, da Benteler<br />

GM PREMIA BENTELER COMO<br />

MELHOR FORNECEDOR<br />

74BUSINESS<br />

SUPPLY OF THE YEAR 2010 HOMENAGEOU<br />

37 PARCEIROS DA MONTADORA NA<br />

CADEIA DE SUPRIMENTOS<br />

DIVULGAÇÃO GM


PREMIADAS<br />

<br />

<br />

Niken Ind. e Comércio Metalúrgica<br />

Bruning Tecnometal<br />

CSN – Cia Siderúrgica Nacional<br />

BASF<br />

Dupont do Brasil<br />

Kwang Jin Machine<br />

<br />

Progeral Indústria de Artefatos<br />

Sogefi Filtration do Brasil<br />

Tenneco <strong>Automotive</strong> do Brasil<br />

Mann+Hummel Brasil<br />

Benteler Componentes Automotivos<br />

<br />

Acumuladores Moura<br />

Kostal Eletromecânica<br />

<br />

Paranoá Indústria de Borracha<br />

TI Brasil<br />

Behr Brasil<br />

<br />

Lear do Brasil<br />

Continental Brasil<br />

Chris Cintos de Segurança<br />

Rieter <strong>Automotive</strong> Brasil<br />

Intertrim Autopeças<br />

Edgard Pezzo, vice-presidente de purchasing e supply chain da General Motors<br />

na América do Sul, tem como evento obrigatório a entrega de certificados<br />

de desempenho aos <strong>melhor</strong>es parceiros da cadeia de suprimentos. Este<br />

ano, pela trigésima nona vez consecutiva, ele reuniu os fornecedores para o<br />

tradicional encontro, acompanhado de palestras, entrega de prêmios e networking.<br />

O Supplier of the Year 2010 ocorreu dia 7 de abril e trouxe como destaque<br />

principal a Benteler, fabricante de componentes automotivos que atende a General<br />

Motors desde a aterrissagem no País, em 1998. Outras 36 empresas levaram<br />

diploma de mérito por corresponder ao desempenho esperado pela montadora<br />

– ou terem mesmo superado as expectativas.<br />

Jaime Ardila, presidente da GM para a América do Sul e da GM do Brasil,<br />

comandou o programa, ao lado de Edgard Pezzo, e não se cansou de enaltecer<br />

o apoio, confiança e determinação dos fornecedores. “Nossa visão é fabri-<br />

<br />

Litens <strong>Automotive</strong> do Brasil<br />

Metalkraft Engenharia de Usinagem<br />

Siadrex Indústria Metalúrgica<br />

WHB Fundição<br />

KSPG <strong>Automotive</strong> Brazil<br />

AV Manufacturing<br />

<br />

M. Shimizu<br />

White Martins Gases Industriais<br />

Intecnial<br />

<br />

<br />

PST Eletrônica<br />

<br />

Tegma Gestão Logística<br />

Brazul Transporte de Veículos<br />

Cisa Trading<br />

Cargolift Logistica e Transportes<br />

Veloce Logistica.<br />

K Line Roro & Bulk<br />

QUEM GANHA<br />

O PRÊMIO NÃO<br />

QUER PERDER<br />

NUNCA MAIS<br />

JAIME ARDILA,<br />

presidente da GM América<br />

da Sul e GM do Brasil


SUPRIMENTOS | PRÊMIO GM<br />

car os <strong>melhor</strong>es carros do mundo e<br />

vocês fazem parte de tudo isso. Queremos<br />

ser líderes em tecnologia, design,<br />

atendimento ao cliente e qualidade.<br />

Para nos diferenciarmos da<br />

concorrência, contamos com esse relacionamento<br />

que proporciona eficiência<br />

e produtividade”, destacou.<br />

O evento teve participação especial<br />

de Emerson Fitippaldi, apontado como<br />

símbolo de inovação e superação.<br />

“Comparo os parceiros da GM com o<br />

mundo da competição. Na indústria,<br />

se o fornecedor não tiver a tecnologia,<br />

garantir a entrega, a performance e a<br />

credibilidade, uma linha de montagem<br />

inteira pode parar. No meu caso, você<br />

não larga em um Grande Prêmio se<br />

uma peça de um fornecedor não funcionar”,<br />

comentou o campeão Mundial<br />

de Fórmula 1 e Fórmula Indy.<br />

<br />

O Supplier of the Year estreou no Brasil<br />

em 1972. Com o sucesso, comprometimento<br />

e resultados locais registrados,<br />

a iniciativa foi adotada mundialmente<br />

pela GM. A versão global,<br />

com premiação dos <strong>melhor</strong>es de<br />

2009, ocorreu dia 11 de março, em<br />

Detroit, na sede da empresa, e entre<br />

os ganhadores estavam a Acumuladores<br />

Moura, PST Eletrônica e Intecnial.<br />

As três empresas também foram<br />

reconhecidas pela GM do Brasil entre<br />

os <strong>melhor</strong>es fornecedores de 2010.<br />

No Brasil, 250 fornecedores participaram<br />

do evento e cerca de 6.800,<br />

entre locais e internacionais, disputaram<br />

os prêmios, divididos em quatro<br />

categorias: materiais diretos, materiais<br />

indiretos, peças de reposição<br />

e logística. Pezzo explica que os critérios<br />

de avaliação utilizados foram qualidade,<br />

serviço, tecnologia e preço: “O<br />

processo de escolha é multifuncional<br />

e envolve várias áreas da companhia,<br />

que analisam minuciosamente todos<br />

os fornecedores, elegendo os <strong>melhor</strong>es<br />

nas respectivas áreas”. <br />

76BUSINESS<br />

Se o fornecedor não tiver a tecnologia, garantir a entrega, a performance e a credibilidade, uma linha de<br />

montagem inteira pode parar. No meu caso, você não larga em um Grande Prêmio se uma peça de um fornecedor<br />

não funcionar. Então a parceria, como em uma equipe de competição, tem que ser muito casada.<br />

piloto e empreendedor<br />

Quem vai fazer a diferença no mercado é a companhia com maior inovação, redução de custos e peso dos materiais,<br />

junto a uma liderança tecnológica. Há muita concorrência no mercado e o relacionamento diferenciado com os<br />

fornecedores é a chave para atingir os objetivos. A experiência nos últimos anos mostra que os parceiros premiados<br />

continuam fazendo esforços para conquistar novamente o Supply of the Year, aprimorando produtos e serviços.<br />

Quem ganha o prêmio não quer perder nunca mais. A ideia aqui é a <strong>melhor</strong>a continua. A parceria com a Benteler<br />

e com todos os nossos fornecedores é uma relação sem fim, como sugere o símbolo do infinito na logomarca do<br />

Supplier of the Year 2010.<br />

JAIME ARDILA, presidente da GM América da Sul<br />

A Benteler se diferenciou em 2010, ajudando em muitos dos nossos projetos. A atuação e desempenho dessa<br />

companhia foram chave para o sucesso desses projetos. Inovação, qualidade e superação entre a GM e seus<br />

fornecedores são os valores que a equipe de compras da GM busca em cada um de seus fornecedores. As parcerias<br />

impactam totalmente o negócio. Quanto <strong>melhor</strong> a parceria, <strong>melhor</strong> o relacionamento com os nossos fornecedores e,<br />

com certeza, serão <strong>melhor</strong>es os resultados.<br />

, vice-presidente de purchasing e supply chain da GM América mérica do Sul<br />

A Benteler já foi premiada em 2002. Apesar de manter a tradição e os valores em relação à matriz, triz, a empresa<br />

tem uma característica muito própria de Brasil. Essa parceria da unidade brasileira com a GM deve-se eve-se muito aos<br />

brasileiros, pelo relacionamento no dia a dia e desenvolvimento nos últimos anos de engenharia local. Foi isso que<br />

permitiu a premiação desta vez. Prezamos pela qualidade na entrega. Os projetos foram muito bem m gerenciado gerenciados<br />

e suportados pelas pessoas, com um contato muito próximo. A inovação é um dos fatores e também a liberdade de<br />

poder criar localmente. Apesar de sermos uma empresa alemã, é aqui no Brasil, junto aos engenheiros da GM, que<br />

temos condições de fazer inovação. É a única maneira de ser competitivo hoje.<br />

diretor de engenharia e programas da Benteler Componentes Automotivos tivos<br />

DIVULGAÇÃO GM


AUTOMEC<br />

FEIRA CRESCE COM A FROTA DE VEÍCULOS E BATE RECORDE EM 2011<br />

Ao contrário do que aconteceu<br />

em 2009, quando o mercado<br />

estava combalido com a crise<br />

econômica internacional, a Automec<br />

dos veículos leves (Anhembi, São<br />

Paulo, 12 a 16 de abril) bateu recorde<br />

de participantes e provou o fôlego do<br />

mercado de reparação automotiva. A<br />

mostra ganha impulso com a expansão<br />

da reparação automotiva.<br />

O aftermarket teve uma participação<br />

de 13% no faturamento de<br />

US$ 49,8 bilhões que a indústria de<br />

autopeças local registrou em 2010,<br />

com avanço de 24,7% sobre a receita<br />

de 2009. O crescimento acontece<br />

enquanto explode o déficit da balança<br />

comercial setorial. Em 2010 as exportações<br />

de autopeças avançaram para<br />

US$ 9,6 bilhões, alta de 44,7% sobre<br />

o ano anterior. As importações chegaram<br />

a US$ 13,1 bilhões.<br />

Enquanto os desajustes não são<br />

solucionados, a crescente frota de<br />

veículos exige peças de reposição,<br />

sejam elas nacionais ou importadas.<br />

Levantamento do Sindipeças apresentado<br />

na abertura da Automec<br />

indicou que a frota brasileira evoluiu<br />

8,4% entre 2009 e 2010 e já chega a<br />

32,4 milhões de veículos, entre leves,<br />

caminhões e ônibus.<br />

O estudo da entidade aponta que<br />

em 2000 havia um veículo para 8,4<br />

habitantes. Em 2010 a relação caiu<br />

para 5,9. A idade média da frota está<br />

em queda: passou de 9 anos em<br />

A FORÇA DO<br />

AFTERMARKET<br />

FEIRA da Reed Alcantara<br />

reflete avanço da reposição<br />

2009 para 8 anos e 8 meses em 2010.<br />

A Magneti Marelli já detecta os resultados<br />

desta expansão. A sistemista<br />

considera o Brasil seu principal mercado<br />

de reposição. “O aftermarket é<br />

estratégico, vamos continuar investindo”,<br />

revela Eliana Giannoccaro,<br />

presidente da Divisão Aftermarket. O<br />

Mercosul corresponde à metade do<br />

faturamento global da companhia no<br />

segmento, com cerca de US$ 135 milhões.<br />

O Brasil responde por mais de<br />

90% desse total.<br />

ESTRANGEIROS<br />

O mercado local aquecido atraiu participação<br />

significativa de comitivas<br />

estrangeiras na Automec. Espanha,<br />

Itália, Argentina, França e Turquia foram<br />

alguns dos países que buscaram<br />

negócios na feira. A presença dos chineses<br />

foi novamente representativa,<br />

GIOVANNA RIATO<br />

com 181 empresas espremidas em<br />

pequenos estandes.<br />

A Alemanha, que levou 30 empresas<br />

ao evento, contou pela primeira<br />

vez com a presença de Klaus Bräuning,<br />

presidente da VDA, entidade dos<br />

fabricantes de veículos e autopeças<br />

do país. O executivo garantiu que a<br />

indústria do país europeu não olha somente<br />

para a Ásia: “No ano passado<br />

o mercado brasileiro absorveu mais<br />

veículos leves do que o alemão, com<br />

3,3 milhões de unidades”, assinalou.<br />

Bräuning explicou que o Brasil já é<br />

o segundo mercado global para a indústria<br />

alemã, atrás apenas do gigante<br />

asiático. No entanto, os dois emergentes<br />

têm apresentado problemas<br />

que já despertam preocupações nas<br />

companhias alemãs. “Estamos atentos<br />

à evolução dos preços das matérias-primas<br />

e à inflação”, alertou. <br />

<strong>Automotive</strong>


GESTÃO<br />

INSTITUTOS OFERECEM CURSOS CUSTOMIZADOS ÀS EMPRESAS,<br />

MUITOS DELES LEVADOS AO AMBIENTE DE TRABALHO COM<br />

SOLUÇÕES ESPECÍFICAS E FLEXIBILIDADE PARA ATENDER A<br />

DISPONIBILIDADE DOS PROFISSIONAIS<br />

Recente pesquisa divulgada pela<br />

CNI – Confederação Nacional da<br />

Indústria revela que 69% das empresas<br />

entrevistadas enfrentam dificuldades<br />

com a falta de trabalhador qualificado.<br />

Deste universo, 70% afirmam<br />

que o problema prejudica o aumento da<br />

competitividade e 78% têm a capacitação<br />

na própria empresa como uma das<br />

principais formas para lidar com o revés.<br />

O setor automotivo também compõe<br />

esse cenário. “Faltam engenheiros<br />

no mercado, para ficar apenas em um<br />

profissional, a cadeia produtiva do segmento<br />

é longa, cheia de especificidades,<br />

e carece de inovar a gestão”, diz Letícia<br />

Costa, sócia-diretora da Prada Assessoria<br />

e coordenadora do Centro de Estratégia<br />

do Insper – Instituto de Ensino e Pesquisa,<br />

que possui em seu portfólio uma<br />

gama de cursos customizados, principalmente<br />

na área comportamental.<br />

“Desenvolvemos programas alinhados<br />

com as necessidades e objetivos<br />

das empresas, observando sua cultura<br />

e valores, com base nos seus processos<br />

e em outras características exclusivas”,<br />

explica Ana Paula Saldanha Cardoso,<br />

coordenadora de Educação Executiva<br />

do instituto.<br />

Programas Customizados também é<br />

a denominação que a Fundação Dom<br />

78BUSINESS<br />

CAPACITAÇÃO<br />

SOB MEDIDA<br />

MARTA PEREIRA<br />

Cabral usa para os cursos desenvolvidos<br />

sob medida para o universo corporativo.<br />

“Analisamos a empresa como<br />

única, com problemas e competências<br />

distintas. Com essa avaliação e usando<br />

como ferramentas o seu planejamento<br />

estratégico e processos, elaboramos<br />

o curso”, descreve Heitor Coutinho,<br />

gerente de projetos in company da<br />

FDC, reforçando que a busca pelos<br />

programas customizados apresentou<br />

pequeno incremento, comparado aos<br />

convencionais. “Em 2009, formamos<br />

25 mil executivos. Destes, 17 mil nos<br />

customizados. No ano passado, a rela-<br />

ANA PAULA CARDOSO:<br />

cursos customizados no Insper<br />

ção foi de 19,5 mil em 27 mil.”<br />

Para Roberto Marx, da Fundação<br />

Vanzolini, a flexibilidade no planejamento,<br />

com datas e horários adequados às<br />

necessidades dos profissionais e aulas<br />

dentro da própria empresa, também<br />

torna os programas sob medida mais<br />

atraentes. “Não podemos esquecer<br />

que o fato de os alunos serem colegas<br />

de trabalho fortalece a integração e<br />

<strong>melhor</strong>a a comunicação no dia a dia.<br />

As aulas são mais dinâmicas, participativas<br />

e a aplicabilidade do aprendizado<br />

mais ágil e eficaz.”<br />

Como fica a troca de experiências<br />

com profissionais de outras empresas,<br />

um dos benefícios dos cursos convencionais?<br />

“Também é possível nos programas<br />

customizados e com resultados<br />

mais imediatos. No geral, as áreas de<br />

uma mesma empresa não se conhecem.<br />

Dependendo do porte, nem os<br />

profissionais. Durante o curso, se descobrem,<br />

passam a entender <strong>melhor</strong> as<br />

dificuldades umas das outras”, reforça<br />

Ana Paula, do Insper.<br />

Diferentemente da maioria, os cursos<br />

customizados do Insper são ministrados<br />

na própria instituição. “O processo<br />

de aprendizagem é centrado no aluno.<br />

Oferecemos salas de aulas com<br />

infraestrutura adequada, dentro de pa-


drões internacionais, que as empresas<br />

não têm condições de proporcionar. Na<br />

hora do cafezinho, o aluno não vai até<br />

a mesa checar e-mail, retornar ligações,<br />

orientar os funcionários. Nem corre o<br />

risco de não voltar para a aula”, fala Letícia<br />

Costa, salientando que a carga horária<br />

é definida de acordo com a demanda<br />

das organizações.<br />

EXCLUSIVIDADE<br />

Os treinamentos sob medida podem<br />

abordar temas desenvolvidos pelas<br />

instituições de ensino, devidamente<br />

adequados, ou ser elaborados especificamente<br />

para o segmento, a exemplo<br />

do “Capacitação em análise e projeto<br />

de negócios no novo setor automotivo”,<br />

da Fundação Vanzolini, ou o de<br />

“Mecânica automobilística”, da FEI –<br />

Fundação Educacional Inaciana. “As<br />

aulas podem ocorrer no nosso campus<br />

(em São Bernardo do Campo, Grande<br />

São Paulo), para uma turma fechada,<br />

ou na própria empresa. O mais importante<br />

é estar integrado às necessidades<br />

da organização”, reitera Edson Esteves,<br />

coordenador do curso da FEI.<br />

O Instituto Mauá de Tecnologia também<br />

oferece treinamentos customizados<br />

para a indústria automobilística,<br />

como “O veículo e seus subsistemas”<br />

e “Powertrain”. Assuero Escobar, coordenador<br />

dos cursos de pós-graduação<br />

da instituição, faz coro com seus pares:<br />

“A modalidade in company surgiu pela<br />

necessidade de uma capacitação mais<br />

direcionada, com resultados práticos”.<br />

Ele aponta mais uma vantagem para as<br />

empresas. “Os alunos não faltam. Nos<br />

cursos de pós-graduação lato sensu a<br />

lei permite até 25% de faltas.”<br />

Relativamente à avaliação durante o<br />

treinamento, Escobar é enfático. “Todo<br />

profissional que <strong>melhor</strong>a a sua competência<br />

desempenha as funções com<br />

mais qualidade.”<br />

A ESPM – Escola Superior de Propaganda<br />

e Marketing é outra que promove<br />

cursos in company. Segundo Célia<br />

Marcondes Ferraz, diretora de educação<br />

executiva, as áreas mais solicitadas<br />

pelo setor automotivo são marketing<br />

estratégico, gestão de concessionárias,<br />

gestão de vendas, criatividade em vendas<br />

e gestão de pessoas: “As empresas<br />

enxergam a importância dos cursos<br />

direcionados para renovar o conhecimento<br />

e os conceitos do mercado para<br />

qualificar os funcionários e ganhar vantagem<br />

competitiva.”<br />

Com referência ao investimento fi-<br />

FALTA DE TRABALHADORES QUALIFICADOS POR<br />

ÁREA/CATEGORIA PROFISSIONAL<br />

Porcentual sobre o total de empresas que têm problemas<br />

com a falta de trabalhadores qualificados<br />

GERENCIAL<br />

ADMINISTRATIVA<br />

PRODUÇÃO<br />

(ENGENHEIROS)<br />

PRODUÇÃO<br />

(TÉCNICOS)<br />

PRODUÇÃO<br />

(OPERADORES)<br />

VENDAS/MARKETING<br />

PESQUISA E<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

62%<br />

66%<br />

PRINCIPAL EFEITO DA FALTA DE TRABALHADOR QUALIFICADO<br />

61%<br />

62%<br />

71%<br />

82%<br />

94%<br />

Porcentual sobre o total de empresas que têm problemas<br />

com a falta de trabalhadores qualificados<br />

BUSCAR EFICIÊNCIA OU<br />

REDUZIR DESPERDÍCIOS<br />

(AUMENTAR A PRODUTIVIDADE)<br />

GARANTIR E MELHORAR A QUALIDADE<br />

DOS PRODUTOS FABRICADOS<br />

EXPANDIR A PRODUÇÃO<br />

GERENCIAR A PRODUÇÃO<br />

DESENVOLVER NOVOS PRODUTOS<br />

REALIZAR A MANUTENÇÃO<br />

DOS EQUIPAMENTOS<br />

AMPLIAR AS VENDAS<br />

ADQUIRIR OU ABSORVER<br />

NOVAS TECNOLOGIAS<br />

OUTROS<br />

1%<br />

nanceiro, não é possível afirmar se os<br />

cursos in company são mais baratos ou<br />

mais caros do que os convencionais.<br />

Fechar uma turma para um treinamento<br />

que já existe pode ser mais vantajoso<br />

economicamente para a empresa. No<br />

entanto, caso a necessidade seja por<br />

programas customizados, o desenvolvimento<br />

também envolve custo, mas<br />

os resultados aparecem no dia a dia.<br />

Em outras palavras, o investimento<br />

também será sob medida. <br />

40%<br />

28%<br />

23%<br />

23%<br />

22%<br />

21%<br />

63%<br />

70%<br />

* Os porcentuais não somam 100%<br />

porque cada empresa poderia<br />

assinalar até três opções<br />

Fonte: CNI - Confederação Nacional da Indústria


HORA EXTRA<br />

VÁLVULA DE ESCAPE<br />

ROTINA DIÁRIA DE PELO MENOS 12 HORAS, DECISÕES QUE<br />

PODEM MUDAR O FUTURO DA EMPRESA, TENSÃO...<br />

HÁ MOMENTOS EM QUE É PRECISO RECARREGAR AS BATERIAS<br />

No caso de Emílio Paganoni, gerente<br />

de produto das marcas<br />

Chrysler, Dodge, Jeep e Ram,<br />

a atividade paralela preferida <strong>sempre</strong> fez<br />

parte de sua vida. Aos 41 anos de idade,<br />

ele dá continuidade aos estudos que iniciou<br />

quando ainda tinha oito anos. “Foi<br />

quando comecei a ter as primeiras lições<br />

de música. E foi algo natural, eu ficava<br />

ouvindo minha mãe, que é maestrina,<br />

tocando piano em casa. Isso despertou<br />

o interesse pela música.”<br />

Com um currículo que inclui 11 anos<br />

de piano clássico e uma carreira de<br />

20 anos como tecladista da banda de<br />

rock Tumulto Louco, que ele mesmo<br />

montou, Paganoni diminuiu o ritmo<br />

das atividades musicais por conta do<br />

dia a dia comprometido com as atividades<br />

da empresa, onde está desde 1996.<br />

Mas nem por isso se afastou das teclas<br />

brancas e pretas de seu C. Bechstein,<br />

que ele ganhou aos 33 anos de sua mãe.<br />

“Todos os dias, após o trabalho, reservo<br />

um tempo para tocar. Algumas vezes<br />

chego a ficar entre três e quatro horas ao<br />

piano, mesmo quando volto mais tarde.<br />

A música me move, é o meu calmante.<br />

Tocar para mim é tão natural quanto beber<br />

água, não concebo a vida sem esse<br />

prazer”, explica o gerente.<br />

No caso de Paganoni, não é uma<br />

simples força de expressão. Depois dos<br />

anos de contato com a música erudita<br />

e o rock, ele passou pelo jazz, bossa<br />

nova e samba e hoje estuda também<br />

a música latina. Além disso, o gerente<br />

80BUSINESS<br />

IGOR THOMAZ<br />

TODO DIA RESERVO<br />

UM TEMPO PARA<br />

TOCAR. CHEGO<br />

A FICAR TRÊS A<br />

QUATRO HORAS<br />

AO PIANO<br />

EMÍLIO PAGANONI, Chrysler<br />

prepara versões acústicas dos clássicos<br />

do rock que tocava com sua banda –<br />

que tinha no repertório clássicos de<br />

Pink Floyd, The Who, Deep Purple e<br />

Emerson, Lake & Palmer, entre outros<br />

– e também se dedica à própria obra.<br />

“Tenho 32 composições, todas gravadas,<br />

com letras e partituras.”<br />

Todo esse talento pôde ser desfrutado<br />

por colegas da Chrysler em ocasiões especiais.<br />

Numa delas, lembra Paganoni,<br />

a formalidade de um jantar entre profissionais<br />

de várias áreas da empresa,<br />

incluindo concessionários, foi quebrada<br />

quando o convidaram a tocar o piano<br />

do restaurante. “Foi muito interessante<br />

ver tanta gente chegando mais perto,<br />

pedindo as músicas que queria ouvir e<br />

cantando junto. A música tem isso, ela<br />

agrega as pessoas, o evento só não durou<br />

mais porque fomos praticamente<br />

colocados para fora”, diverte-se Paganoni,<br />

que recomenda a todos os benefícios<br />

trazidos pela música.<br />

SOLTANDO A VOZ<br />

Compartilha dessa opinião o diretor de<br />

operações de atendimento ao cliente no<br />

Brasil e América Latina da Ford. Só que,<br />

em vez de tocar, Antônio Taranto aproveita<br />

para soltar a voz quando não está<br />

envolvido em seu intenso trabalho na<br />

montadora, na qual atua há 27 anos. O<br />

gosto pelo canto faz parte de sua vida há<br />

20 anos, mas a atividade como músico<br />

começou por acaso. “A filha de um amigo<br />

estava para se casar e ele me pediu<br />

para cantar na festa, junto a meus colegas<br />

Daniel Santiago, que é consultor da<br />

Ford, e o empresário Ricardo Nasário,<br />

com quem <strong>sempre</strong> cantei nas horas vagas.<br />

Só que, nessa noite, oito casais con-


ADORO<br />

FOTOGRAFAR,<br />

ACORDO DE<br />

MADRUGADA PARA<br />

IR À ACADEMIA<br />

E GOSTO DE<br />

PASSAR O DIA NO<br />

KARTÓDROMO<br />

ADRIANO RISHI, Cummins<br />

vidados pelo bufê, para conhecer seus<br />

serviços, apareceram na festa. Quatro<br />

deles nos contrataram depois do show”,<br />

lembra o executivo.<br />

Como o tempo dos três é muito curto,<br />

eles acabam se apresentando, na<br />

média, em um casamento por mês.<br />

Sempre que possível, o trio dá o ar da<br />

graça no Café Paon, bar e restaurante no<br />

bairro paulistano de Moema, para mostrar<br />

suas habilidades no karaokê. E vez<br />

ou outra sobra um tempo para algumas<br />

semanas seguidas de apresentações,<br />

como chegou a ocorrer no Le Gusta, de<br />

São Caetano do Sul, SP, ou mesmo para<br />

“incendiar” festas temáticas, como uma<br />

que remetia aos anos 1970 na qual eles<br />

reinaram a noite toda.<br />

Mesmo assim, o forte continua sendo<br />

festa de casamento. Taranto e seus amigos<br />

estão muito bem preparados para<br />

isso. “Temos um repertório com mais<br />

de mil músicas, dos clássicos do rock e<br />

do pop às atuais. E investimos em iluminação<br />

e playback, porque é difícil contar<br />

com a banda completa, todos têm muitos<br />

compromissos fora da música.”<br />

Com a intenção de mudar o foco musical,<br />

Taranto, de 50 anos, explica que<br />

o trio está trabalhando em um novo<br />

projeto, o Brazilian Bee Gees – ideia<br />

que já rendeu convites das produções<br />

dos programas Raul Gil e Domingão do<br />

Faustão. “Mesmo assim, a música para<br />

nós é um hobby, pelo menos enquanto<br />

não nos aposentarmos. É uma atividade<br />

que recarrega as baterias que o trabalho<br />

consome. E é indescritível, não tem valor<br />

que pague quando alguém te agradece<br />

e elogia, é muito gratificante.”<br />

TRÊS FORMAS DE RELAXAR<br />

Recarregar as energias é algo que<br />

Adriano Rishi, diretor de engenharia da<br />

Cummins, sabe fazer bem até demais.<br />

Com uma rotina diária tão desgastante<br />

quanto a de Taranto e Paganoni, ele elegeu<br />

o gosto pela fotografia como um de<br />

seus hobbies. E, por acaso, acabou se<br />

especializando também em cerimônias e<br />

festas de casamento.<br />

“Sempre gostei dessa arte. Tanto que,<br />

quando me casei, conversei com o fotógrafo<br />

que havia contratado e me ofereci<br />

para trabalhar com ele, apesar de não<br />

ser profissional. E deu certo, passamos<br />

a trabalhar eventualmente. Isso aconteceu<br />

em 2003”, lembra. Apesar de ser<br />

uma atividade para aliviar a tensão, Rishi<br />

não tem vida fácil atrás das lentes, já que<br />

precisa estar atento o tempo todo para<br />

não perder nenhuma cena importante.<br />

“É um estresse diferente do que sofro no<br />

meu trabalho diário, é muito interessante<br />

poder captar momentos tão importantes,<br />

eternizar isso para o casal.”<br />

De lá para cá, mais de 50 uniões matrimoniais<br />

contaram com os cliques do engenheiro.<br />

No começo ele trabalhava bem<br />

mais, chegando a três fins de semana em<br />

sequência, mas a empolgação inicial se<br />

transformou em cinco ou seis casamentos<br />

por ano. “Quando tenho tempo e<br />

vontade de fotografar telefono para meu<br />

amigo dizendo que quero ajudá-lo.”<br />

A relação com essa arte surgiu na vida<br />

do diretor por volta dos 10 anos, quando<br />

ganhou a primeira câmera de seu pai.<br />

Daí em diante ele passou a registrar de<br />

tudo, principalmente pessoas – seus familiares,<br />

amigos brincando, andando de<br />

bicicleta etc. Em outro momento de sua<br />

vida, quando começou a viajar bastante<br />

também para o exterior, a partir de 1994,<br />

Rishi, de 36 anos, passou a registrar a<br />

paisagem das cidades por onde passou.<br />

O fato é que a diversão do diretor


HORA EXTRA<br />

não se limita à fotografia. Ele reserva<br />

três dias de sua corrida semana para<br />

cuidar também da saúde. “Acordo às<br />

4h40 da madrugada para chegar bem<br />

cedo à academia e depois seguir para<br />

o trabalho. O pessoal da empresa diz<br />

que devo ser louco para manter essa<br />

rotina”, diverte-se.<br />

Outro hobby de Rishi é acelerar seu<br />

kart e competir com amigos. “Organiza-<br />

82BUSINESS<br />

NÃO DISPENSO<br />

O KIT ESPORTE.<br />

PRATICAVA TRAIL E<br />

MOUNTAIN BIKE,<br />

AGORA VIAJO DE<br />

MOTOCICLETA COM<br />

MINHA MULHER<br />

mos um dia de competição entre nós e<br />

passamos o dia inteiro no kartódromo.<br />

Gosto tanto disso quanto da fotografia.<br />

A rotina de trabalho muitas vezes é pesada,<br />

é importante buscar o equilíbrio,<br />

saber usar o tempo de maneira saudável<br />

para praticar o que nos dá prazer”, ensina<br />

o engenheiro.<br />

Para Ary Jorge Ribeiro, diretor de vendas<br />

da Kia Motors, o prazer está na cor-<br />

SOLTO SOLT A VOZ<br />

QUANDO QU NÃO<br />

ESTOU ENVOLVIDO<br />

COM C O TRABALHO<br />

INTENSO<br />

ARY RIBEIRO, Kia Motors<br />

NA EMPRESA<br />

ANTÔNIO TARANTO, Ford (à direita)<br />

rida. Sua programação de treinos também<br />

reserva três dias da semana para<br />

manter a resistência necessária para disputar<br />

provas de 10 quilômetros e, muitas<br />

vezes, a exigente meia maratona. Com<br />

tanta disciplina, seus 51 anos não pesam<br />

absolutamente nada no seu dia a dia.<br />

“Se não fizer nada, você morre. É<br />

fundamental ter uma válvula de escape.<br />

Acordo às 5h30 para ir à academia<br />

e pelo menos três vezes por semana eu<br />

corro para manter a forma e ter condições<br />

de participar dessas provas. Já<br />

disputei, por exemplo, a meia maratona<br />

do Rio, da Pampulha e do Hipódromo<br />

da Gávea.”<br />

Com um cargo-chave em sua empresa,<br />

o diretor viaja bastante pelo País,<br />

o que poderia atrapalhar seu criterioso<br />

treinamento. Poderia! Sempre que fica<br />

longe de casa, Ribeiro leva na mala o<br />

que ele chama de kit esporte: tênis,<br />

meias, short, camiseta e o relógio com<br />

GPS para saber quanto tempo levou<br />

para percorrer cada quilômetro, informação<br />

importantíssima para ele, que<br />

leva o hobby muito a sério.<br />

Corredor desde os 20 anos, o diretor<br />

viu seu ritmo de treino oscilar bastante<br />

de lá para cá, por conta da agenda <strong>sempre</strong><br />

complicada. Hoje em dia ele está satisfeito<br />

com a rotina de treinamento, que<br />

o credencia a participar de quatro a seis<br />

provas por trimestre, em média. “Já corri<br />

em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília<br />

e em algumas cidades do Nordeste. A<br />

cada prova quero diminuir meu tempo,<br />

é um desafio pessoal, uma competição<br />

com meu próprio limite. Isso exige preparo<br />

e dedicação ainda maiores.”<br />

Aos fins de semana, o empresário,<br />

que também praticava trail e mountain<br />

bike, aproveita para viajar de motocicleta<br />

com a esposa, outra forma de<br />

desligar do trabalho. “Tudo isso me<br />

mantém de bem com a vida. Recomendo<br />

a todos que procurem uma<br />

atividade paralela, faz um bem indescritível,<br />

inclusive para lidar com as atividades<br />

do dia a dia.”


SEGURANÇA VEICULAR<br />

COM OU SEM<br />

INCENTIVO DO GOVERNO?<br />

A OMS COLOCA SEGURANÇA VEICULAR ENTRE AS<br />

PRIORIDADES DA DÉCADA. O BRASIL TIRA O ATRASO COM<br />

IMPLANTAÇÃO DE AIRBAGS E ABS EM TODA A FROTA NOVA<br />

Conquistar a quinta colocação<br />

entre os maiores mercados<br />

automobilísticos do mundo<br />

certamente é motivo de orgulho para<br />

a indústria instalada no Brasil. Atrair<br />

centros de desenvolvimento, enfrentar<br />

gargalos de mão de obra por causa do<br />

crescimento expressivo e cogitar vendas<br />

acima de 5 milhões de unidades<br />

nos próximos anos também.<br />

Mas ainda há um campo onde o setor<br />

e o País têm muito a avançar. Trata-se<br />

da segurança veicular, tema que engloba<br />

as três esferas do poder executivo, a<br />

indústria e, claro, a sociedade. A indústria<br />

automobilística, por meio de entidades<br />

como a SAE Brasil e a AEA, diz estar<br />

atenta ao assunto e com novos itens<br />

para tornar os veículos mais seguros. A<br />

questão que se coloca é se isto deve ou<br />

não ocorrer no ritmo do governo, lembrando<br />

que a obrigatoriedade do freio<br />

ABS e do airbag levou quase 30 anos<br />

para ser instituída.<br />

Mais de 35 mil pessoas morrem por<br />

ano em acidentes de trânsito no País. Só<br />

no feriado da Páscoa foram 175 mortos,<br />

em 3.800 acidentes nas rodovias federais.<br />

De acordo com o estudo “Mapa da<br />

Violência 2011: Acidentes de Trânsito”,<br />

entre 1998 e 2008 houve um salto de<br />

23,8% no número de mortos no trânsito<br />

brasileiro, sendo que boa parte da<br />

elevação, segundo o Instituto Sangari,<br />

LUSO VENTURA: SAE Brasil<br />

está atenta à evolução do tema<br />

responsável pelo levantamento, deve-se<br />

à expansão da frota de motocicletas.<br />

Algo compreensível, pois reflete a<br />

ascensão financeira de camadas populares;<br />

porém, a responsabilidade não é<br />

só dos motociclistas. É preciso lembrar<br />

que faltam estradas e vias públicas em<br />

bom estado de conservação e educação<br />

de qualidade aos condutores.<br />

Para Luso Ventura, diretor da SAE<br />

Brasil responsável pela recém-criada comissão<br />

de segurança veicular, é preciso<br />

trazer o debate da segurança veicular à<br />

tona no País. “Temos de discutir legislação,<br />

inspeção, educação e tecnologias<br />

para reverter esse quadro trágico de 35<br />

mil mortes por ano”, contou.<br />

GUILHERME MANECHINI<br />

Segundo ele, a entidade pretende<br />

atuar nessa questão, contribuindo para<br />

que o governo adote medidas para reduzir<br />

o número de acidentes no País, e<br />

para que o patamar de segurança dos<br />

veículos e da própria legislação seja<br />

mais robusto.<br />

“É possível prever que daqui a 15<br />

anos não acontecerão mais acidentes<br />

em algumas regiões. São países onde<br />

as tecnologias estão mais avançadas<br />

não por causa de governo, mas sim<br />

por uma demanda da sociedade às<br />

indústrias”, disse Ventura.<br />

O executivo considera as regras<br />

do Departamento Nacional de Trânsito<br />

muito pontuais. “Não é conhecida<br />

uma visão de atuação do governo<br />

para combater o alto número de<br />

acidentes. É nesse espaço que a indústria<br />

pode contribuir”. Daí, em sua<br />

opinião, a importância de a iniciativa<br />

privada puxar a discussão.<br />

SOM OU ABS?<br />

Para Ricardo Takahira, gerente de novos<br />

negócios da Magneti Marelli, o ponto<br />

crucial na discussão está relacionado<br />

às demandas da sociedade: “O brasileiro<br />

prefere som potente ao freio ABS. A<br />

segurança dos veículos no País tem de<br />

ser imposta pelo governo”.<br />

Ele entende que esse comportamento<br />

mais apegado à estética e ao confor-<br />

<strong>Automotive</strong>


SEGURANÇA VEICULAR<br />

CARLO GIBRAN: o que<br />

muda é o hábito de compra<br />

to explica a demora na adoção de itens<br />

de segurança. “Se for deixar o consumidor<br />

optar, não acontece. Nos Estados<br />

Unidos, por exemplo, o sistema de<br />

monitoramento dos pneus [TPMS-Tire<br />

Pressure Measurement System] está<br />

sendo implantado em toda a frota por<br />

decreto do governo”.<br />

Na mesma linha de raciocínio, Marcus<br />

Vinícius Aguiar, responsável pela<br />

comissão de segurança veicular da<br />

AEA, cita a indústria como um provedor<br />

de tecnologias, mas lembra que a<br />

adoção em massa <strong>sempre</strong> dependeu<br />

dos governos. “No mundo inteiro o caminho<br />

<strong>sempre</strong> foi via regulamentação<br />

governamental. No passado, a Volvo<br />

lançou o cinto de três pontos e a Bosch<br />

o ABS. Verificada a eficácia dos dois dispositivos,<br />

os países passaram a exigi-los<br />

em toda a frota”, disse.<br />

A diferença nos dias atuais, segundo<br />

ele, está no tempo mais curto de desenvolvimento<br />

e aplicação de novas tecnologias.<br />

Neste sentido, fazer parte de um<br />

mercado aberto a importações, ressaltou,<br />

pode representar maior nível de<br />

segurança da frota que circula no País.<br />

“As importações vão acelerar o incremento<br />

da segurança veicular. O<br />

Brasil é a bola da vez e todos estão<br />

ampliando investimentos nos Brics.<br />

Então, acho que a indústria vai acabar<br />

BUSINESS<br />

massificando o uso de tecnologias nos<br />

próximos anos”.<br />

VENDER SEGURANÇA<br />

Carlo Gibran, gerente de vendas e<br />

marketing da divisão Chassis Systems<br />

Control da Bosch, levanta outra questão<br />

relacionada ao comportamento do<br />

consumidor brasileiro de veículos. Para<br />

ele, o perfil brasileiro é semelhante ao<br />

europeu e ao japonês. “Para nós, é muito<br />

claro que o consumidor não exige<br />

nem mais, nem menos segurança.<br />

O que muda é o hábito de compra”.<br />

A diferença, esclarece, é que na<br />

Europa existe um catálogo com itens<br />

de série e o consumidor vai à loja com a<br />

ideia de retirar o veículo 40 dias depois.<br />

“No Brasil é o perfil de pronta entrega.<br />

Isso muda o cenário. Por mais que deseje<br />

itens como ABS e airbag, ele não<br />

quer esperar esses 40 dias”, disse.<br />

Se o cliente optar pelos dois itens de<br />

segurança, terá de arcar com um custo<br />

adicional de aproximadamente R$<br />

3,3 mil, dependendo do modelo. Em<br />

alguns populares, nem como opcional<br />

existe a possibilidade de compra.<br />

“É nessa hora que o vendedor acaba<br />

oferecendo roda de liga leve e sistema<br />

de rádio. O consumidor, no calor do<br />

desejo de contar logo com o carro,<br />

acaba topando”, acrescentou Gibran.<br />

MARCUS AGUIAR: avanço e<br />

escala dependem dos governos<br />

NOVOS ITENS<br />

Na visão dos especialistas em segurança<br />

veicular consultados por <strong>Automotive</strong><br />

<strong>Business</strong>, alguns itens podem<br />

marcar a década da segurança veicular<br />

no Brasil. Entre eles destacam-<br />

-se o cinto de três pontos na posição<br />

central do banco traseiro, sensor de<br />

pressão dos pneus, sensores de visão,<br />

sistemas de frenagem de emergência<br />

e controle de tração.<br />

Em um horizonte mais distante,<br />

existem ainda itens de comunicação<br />

entre veículos e rodovias, que atualmente<br />

são as grandes apostas da indústria<br />

automobilística mundial para o<br />

tema da segurança veicular.<br />

Somam-se a eles dispositivos como<br />

proteção lateral e airbags e ABS, estes<br />

dois últimos com previsão para estarem<br />

presentes em toda frota nova já<br />

em 2014.<br />

TEMA DA DÉCADA<br />

A segurança veicular é uma parte da<br />

segurança no trânsito, eleita pela Organização<br />

Mundial de Saúde como um<br />

dos grandes temas da década. Na opinião<br />

de Luso Ventura, será um período<br />

de batalhas e conquistas.<br />

“Os avanços dos últimos dez anos<br />

foram grandes, mas precisamos de<br />

planejamento e medidas efetivas”,<br />

alertou. Com base em dados da OMS,<br />

ele lembra que 90% das mortes no<br />

trânsito acontecem em países em desenvolvimento,<br />

que não somam metade<br />

da frota mundial. Além disto, o<br />

impacto dos custos de atendimento a<br />

vítimas e reparos da infraestrutura chega<br />

a US$ 500 bilhões por ano, representando<br />

algo entre 1% e 3% do PIB<br />

dessas nações.<br />

Este é o tamanho do desafio brasileiro<br />

nesta área. A perspectiva de<br />

grandes investimentos em infraestrutura<br />

permitirá também aprofundar as<br />

discussão sobre rodovias inteligentes<br />

e tecnologias para minimizar o alto<br />

número de acidentes.


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO | PLM<br />

O PULO DO GATO<br />

ENTRE CRIAÇÃO E<br />

FABRICAÇÃO<br />

TECNOLOGIA PLM PODE ENCURTAR SENSIVELMENTE<br />

O TEMPO QUE SEPARA ESSES DOIS POLOS. ACELERAR<br />

A CHEGADA DO VEÍCULO AO MERCADO É UMA<br />

VANTAGEM ALTAMENTE COMPETITIVA<br />

As montadoras estão tentando reduzir o tempo consumido<br />

entre a criação e a fabricação dos automóveis<br />

para colocar mais rapidamente novos modelos<br />

na arena automotiva. Alcançar esse objetivo exige investimento<br />

em Tecnologia da Informação (TI). Especialmente<br />

em software de gestão e soluções de integração de dados.<br />

A tecnologia que protagoniza essa meta é o Product Lifecycle<br />

Management (PLM), ou gerenciamento do ciclo de<br />

O CONCEITO VISA A<br />

ACABAR COM M AS<br />

ILHAS DE DADOS NAS<br />

INDÚSTRIAS PARA QUE OS<br />

PROJETOS SEJAM FEITOS<br />

EM MENOS TEMPO E<br />

CORRETAMENTE<br />

HÉLIO SAMORA, diretor para a<br />

América Latina da Parametric Technology<br />

SOLANGE CALVO*<br />

vida do produto. O sistema possibilita que todos os envolvidos<br />

no processo de criação e fabricação de um carro colaborem<br />

e compartilhem informações em todas as etapas. A<br />

plataforma de software integrada permite a comunicação em<br />

tempo real sobre toda a movimentação, desde o momento<br />

da concepção do veículo até sua entrega ao mercado.<br />

A proposta do PLM é reunir as bases de dados geradas<br />

pelos programas de CAD/CAM/CAE (desenho, manufatura e<br />

<strong>Automotive</strong>


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO | PLM<br />

engenharia assistida por computador)<br />

com outras áreas de negócios da companhia<br />

para encurtar o tempo de produção.<br />

Essa filosofia contribuiu para<br />

disciplinar os projetos, acompanhando<br />

cada fase, desde o nascimento ao lançamento<br />

do veículo. A tecnologia gerencia<br />

prazos, custos, especificações<br />

técnicas e necessidades de mudanças<br />

dos produtos de acordo com o perfil<br />

do consumidor, antecipando os processos<br />

de fabricação.<br />

Além de todos esses recursos, ela<br />

permite cruzar informações com as<br />

áreas envolvidas no ciclo de vida de<br />

um carro, como planejamento (produtos<br />

e marketing), desenvolvimento,<br />

manufatura e vendas. Para isso,<br />

precisa funcionar integrada com outros<br />

programas informatizados como<br />

os sistemas de gestão empresarial<br />

(ERP), que suportam as operações da<br />

companhia como fabricação, vendas,<br />

finanças e recursos humanos.<br />

O interessante é que essa protagonista<br />

do controle faz conexão<br />

também com os aplicativos de suply<br />

chain, que monitoram toda a cadeia<br />

de distribuição e logística, bem<br />

como com as soluções de Customer<br />

Relationaship Management (CRM),<br />

que administram o relacionamento<br />

com o cliente.<br />

“A ideia desse conceito é acabar<br />

com as ilhas de dados dentro da indústria,<br />

para que os projetos sejam<br />

realizados corretamente em menos<br />

tempo com redução de custos e de<br />

acordo com o que o consumidor está<br />

pedindo”, diz Hélio Samora, diretor<br />

para a América Latina da Parametric<br />

Technology Corp (PTC), fornecedora<br />

norte-americana de soluções de PLM.<br />

Samora explica que a nova filosofia<br />

é uma evolução do sistema de Product<br />

Data Management (PDM), criado para<br />

integrar informações de desenvolvimento<br />

dos produtos. Ele lembra que o<br />

gerenciamento do ciclo de vida do produto<br />

no setor começou a ganhar força<br />

86BUSINESS<br />

O PLM É UMA A<br />

ESTRATÉGIA DE<br />

NEGÓCIO QUE<br />

AJUDA A INDÚSTRIA<br />

AUTOMOTIVA A<br />

SE TORNAR MAIS<br />

COMPETITIVA.<br />

REDUZ CUSTOS<br />

COM PROTÓTIPOS<br />

KLAUS MÜLLER, diretor para a<br />

América Latina da Dassault Systèmes<br />

quando os projetos dos desenhos passaram<br />

do modelo 2D para 3D.<br />

Essa mudança aumentou o volume<br />

de dados e os arquivos praticamente<br />

quadruplicaram com as simulações<br />

em três dimensões. “Cada projeto<br />

criado pelos projetistas é visualizado<br />

por cerca de 20 pessoas. As engenharias<br />

passaram a ter departamentos de<br />

TI paralelos”, diz o executivo da PTC,<br />

fornecedora da plataforma de PLM<br />

Windchill, que acaba de ser contratada<br />

pela Hyundai/Kia Motors para<br />

implementar a tecnologia na área de<br />

pesquisas e desenvolvimento (P&D) e<br />

futuramente em toda a cadeia de suprimento<br />

interna e externa.<br />

COMPETITIVIDADE<br />

“O PLM é uma estratégia de negócio<br />

que ajuda a indústria automotiva a<br />

se tornar mais competitiva”, acredita<br />

Klaus Müller, diretor para a América<br />

Latina da Dassault Systèmes, fornecedora<br />

francesa de soluções 3D e PLM,<br />

que tem clientes como BMW e Ford.<br />

Müller destaca que uma das vantagens<br />

t desse conceito é o corte de<br />

custos c com protótipos, visto que os<br />

erros e podem ser corrigidos durante o<br />

desenvolvimento, d<br />

chegando à versão<br />

correta do veículo em menos tempo.<br />

O especialista diz ainda que o tempo<br />

de produção de um veículo, que<br />

antes consumia dois anos e meio<br />

após a aprovação do projeto, pode<br />

cair hoje para dez meses, trazendo<br />

economias significativas para as<br />

montadoras. Ele acrescenta que o<br />

PLM também ajuda a diminuir as falhas<br />

que são descobertas depois que<br />

o carro chega ao mercado, reduzindo<br />

os recalls em razão de os erros serem<br />

percebidos no desenvolvimento.<br />

Para Sérgio Savane, diretor de Engenharia<br />

da T-Systems, prestadora<br />

de serviços de TI especializada no<br />

segmento automotivo, o PLM <strong>melhor</strong>a<br />

a qualidade do produto final<br />

por proporcionar às equipes de desenvolvimento,<br />

produção e vendas<br />

um trabalho conjunto. A integração,<br />

segundo o executivo, possibilita levar<br />

paras as clínicas de testes os desejos<br />

dos clientes antes de os carros serem<br />

produzidos.<br />

A colaboração faz com que as áreas<br />

de negócios, manufatura e produção<br />

opinem sobre o projeto de um automóvel,<br />

informando o que é viável e<br />

antecipando as alterações.


Savane, que também é diretor do<br />

Comitê de Tecnologia da SAE Brasil,<br />

diz que a Chrysler foi uma das primeiras<br />

indústrias a conquistar sucesso<br />

com a adoção do PLM. Ela conseguiu<br />

na década de 1990 reduzir o tempo<br />

de fabricação dos seus carros entre<br />

quatro e cinco anos para 24 meses.<br />

“Foi uma referência para o setor acreditar<br />

nesse conceito”, afirma ele.<br />

Apesar disso, Savane observa que<br />

ainda são poucas as empresas que estão<br />

usando o PLM de forma integrada.<br />

“As companhias avançaram apenas<br />

10% do caminho do PLM, que veio<br />

com o CAD 3D”, avalia Paulo Oliveira,<br />

gerente de desenvolvimento de novos<br />

negócios e alianças da Siemens PLM.<br />

Oliveira constata que a indústria<br />

ainda tem muita dificuldade para<br />

usar todos os recursos do PLM pelas<br />

barreiras da integração com os diversos<br />

sistemas. Ele observa que hoje<br />

as empresas estão unificando mais<br />

as áreas de engenharia de produtos<br />

e manufatura.<br />

“Nenhuma delas está concedendo<br />

acesso ainda às áreas de compras,<br />

fornecedores e marketing”, informa o<br />

executivo, que cita a Fiat como uma<br />

das mais adiantadas. A fabricante já<br />

possui rede única, que integra infor-<br />

mações sobre produtos, ferramentas,<br />

recursos da planta e simulação, utilizando<br />

o Teamcenter Engineering e<br />

Manufacturing, da Siemens PLM.<br />

Especialistas acreditam que a pressão<br />

do mercado para que a indústria<br />

automotiva seja inovadora e lance<br />

carros mais rapidamente a preços<br />

competitivos vai mudar esse cenário.<br />

Afirmam que elas terão de investir na<br />

integração de PLM com todos os sistemas<br />

de gestão como ERP e supply<br />

AS CO COMPANHIAS<br />

AVANÇARAM<br />

AV AVANÇ APENAS ENA 10% DO<br />

CAMINHO CAM DO<br />

PLM, P QUE VEIO<br />

COM O CAD 3D. A<br />

PRINCIPAL BARREIRA<br />

É A INTEGRAÇÃO<br />

PAULO OLIVEIRA, gerente de<br />

desenvolvimento de novos negócios e<br />

alianças da Siemens PLM<br />

chain se preparando para a fábrica<br />

do futuro.<br />

O futuro, segundo eles, aponta para<br />

uma linha de produção virtual, equipada<br />

com sistemas de planejamento<br />

de produção integrada para criação e<br />

simulação de todos os projetos com<br />

o objetivo de acelerar seus processos<br />

produtivos com redução de custos e<br />

qualidade. Uma evolução que não vai<br />

demorar a chegar.<br />

(*Colaborou Edileuza Soares)<br />

<strong>Automotive</strong>


GESTÃO DE FROTAS<br />

STRALIS TRAZ NO<br />

DNA UM GENETI<br />

88BUSINESS<br />

IVECO SAI À FRENTE NO SETOR AO EMBARCAR O<br />

FROTA FÁCIL, SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE<br />

FROTA, NA ARQUITETURA DE CAMINHÕES<br />

Não bastassem todas as inovações<br />

automotivas que tornam<br />

o Iveco Stralis NR Eurotronic<br />

um atrativo para quem pretende iniciar<br />

ou construir uma frota, a Iveco tomou<br />

a frente e embarcou TI em sua arquitetura.<br />

O novo caminhão sai de fábrica<br />

pronto para gerar todas as informações<br />

de desempenho, com o Frota Fácil –<br />

sistema de gestão de frota que produz<br />

dados de telemetria veicular.<br />

Pedro Ivo Carvalho, gerente de projetos<br />

da plataforma de médios e pesados<br />

da Iveco, diz que o projeto começou<br />

a ser desenhado há dois anos, com a<br />

proposta de trazer o recurso de fábrica.<br />

“Trata-se de um diferencial, pois quando<br />

é necessário instalar um sistema<br />

para rastreamento ou gerenciamento,<br />

se não for embarcado, o veículo é violado<br />

e pode perder a garantia”, alerta.<br />

A parceira escolhida para integrar TI<br />

à arquitetura do caminhão foi a Compsis,<br />

especializada no desenvolvimento,<br />

produção e implementação de sistemas.<br />

“Ao longo de 2009 e 2010, estivemos<br />

integrados com as equipes de<br />

engenharia e de marketing da Iveco,<br />

reunindo informações e realizando testes<br />

para viabilizar o projeto”, diz Márcio<br />

Camargo Oliveira, gerente de projetos<br />

da Compsis.<br />

Segundo ele, o Frota Fácil foi embarcado<br />

inicialmente em outros dois<br />

SOLANGE CALVO<br />

modelos, já em fevereiro, o Cursor e o<br />

Stralis NR, ambos de câmbio mecânico.<br />

E agora tornou o Stralis NR Eurotronic<br />

ainda mais high tech.<br />

As características técnicas do módulo<br />

eletrônico da Compsis, denominado<br />

Computador de Bordo (CDB), favoreceram<br />

a aliança tecnológica entre as<br />

empresas. De acordo com Oliveira, o<br />

componente abriga recursos focados<br />

em telemetria veicular, sensores e uma<br />

variedade de interfaces, que possibilitam<br />

a geração de informações sobre<br />

desempenho, mecânica e procedimentos<br />

realizados no veículo. Tudo<br />

isso acessível por meio do Frota Fácil,<br />

bastando apenas plugar o notebook ou<br />

IVECO STRALIS NR EUROTRONIC: o<br />

novo caminhão traz porta USB no painel<br />

para migrar para o equipamento todas as<br />

informações de telemetria veicular<br />

outro equipamento à porta USB localizada<br />

no painel do caminhão. “Ou ainda<br />

por meio de portais web providos por<br />

empresas de monitoramento veicular.”<br />

O pequeno frotista [com até dez<br />

caminhões], que não necessita de<br />

recursos mais sofisticados como rastreamento,<br />

é atendido perfeitamente<br />

bem pelo Frota Fácil, sem custos, visto<br />

que já vem com o caminhão, informa<br />

Carvalho. “O sistema possibilita tomar<br />

decisões, controlar o consumo de<br />

combustível, medir o desempenho do<br />

motorista e extrair o máximo das funcionalidades<br />

do veículo.”<br />

“Além disso, possui memória flash<br />

interna com capacidade de armazenar


dados de vários dias de operação, garantindo<br />

o acompanhamento desde o<br />

início das viagens até o retorno à garagem”,<br />

explica Oliveira.<br />

A Iveco já tem como parceiras as<br />

empresas Sascar, OnixSat e Autotrac,<br />

que oferecem serviços de monitoramento<br />

aos clientes, compatíveis com<br />

o Frota Fácil. “E vamos ampliar o leque<br />

de opções incluindo mais companhias”,<br />

adianta Carvalho.<br />

FUNCIONAMENTO<br />

O Frota Fácil utiliza as informações disponibilizadas<br />

pelo CDB por meio de um<br />

protocolo de comunicação especial e<br />

traduz os dados em informações divididas<br />

em três categorias principais. Uma<br />

delas é a Mecânica, com informações<br />

sobre superaquecimento do líquido de<br />

arrefecimento do motor e pressão do<br />

óleo lubrificante.<br />

A outra é composta pelos Dados da<br />

Viagem. Abriga a lista com todas as<br />

paradas do caminhão, tempo de permanência<br />

em cada parada, velocidade<br />

média, tempo de condução noturna,<br />

na chuva e velocidades máximas registradas,<br />

entre outros dados.<br />

Desempenho completa o tripé. Reúne<br />

informações sobre consumo de<br />

combustível, tempo na faixa econômica,<br />

uso do freio motor, excessos de rotação,<br />

velocidades excessivas (em solo<br />

seco e na chuva, banguela etc.).<br />

Todas essas informações podem ser<br />

visualizadas por meio de gráficos e relatórios.<br />

O sistema possui ainda um recurso<br />

para sua atualização automática<br />

(similar ao MS Windows), <strong>sempre</strong> que<br />

uma nova versão for disponibilizada<br />

nos servidores da Compsis.<br />

À FRENTE DA LEGISLAÇÃO<br />

O projeto de TI nos caminhões seguiu<br />

um cronograma paralelo ao da Portaria<br />

245 - Sistema Integrado de Monitoramento<br />

e Rastreamento Integrado de<br />

Veículos (Simrav), que vai exigir padronização<br />

de protocolos de rastreamento,<br />

embarcados nos veículos pesados, a<br />

partir do final deste ano. A Iveco saiu à<br />

frente, com o módulo alinhado à portaria<br />

do governo e protocolo de telemática<br />

ACP 245, estabelecido como padrão<br />

nacional pela indústria automobilística,<br />

governo e empresas de monitoramento.<br />

O gerente de projetos da Compsis<br />

diz que a empresa criou uma extensão<br />

dentro desse protocolo, mantendo a<br />

compatibilidade com o padrão original.<br />

Dessa forma, disponibiliza as informações<br />

de telemetria do veículo com foco<br />

no gerenciamento da frota, permitindo<br />

às empresas de monitoramento veicular<br />

oferecer serviços adicionais de<br />

gerenciamento de frota (a exemplo do<br />

Frota Fácil, de uso local).<br />

O produto ainda oferece recurso de<br />

atualização remota de firmware, o Over<br />

the Air (OTA), também não padronizado<br />

no protocolo ACP 245, mas inserido<br />

no CDB para que a empresa de rastreamento<br />

realize atualizações. “É muito útil<br />

esse recurso, pois, quando as atualizações<br />

são liberadas, não é necessário ir<br />

ESTRATÉGIA DIGITAL<br />

a um posto de assistência técnica para<br />

tal operação”, diz o gerente de Projetos<br />

da Compsis.<br />

Oliveira destaca que mesmo antes<br />

da entrada em vigor da portaria 245, a<br />

tecnologia da Compsis permite o uso<br />

de simcards (chips de telefonia móvel)<br />

das operadoras de telefonia do mercado<br />

como Vivo, Oi e Claro, de acordo<br />

com a conveniência das provedoras de<br />

serviços de monitoramento e rastreamento.<br />

“Elas apenas instalam o chip,<br />

configuram remotamente o módulo<br />

Compsis via mensagem SMS e iniciam<br />

o monitoramento dos dados do veiculo<br />

instantaneamente.” Assim que a portaria<br />

entrar em vigor, o CDB utilizará<br />

o simcard SIM 245, conforme padrão<br />

definido no Simrav.<br />

A Iveco, por meio da tecnologia<br />

Compsis, foi pioneira no recurso no Brasil,<br />

diz Oliveira. “É o único módulo rastreador<br />

focado em gerenciamento de frota<br />

com ACP 245, equipando regularmente<br />

veículos saídos da linha de produção de<br />

uma montadora”, conclui. <br />

Com o objetivo de se aproximar do público-alvo e fortalecer a estratégia<br />

de implementar cada vez mais o mundo digital em sua cultura, a Iveco<br />

disponibiliza um aplicativo ao motorista (não precisa ser cliente), que<br />

permite traçar rotas rodoviárias, calcular o consumo de combustível, o<br />

custo com pedágios e localizar postos de gasolina, entre outros serviços<br />

práticos.<br />

Desenvolvido pelas empresas Apontador e Maplink, em parceria com<br />

a agência Domínio Público, o software é para iPhone e já está homologado<br />

pela Apple. Ele pode ser baixado gratuitamente na Apple Store,<br />

ou pelo link http://itunes.apple.com/br/app/iveco/id407592961?mt=8.<br />

A ferramenta, que também possibilita localizar a concessionária Iveco<br />

mais próxima, no caso da necessidade de algum serviço urgente, agora<br />

traz um simulador de financiamento para a compra de qualquer veículo da<br />

linha da fabricante. E mais: a demonstração de alguns modelos em 360°.<br />

“A Iveco foi a primeira montadora de caminhões a colocar no ar um<br />

blog de produtos e a lançar um veículo exclusivamente pela internet”, diz<br />

Hellen Santos, analista de comunicação digital, responsável pelo projeto<br />

do aplicativo e líder da estratégia de produtos digitais da Iveco.


90BUSINESS<br />

90BUSINESS<br />

FOTO<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90<br />

90 <br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

BUS<br />

US<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

US<br />

BUS<br />

US<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

U<br />

BUS<br />

US<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

U<br />

BUS<br />

BUS<br />

US<br />

BUS<br />

US<br />

BUS<br />

BUS<br />

US<br />

BU<br />

BUS<br />

U<br />

BUS<br />

BU<br />

B IN<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

INE<br />

INE<br />

INE<br />

INE<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

INE<br />

N<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

I SS<br />

S<br />

BUS<br />

US<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

US<br />

BUS<br />

BUS<br />

BU<br />

BUS<br />

BUS<br />

U<br />

BUS<br />

US<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

BUS<br />

U<br />

BUS<br />

BUS<br />

US<br />

BUS<br />

US<br />

BUS<br />

US<br />

US<br />

BU<br />

BUS<br />

BU<br />

B IN<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

INE<br />

INE<br />

IN<br />

INE<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

INE<br />

N<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

IN<br />

I SS<br />

S<br />

PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

LUIS PRADO


INOVAÇÃO E<br />

REI<br />

EXCELÊNCIA PARA SER<br />

68 CANDIDATOS FORAM SELECIONADOS PARA A SEGUNDA<br />

ETAPA DO PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS, QUE RECONHECE AS<br />

MELHORES INICIATIVAS DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA<br />

Apenas as empresas inovadoras vão sobreviver na<br />

cadeia de produção automotiva. O alerta, do diretor<br />

de engenharia da Delphi, Flávio Campos, na<br />

primeira edição da revista <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>, em 2009,<br />

foi uma das fontes de inspiração para a instituição do Prêmio<br />

REI – Reconhecimento à Excelência e Inovação. Os<br />

responsáveis pela iniciativa entendem que, valorizando a<br />

criatividade e adicionando uma dose extra de eficiência à<br />

fórmula de revitalização, as empresas poderão buscar novo<br />

patamar de excelência e enfrentar em posição forte os<br />

adversários que aproveitam o momento de fragilidade na<br />

competitividade do parque industrial brasileiro.<br />

“O nome é pomposo, mas foi escolhido na medida para<br />

reconhecer a dedicação e esforços extraordinários de<br />

personagens que se empenharam em encontrar soluções<br />

vencedoras entre janeiro de 2010 e março de 2011, período<br />

coberto pelo Prêmio REI”, explica Paula Braga Prado,<br />

diretora de marketing de <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>. Um júri de<br />

40 profissionais foi convidado para apontar os quatro <strong>melhor</strong>es<br />

cases, em 17 categorias, para a segunda etapa de<br />

votação, aberta aos assinantes da newsletter <strong>Automotive</strong><br />

<strong>Business</strong>, enviada diariamente a cerca de 13 mil endereços<br />

de e-mail.<br />

A votação, para avaliar os 68 finalistas, da qual não participaram<br />

os diretores da revista, newsletter e portal <strong>Automotive</strong><br />

<strong>Business</strong>, foi estendida aos participantes do II Fórum<br />

da Indústria Automobilística, dia 11 de abril, no Golden Hall<br />

do WTC, em São Paulo.<br />

Cledorvino Belini, Gábor Deák, Marcos de Oliveira e<br />

Franco Ciranni, profissionais experientes no comando da<br />

Fiat, Delphi, Ford e AEA/Fiat Powertrain, respectivamente,<br />

foram selecionados pelo júri na categoria Profissional do<br />

Ano, em razão de sua contribuição para o setor automotivo,<br />

valorizada pela excelência e inovação. Na categoria Empresa<br />

do Ano foram selecionadas Fiat, Iveco, Ford e Kia.<br />

A Delphi, que segue à risca a recomendação de investir em<br />

inovação, proposta pelo diretor Flávio Campos, foi indicada<br />

como finalista em cinco categorias do Prêmio REI 2011.<br />

A entrega de certificados e troféus aos vencedores será<br />

realizada em junho, em São Paulo. Saiba mais sobre o<br />

prêmio em www.automotivebusiness.com.br/premio2011.<br />

SELEÇÃO<br />

O processo de seleção dos finalistas do Prêmio REI – Reconhecimento<br />

à Excelência e Inovação envolveu de forma<br />

diferente as 17 categorias. Para as dez primeiras não foi<br />

solicitada a apresentação de cases, cabendo ao júri apontar<br />

profissionais, empresas, entidades e iniciativas que mereceram<br />

destaque pela excelência e inovação. No caso das<br />

outras sete, voltadas para autopeças, logística e serviços de<br />

engenharia, foi necessário formalizar o registro de cases.<br />

“Tivemos a preocupação especial de não influenciar a<br />

seleção dos candidatos, deixando a análise e escolha aos<br />

jurados, que tiveram bastante trabalho”, afirmou Paulo<br />

Ricardo Braga, editor de <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>, assegurando<br />

que essa iniciativa garante isenção e credibilidade<br />

à premiação.<br />

Os profissionais que recebem a newsletter foram convidados<br />

a responder a um e-mail e se inscrever para votar na<br />

etapa final, por meio de uma senha e CPF. O processo foi<br />

considerado simples e seguro, sem possibilidade de duplicações<br />

de voto. O mailing utilizado para envio da newsletter<br />

foi “congelado” dia 31 de março, antes que seus leitores<br />

e o mercado soubessem das regras para votação.


PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

JURADOS DO PRÊMIO REI<br />

ALEXANDRE AKASHI<br />

Jornalista<br />

AMÉRICO NESTI<br />

Consultor<br />

ANGELO CARROCINI<br />

JUNIOR<br />

LMS International – South<br />

America<br />

ARIVERSON FELTRIN<br />

Jornalista<br />

ARNALDO PELLIZZARO<br />

ABI Consultoria<br />

CARLOS ARCE<br />

AutoEntusiastas<br />

CARLOS DEVESA<br />

National Instruments<br />

DAVID WONG<br />

Kaiser Consultoria<br />

FÁBIO PEAKE BRAGA<br />

SAE Brasil<br />

FLÁVIO CAMPOS<br />

Delphi do Brasil<br />

FRANCISCO NIGRO<br />

Professor<br />

FRANCISCO SATKUNAS<br />

Consultor<br />

GUILHERME MANECHINI<br />

Jornalista<br />

92BUSINESS<br />

IVAN WITT<br />

Steer Recursos Humanos<br />

JAIRO MORELLI<br />

Jornalista<br />

JEANNETTE GALBINSKI<br />

Setec Consultoria<br />

JOÃO IRINEU MEDEIROS<br />

Fiat Powertrain e FPT Industrial<br />

JOSÉ AURÉLIO RAMALHO<br />

Consultor<br />

JULIAN SEMPLE<br />

Carcon <strong>Automotive</strong><br />

LUSO VENTURA<br />

Consultor<br />

MARCELO AUGUSTO ALVES<br />

EPUSP<br />

MÁRIO GUITTI<br />

IQA<br />

MARTA PEREIRA<br />

Jornalista<br />

MARCO SALTINI<br />

MAN América Latina<br />

MARCOS AMATUCCI<br />

ESPM<br />

MARTIN VOLLMER<br />

Edag do Brasil<br />

MOACIR RICCI<br />

Consultor<br />

NEUTO REIS<br />

NTC & Logística<br />

PAULO CARDAMONE<br />

CSM Worldwide<br />

PAULO PETRONI<br />

PwC<br />

MARCELO ALVES<br />

Escola Politécnica<br />

PEDRO KUTNEY<br />

Jornalista<br />

REINALDO MURATORI<br />

MMCB<br />

RENATO ROMIO<br />

Instituto Mauá<br />

RICARDO ABREU<br />

Mahle Metal Leve<br />

ROBERTO MARX<br />

Fundação Vanzolini<br />

ROGÉRIO GARRUBBO<br />

Abrablin<br />

RONALDO DE BREYNE<br />

SALVAGNI<br />

Escola Politécnica da USP<br />

SADAO HAYASHI<br />

NHT<br />

VALTER PIERACCIANI<br />

Pieracciani


CLEDORVINO BELINI<br />

Presidente do Grupo Fiat e da Anfavea<br />

Não bastasse o vigoroso desempenho da Fiat nos últimos anos, principalmente a partir<br />

de 2004, quando assumiu o comando da companhia na América Latina, Belini tem uma<br />

trajetória de 37 anos no setor automobilístico, com experiência em diversos elos da cadeia<br />

produtiva e conquistas relevantes em cada posto que ocupou. Em 2010, ao tomar posse<br />

como presidente da Anfavea, propôs a mobilização do setor para elevar o nível de competitividade<br />

diante dos avanços estrangeiros e iniciou uma cruzada com esse objetivo. No ano<br />

passado liderou a apresentação do Novo Uno e lançou as bases do Projeto Suape, para a<br />

construção de uma fábrica da Fiat e um condomínio de fornecedores no Nordeste. Na sua<br />

gestão a operação brasileira ganhou importância histórica para o Grupo Fiat.<br />

FRANCO CIRANNI<br />

Superintendente da FPT Industrial e Fiat Powertrain e presidente da AEA<br />

Com estilo discreto, vem comandando com bastante sucesso as operações de powertrain<br />

do Grupo Fiat no Brasil. Acertou ao incentivar a compra da unidade da Tritec em Campo<br />

Largo, no Paraná, e desenvolver a família de motores E-torQ para dar novo fôlego aos<br />

carros da Fiat. Sob sua gestão a FPT ganhou autonomia, realizou investimentos expressivos<br />

em motores Otto e Diesel, expandiu a fábrica em Betim e posicionou a operação em<br />

patamar elevado do ponto de vista tecnológico. Ciranni está preparando lançamentos,<br />

como o motor bicilíndrico, que pode ser fabricado em Suape, e avalia a introdução local<br />

de tecnologias como o start-stop e o sistema MultiAir. No final de 2010 foi apontado como<br />

novo presidente da AEA, iniciando uma verdadeira batalha para reestruturar a entidade.<br />

GÁBOR DEÁK<br />

Presidente da Delphi<br />

Poucas empresas competem com a Delphi na hora de apresentar um portfólio de inovações,<br />

especialmente em climatização, módulos eletrônicos, sistemas de segurança e áudio,<br />

arquiteturas eletroeletrônicas e sistemas para gerenciamento do motor. Quem comanda<br />

essas iniciativas da empresa na América do Sul é o engenheiro Gábor Deák, formado<br />

pela Poli-USP, com pós-graduação em administração pela FGV. Presidente desde 2003, foi<br />

antes diretor da Delphi Energy & Chassis e Delphi Steering. Sua gestão foi marcada por<br />

investimentos na região e bons resultados. Gábor demonstrou habilidade em conduzir os<br />

negócios após a crise financeira internacional iniciada em 2008.<br />

MARCOS DE OLIVEIRA<br />

Presidente da Ford<br />

Tem um currículo expressivo no comando de operações da Ford em diferentes regiões<br />

do mundo e cultiva um estilo reservado. Sob sua gestão a Ford ganhou impulso no<br />

Brasil, registrando 28 trimestres consecutivos de lucro e recorde de venda em 2010.<br />

A confiança inspirada na matriz abriu as portas para confirmação de investimentos de<br />

R$ 4,5 bilhões no País de 2011 a 2015, além de efetivar um aporte de R$ 670 milhões<br />

nas operações de caminhões. Há outras conquistas que ele pode comemorar, como a<br />

consolidação nas exportações dos motores Sigma, o lançamento do high tech Fusion<br />

híbrido no Salão do Automóvel e a apresentação da família Cargo 2012, sem falar nos<br />

segredos que Camaçari prepara, como a nova geração do EcoSport, um marco da<br />

engenharia brasileira.<br />

PROFISSIONAL DO ANO


PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

EMPRESA DO ANO<br />

94BUSINESS<br />

FIAT AUTOMÓVEIS<br />

Liderança nas vendas, Novo Uno, motor E-TorQ, nova fábrica<br />

A empresa fez em 2010 o lançamento mais badalado do ano, o novo Uno, e assegurou a liderança da marca no<br />

mercado brasileiro de veículos leves pelo oitavo ano (quinto consecutivo). O lançamento do Bravo e a nova linha<br />

de motores E-TorQ também foram destaques. No ano passado a empresa anunciou aporte de R$ 10 bilhões até<br />

2014, dos quais R$ 3 bilhões serão destinados à construção da fábrica no complexo de Suape, em Pernambuco,<br />

com incentivos fiscais que deverão garantir boa rentabilidade aos 200 mil carros que serão produzidos por ano<br />

inicialmente para substituir o Mille. Os recursos serão utilizados em modernização, novos projetos e expansão da<br />

fábrica de Betim, MG, onde a capacidade passará dos atuais 800 mil veículos/ano para até 950 mil/ano, consolidando<br />

a planta como maior fábrica de automóveis em operação no mundo.<br />

FORD<br />

Consolidação do Sigma, novo Cargo, Fusion híbrido, resultados<br />

A operação brasileira, em alto astral, registrou 28 trimestres seguidos de lucros expressivos sob o comando de<br />

Marcos de Oliveira e ganha importância na corporação. A eficiência das fábricas no campo da manufatura evolui<br />

e o portfólio combina bem produtos locais e importados. A empresa consolidou a produção e exportação do<br />

motor Sigma, lançou o Fusion híbrido para sinalizar avanços tecnológicos globais, anunciou investimentos para<br />

ampliar a unidade de Camaçari e iniciou 2011 com o lançamento da nova família Cargo, que introduz uma série<br />

de novidades. A marca cravou 10% de participação de mercado no segmento de automóveis em 2010, 10,52%<br />

entre os comerciais leves e 17,56% na área de caminhões. A Ford prepara também o lançamento da nova geração<br />

do EcoSport, que deve constituir um novo marco para a engenharia local.<br />

IVECO<br />

Crescimento, recorde de vendas, novos produtos e tecnologias<br />

O crescimento sustentável e a ampliação da gama de produtos (como exemplo, o Vertis) são alguns dos méritos<br />

que a empresa obteve no ano passado, quando bateu todos os seus recordes de vendas no Brasil e conquistou<br />

7,8% de market share, acompanhado da expansão da rede de revendedores. A empresa produziu 19.320 unidades<br />

em 2010, com um avanço de 106% sobre 2009. Foram emplacadas 16.370 unidades, crescimento de<br />

63% sobre 2009, e destinadas à exportação 3 mil unidades. Entre as tecnologias, a empresa anunciou uma nova<br />

embreagem para o Stralis NR, primeira patente da empresa no Brasil. Em Sete Lagoas, MG, foram lançadas as<br />

bases para a criação de um polo de fornecedores, ao lado da fábrica e do centro de tecnologia.<br />

KIA<br />

Recorde de vendas, evolução tecnológica, Bongo no Mercosul<br />

Com a reformulação da linha de veículos, apresentada no Salão do Automóvel de São Paulo do ano passado, a<br />

montadora de origem coreana continua a crescer de forma surpreendente e demonstrar a evolução tecnológica<br />

dos produtos. No ano passado, as vendas aumentaram em 134%, o que parece indicar a consolidação definitiva<br />

da marca no País. A empresa ainda registrou participação mínima entre os carros, mas chegou aos 3,06% entre<br />

os comerciais leves, incluindo o Bongo, importado da Coreia e também montado no Uruguai, nas instalações<br />

da Nordex.


Veículos lançados pelas empresas associadas à Anfavea, nacionais ou importados<br />

CITROËN AIRCROSS<br />

Inspiração off road e aventureira, bom visual, conteúdo<br />

De olho num segmento que se tornou sucesso de vendas no País, o de modelos com visual inspirado em veículos<br />

off road, a Citroën tratou de lançar o Aircross. Como utiliza a mesma plataforma do hatchback C3, o novo<br />

carro não impôs grandes dificuldades para passar a ser produzido no Brasil. Além do visual ousado o Aircross se<br />

destaca pela quantidade de equipamentos, entre os quais figuram ar-condicionado, computador de bordo, acionamento<br />

elétrico para vidros traseiros e retrovisores e direção com assistência elétrica. Com a produção local, o<br />

modelo já chegou ao mercado equipado com o motor 1.6 flex, o mesmo utilizado em outros carros da marca,<br />

que gera 113 cavalos de potência e 15,8 m.kgf de torque quando abastecido com etanol. A fórmula “mágica”<br />

utilizada pela Citroën, lançada por aqui pela Fiat com a linha Adventure, caiu bem para o Aircross, que vem obtendo<br />

vendas cada vez mais expressivas.<br />

FIAT NOVO UNO<br />

Inovador, boa customização e um best seller<br />

Uma grande aposta que une a modernidade do desenho italiano a um nome mais que consagrado no País. Assim<br />

nasceu o Novo Uno, carro completamente inovador no estilo e que veio para ameaçar o reinado absoluto do<br />

VW Gol. Com três versões de acabamento (Vivace, Attractive e Way), duas de motor (1.0 e 1.4) e opção de quatro<br />

ou duas portas (novidade mais recente), o novo pequeno da Fiat recebeu uma série de prêmios em 2010. O<br />

reconhecimento se deu não apenas pelo desenho inspirado, mas também pela redução no consumo de combustível:<br />

segundo a empresa, equipado com motor Fire 1.0 Evo (de 74 cavalos de potência com gasolina e 75<br />

cv com etanol) o Novo Uno faz 15,6 km/l de gasolina e 10,5 km/l de etanol na cidade, números que saltam para<br />

20,1 km/l e 12,9 km/l, respectivamente, no ciclo rodoviário.<br />

FORD FUSION HYBRID<br />

Pioneiro, inovador, proposta avançada<br />

Na última edição do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, em 2010, ele não foi apenas um destaque.<br />

Fez história. O carro em questão é o Fusion Hybrid, o primeiro híbrido à venda oficialmente no País. A nova opção<br />

do sedã combina o funcionamento de um motor elétrico de 107 cavalos de potência a outro tradicional, o<br />

Duratec 2.5 de 158 cv, movido a gasolina. Em funcionamento conjunto, a dupla gera o total de 193 cv de potência.<br />

Quem comanda o trabalho das duas usinas de força é a transmissão automática continuamente variável e<br />

CVT. Os propulsores podem atuar individualmente ou em conjunto. O Hybrid oferece a possibilidade de ser conduzido<br />

apenas no modo elétrico, desde que a velocidade não supere os 75 km/h. Outro ponto interessante é o<br />

sistema de freios. Quando acionado, funciona como recarregador da bateria do propulsor elétrico, recuperando<br />

até 94% da energia normalmente perdida em frenagens.<br />

FORD NEW FIESTA<br />

Projeto avançado, motor Sigma, bom design e conteúdo<br />

Sucesso entre os consumidores europeus à época de seu lançamento (quando chegou a desbancar o líder VW<br />

Golf), o New Fiesta é uma arma da Ford para <strong>melhor</strong>ar bastante seu desempenho de vendas também no Brasil.<br />

Completamente diferente do Fiesta tradicional, a nova versão exibe um desenho dos mais inspirados, que reúne<br />

vincos acentuados e contornos angulosos e que se destaca pela linha inclinada que passa pela parte inferior das<br />

janelas, sendo mais alta na parte traseira, uma combinação com resultado ultramoderno. Além disso, o Ford traz<br />

sob o capô o premiado motor Sigma 1.6 16V, produzido aqui no Brasil. Com 115 cv de potência e 16,2 m.kgf<br />

de torque, ele se caracteriza por soluções como o duplo comando de válvulas variável. Já o interior do modelo<br />

é marcado não apenas pela quantidade de equipamentos, mas, a exemplo da carroceria, pelo desenho inspirado<br />

do painel e dos instrumentos.<br />

AUTOMÓVEL


PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

COMERCIAL LEVE Veículos lançados pelas empresas associadas à Anfavea, nacionais ou importados<br />

96BUSINESS<br />

FIAT STRADA<br />

Líder do segmento, diferentes opções e equipamentos, Locker<br />

Produto de importância estratégica para a Fiat, a picape Strada é líder isolada em seu segmento. E a gama de<br />

opções de carroceria foi um importante fator para consolidar esse sucesso. A montadora oferece para o consumidor<br />

versões de cabine simples, estendida ou dupla, além de cinco acabamentos diferenciados: Fire Flex, Working,<br />

Trekking, Sporting e Adventure. O cliente que se interessa pela picape da Fiat também pode escolher entre os<br />

motores flex 1.4 e 1.8, dependendo do tipo de uso que pretende fazer do veículo. Topo de linha da gama, a Strada<br />

Adventure traz um amplo pacote de itens de série e pode, opcionalmente, ser equipada com o Adventure Locker,<br />

sistema de bloqueio de diferencial que ajuda na transposição de terrenos de baixa aderência.<br />

FORD EDGE<br />

Preço atrativo, tecnologia atualizada, bom powertrain<br />

A nova versão desse Ford de grandes proporções foi muito bem aceita nos primeiros meses após seu lançamento.<br />

Com preço mais atrativo e tecnologia atualizada, o Edge passou a enfrentar em <strong>melhor</strong>es condições rivais<br />

como o Land Rover Freelander 2 e o Mitsubishi Pajero Full, outros modelos de destaque em sua faixa de preço.<br />

O crossover conta com motor V6 3.5 de 289 cavalos de potência e transmissão automática de seis velocidades,<br />

com opção de trocas de marchas por teclas. Com um amplo pacote de equipamentos, o Edge oferece um<br />

sistema de entretenimento que inclui CD player, entradas USB e para cartão de memória, entrada de vídeo, ar-<br />

-condicionado, bússola e opção de comando de voz (em inglês, francês ou espanhol). Além do amplo espaço<br />

para motorista e passageiros, o modelo da Ford pode acomodar 909 litros de bagagem, ou 1.971 litros com os<br />

bancos traseiros rebatidos.<br />

CHEVROLET MONTANA<br />

Desenho renovado, boa proposta e maior capacidade de carga<br />

A picape pequena da Chevrolet perdeu o parentesco direto com o Corsa, do qual era originalmente derivada,<br />

para ficar com a “cara” do Agile. Além disso, a montadora tratou de ampliar a capacidade de carga do veículo.<br />

A necessária reestilização atendeu a uma importante justificativa: renovar a Montana para enfrentar de igual para<br />

igual a líder Fiat Strada, a novata Peugeot Hoggar e a renovada Volkswagen Saveiro, além de manter distância<br />

para a defasada Ford Courier. Da antiga versão foram mantidos os apoios para os pés na caçamba, importantes<br />

para facilitar a organização da carga pelas laterais do modelo, e o nome. No restante, a Montana ficou, como não<br />

poderia deixar de ser, igual ao Agile, pois o desenho de seu interior segue exatamente o padrão desse modelo<br />

da General Motors.<br />

HYUNDAI IX35<br />

Visual inspirado, conteúdo atrativo, novo caminho tecnológico<br />

Um novo caminho em design e tecnologia. Assim é o ix35, modelo sofisticado da Hyundai que chegou ao País<br />

para fisgar o consumidor que procura um utilitário esportivo mais equipado, que parte da casa dos R$ 80 mil.<br />

Dentro da gama da marca de origem coreana, o modelo está posicionado entre o Tucson (nacional) e o Santa Fé.<br />

O visual, dos mais inspirados, é assinado por Thomas Bürkle, do centro de design da Hyundai na Alemanha. Outro<br />

ponto forte do veículo: a engenharia do projeto também foi completamente desenvolvida na Europa. Por baixo<br />

do capô o ix35 oferece o propulsor 2.0 16V Theta II, capaz de gerar 166 cv de potência e 20,1 m.kgf de torque.<br />

A nova aposta da Hyundai também tem como trunfos o amplo espaço interno e a quantidade de equipamentos,<br />

como bancos de couro com ajustes elétricos, ar-condicionado eletrônico dual zone, CD-changer para seis discos,<br />

seis airbags e controles de estabilidade e de descida (ofertados para a versão topo de linha).


Veículos lançados no Brasil, nacionais ou importados, adequados às características locais do segmento de transporte<br />

FORD CARGO 2012<br />

Renovado, engenharia brasileira, boas soluções e tecnologias<br />

Depois de três anos de desenvolvimento e pesquisa com clientes, a Ford lançou a linha Cargo 2012, com 11<br />

modelos, dos quais cinco oferecem cabine-leito, novo design e conteúdo, para atender a faixa de 13 a 31 toneladas<br />

PBT e tração de até 63 toneladas. O projeto global foi desenvolvido no Brasil. Entre as novidades estão a<br />

suspensão e o sistema hidráulico de basculamento da cabine, transmissões com acionamento por cabo, válvula<br />

de freio de seis vias, coluna de direção com ajuste pneumático, chave com código eletrônico antifurto, vidros elétricos,<br />

bancos com suspensão pneumática, travas e retrovisores elétricos. Os veículos trazem motores Cummins<br />

de quatro e seis cilindros, novas transmissões Eaton das famílias FS, de seis marchas com primeira sincronizada,<br />

e FTS, com 13 marchas, totalmente sincronizadas, e eixos traseiros Meritor reforçados.<br />

IVECO VERTIS<br />

Projeto brasileiro, baixo custo de manutenção, boa capacidade de carga<br />

Com o lançamento do Vertis, de porte médio, promovido em outubro, a Iveco tornou-se fabricante full liner<br />

no mercado latino-americano de caminhões, investindo R$ 55 milhões no projeto. Foi a primeira família de<br />

caminhões da marca desenvolvida no Brasil, prometendo o menor custo de manutenção programada da categoria.<br />

Com o projeto local, fora privilegiados sistemistas consagrados no País, como Meritor, ZF, Sifco, Dana,<br />

Knorr-Bremse, Master e Suspensys, Thyssen. O modelo oferece dois anos de garantia (o primeiro ano total e o<br />

segundo para o powertrain). O motor é o FPT NEF 4 common rail, preparado para Euro V. Há duas versões: 9 t<br />

(154 cv) e 13 t (173 cv), seis versões de entre-eixos, opção de cabine estendida e maiores capacidades de carga<br />

líquida da categoria (9 t, 6.025 kg e 13 t, 9.050 kg).<br />

MERCEDES ACCELO BLUETEC EEV<br />

Conceito avançado, redução de emissões, diesel de cana<br />

O caminhão conceito Accelo BlueTec EEV, movido a 100% de diesel de cana, foi preparado especialmente para o<br />

evento Challenge Bibendum, no Rio de Janeiro, em 2010, equipado com o motor eletrônico OM 924 LA. A iniciativa<br />

comprovou que há 90% de redução nas emissões de gases do efeito estufa e 33% de redução nas emissões<br />

de material particulado, em comparação com os limites estabelecidos pela legislação Conama P7, equivalente<br />

ao Euro 5, que entrará em vigor no Brasil em 2012. Em relação ao atual índice vigente no País, o Accelo BlueTec<br />

EEV promete redução de 88% na emissão de material particulado. O desenvolvimento do uso do diesel de cana<br />

é conduzido pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Mercedes-Benz do Brasil.<br />

VOLVO FMX<br />

Vocacional, robusto, boa produtividade e segurança, moderno<br />

O caminhão “vocacional” é apropriado para transportar produtos como a cana, minérios, madeira e para trabalhos<br />

pesados na área de construção, que deve ser beneficiada por investimentos na área de infraestrutura. O projeto<br />

do Volvo destaca-se pela robustez, boa produtividade e segurança e atende cargas de 32 a 50 t de PBT (Peso<br />

Bruto Total). O motor de 13 litros oferece potência de 400 cv a 480 cv. O veículo chegou ao Brasil logo após o<br />

lançamento na Europa. A marca apresentou ainda o FMX com motor de 11 litros, para aplicações intermediárias<br />

entre o FMX 13 litros e o VM 6x4. O fabricante destaca o câmbio I-Shift com caixa eletrônica automatizada, que<br />

pode durar três vezes mais que os comuns.<br />

CAMINHÃO


PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

VEÍCULO IMPORTADO Veículos leves importados comercializados no Brasil por empresas associadas à Abeiva (sem fábrica no Brasil)<br />

98BUSINESS<br />

AUDI A1<br />

Sofisticado, tecnologia avançada, redução de consumo e emissões<br />

Menor entre todos os veículos Audi em produção, o A1 está voltado para o mesmo tipo de consumidor de carros<br />

como o Mini Cooper, feitos sob medida para quem procura modelos pequenos e charmosos com toda a sofisticação.<br />

Mas ele aponta em outra direção, já que, ao contrário do concorrente de origem inglesa, prefere o estilo<br />

moderno ao visual retrô. Além disso, a Audi adotou uma política comercial que pode representar um duro golpe<br />

para o Mini: o A1 oferece motor turbo, transmissão automatizada de sete marchas e faróis de xenônio por um<br />

preço próximo ao da versão de entrada do rival inglês, que não dispõe desses predicados. Ponto alto é o start-<br />

-stop, solução inteligente para aumentar o conforto e reduzir o consumo de combustível e o nível de emissões<br />

de poluentes.<br />

BMW X1<br />

Sofisticado a preço convidativo, alta tecnologia, boas opções<br />

Mais um investimento inteligente da marca alemã para arrebanhar novos consumidores, o X1 é a versão de<br />

entrada para quem aprecia os utilitários esportivos sofisticados com preços relativamente convidativos. A versão<br />

sDrive 18i tem posicionamento de preço muito próximo do Hyundai ix35 (com amplo pacote de itens opcionais).<br />

Equipada com motor 2.0 16V de 150 cv de potência e transmissão automática de seis marchas, essa opção mais<br />

espartana do BMW acelera de 0 a 100 km/h em 12,2 segundos e oferece consumo de combustível de 7,8 km/l<br />

na cidade e de 11,5 km/l na estrada, de acordo com o fabricante. Mais sofisticada, a versão xDrive 28i conta com<br />

motor 3.0 de 258 cv de potência e importantes itens de segurança, como o sistema de tração integral xDrive, que<br />

distribui eletronicamente o torque entre os eixos, preservando o controle sobre o veículo mesmo sob condução<br />

esportiva. Essa opção requintada do X1 dispõe de controle de estabilidade.<br />

JAC J3<br />

Adequação ao Brasil, garantia de seis anos, bom conteúdo e tecnologias<br />

Ousado e bem-sucedido, o empresário Sérgio Habib, representante de montadoras como Citroën e Jaguar, enxergou<br />

nos carros chineses da JAC Motors oportunidade de ampliar seu número de clientes no País. A marca tem<br />

como destaque o J3, modelo que consolida a estreia em nosso mercado. Ao contrário de outros modelos chineses,<br />

o J3 tem preço próximo ao dos concorrentes diretos disponíveis por aqui. A garantia é de seis anos e há boas<br />

promessas de assistência. O novo produto recebeu 242 alterações para ficar ao gosto do consumidor brasileiro.<br />

Foram <strong>melhor</strong>ados os sistemas de direção e de suspensão, ar-condicionado e o rendimento do motor 1.4 16V,<br />

que conta com comando de válvulas variável e rende 108 cv e 14,1 m.kgf. Com um amplo leque de itens de série,<br />

o J3 traz ar-condicionado, CD-player com MP3 e entrada USB, freios ABS e sensor de estacionamento traseiro.<br />

MINI COOPER S<br />

Desenho carismático, bom desempenho, interior atraente<br />

Ele é o mais inquieto da família. Com o mesmo desenho carismático de seus irmãos, o Mini Cooper S é a<br />

pedida certa para quem busca também desempenho. A prova disso está no motor 1.6 16V, de 175 cavalos de<br />

potência. Equipado com uma turbina, ele pode levar o modelo aos 100 km/h em apenas 7,2 segundos. Além do<br />

temperamento mais forte, o Mini Cooper S conta com transmissão automática que inclui alavancas de seleção<br />

das marchas no volante e opção de condução esportiva. A suspensão firme se mostra adequada ao apetite para<br />

ganhar velocidade. A exemplo da carroceria, o visual interno também impressiona bastante, como ocorre nas<br />

outras versões da família. Os desenhistas exploraram bem os contornos circulares, vistos nos instrumentos, na<br />

capa da buzina, nas saídas de ventilação e nas telas dos alto-falantes.


Combustíveis e fontes de energia veicular, incluindo as renováveis, elétricas e alternativas<br />

CENBIO<br />

Entidade da USP consolida ônibus a etanol<br />

O dia 25 de novembro de 2010 marcou a consolidação do projeto de desenvolvimento do ônibus a etanol conduzido<br />

pelo Cenbio, Centro Nacional de Referência em Biomassa, ligado à USP, depois de um enorme esforço entre<br />

2007 e 2010 para obtenção de recursos, parcerias tecnológicas e realização de testes. Com o protocolo de intenções<br />

assinado pela prefeitura de São Paulo, será entregue um lote inicial de 50 unidades para a frota paulistana e os<br />

veículos devem começar a circular em maio de 2011. A tecnologia do motor é da Scania, com suporte da matriz na<br />

Suécia. O programa conduzido pelo Cenbio é um marco para a adoção da tecnologia do etanol como combustível<br />

no transporte público e recupera o atraso do País nesse campo, pois a Scania começou a desenvolver motores para<br />

essa aplicação há 15 anos e a tecnologia já é comercial na Europa.<br />

CPFL ENERGIA<br />

Eletroposto para recarga e programas de elétricos<br />

A CPFL Energia iniciou em 2011 mais um projeto inovador na área de eletrificação veicular, colocando em operação<br />

na sede, em Campinas, o seu primeiro posto de recarga para atender veículos elétricos e plug ins. A empresa<br />

vai instalar uma nova unidade em shopping center de Campinas, para autoatendimento, com pagamento por<br />

meio de cartões tipo smart card, pré-pagos e cartões de crédito. O usuário poderá acessar a internet via celular<br />

para controlar a carga do veículo. A empresa participou do desenvolvimento do Palio Weekend elétrico (com a<br />

Fiat e Itaipu), de uma motocicleta elétrica (com a Unicamp) e produz o veículo elétrico Aris em parceria com a<br />

Edra, utilizado pelos Correios para entrega de Sedex.<br />

FORD FUSION HYBRID<br />

Powertrain traz motor elétrico e a combustão<br />

Enquanto se discute no País o caminho para introduzir carros elétricos, a Ford se antecipou e lançou o Fusion Hybrid<br />

durante o Salão do Automóvel de São Paulo como uma solução ambientalmente correta. Em versão única, o<br />

carro é comercializado a R$ 134 mil. Com powertrain elétrico e motor a combustão do ciclo Atkinson, o sistema de<br />

propulsão oferece 193 cavalos e o veículo acelera de zero a 100 km/h em 9,1 segundos. A bateria é carregada pelo<br />

motor a combustão e sistema de recuperação de energia. Apenas com o motor elétrico o carro chega a 75 km/h. Na<br />

cidade o consumo médio de gasolina é de 12,1 km/l. Há sete airbags, teto solar, controle eletrônico de estabilidade,<br />

sensor de chuva, câmara de ré e monitoramento de pontos cegos, além do sistema MyKey.<br />

MERCEDES ACELLO BLUETEC EEV<br />

Caminhão movido a diesel de cana<br />

O Accelo BlueTec EEV movido a diesel de cana é um caminhão conceito da Mercedes-Benz do Brasil para atender,<br />

ainda em testes, aos padrões da rigorosa norma europeia EEV Enhanced Environmentally Friendly Vehicles<br />

(veículos excepcionalmente compatíveis com o meio ambiente). A tecnologia BlueTec do motor OM 924 LA, em<br />

combinação com o uso do diesel de cana, resulta em 90% de redução nas emissões de gases do efeito estufa e<br />

em 33% de redução nas emissões de material particulado. A utilização de materiais recicláveis, em especial na<br />

cabine, evidencia o conceito ecológico do veículo.<br />

COMBUSTÍVEIS ALTERNATIVOS


PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

BUSINESS<br />

DELPHI<br />

Central elétrica Mapec<br />

A Delphi apresentou no Congresso SAE 2010 a evolução da central elétrica, a Mapec 1.5 eletrônica inteligente. A<br />

partir de estudos do mercado nacional e necessidades dos clientes, a engenharia avançada da empresa na América<br />

do Sul desenvolveu a tecnologia que traz como principal vantagem a solução de um dos maiores desafios<br />

nos veículos lançados em mercados emergentes: adição de opcionais após o lançamento. Esta é característica<br />

do mercado local, onde em média a vida de um projeto é muitas vezes maior do que dez anos. A nova versão da<br />

Mapec (Multi Application Electrical-Electronic Center) tem como principal característica a escalabilidade (flexibilidade)<br />

e aplicação a diversas plataformas veiculares. Permite a adequação do projeto ao custo do veículo, sem<br />

alterar a distribuição elétrica, e facilita a inclusão de opcionais, com impacto relativamente pequeno na estrutura<br />

do veículo. O gerenciamento de energia é mais eficiente, com otimização e miniaturização dos circuitos da distribuição<br />

elétrica. Há <strong>melhor</strong>ia do layout, redução no peso de cobre utilizado nos circuitos elétricos e no peso total<br />

do veículo, com redução de consumo de combustível e emissões de CO 2 .<br />

FIAT<br />

Mio, carro-conceito inédito com projeto colaborativo<br />

O projeto, lançado em 2009, foi consolidado em 2010 e apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo. O<br />

ineditismo foi construir um carro conceito de forma colaborativa. Por meio do portal do projeto (www.fiatmio.cc)<br />

foram recebidas mais de 17 mil sugestões para o carro do futuro, vindas de cerca de 150 países. O empreendimento<br />

conduzido pela Fiat foi considerado inovador, especialmente diante do conservadorismo do mercado automobilístico,<br />

e apontou novos caminhos para o desenvolvimento de projetos automotivos e teste de conceitos.<br />

O portal recebeu mais de 2 milhões de visitantes únicos.<br />

IVECO<br />

Embreagem inovadora patenteada<br />

A Iveco introduziu na família Stralis NR (pesado para tracionar mais de 45 toneladas de carga), em 2010, um<br />

sistema de embreagem inédito, com esforço de acionamento menor do que ocorre em carros de passeio. O<br />

veículo, com três opções de tração (4X2, 6X2 e 6X4), duas de câmbio, quatro de eixo traseiro e cabines de teto<br />

alto ou baixo, com mais de 60 configurações diferentes, chegou com motores de 460 cv e 410 cv, já configurados<br />

de fábrica com esforço de acionamento do pedal de embreagem de apenas 8 kg, metade do esforço exigido<br />

por um caminhão normal. Segundo a Iveco, trata-se de um projeto tão revolucionário que conquistou a primeira<br />

patente registrada na matriz italiana da Iveco em nome do Centro de Desenvolvimento de Produtos Iveco de Sete<br />

Lagoas, MG.<br />

MAGNETI MARELLI<br />

LEDs para lanternas<br />

A divisão Iluminação <strong>Automotiva</strong> da Magneti Marelli desenvolveu a primeira lanterna com LEDs para veículos brasileiros.<br />

A novidade surgiu na traseira do Fiat Idea 2011 e se destaca pela tecnologia “guia de luz”. A maior durabilidade<br />

do LED em relação às lâmpadas convencionais é uma das vantagens, já que não deve haver necessidade de<br />

substituição durante a vida útil do veículo. A crescente procura deste tipo de iluminação pelas montadoras está relacionada<br />

à redução do consumo de energia, que chega a ser vinte vezes inferior em relação às lâmpadas tradicionais,<br />

e ao acendimento imediato com iluminação total. A tecnologia é utilizada em carros importados do segmento luxo.


CONTINENTAL<br />

Gestão de resíduos para reaproveitamento<br />

O Grupo Automotivo (Chassis & Segurança, Powertrain e Interior) da Continental investiu fortemente em projetos<br />

de gestão de resíduos para reaproveitamento de materiais orgânicos, recicláveis e paletes de madeira, associados<br />

a rigoroso programa de descarte e reaproveitamento de efluentes gerados na fabricação de sistemas de freios,<br />

com redução em mais de 90% no uso de produtos químicos para tratamento da água e consumo de recursos<br />

naturais. A primeira ação foi destinar resíduos orgânicos de produção para a fabricação de adubo. Em 18 meses<br />

foram processadas 353 toneladas de lixo, que teriam como destino aterros sanitários, gerando passivos ambientais<br />

e gases do efeito estufa. Materiais não orgânicos reaproveitáveis são enviados à ONG Recicla Cidadão de<br />

Guarulhos. Em um ano, foram enviadas para reciclagem 100 toneladas de papel e papelão, gerando oportunidade<br />

de trabalho e renda para 40 moradores de comunidades carentes. A Apae de Salto, SP, recebe resíduos de<br />

madeira de paletes para produção de materiais de apoio ao tratamento de crianças excepcionais.<br />

DELPHI<br />

Redução no consumo de energia e reciclagem<br />

Após reduzir em 11% o gasto de energia elétrica, de 2006 a 2008, a Delphi cortou em mais 30% o consumo<br />

em 2010, com a substituição de motores industriais de baixo rendimento, mudanças no sistema de iluminação,<br />

adoção de telhas translúcidas e desligamento de máquinas durante horários ociosos (como nas pausas para<br />

refeições e nos fins de semana). A fabricante de sistemas automotivos tem padrões globais de gestão sustentável:<br />

a cada quatro anos todas as unidades da empresa no mundo passam por auditorias ambientais e de segurança,<br />

com relatórios encaminhados ao presidente mundial. Em 2009 a Delphi enviou para reaproveitamento mais de<br />

2 mil toneladas de resíduos. Com a junção de benefícios sociais e ambientais das ações de sustentabilidade, a<br />

empresa promove a coleta seletiva nas cidades onde atua, com envolvimento dos funcionários. Desde 2008,<br />

distribui aos empregados da fábrica de Espírito Santo do Pinhal, SP, sacolas de ráfia, para separação em suas<br />

casas do lixo reaproveitável. O material é doado a uma cooperativa. A quantidade coletada saltou de 6 para 20<br />

toneladas por mês.<br />

IOCHPE FORMARE<br />

Projeto estimula jovens carentes<br />

O projeto Formare, instituído pela Fundação Iochpe, completou 22 anos em 2010, com um retrospecto expressivo<br />

de atividade, vencendo o impacto provocado pela crise financeira deflagrada no final de 2008. O programa<br />

reúne seis dezenas de empresas parceiras empenhadas em oferecer cursos de educação profissional a jovens<br />

de famílias de baixa renda com idades de 16 a 18 anos. Quase 10 mil jovens já foram beneficiados. Os cursos<br />

proporcionam a oportunidade de formação inicial para o mercado de trabalho e têm a duração de um ano. As<br />

aulas são ministradas pelos próprios funcionários, de forma voluntária, nas instalações das empresas.<br />

WABCO<br />

Óleo usado trocado por alimentos<br />

A Wabco desenvolveu o projeto ambiental “De olho no óleo” para permitir que resíduos de óleo usado gerado nas<br />

residências dos funcionários passassem, a partir de uma simples atitude ambientalmente correta, a alimentar mais<br />

de 230 famílias carentes da comunidade onde a empresa se situa. O projeto simples tem impacto abrangente,<br />

propiciando a mais de 1.200 pessoas, entre elas adultos e crianças, a possibilidade de alimentar-se dignamente.<br />

O programa, iniciado em 2009 com base na recuperação do óleo de cozinha usado nos restaurantes da empresa,<br />

amadureceu em 2010, depois de recorrer a uma cooperativa de Campinas (parceria entre munícipes, prefeitura e<br />

concessionária de abastecimento de água) que recolhe o produto em residências e restaurantes para transesterificação<br />

e transformação em biocombustível, que é a fonte de receita do programa. O Departamento de Gestão<br />

Ambiental da Wabco troca um litro de óleo usado por um kg de alimento, que é endereçado aos necessitados. O<br />

óleo usado era anteriormente descartado, poluindo as águas da região. Em um ano e meio foram coletados 4 mil<br />

litros de óleo vegetal usado, engajando 15 mil pessoas na iniciativa socioambiental.<br />

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL


PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

MARKETING E PROPAGANDA<br />

BUSINESS<br />

FIAT NOVO UNO<br />

Campanha de lançamento<br />

A campanha da agência Leo Burnet para o lançamento levou o título “Novo Uno. Novo Tudo”, usando muito<br />

colorido para divulgar as diversas opções do carro, ao ritmo de músicas conhecidas como o Uni Duni Tê. A<br />

Fiat inovou na comunicação como um todo e nas campanhas de propaganda e promoção. Um dos pontos de<br />

destaque foi o convite aos internautas e formadores de opinião on-line para participar em tempo real do principal<br />

lançamento do mercado automobilístico brasileiro nos últimos anos, centralizado na Praia do Forte, em Salvador,<br />

e fazer perguntas sobre o novo modelo. A ação ocorreu por meio da rede social Formspring.me (www.formspring.<br />

me/fiatbr), movimentando um extraordinária entrevista coletiva global. Perguntas foram respondidas durante 24<br />

horas, sem interrupção. A ação foi criada pela agência Espalhe Marketing de Guerrilha.<br />

FORD NEW FIESTA<br />

Campanha de lançamento<br />

A campanha publicitária do modelo propôs, pela primeira vez na propaganda brasileira, uma sequência surpreendente<br />

ao revelar o final do anúncio no site www.facebook.com/newfiestastories. Num mundo cada vez mais<br />

conectado, a proposta da campanha foi a interação dos filmes publicitários na TV, da internet e dos anúncios<br />

impressos em jornais e revistas com a página New Fiesta Stories no Facebook. A campanha teve dois filmes para<br />

emissoras de TV por assinatura. O filme “Nas Alturas” leva uma “pessoa comum” a voar de planador. Para o<br />

Facebook foram produzidos dez documentários com dois minutos cada, abordando pessoas nas ruas com a proposta<br />

de uma experiência diferente. Os anúncios impressos seguiram a estratégia de integração entre as mídias,<br />

chamando para a página New Fiesta Stories. Como parte da campanha de lançamento do New Fiesta, o carro foi<br />

exposto em diversos locais no País. Ação inédita foi o New Fiesta Day”, em 23 de setembro, que uniu encontros<br />

simultâneos para convidados em mais de 180 distribuidores Ford e a divulgação desses eventos no Facebook.<br />

JAC MOTORS<br />

Campanha de lançamento “Inesperada”<br />

A Ogilvy & Mather terá budget de R$ 145 milhões para dar suporte às ações de propaganda da JAC Motors. A<br />

primeira iniciativa foi a campanha “Inesperado”, tendo como protagonista Fausto Silva, o Faustão, que destaca<br />

no comercial de 30 segundos o design italiano, ar-condicionado, direção hidráulica, airbag duplo, freios ABS e<br />

motor VVT com 108 cavalos, mas como artigos de linha e não como diferenciais. O apresentador global também<br />

participou da entrevista coletiva em Campinas e da cerimônia de entrega das chaves aos 200 primeiros compradores<br />

da marca, cujas cenas foram exibidas no seu programa. A campanha explora a garantia de seis anos e<br />

assistência 24 horas por um período de dois anos.<br />

VOLKSWAGEN<br />

Campanha Tigres para o CrossFox<br />

A campanha Tigres, criada pela AlmapBBDO para a Volkswagen, foi um dos destaques da marca em 2010, voltando<br />

à cena em várias oportunidades. O filme, de 30 segundos, mostra o Novo CrossFox na savana africana, onde é<br />

criado como se fosse um tigre. As filmagens foram feitas entre a Cidade do Cabo e Johannesburgo (onde não vivem<br />

tigres), com dois animais adultos e dois filhotes, com auxílio de um adestrador. Os anúncios impressos exibiram o<br />

modelo em diversas posições, com detalhes, mostrando os filhotes de tigre e com a assinatura “Novo CrossFox. O<br />

mais selvagem dos compactos”, caracterizando o DNA do veículo. A campanha foi estendida à web e trouxe ainda<br />

peças para rádio.


CEVA LOGISTICS<br />

Sistema puxado de abastecimento de linhas de produção de automóveis<br />

A Ceva Logistics e a Bysat criaram o sistema de coletores fixos e portáteis para o abastecimento eletrônico de linhas<br />

de produção sem patrulhamento. Após várias tentativas de utilização de tecnologias existentes (wi-fi ou rede física) e<br />

altos custos tornarem inviável a implementação de um projeto, a Ceva buscou alternativa em que o investimento fosse<br />

absorvido pelo aumento de produtividade, trazendo benefícios operacionais e financeiros para ambas as empresas. A<br />

solução foi o uso da comunicação via GPRS, eliminando-se a instalação de uma rede específica na montadora, o que<br />

reduziu em mais de 60% os custos das demais tecnologias analisadas. As <strong>melhor</strong>ias e redução de custos tornaram<br />

o projeto financeiramente atrativo: dependendo do escopo da operação e volumes envolvidos, o aumento da produtividade<br />

pode chegar a 20%. Atingiu-se a grande meta de transformar um fluxo empurrado em puxado, eliminando<br />

a necessidade do patrulhamento, controle manual dos pedidos e redução do estoque ao lado da linha, uma vez que<br />

o processo passou a ser mais confiável. O projeto facilitou o trabalho de <strong>melhor</strong>ia contínua, com relatórios gerados<br />

trazendo informações valiosas da operação. O projeto foi apontado como a <strong>melhor</strong> tecnologia na montadora para o<br />

tratamento de solicitação de itens de classes B e C, já que os produtos A já eram tratados pelo sistema JIT.<br />

GEFCO<br />

Implantação pioneira de sistema de radiofrequência em pátios de veículos no Brasil<br />

O pátio administrado pela Gefco Brasil para a PSA Peugeot Citroën tem capacidade para 21.540 veículos, em área de 500<br />

mil m², onde são movimentados 2 mil veículos por dia. A atualização nos sistemas era manual, ocasionando perda dos<br />

índices de performance ajustados com o cliente, além de comprometer a confiabilidade das informações. A solução da<br />

Gefco foi implementar rede de transmissão de dados própria, um Warehouse Management System (Sistema de Gerenciamento<br />

de Armazém) desenvolvido internamente na empresa, e leitura por radiofrequência dos veículos e vagas previamente<br />

etiquetados. Os dados são transmitidos em tempo real e automaticamente, possibilitando mapear e movimentar<br />

instantaneamente os veículos. O sistema integra o pátio a outros pátios de estocagem, como o de Porto Real, RJ, ou o<br />

de Minas Gerais, permitindo gerenciar todas as operações de estoque e distribuição de veículos para este cliente. A Gefco<br />

obteve ganho de 47% no tempo de inventário de veículos; 25% nas expedições; um tempo em trânsito dos automóveis<br />

em pátio de 95% a 99%, comparados aos 80% anteriores; rapidez e confiabilidade ao substituir a digitação por leitura por<br />

radiofrequência e ganho de tempo entre emissão de nota fiscal e saída física do veículo na expedição.<br />

ROCHESTER<br />

Ganhos na modernização de processos logísticos<br />

O fato de a Rochester não ter filiais, o aumento da demanda e a busca pela qualidade total deram início em 2010 ao projeto<br />

de modernização dos processos logísticos, implementando procedimentos por meio eletrônico (recebimento, embalagem,<br />

armazenagem, separação, expedição, garantia e qualidade), tecnologia QR Code (Código 2D), equipamentos móveis, inovações<br />

como picking simultâneo de mais de um pedido, por mais de um operador em andares diferentes, identificação<br />

dos produtos em cada volume (rastreado, acompanhado e conferido via sistema pelo cliente), embalados no andar, movimentados<br />

por esteiras e consolidados na expedição. Identificação: dos produtos de forma individualizada (cada item tem<br />

identificação única); dos paletes, carrinhos de movimentação e prateleiras de estocagem, para garantir rastreabilidade dos<br />

produtos e processos. Desenvolvimento da automatização dos meios de produção: máquinas adaptadas ou desenvolvidas<br />

exclusivamente para embalagem de miudezas mecânicas, flow-racks e contadoras. Outsourcing na distribuição (transporte),<br />

eliminação de frota própria e adoção de coleta automática diária em parceria com transportadores para distribuição nacional.<br />

Criação do setor Pick & Pack: produtos passaram a ser comercializados em quantidade agregada, otimizando a comercialização<br />

e facilitando inventários. Resultado: redução de 50% no tempo do ponto de pedido ao despacho e menor custo.<br />

VELOCE<br />

Equação eficiente no abastecimento da GM argentina em Rosário<br />

Em 2009, 18 mil m³ de peças eram comprados pela GM do Brasil de 300 fornecedores de MG, SP, PR, SC e RS para<br />

abastecer Rosário. Parte das coletas programadas abastecia as plantas brasileiras com armazenagem e transporte nacional<br />

e internacional. Aumento de produção da GM e de fornecedores para 400 e o lançamento do Agile trouxeram novos<br />

volumes (coleta de 120 mil m³/mês, cerca de 35 mil m³ para Rosário) e complicador: acréscimo de 1.900 parts-numbers.<br />

Decidiu-se trocar o provedor logístico; desenvolver nova solução e mudar para armazém maior. A Veloce, escolhida em<br />

logística e propôs soluções, focando o Centro de Consolidação de Diadema (CCD) com metas de diminuir o tempo de<br />

cruze internacional, km percorridos nas coletas, tempo no armazém e de elaboração dos documentos de exportação; e<br />

aumentar a produtividade dos equipamentos de transporte. Resultados surgiram nas estatísticas mensais: 6 mil viagens<br />

(mais de 1,5 milhão de km rodados); mais de 45 mil m³ de peças manuseadas no CCD; 480 viagens internacionais Brasil/<br />

Argentina, com 72 mil m³ de peças e embalagens de retorno. Houve <strong>melhor</strong>ias expressivas nos principais KPIs.<br />

LOGÍSTICA


PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

SERVIÇOS DE ENGENHARIA<br />

BUSINESS<br />

EDAG<br />

Grafagem com rolete<br />

A tarefa consistiu em planejar, projetar e construir instalações de fabricação de portas de um automóvel.<br />

Em especial, juntar os painéis interno e externo das portas e dobrar (grafar) o flange externo com<br />

a peça interna. O desafio: um prazo de 12 meses para instalação. Os métodos alternativos tradicionais<br />

de prensa com ferramenta ou dispositivo table top representam altos investimentos e prazos acima<br />

de um ano. A solução encontrada foi utilizar um dispositivo e um robô que carrega um cabeçote<br />

de grafagem, que faz voltas no contorno da porta e dobra o flange em vários passos. A tecnologia,<br />

desenvolvida em 2010, comprovou prazo de implementação inferior a 12 meses, com economia da<br />

ordem de R$ 1 milhão no investimento e qualidade de dobra igual ou superior em comparação aos<br />

métodos tradicionais. A força da dobra é programável conforme a necessidade e há flexibilidade para<br />

aplicação a novos produtos.<br />

MAHLE<br />

Redução de tempo e custos no desenvolvimento de motor com maior eficiência<br />

Por causa da grande competitividade do mercado automotivo, os fabricantes de motor concentram esforços<br />

em minimizar tempo e custos dos projetos de desenvolvimento. Em consequência, muitos testes<br />

experimentais para suportar o desenvolvimento do motor e seus componentes são substituídos por simulações<br />

numéricas, permitindo redução significativa de testes de bancada e motor. A integração de ferramentas<br />

de simulação numérica é base da filosofia de Virtual Engine Development (VED), que consiste<br />

em simular numericamente o comportamento sistêmico de todo o motor e seus componentes. A Mahle<br />

aplicou o conceito de VED no desenvolvimento do motor PSA 1.4l SI, objetivando aumento de potência<br />

de 15% em relação à versão anterior do motor, 7% de aumento de torque e 8% de redução de consumo<br />

específico de combustível. Extensivas simulações numéricas do comportamento do novo motor em<br />

comparação ao anterior foram realizadas, permitindo a <strong>melhor</strong>a do desempenho do motor e componentes<br />

como pistão, anéis, bielas, camisas, bloco e cabeçote. O motor otimizado virtualmente foi então<br />

construído fisicamente e submetido a testes experimentais de validação. Resultados: aumento de 22% da<br />

potência e torque em relação à versão anterior, 10% de redução do consumo específico de combustível e<br />

diminuição no tempo de desenvolvimento do motor em cinco meses, excedendo as expectativas iniciais.<br />

T-SYSTEMS<br />

Software de automação de banco de provas controla motor em teste<br />

O sistema possui as seguintes funcionalidades principais: lógica de verificação de alarmes, rotinas de<br />

emergência, telas para visualização dos diversos sensores do banco, telas para controle dos PIDs, tela<br />

para controle manual do motor, tela com os alarmes ativos no momento, rotinas para acionar e parar o<br />

motor, controle dos diversos equipamentos do banco (interface Seria, ethernet e híbrida), integração à<br />

eletrônica do motor, integração com bancos de dados SQL, calibração de todos os sensores do banco,<br />

controle de acesso às telas baseado no login do usuário, rotinas que registram todas as funções que<br />

estão sendo executadas, para facilitar a manutenção. As telas principais de interface com o usuário foram<br />

desenvolvidas em WPF, o que permitiu a construção de telas amigáveis e de fácil utilização, além de<br />

possuírem um visual moderno. O sistema foi elogiado pelos usuários finais, pela diretoria do cliente e<br />

recebeu um prêmio interno da empresa por ter sido um dos projetos de destaque e sucesso de 2010.<br />

VIRTUALCAE<br />

Redução de massa em componentes<br />

A VirtualCAE foi a única empresa a encarar o desafio técnico lançado aos principais fornecedores da<br />

ThyssenKrupp na área de cálculos estruturais para redução de massa. O objetivo foi <strong>melhor</strong>ar performance,<br />

redução de custos, adequação a tecnologias de fabricação existentes e até mesmo novas<br />

soluções construtivas. Solução: por meio de ferramentas como o Tosca, software de otimização estrutural<br />

não paramétrica, puderam ser simuladas tanto a otimização topológica quanto de forma. Outro<br />

produto utilizado foi o Femfat, que deu respostas rápidas e confiáveis relativas ao estudo de fadiga dos<br />

componentes, promovendo a redução ou eliminação do número de testes e a redução do tempo de<br />

desenvolvimento de produto. Os benefícios: juntamente com o atendimento aos requisitos técnicos<br />

para obedecer às legislações de emissões, a redução de consumo de combustível tem se tornado<br />

essencial nos últimos anos. Componentes mais leves ajudam em muito na redução de consumo de<br />

combustível e este tem sido um dos principais focos da ThyssenKrupp em projetos de pesquisa e<br />

desenvolvimento. Pela solução da VirtualCAE, a empresa calcula, inicialmente, redução de no mínimo<br />

5% do peso usinado de seus componentes. Há casos de a redução chegar a 18%. Dependendo da tecnologia<br />

de fabricação na usinagem pode-se alcançar redução de custo da ordem de milhão de euros.


AETHRA<br />

Revestimento verde, econômico e ambientalmente correto para reservatórios<br />

Baseado na busca contínua por soluções tecnológicas sustentáveis e competitivas, a Aethra Sistemas Automotivos<br />

desenvolveu nova tecnologia de revestimento pré-pintado organometálico, interno e externo, para reservatórios de<br />

combustível metálicos. A iniciativa atende as diversas normas técnicas utilizadas na qualificação dos reservatórios<br />

de combustíveis, entre as quais se destacam as que delimitam a resistência à corrosão nos mais variados meios,<br />

a vida em fadiga e a resistência aos esforços mecânicos que o componente está sujeito durante sua aplicação e<br />

vida útil. Um dos diferenciais do revestimento é o benefício ambiental, ao substituir as tecnologias convencionais de<br />

revestimento metálico e pinturas catódicas, agressivas ao meio ambiente, pela pintura organometálica, com níveis<br />

inferiores de emissão de poluentes na pintura e na aplicação do componente pintado, atendendo normas exigentes<br />

como a PZEV, Euro 5 e, em processo de homologação, para Carb. Há redução de custos, pois a bobina é pintada<br />

pelo fornecedor da matéria-prima, eliminando as etapas de aplicação e cura de pintura na produção do reservatório<br />

de combustível. Os reservatórios são totalmente recicláveis e a sucata gerada é facilmente absorvida pelo mercado,<br />

uma vez que o material tem composição química e propriedades mecânicas bem definidas.<br />

AUTOMOTIVA USIMINAS<br />

Novo modelo de produção e linhas avançadas para caminhões<br />

A linha de pintura ociosa quase quebrou a Brasinca, de Pouso Alegre, MG, em 1999, que foi vendida à <strong>Usiminas</strong>.<br />

Os resultados financeiros demoraram a surgir, pelas limitações da operação, quase restrita à estampagem. Nova<br />

estratégia foi definida, alterando radicalmente o destino da empresa: oferecer serviços integrados, com suprimento<br />

de aço, estampagem, solda, armação, pintura e montagem final. A empresa tornou-se sistemista para atender<br />

clientes como Ford, International, Mitsubishi, Iveco, Volkswagen, Mercedes, Scania, Peugeot, GM e Mahindra. A<br />

nova política deu certo e foi embalada pelo crescimento do mercado de veículos comerciais e de caminhões, a<br />

alma do negócio. Em 2009, no auge do tsunami financeiro, a empresa viu a área de pintura tornar-se um gargalo<br />

quando surgiu um negócio importante em parceria com a Ford: produzir integralmente a cabine do Novo Cargo. A<br />

empresa decidiu ir em frente e apostar no negócio, apesar das grandes incertezas que o mercado trazia. A estratégia<br />

se mostrou novamente acertada. A Ford, ao lançar o Novo Cargo em março, anunciou que a <strong>Automotiva</strong> <strong>Usiminas</strong> é<br />

sua parceira em Pouso Alegre, MG, onde foi erguida nova linha de montagem, uma das mais modernas do mundo,<br />

exclusiva para a cabine nova. Trata-se de um novo modelo de negócio, com investimento também do cliente, e uma<br />

expressiva inovação no segmento de caminhões, possibilitada pelo acerto continuado das estratégias da sistemista.<br />

CHRIS CINTOS<br />

Desenvolvimento de retratores com pré-tensionadores<br />

Com a implementação compulsória dos airbags, a partir de 2014, o sistema de segurança dos automóveis exigirá<br />

cintos de segurança dotados de pré-tensionadores, que <strong>melhor</strong>am o desempenho dos airbags mas são até agora<br />

importados e não se desenvolveu know how local para fabricação do item. Em resposta à nova exigência, e visando<br />

a atender principalmente as montadoras locais, a Chris Cintos foi a pioneira no Brasil a desenvolver e produzir<br />

os retratores com limitadores de carga e pré-tensionadores, com características inéditas. O ponto de partida foi<br />

o retrator de duplo bloqueio-padrão e o desafio era manter essas características, maximizando a comunização<br />

de componentes, o que foi conseguido. Esse retrator com pré-tensionador é o primeiro no Brasil e no mundo<br />

que permite o duplo bloqueio do eixo, travando-o simetricamente nas duas faces da carcaça; quando acionado,<br />

o pré-tensionador também atua nas duas extremidades, mantendo perfeito alinhamento do eixo. Por trabalhar<br />

com elementos de propulsão de menor diâmetro, há menor tempo de resposta quando comparado com os<br />

concorrentes. O produto foi testado e aprovado por algumas das principais montadoras mundiais. A Chris Cintos<br />

atingiu seus objetivos e, além de vantagens técnicas, desenvolveu um produto com preço altamente competitivo.<br />

DANA<br />

Lean: sustentação e alavancagem na Dana<br />

A indústria automobilística se reinventa. A estrutura de custos provou-se inviável e a busca por excelência operacional<br />

é fundamental para performance e sobrevivência. Sob pressão de custos e histórico de baixa eficiência, em 2008<br />

a Dana saiu do Chapter 11 focada, com balanço sólido e dinheiro em caixa. Assumiu sua natureza de manufatura<br />

e adotou o modelo Toyota. O DOS (Dana Operating System) vê a manufatura holisticamente e busca condições<br />

perfeitas de segurança, qualidade, entrega e menores custos, com mínimo inventário: a demanda dita o passo. O<br />

estilo de liderança é vital, os líderes se relacionam com as pessoas, nas linhas de produção, motivando-as e ajudando<br />

em frequentes <strong>melhor</strong>ias para maior qualidade e ambiente de trabalho seguro e eficiente. Os resultados são<br />

visíveis, com sólida redução de PPM e custos de conversão: redução de fretes aéreos, sucata e custos operacionais<br />

fundamentada por aumento de eficiência superior a 50%. O DOS surgiu de problema cuja raiz é anterior a 2010.<br />

Mas em 2010 colocou tudo à prova depois da queda de 2009 ser atropelada pelo reaquecimento brusco. Evitou o<br />

aumento dos custos de conversão, fez mais, com menos, e <strong>melhor</strong>. “Se não se pode medir, não se pode gerenciar.”<br />

AUTOPEÇAS: METÁLICOS


PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

AUTOPEÇAS: POWERTRAIN<br />

BUSINESS<br />

FIAT POWERTRAIN<br />

Família de motores E.torQ<br />

O lançamento, amplamente aceito pelos clientes e pela crítica especializada, em pouco tempo alcançou sete plataformas<br />

e 49 aplicações. A trajetória demonstra o sucesso da família E.torQ, da Fiat Powertrain, que leva no nome<br />

um dos seus principais atributos, o alto torque em baixas rotações. A letra “E” do seu nome indica outros destaques<br />

simbolizados nas palavras Engenharia, Ecologia, Emoção e Energia, palavras que mostram que os propulsores são<br />

também referência em desempenho, tecnologia, baixos índices de consumo, emissão de poluentes, ruídos e vibrações.<br />

A família E.torQ resultou de mais de 500 mil horas de desenvolvimento e 5 milhões de quilômetros em provas<br />

de durabilidade, confiabilidade e aplicação. O amplo trabalho de engenharia permitiu, com base na versão 1.6 16v<br />

gasolina E0, da ex-Tritec Motors, elaborar outras cinco versões, com mais de 70% dos componentes novos: 1.6 16v<br />

Flex e E0; 1.8 16v Flex e E0; e de uma versão Sulev, em desenvolvimento. Merece destaque a aplicação do motor 1.8<br />

aos monopostos da Fórmula Future Fiat, em versão aspirada de 160 cv. Esses atributos tornam os motores E.torQ<br />

produtos globais, reflexo da qualidade das instalações em Campo Largo, PR, onde são produzidos, após investimentos<br />

de R$ 500 milhões para tornar a unidade industrial com linhas à prova de erros e excelência em produtos e processos.<br />

MAHLE<br />

Desenvolvimento de coletor com simulação numérica<br />

Durante a vida útil de um componente automotivo, vários fenômenos atuam simultaneamente. O desenvolvimento<br />

desses componentes deve considerar o maior número desses fenômenos, algo desafiador que leva grupos de pesquisa<br />

cada vez mais ao seu limite. Em 2010, a Mahle desenvolveu totalmente no Brasil e com uso intensivo de simulação<br />

numérica um coletor de admissão automotivo, que deve apresentar restrições de fluxo razoáveis, resistência à pressão<br />

interna e estabilidade mecânica sob solicitações dinâmicas; tudo foi avaliado quanto ao desempenho final. Nesse contexto,<br />

a Mahle se apresenta na vanguarda com o uso de simulação multifísica: a modelagem dos mais diversos fenômenos<br />

envolvidos e que hoje tem um papel vital na companhia. Agora é possível verificar todas as influências, diferentemente<br />

do que ocorria no passado ou em concorrentes em que nem todas as solicitações dos clientes são avaliadas<br />

por modelagem matemática. Projetam-se <strong>melhor</strong>es componentes, mais rapidamente. Modelos virtuais permitem aos<br />

engenheiros a redução de custos, já que menos protótipos são necessários para as diversas fases de desenvolvimento.<br />

O processo culminou com a nomeação da Mahle ao fornecimento dessa parte a uma grande montadora, revertendo<br />

em faturamento os esforços e investimentos <strong>sempre</strong> aplicados nas áreas de simulação e testes no Brasil. Constrói-se<br />

também a imagem de parceiro tecnológico inteligente e preparado para novos desafios.<br />

MWM INTERNATIONAL<br />

Evolução no lançamento do motor MWM MaxxForce 3.2H<br />

A MWM International identificou uma crescente demanda por motores compactos para caminhões leves e ônibus, no Brasil<br />

e em diversos mercados ao redor do mundo. Para atender a diversidade de aplicações e diferentes normas de emissões,<br />

esse produto foi desenvolvido para atender de maneira flexível as legislações Euro III, IV, V e VI, com um pacote atraente,<br />

mantendo o motor básico e minimizando o trabalho com adaptações para as diferentes normas de emissões. Com base no<br />

completo entendimento das necessidades e desejos do cliente, tendências do mercado e novas tecnologias disponíveis, foi<br />

desenvolvido o MaxxForce 3.2H, com o EGR de alta eficiência, os injetores centrais e verticais, novo cabeçote de 16 válvulas<br />

cross flow com comando único e o turbo de geometria variável Dual Axle, com comando eletrônico e roda de titânio, que<br />

proporciona maior durabilidade e robustez. O MaxxForce 3.2H conta com tucho hidráulico que elimina manutenção das válvulas<br />

e sistema de distribuição traseiro de engrenagens. Resultados: a empresa estabeleceu um acordo de desenvolvimento<br />

e produção dos motores MaxxForce 3.2H para a Daewoo Bus, que serão comercializados na Coreia do Sul e em mercados<br />

globais. Em junho de 2010, a MWM International fechou outro contrato internacional para fornecer o MaxxForce 3.2H à<br />

Otokar, da Turquia, que será comercializado na Turquia, Europa, Norte da África e Oriente Médio.<br />

ROBERT BOSCH<br />

Novas tecnologias e soluções no sistema Diesel-Gas<br />

A demanda por alternativas ambientais para veículos comerciais assume importância global. O gás natural, por causa da infraestrutura<br />

disponível, destaca-se como alternativa importante. A Bosch estendeu a experiência com sistemas de injeção em motores<br />

Otto NG e Diesel para desenvolver a tecnologia Diesel-Gas. O novo sistema, adicionalmente aos Otto NG, pode atender<br />

expectativas sobre custos, emissões e desempenho de motores e veículos. O sistema bicombustível consiste na aplicação de<br />

componentes para gás natural a motores diesel existentes, para operação simultânea com gás e diesel. O diesel inicia a combustão<br />

e gera energia necessária para a queima do gás. O ciclo se completa sem perda de eficiência em relação ao modo diesel<br />

original. O controle eletrônico dos dois sistemas deve permitir alto desempenho ao motor e ao veículo, com significativa redução<br />

de consumo e emissões. Em 2010, a Bosch concentrou-se no desenvolvimento da plataforma, com definição da estrutura<br />

de SW, desenvolvimento de funções de controle/monitoramento e montagem de protótipos motor/veículo para testes. O<br />

grande destaque do ano foi a inclusão do produto no portfólio da Bosch, possibilitando a comercialização global. O sucesso da<br />

tecnologia depende da legislação específica de emissões e vencer a falta de conhecimento sobre a tecnologia e seus avanços.


ARTECOLA<br />

Fibras naturais para aplicação automotiva<br />

Especialista em laminados especiais, a Artecola desenvolveu em 2010 a Ecofibra para atender os projetos de EcoSport<br />

e Agile, acatando a solicitação dos clientes para a introdução nos veículos de materiais ambientalmente adequados.<br />

O material é totalmente reciclável e aplicado em porta-pacotes e no interior dos veículos, contribuindo para<br />

o conforto acústico interno e a redução no peso específico das peças. Segundo a empresa, trata-se do primeiro<br />

porta-pacotes totalmente reciclável do mercado brasileiro, chegando como uma resposta a aplicações de componentes<br />

sustentáveis, verdes, nos automóveis brasileiros. A Ecofibra é produzida com matérias-primas atóxicas, que<br />

incluem polímeros da família das poliolefinas e fibras vegetais, como a farinha de madeira. O reaproveitamento<br />

é completo, mesmo das aparas resultantes do processo de fabricação das peças ou após o final da vida útil dos<br />

componentes que as contêm. As aplicações se estendem a laterais e medalhões de portas, porta-pacotes e revestimentos<br />

internos, entre outros componentes. O fabricante destaca entre as vantagens da solução a otimização dos<br />

custos, simplicidade de processo, menor peso, flexibilidade de aplicações, fácil moldagem, acabamento de alto<br />

padrão, absorção de ruídos internos, resistência a impactos e à umidade.<br />

COOPER STANDARD<br />

Substituição de materiais poliméricos em sistemas de vedação de vidros<br />

Atualmente, os sistemas de vedação automotiva no Brasil são baseados em perfis extrudados de borracha EPDM<br />

(Ethylene Propylene Diene Monomer), que têm restrições como: 1) peso elevado; 2) necessidade de estrutura<br />

metálica para garantir a rigidez da estrutura do perfil; 3) potencial elevado de corrosão no veículo, por causa da<br />

estrutura metálica; 4) o processamento do EPDM não permite acoplamento de funções em razão da temperatura<br />

elevada para a vulcanização do EPDM; 5) impossibilidade de obter cores diferentes do preto, por causa da formulação<br />

do EPDM; 6) tempo elevado de processamento; 7) alto consumo de energia para o processamento do<br />

EPDM; 8) impossibilidade de reutilização do refugo do EPDM no mesmo processo produtivo; 9) emissão de CO 2 ,<br />

durante o processamento, para a atmosfera. Em 2010, a Cooper Standard <strong>Automotive</strong> desenvolveu o sistema de<br />

vedação para vidros móveis em polímero termoplástico (TP), solução que permitirá obter ganhos significativos<br />

como a diminuição de 30% no peso das peças e redução de custo da ordem de 25%. Atualmente, vários projetos<br />

com as montadoras já estão sendo validados com essa solução inovadora e mais amigável ao meio ambiente.<br />

COVENTYA<br />

Soluções na área de selantes automotivos<br />

A menor proteção dos passivadores trivalentes ante os antigos hexavalentes levou ao aumento das camadas e<br />

uso do zinco-níquel (Zn-Ni) alcalino. Em fixadores há a necessidade da utilização de selantes com controle de<br />

torque, essencial em montagens mecanizadas. Renault e PSA tiveram ganhos com selantes Coventya com torque<br />

controlado. O Zn-Ni surgiu como tecnologia resistente a choques mecânicos e proteção à corrosão com alumínio.<br />

A dureza do Zn-Ni criou problema de fricção ao parafusar contra o alumínio. O problema na Renault foi resolvido<br />

com cobertura do selante e passivação otimizada de fina granulometria controlando a estrutura do depósito<br />

de Zn-Ni. O atrito selante versus passivador trivalente sobre o Zn-Ni leva a atrito elevado com o alumínio: a dureza<br />

~ 90HV leva à baixa propriedade de atrito em contato com o selante e o passivador de Zn-Ni (o coeficiente pode<br />

corresponder a danos na superfície do alumínio, μg = 0,37). A solução foi atuar nas três camadas de depósito:<br />

Processo de Zn-Ni Performa 285: adaptando a estrutura com decréscimo dos nódulos, μg = 0,27, Estrutura e<br />

Camada do Passivador - Finidip 128: um passivador adequado capaz de reter o lubrificante e Sinergia - Finigard<br />

150: entre o lubrificante hidrofóbico ligado com a camada passivadora e a energia da superfície do passivador<br />

de acordo com o selante, resultando em μg = 0,135. Os <strong>melhor</strong>es resultados foram alcançados e os processos<br />

foram aprovados pelas normas Renault - 01.71 4002 N e PSA - B15 4101, B15 4102 A.<br />

SAINT GOBAIN SEKURIT<br />

Para-brisa antiembaçante inédito<br />

Como resultado de um programa que envolveu inovação tecnológica, a Saint-Gobain Sekurit contribuiu para a<br />

Fiat antecipar-se na modernização dos automóveis que produz para o mercado da região do Mercosul. O Novo<br />

Uno tornou-se o primeiro modelo produzido no País a ser equipado com para-brisa antiembaçante, que permite<br />

<strong>melhor</strong> visibilidade ao motorista em dias de chuva ou de baixa temperatura ambiente. Desenvolvido ao longo<br />

dos últimos três anos e disponível como opcional para o modelo básico sem ar-condicionado do Novo Uno, o<br />

para-brisa possui uma resistência elétrica formada por filamentos de tungstênio com espessura de mícrons que,<br />

ao ser acionada, promove o completo desembaçamento do vidro em minutos. Diferentemente dos mercados<br />

norte-americano, europeu e asiático, onde o para-brisa antiembaçante é aplicado em automóveis de maior conteúdo,<br />

no Brasil teve utilização pioneira em um modelo de entrada.<br />

AUTOPEÇAS: QUÍMICOS


PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

AUTOPEÇAS: ELETROELETRÔNICOS<br />

BUSINESS<br />

CONTINENTAL<br />

Sensor de etanol “verde” para controle de emissão<br />

Com foco no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e amigáveis ao meio ambiente, o Grupo Continental desenvolveu<br />

exclusivo sensor de combustível que permite maior precisão e robustez aos sistemas de injeção flex-fuel.<br />

Com a medição exata do porcentual de etanol no tanque de combustível de veículos flex, o equipamento permite<br />

que as emissões e o gerenciamento de motor sejam otimizados para a atual e futuras legislações. O sinal de saída<br />

do componente, situado entre o tanque de combustível e os injetores, é enviado à unidade eletrônica de controle<br />

do motor (ECU). Com a informação, o sistema ajusta e otimiza os parâmetros mais relevantes ao sistema de gerenciamento<br />

eletrônico do motor, como quantidade de combustível a ser injetada e o ângulo de ignição a ser aplicado.<br />

Assim, o sensor contribui significativamente para aumento de eficiência do gerenciamento do motor flex, <strong>melhor</strong><br />

desempenho e, principalmente, controle de emissão de poluentes com o <strong>melhor</strong> e mais eficiente reconhecimento<br />

das misturas no tanque de combustível, especialmente durante as transições no uso de diferentes combustíveis.<br />

Trata-se de um sistema de reconhecida aplicação em sistemas flex-fuel no exterior que proporciona um nível superior<br />

de performance e confiabilidade no gerenciamento eletrônico de motores em relação aos sistemas disponíveis<br />

no mercado, tornando-se ótima opção para aumento da robustez de sistemas de injeção flex-fuel.<br />

DELPHI<br />

Central eletrônica Mapec<br />

A Delphi apresentou no Congresso SAE 2010 a evolução da central elétrica, a Mapec 1.5 eletrônica inteligente. A partir de<br />

estudos do mercado nacional e necessidades dos clientes, a engenharia avançada da empresa na América do Sul desenvolveu<br />

a tecnologia que traz como principal vantagem a solução de um dos maiores desafios nos veículos lançados em<br />

mercados emergentes: adição de opcionais após o lançamento. Esta é característica do mercado local, onde em média a<br />

vida de um projeto é muitas vezes maior do que dez anos. A nova versão da Mapec (Multi Application Electrical-Electronic<br />

Center) tem como principal característica a escalabilidade (flexibilidade) e aplicação a diversas plataformas veiculares. Permite<br />

a adequação do projeto ao custo do veículo, sem alterar a distribuição elétrica, e facilita inclusão de opcionais, com<br />

impacto relativamente pequeno na estrutura do veículo. O gerenciamento de energia é mais eficiente, com otimização e<br />

miniaturização dos circuitos da distribuição elétrica. Há <strong>melhor</strong>ia do layout, redução no peso de cobre utilizado nos circuitos<br />

elétricos e no peso total do veículo, com redução de consumo de combustível e de emissões de CO 2 .<br />

MAGNETI MARELLI<br />

Veículos híbridos e elétricos<br />

A proposta foi incentivar o uso de híbridos e elétricos no Brasil, com uso de fontes renováveis como o etanol. A Magneti<br />

Marelli, com outros fornecedores presentes localmente, é responsável por grande parte do mercado das centrais de injeção<br />

flex. Em um primeiro momento baseado nas tecnologias desenvolvidas para os mercados europeu, asiático e americano,<br />

prospectou clientes para a tração elétrica em desenvolvimento. Os componentes principais seriam o motor/gerador, inversor<br />

e gerenciador de energia. A bateria é o componente critico quanto à disponibilidade e tecnologia. Case: embora muito se<br />

fale, poucas oportunidades efetivas existem para veículos híbridos e elétricos no Brasil: falta regulamentação ou incentivo real<br />

para uso destes veículos e o preço do produto final e componentes é elevado. No entanto, o setor de transporte público é<br />

área bastante interessante para essa aplicação. O tamanho do veículo e a potência permitem o uso de motores muito similares<br />

aos atualmente utilizados na indústria. O setor público com a íntima ligação à administração das cidades oferece dois<br />

pontos positivos: dá o exemplo e pode exigir nas licitações este tipo de veículo. Com base na solução desenvolvida para um<br />

veículo utilitário, com alterações de calibração, foi possível utilizar o mesmo motor em um coletivo biarticulado. O projeto,<br />

demonstrativo por enquanto, foi desenvolvido com vários parceiros e sistemistas na Itaipu Binacional.<br />

WABCO<br />

Unidade eletrônica de processamento de ar inteligente<br />

Um dos grandes objetivos da indústria automobilista são sistemas inteligentes para reduzir consumo de combustível,<br />

pela eficiência ou inovação. O compressor de ar em veículos comerciais, fisicamente conectado ao motor,<br />

consome potência e energia dele. Buscando solução inovadora para redução do consumo de combustível, a Wabco<br />

desenvolveu um sistema eletrônico integrado aos secadores de ar para otimizar o uso do compressor de ar.<br />

A Unidade Eletrônica de Processamento de Ar (E-APU) é dispositivo inteligente que visa a direcionar os períodos<br />

de funcionamento do compressor aos intervalos de tempo com menor demanda de energia e potência do motor.<br />

Em comparação à situação atual, na qual o compressor tem funcionamento binário entre carregamento e trabalho<br />

em vazio, isso significa mudança ímpar na forma de alimentação do sistema pneumático. Tão claros quanto<br />

os resultados teóricos, os testes em campo demonstraram o sucesso do novo sistema Wabco. Resultados com o<br />

uso da E-APU apontam economia de até 260 litros de combustível, em comparação ao mesmo veículo equipado<br />

sem a E-APU, considerando duty-cycle (razão entre o tempo de trabalho do compressor e o do motor) de 50%. Tal<br />

conquista é resultado direto do êxito no projeto, possibilitando redução no consumo de combustível e emissão<br />

de poluentes. Resultados <strong>melhor</strong>es são obtidos em áreas urbanas, em que o duty-cycle é extremamente elevado.


BEHR<br />

Modelo disciplinado de gestão<br />

Com foco na excelência operacional, a Behr Brasil vem aplicando com sucesso um modelo disciplinado de gestão<br />

denominado BPS, Sistema de Produção Behr, baseado nos princípios da manufatura enxuta. A aplicação do modelo<br />

possibilita observar resultados qualitativos e quantitativos, como redução de custos e lead time, desde o momento<br />

em que o pedido chega à empresa até a entrega do produto ao cliente. O foco do BPS é <strong>melhor</strong>ar os processos de<br />

produção de forma contínua, <strong>sempre</strong> levando em consideração o todo, reduzindo desperdícios e custos, aumentando<br />

a produtividade e qualidade, assegurando a satisfação do cliente. Desde sua implementação, o BPS vem somando<br />

números positivos à Behr Brasil. Diversas áreas de produção foram envolvidas a fim de transformar “linhas pilotos” em<br />

“células de excelência”. Baseando-se em metas pré-estabelecidas, realizam-se análises da situação atual e o desenho<br />

do estado futuro. Com a aplicação do BPS, em 2010, houve um aumento de 30% de produtividade, reduções de 52%<br />

do inventário em processos, 32% do lead time, 56% do tempo de set up e liberação de 1.800 m² na área produtiva para<br />

implementação de novos projetos. Por causa do sucesso da aplicação do BPS na Behr Brasil, a empresa foi designada<br />

a liderar um time para revisar o elemento “<strong>melhor</strong>ia contínua”, dentro do BPS, nas demais plantas do Grupo no mundo.<br />

Para a Behr, sem dúvida, o BPS é a chave para o sucesso e maior competitividade da empresa.<br />

ROBERT BOSCH<br />

Parceria no desenvolvimento de fornecedores<br />

A Robert Bosch América Latina tem um programa estratégico de desenvolvimento de fornecedores com referência<br />

nos conceitos do Lean Manufacturing. Esse programa é desenvolvido em parceria com os fornecedores por meio de<br />

um grupo de especialistas em diversas áreas (logística, qualidade, fabricação, suporte na gestão visual, desdobramento<br />

de metas e recursos humanos). É realizado o mapeamento do fluxo de valor em que os potenciais são identificados e<br />

transformados em projetos que, apoiados por treinamentos (cerca de 200 horas), são acompanhados e implementados.<br />

O trabalho é desenvolvido em célula piloto e posteriormente estendido às demais áreas. O programa nos últimos<br />

sete anos já concluiu o trabalho em 34 fornecedores e possui dez em fase de implementação. Como exemplo, um dos<br />

fornecedores que concluíram o projeto em 2010 obteve resultados significativos em produtividade (+50%), eficiência<br />

de equipamentos (+10%), redução material em processo (-60%), tempo de troca de ferramental (-20%) e qualidade<br />

(-25% custos internos da não-qualidade). Após programa, adotou o conceito de manufatura enxuta como estratégia de<br />

fabricação. Um grande diferencial neste modelo é a <strong>melhor</strong>ia contínua pela utilização de ferramentas sistêmicas, banco<br />

de ideias e ciclo PDCA. No caso desse fornecedor, o programa como um todo, inclusive a avaliação do grau de maturidade,<br />

durou cerca de quatro anos. Esse parceiro foi promovido a “Fornecedor Preferencial Mundial da Robert Bosch”.<br />

DELPHI<br />

Primeiro laboratório de testes de arquiteturas eletroeletrônicas da América do Sul<br />

Para oferecer às montadoras uma alternativa capaz de minimizar problemas cada vez mais comuns como os recalls que<br />

envolvem arquitetura eletroeletrônica, a Delphi inaugurou em 2010, de forma pioneira, o primeiro laboratório de testes,<br />

validação e homologação de arquiteturas eletroeletrônicas da América do Sul. Com a iniciativa, os fabricantes de automóveis<br />

não precisam mais realizar testes fora do país, o que diminui custos e reduz em até dois meses o tempo de desenvolvimento<br />

e validação de um projeto. Os serviços oferecidos pelo laboratório, localizado na unidade de Jambeiro, ajudam<br />

os parceiros de negócios da Delphi a identificar se as peças submetidas à avaliação estão dimensionadas corretamente e<br />

qual dispositivo (proteção, chaveamento) é ideal para cada veículo. Os testes podem ser realizados para carros ainda não<br />

lançados ou modelos já comercializados. Para garantir a eficiência de todo o sistema, o laboratório pode analisar o tempo<br />

de vida útil de cada peça e corrigir possíveis distorções nos sistemas, oferecendo aos clientes a capacidade de realizar<br />

<strong>melhor</strong>ias no custo e na qualidade. O centro de testes da Delphi é o primeiro na América do Sul e o quarto da empresa<br />

no mundo, um diferencial em relação ao mercado que ressalta a capacidade técnica da empresa. Além do investimento<br />

realizado em estrutura, houve o investimento na especialização de seus funcionários no centro europeu da companhia.<br />

MWM INTERNATIONAL<br />

Promoção de sinergia entre fornecedores<br />

Com as perspectivas otimistas de crescimento do setor, a MWM International precisou orientar a sua cadeia de suprimentos<br />

nacional sobre o aumento da demanda de produção e perspectivas em longo prazo para conquistar o comprometimento<br />

dos fornecedores, evitar atrasos nas entregas e gargalos. Ela promoveu um workshop para os fornecedores com o principal<br />

objetivo de alinhar com a cadeia da empresa a visão de demanda de longo prazo, buscando engajamento dos fornecedores<br />

com os volumes apresentados pela companhia. Em 2010, o evento reunmiu 200 fornecedores. A empresa apresentou informações<br />

para auxiliar em estratégias de produção, capacidade e suprimentos para assegurar o crescimento, compartilhando<br />

informações de mercado e novos produtos. O evento teve diretores e gerentes das áreas de vendas, compras, manufatura,<br />

engenharia da qualidade e logística. Resultados: a empresa fechou 2010 com produção recorde de 144 mil motores, a <strong>melhor</strong><br />

em 57 anos no Mercosul e espera crescer de 11% na produção de propulsores para 2011, com 36% em aumento nas<br />

vendas ao mercado externo. A empresa cumpriu os prazos de entrega e obteve o comprometimento de seus fornecedores.<br />

AUTOPEÇAS: SINERGIA


ALTA RODA FERNANDO CALMON<br />

FERNANDO CALMON é<br />

jornalista especializado na<br />

indústria automobilística<br />

fernando@calmon.jor.br<br />

Leia a coluna Alta Roda<br />

também no portal<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>.<br />

PATROCINADORES:<br />

110BUSINESS<br />

LUIS PRADO<br />

EM BUSCA DO EQUILÍBRIO<br />

A<br />

té 2015, o mercado<br />

interno chinês alcançará<br />

o nível anual<br />

de 25 milhões de veículos.<br />

Como comparação, o<br />

<strong>melhor</strong> resultado de vendas<br />

nos EUA, que liderou o<br />

mundo por mais de oito décadas,<br />

ficou em torno de 18<br />

milhões em 2005. No continente<br />

europeu, incluídos<br />

mais de 30 países, foram<br />

vendidos 18,5 milhões de<br />

unidades em 2007.<br />

O cenário hoje é bem diferente.<br />

Os EUA esperam uma<br />

recuperação este ano para<br />

12 milhões, depois de terem<br />

caído para menos de 10<br />

milhões em 2009. Analistas<br />

acham difícil que esse mercado<br />

possa se restabelecer<br />

acima de 15 milhões/ano.<br />

No Salão de Genebra, em<br />

março último, Frédéric Banzet,<br />

diretor-geral mundial da<br />

Citroën, afirmou à coluna<br />

que a Europa se encontra<br />

no patamar de 15 milhões/<br />

ano, mas não tem a menor<br />

ideia se e quando voltará<br />

aos 18 milhões. E emendou<br />

que, no Brasil, a produção<br />

da marca acompanhará<br />

firmemente a demanda.<br />

Por isso mesmo, a China<br />

esteve no centro das atenções<br />

do concorridíssimo II<br />

Fórum da Indústria Automobilística,<br />

realizado em São<br />

Paulo pelo grupo <strong>Automotive</strong><br />

<strong>Business</strong>. Sérgio Habib,<br />

importador de uma marca<br />

desconhecida como a JAC<br />

e protagonista da pujança<br />

chinesa, procurou ameni-<br />

zar: “Estamos vendendo acima<br />

das previsões, mas não<br />

ocorrerá uma invasão. É difícil<br />

e muito caro montar uma<br />

grande rede de vendas e assistência<br />

no Brasil”. Ainda<br />

assim, acrescentou que poderá<br />

comercializar 100.000<br />

unidades em 2012, volume<br />

invejável. “Mais do que isso,<br />

precisa montar fábrica aqui.<br />

Custos logísticos se tornariam<br />

insuportáveis.”<br />

Marcelo Cioffi, da consultoria<br />

PwC, também abordou<br />

o tema. Disse que o governo<br />

chinês tenta consolidar a indústria<br />

para colocar pelo menos<br />

uma marca sua entre as<br />

cinco maiores do mundo.<br />

Pelo gigantismo daquele<br />

mercado, de fato, pode ocorrer.<br />

Dos problemas a resolver,<br />

a coluna aponta os de<br />

qualidade, segurança, falta<br />

de acesso às chamadas tecnologias<br />

sensíveis e inevitável<br />

aumento do custo da mão<br />

de obra. Alcançar aquela posição<br />

não significa estar entre<br />

os cinco <strong>melhor</strong>es.<br />

O mundo, no entanto, segue<br />

de olhos abertos para o<br />

Brasil. Fernando Barbosa,<br />

do Bradesco, destacou a<br />

grande elevação do número<br />

de famílias com poder aquisitivo<br />

para comprar um carro.<br />

“Em 2020, 58% da população<br />

fará parte da classe<br />

média”, adiantou.<br />

O otimismo só ficou de<br />

lado ao se discutir a competitividade<br />

da produção local,<br />

em particular na indústria<br />

de componentes. Em curto<br />

prazo, fabricantes japoneses<br />

sairão prejudicados em<br />

razão da irregularidade no<br />

fornecimento de peças como<br />

reflexo dos terremotos<br />

e maremotos no país do Extremo<br />

Oriente. Outros fabricantes<br />

seriam parcialmente<br />

afetados.<br />

Espera-se para os próximos<br />

dias o anúncio de um<br />

programa governamental<br />

que tentará dar suporte ao<br />

crescimento de vários setores,<br />

hoje em condições reduzidas<br />

de competir com produtos<br />

importados ou exportar.<br />

Paulo Bedran, do Ministério<br />

do Desenvolvimento, Indústria<br />

e Comércio Exterior,<br />

pouco pôde adiantar. Comentou<br />

a necessidade de reequilibrar<br />

a concorrência, tendo<br />

em vista que a atual alíquota<br />

de 35% do imposto de<br />

importação perdeu efeito em<br />

razão da valorização do real.<br />

Basta um exemplo das<br />

mazelas do País: utilizar cabotagem<br />

no transporte de<br />

veículos depende de navios<br />

específicos. Estes, simplesmente,<br />

não existem.<br />

O novo EcoSport, que está<br />

sendo projetado na unidade<br />

de Camaçari (BA) em parceria<br />

com outros centros da<br />

Ford, terá missão estratégica<br />

no portfólio mundial da marca.<br />

Será maior que o modelo<br />

atual e menor do que o Kuga<br />

(europeu) e o novo Escape<br />

(americano), ambos baseados<br />

no Focus. Lançamento<br />

mundial está previsto para<br />

2013. Na China...

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!