Argumentação e Falácias - EACH
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Capítulo 2<br />
<strong>Argumentação</strong> e <strong>Falácias</strong><br />
2.1 Argumentos<br />
Pode até ser surpreendente para alguns, mas argumentação é o objetivo principal<br />
de todo trabalho acadêmico e de boa parte da carreira profissional de qualquer<br />
um com formação superior. Em geral seus professores vão assimir que você já<br />
sabe disso e não se preocuparão em explicar sua importância dentro da sala de<br />
aula. Seus professores também vão esperar que você seja capaz de argumentar<br />
de forma lógica em tudo que escrever ou debater.<br />
A maioira do material a qual você terá acesso durante seus anos na universidade,<br />
ou durante sua vida, já foi debatido por alguém. Mesmo que o material<br />
que você vier a ler ou ouvir a respeito for apresentado como simples informação<br />
ou fato, é provável que se trate da interpretação de alguém sobre um outro<br />
conjunto de fatos e informações. Quando for escrever ou debater, em geral,<br />
será necessário questionar esta interpretação, defendê-la , refutá-la ou mesmo<br />
oferecer uma visão própria sobre o tema. Você precisará fazer muito mais do<br />
que simplesmente apresentar a informação que coletou ou regurgitar informação<br />
decorada. Será necessário que você seja capaz de escolher um ponto de vista e<br />
fornecer evidência que dê forma e conteúdo à sua interpretação.<br />
Se você, por acaso, acredita que são os ”fatos”e não os argumentos que regem<br />
o raciocínio, considere os seguintes exemplos. No passado as maiores mentes da<br />
civilização européia acreditavam piamente que a Terra era plana (na verdade<br />
há gente que mesmo hoje em dia acredita nisso ! Procure na internet por<br />
The Flat Earth Society). Argumentos sobre o quão óbvio era este ”fato”foram<br />
cosntruídos. Hoje em dia você pode discordar disso porque houve pessoas no<br />
passado que foram capazes de demonstrar que estes argumentos eram falsos.<br />
O conhecimento humano evolui através de discussões a partir de pontos de vista<br />
diferentes. Especialistas, como seus professores, passam suas vidas em torno de<br />
discussões sobre o que é ”verdadeiro”, ”real”ou ”correto”em suas respectivas<br />
áreas de estudo. Da mesma forma, nos cursos que fará, será exigido de você que<br />
treine sua capacidade de raciocínio crítico e argumentação em um nível mais<br />
15
16 CAPÍTULO 2. ARGUMENTAÇÃO E FALÁCIAS<br />
avançado daquele encontrado até o ensino médio.<br />
<strong>Argumentação</strong> não se restringe àquilo que você encontra nos livros texto<br />
ou àquilo que seus professores fazem no dia-a-dia. Todos nós utilizamos argumentação<br />
diariamente e, quase certamente, você já possui habilidades desenvolvidas<br />
para a tarefa. Quanto mais você treinar, melhor você será na arte<br />
de pensar criticamente, raciocinar, fazer escolhas, ponderar evidências e tomar<br />
decisões.<br />
2.1.1 Proposições<br />
Afinal, o que é um argumento? Usualmente um argumento é composto por uma<br />
idéia central, chamada ”tese”ou ”proposição”, apoiada por evidências organizadas<br />
de forma lógica. Em 99% das situações você terá que fazer algum tipo<br />
de afirmação, coletar e organizar evidências que apoiem sua tese. É essa habilidade<br />
de organizar as evidências para demonstrar uma tese que evitará que seus<br />
trabalhos sejam meras coleção de fatos e detalhes redundantes. Nos trabalhos<br />
até o ensino médio era comum que fosse dado um tópico e você pudesse escrever<br />
qualquer coisa sobre ele, inclusive colagens desconexas de textos copiados<br />
da internet (aliás, o plágio é o pior dos crimes intelectuais, sempre que utilizar<br />
idéias dos outros você deve citar a fonte de forma bem clara). Esta época terminou,<br />
agora espera-se que você seja capaz de defender as afirmações que fizer,<br />
espera-se que você tome posições e prove porque uma pessoal racional deveria<br />
concordar com elas.<br />
Proposições podem ser bem simples como ”os prótons têm carga positiva<br />
e os elétrons têm carga negativa”com evidências do tipo: ”Neste experimento,<br />
prótons e elétrons se comportaram de tais e tais formas, que são conseqüência<br />
direta de suas cargas com sinais opostos que convencionamos chamar de ’positiva’<br />
e ’negativa”. Proposições também podem ser bastante complexas tal como<br />
”o final do regime do apartheid na África do Sul era inevitável”utilizando, para<br />
demonstração, raciocínio e evidência tal como: ”Toda revolução de sucesso na<br />
era moderna ocorreu após o governo no poder dar e depois retirar pequenas<br />
concessões ao grupo revoltoso”. Em ambos casos, o restante de seu trabalho<br />
seria detalhar as razões e fatos que o levaram a acreditar na proposição.<br />
Ao começar a compor uma argumentação pergunte-se ”Qual é minha idéia<br />
central?”. Por exemplo, a idéia central desta seção é transformar você em<br />
alguém mais hábil em argumentação, para isso estamos argumentando que um<br />
passo importante no processo é entender o próprio conceito de ”argumentação”.<br />
Se seus argumentos não têm uma idéia principal, o que, exatamente, você discutirá?<br />
Seus ensaios, em particular aqueles escritos na universidade, devem:<br />
provar que você entendeu o material coberto e, mais importante, demonstrar<br />
sua habilidade para usar ou aplicar o material aprendido para além do que você<br />
leu ou ouviu. Esta segunda parte pode ser atingida de várias formas: você pode<br />
criticar o material, aplicá-lo a algo diferente ou explicá-lo de uma forma diferente.<br />
Para ser capaz disso, no entanto, você deve escolher um ponto central<br />
para criticar, manipular ou aplicar.
2.1. ARGUMENTOS 17<br />
Argumentos acadêmicos usualmente são complexos e levam tempo para desenvolver.<br />
As proposições que tentará demonstrar precisam ser mais elaboradas<br />
do que afirmações óbvias e lugares comuns. Algo como ”Machado de Assis foi<br />
um grande escritor que escreveu grandes livros” seria superficial demais para<br />
produzir uma argumentação de interesse. O que se espera é algo mais substancial<br />
e menos óbvio como, por exemplo, ”Machado de Assis foi um mestre<br />
da psicanálise, um autor muito a frente do seu tempo, mais preocupado com<br />
questões universais do mundo psicológico do indivíduo humano do que com<br />
questões políticas coletivas do momento que vivia”.<br />
É claro que tal afirmação<br />
tem que ser demonstrada, para isso você tem que definir seus termos e apresentar<br />
evidências que apoiem sua proposição. É dessa forma que começa o jogo.<br />
2.1.2 Evidência<br />
Ter identificado uma proposição central é apenas parte do trabalho. É necessário<br />
encontrar evidência que dê suporte a esta proposição. A força das evidências<br />
apresentadas e o uso que você fizer delas farão toda diferença entre o sucesso e o<br />
fracasso de sua linha argumentativa. Certamente este tipo de uso de evidências<br />
não deve ser novo para você, lembre-se da última vez que tentou convencer<br />
alguém, seu chefe a te dar um aumento ou seus pais a te emprestarem o carro.<br />
Pense a respeito do que tipo de argumentação e o tipo de evidência que utilizou.<br />
Cada área do conhecimento apresenta requisitos diferentes para o que seriam<br />
evidências aceitáveis. É, necessário, portanto, familiarizar-se primeiro<br />
com as evidências utilizadas em trabalhos no campo de interesse. Para isso<br />
é necessário estudar o trabalho de outros autores (não esquecendo de citá-los<br />
em seu próprio trabalho). Evite utilizar qualquer ”evidência”que você goste<br />
mais, preste atenção nos livros texto relevantes e nas aulas de seus professores e<br />
procure aprender com eles o que é considerado aceitável e o que não é. O mesmo<br />
tipo de evidência que satisfaz um professor de Literatura, pode não satisfazer<br />
um de Sociologia, o mesmo tipo de evidência que satisfaz um Físico pode não<br />
satisfazer um Matemático. Procure aprender o que conta como demonstração<br />
em cada área do conehcimento, se estatística, lógica, se é a forma que algo<br />
funciona ou algum atributo estético.<br />
Após treinar o suficiente você estará pronto para decidir por conta própria<br />
e até criticar a aceitabilidade de evidências propostas por outros. Na carreira<br />
acadêmica este domínio é conquistado aos poucos, o grau de independência<br />
tende a aumentar conforme avançamos, da graduação para o mestrado, para o<br />
doutorado, para a livre docência e, finalmente, para a titularidade.<br />
Procure fazer uso consistente de sua evidência. Cada evidência apresentada<br />
deve ser apropriada para a particular afirmação que se deseja demonstrar, utilize,<br />
se necessário, evidências de vários tipos (histórica, estatística, lógica, etc...)<br />
no mesmo texto. Mantenha a argumentação organizada e sem detalhes irrelevantes<br />
para demonstração da tese central. Assim se quiser demonstrar, por<br />
exemplo, que ”a organização escravocrata das relações de trabalho brasileiras é<br />
responsável pelos altos juros” não continue o texto, por exemplo, listando estatísticas<br />
mundiais de renda, o mais apropriado seria fazer um resumo histórico
18 CAPÍTULO 2. ARGUMENTAÇÃO E FALÁCIAS<br />
da escravidão no Brasil e analisar a transição após a abolição da escravatura.<br />
2.1.3 Contrargumentos<br />
Uma forma de fortalecimento de sua argumentação é antecipar e discutir contrargumentos<br />
ou objecções que possam surgir. Considerando também aquilo<br />
que pessoas que discordam de você poderiam argumentar você demonstra profundidade<br />
na discussão e identifica quais seriam as razões para que sua possível<br />
audiência resistisse a suas idéias.<br />
Você pode construir contrargumentos refletindo sobre o que uma pessoa que<br />
discorda de você diria sobre cada ponto que apresentado na argumentação. Se<br />
você achar difícil imaginar uma posição contrária a sua tente as seguintes estratégias:<br />
pesquise e procure autores com posições contrárias, converse com seus<br />
colegas ou professores. Outras pessoas podem imaginar objeções que você não<br />
vislumbrou. Pense na conclusão e nas premissas de sua argumentação e imagine<br />
alguém que nega ambos. Por exemplo, se seu argumento for: ”Gatos são os melhores<br />
bichos de estimação porque são independentes e limpos”, pode-se imaginar<br />
alguém afirmando o contrário: ”Gatos não são os melhores bichos de estimação<br />
pois são sujos e dependentes”. A partir disso é mais fácil perceber onde está<br />
a fragilidade do contrargumento. Você poderá então, antecipadamente, elaborar<br />
sua resposta: você pode, por exemplo, aceitar que seu oponente tem certa<br />
razão e explicar o motivo pelo qual mesmo assim o seu argumento é correto<br />
ou você pode rejeitar totalmente o argumento de seu oponente e explicar onde<br />
está o erro. De qualquer forma, a idéia é mostrar para sua audiência que seu<br />
argumento é mais forte que os contrargumentos apresentados.<br />
Ao apresentar contrargumentos procure fazê-lo da forma mais neutra e objetiva<br />
possível. A idéia é mostrar o mérito de seu argumento baseando-se apenas<br />
nas evidências e na razão. Em geral, prefira analisar um ou dois contrargumentos<br />
de forma profunda a muitos de forma superficial. Certifique-se de que<br />
suas respostas são consistentes com seu argumento inicial, se após a análise de<br />
um contrargumento você mudar de posição, será necessário rever seu argumento<br />
original de maneira apropriada.<br />
2.1.4 Audiência<br />
Diferentes argumentos funcionam em diferentes situações. Reflita a respeito<br />
das preferências de sua audiência. Estatísticas podem funcionar muito bem<br />
com um cientista político e muito mal com um diretor de teatro. É certamente,<br />
razoável esperar que na universidade sua audiência seja constituida por pessoas<br />
suficientemente inteligentes para entender seus argumentos mas que não<br />
necessariamente concordam com seus pontos de vista. Não basta que você expresse<br />
uma opinião, é necessário prová-la (nada de ”opiniões pessoais não se<br />
discutem”!). Também não suponha que sua audiência seja genial e que não seja<br />
necessáriomostrar evidências de forma clara. Em resumo, seja o mais explicito<br />
e claro possível sem ser óbvio e redundante.
2.2. FALÁCIAS 19<br />
2.1.5 Leitura crítica<br />
Aprender a ler criticamente é essencial para o processo de argumentação. Embora<br />
algumas leituras que você fará sejam relmente muito persuasivas, não atribua<br />
autoridade que a palavra escrita não tenha. Os textos que você lê não são a<br />
última palavra, todos devem ser criticados. Lembre-se que o autor tem<br />
sua própria agenda, suas próprias crenças e crenças que ele deseja transmitir<br />
ao leitor. Procure criar uma espécie de diário intelectual que resuma as<br />
conexões e dúvidas que encontrou em suas leituras. Anote neste diário as passagens<br />
que achar importantes ou controversas junto com pequenos comentários<br />
próprios. Após ler um texto mais longo, releia suas anotações e escreva um único<br />
parágrafo que descreva da forma mais compacta possível aquilo que entendeu<br />
do texto. Imagine-se em elevador tendo que contar o que leu no menor número<br />
de palavras possível a um amigo ocupado.<br />
Ao ler faça perguntas como: ” O que o autor está tentando provar?”e ” O<br />
que o autor está assumindo ser verdade?”. Eu concordo com o autor? O argumento<br />
do autor foi defendido adequadamente? Que tipo de demonstração foi<br />
utilizada? Será que você teria algo a acrescentar a argumentação? As evidências<br />
utilizadas realmente implicam as conclusões a elas associadas? Conforme você<br />
exercitar sua leitura crítica começará a notar as intenções implícitas dos autores,<br />
esta capacidade pode ser utilizada para aprimorar sua própria capacidade<br />
de argumentação.<br />
2.2 <strong>Falácias</strong><br />
É frustrante quando apenas conseguimos perceber de forma vaga que aquilo<br />
que acabamos de ouvir é um completo absurdo sem sermos capazes de dizer<br />
exatamente o porquê. Ser capaz de analisar argumentos requer raciocínio claro<br />
e cuidadoso o que requer certo rigor que, por sua vez, só pode ser obtido com<br />
um pouco de disciplina e prática. De fato, antes de sermos capazes de utilizar<br />
nosso próprio raciocínio de forma livre mas eficaz, é interessante que adquiramos<br />
conhecimento sobre as possíveis armadilhas às quais mentes despreparadas estão<br />
expostas. Dessa maneira a idéia central deste texto é evitar os absurdos argumentativos<br />
pelo conhecimento das armadilhas que podem contê-los.<br />
Comecemos nosso trabalho listando alguns princípios bastante gerais que<br />
condensem a forma como a maioria das pessoas tende a pensar e responder a<br />
argumentos. Em geral as pessoas:<br />
1. tendem a acreditar naquilo que desejam;<br />
2. tendem a projetar seus próprios preconceitos ou experiências nas situações<br />
que analisam;<br />
3. tendem a generalizar a partir de um único evento específico;<br />
4. tendem a se envolver pessoalmente com as análises e a sobrepor suas<br />
emoções ao seu senso de objetividade;
20 CAPÍTULO 2. ARGUMENTAÇÃO E FALÁCIAS<br />
5. não são boas ouvintes, tendendo a ouvir de forma seletiva e apenas prestar<br />
atenção naquilo que têm interesse;<br />
6. racionalizam de forma ansiosa;<br />
7. freqüentemente não são capazes de distinguir aquilo que é relevante daquilo<br />
que é irrelevante;<br />
8. se dispersam facilmente do tema central em discussão;<br />
9. em geral não gostam de explorar de forma detalhada as ramificações de<br />
um tópico e tendem a simplificações exageradas;<br />
10. freqüentemente julgam apenas pelas aparências. Elas observam, interpretam<br />
erroneamente e fazem julgamentos, por vezes, equivocados;<br />
11. freqüentemente não sabem do que estão falando, especialmente em discussões<br />
sobre assuntos bem gerais. Elas raramente pensam cuidadosamente<br />
antes de falar e comumente permitem que suas emoções, preconceitos,<br />
tendências, gostos, esperanças e frustrações superem seu senso de<br />
objetividade e raciocíno lógico;<br />
12. raramente agem de acordo com padrões consistentes. Raramente analisam<br />
toda a evidência disponível antes de chegarem a uma conclusão. Em geral,<br />
as pessoas tendem a fazer aquilo que desejam e acreditar naquilo que desejam<br />
e então buscar por evidências que justifiquem aquilo que desejam.<br />
As pessoas também tendem a pensar de forma seletiva: ao avaliarem uma<br />
situação elas procuram energicamente evidências que apoiem aquilo que<br />
elas desejam que seja verdadeiro e, da mesma forma, ignoram energicamente<br />
evidências contrárias aos seus desejos;<br />
13. freqüentemente não dizem aquilo que gostariam de dizer e não querem<br />
dizer aquilo que dizem.<br />
Aos princípios acima poderíamos ainda adicionar quatro outros (J.A.C. Brown,<br />
Techniques of Persuasion): (1) a maioria das pessoas prefere acreditar que os<br />
assuntos são simples e não complexos; (2) desejam que seus preconceitos sejam<br />
confirmados; (3) gostam de se sentir parte de um grupo, implicando que os<br />
outros não pertencem ao mesmo grupo e (4) precisam eleger um inimigo a quem<br />
possam culpar por suas frustrações .<br />
Os comentários acima podem parecer duros e críticos com relação à natureza<br />
humana. Podem até mesmo parecer parte de uma linha de argumentação que<br />
se encaixaria perfeitamente no item 3 da lista adicional do parágrafo anterior.<br />
No entanto sua intenção é apenas listar sem julgamento a inclinação natural da<br />
espécie humana à ser subjetiva ao invés de objetiva.<br />
É enfatizar que a mente<br />
humana, quando não treinada, tenderá a seguir o caminho de menor resistência<br />
que raramente é um caminho que passa pela Razão.
2.2. FALÁCIAS 21<br />
2.2.1 Linguagem emocional<br />
Todos nós temos necessidades emocionais. Precisamos amar e ser amados, precisamos<br />
nos sentir aceitos, nos sentir realizados, importantes, seguros. Procuramos<br />
ter sucesso segundo nossa própria percepção e também na dos outros.<br />
Todas estas necessidades, no entanto, encobrem uma série de outras emoções:<br />
amor, ódio, medo, inveja, raiva, culpa, esperança, ganância, lealdade, etc ....<br />
As emoções são frágeis, sensíveis e são facilmente manipuláveis. Uma pessoa<br />
que entende como apelar às emoções tem a capacidade de enganar, manipular<br />
e fazer com que seus interlocutores aceitem como verdade aquilo que não é.<br />
A seguir exporemos algumas das formas pelas quais emoções são manipuladas<br />
para confundir a Razão. Se formos capazes de reconhecê-las, seremos<br />
capazes de evitar sermos enganados ou manipulados.<br />
Apelo à piedade (argumentum ad misericordiam). Ao invés de fornecer motivos<br />
documentados, evidência e fatos, quem argumenta apela ao nosso senso<br />
de piedade, compaixão e amor fraterno. Mostram-nos uma foto de uma criança<br />
mal-nutrida e nos pedem que enviemos a maior doação possível para que fi-<br />
nanciemos um fundo para acabar com a fome no mundo.<br />
É claro que não há<br />
nada intrinsecamente errado com um apelo deste tipo, mas é importante que<br />
não sejamos ingênuos a ponto de acharmos que toda nossa doação irá de fato<br />
para as crianças famintas. Parte da doação também irá para a administração<br />
do fundo, para pagar salários de seus executivos e para outros anúncios como<br />
o que vimos. O problema central com esta categoria de anúncios com apelo à<br />
nosso senso de piedade é que nada é dito sobre como o dinheiro será utilizado<br />
e não são apresentadas garantias de que as doações serão realmente utilizadas<br />
para o propósito para o qual foram solicitadas.<br />
Os apelos à piedade são comuns em relações pessoais. Por exemplo, um<br />
empresário está com dificuldades em seus negócios e precisa de um empréstimo<br />
bancário. Ele vai ao gerente do banco e argumenta: “Se você não me der um<br />
empréstimo eu irei a falência e estarei acabado”. Este tipo de apelo pode até<br />
ser eficaz, mas tem pouco valor do ponto de vista lógico. O gerente do banco<br />
só deve emprestar dinheiro se achar que quem pede terá condições de lucrar o<br />
suficiente para pagar o empréstimo no futuro.<br />
Uma variação comum do apelo à piedade é a revindicação de tratamento<br />
especial. Por exemplo: “Professor, o senhor tem que me dar uma boa nota na<br />
prova pois estudei o final de semana inteiro”. A nota que o aluno irá receber<br />
irá depender de seu desempenho na prova, a quantidade de horas estudadas e<br />
o fato de ter passado o final de semana estudando ao invés de se divertindo são<br />
irrelevantes. O apelo à piedade é um dos recursos retóricos preferidos, como<br />
exercício, passe a prestar atenção nesse aspecto em discursos de políticos.<br />
Um parente próximo do apelo à piedade é o apelo à culpa. Um anúncio<br />
mostra uma família de classe média em uma confortável mesa de jantar. Abaixo<br />
da fotografia a frase: “Você não precisa se preocupar, você tem tudo o que<br />
precisa. O que você tem é muito mais do que milhões de pessoas por todo o<br />
mundo. Doe ao fundo de eliminação da miséria” O anúncio tenta fazer com que<br />
nos sintamos culpados pelo nosso conforto.
22 CAPÍTULO 2. ARGUMENTAÇÃO E FALÁCIAS<br />
São pelo menos três as observações que poderiam ser feitas a respeito dessa<br />
linha argumentativa: (1) ninguém, em princípio, tem o direito de controlar<br />
nossos estados emocionais; (2) na ausência de evidências não há motivos para<br />
acreditarmos que deveríamos nos sentir culpados por nosso conforto; (3) mesmo<br />
que existissem evidências de conexões entre a miséria mundial e nosso conforto e<br />
que moralmente acreditassemos que deveríamos nos sentir cupados por isso, não<br />
há garantias, apenas pelo anúncio, de que nosso dinheiro irá de fato ao combate<br />
à miséria.<br />
Ainda outro exemplo: “Se eu não passar em sua disciplina, não me formarei<br />
este ano e perderei meu emprego”. Nessa linha argumentativa há a tentativa<br />
de responsabilizar o professor, fazendo-o se sentir culpado por uma eventual<br />
perda de emprego. A responsabilidade pela aprovação, dados os parâmetros da<br />
avaliação, é, no entanto, do aluno.<br />
O apelo ao medo (argumentum ad mentum) tenta assustar o interlocutor<br />
para convencê-lo a aceitar uma ação ou crença específica. “Se você não atingir<br />
o inimigo primeiro, ele irá destruí-lo”. Ou ainda,“Se o senhor insistir em fechar<br />
a fábrica por causa da poluição que causa, centenas de eleitores seus ficarão sem<br />
emprego”.<br />
Apelo à esperança. “Se fizer X, Y poderá ocorrer, portanto, se quer que<br />
Y ocorrá, faça X”. Aqui a tentativa é de convencer o interlocutor a fazer X,<br />
oferecendo a possibilidade de Y, mas não há garantias de que Y ocorrerá. Por<br />
exemplo, uma propaganda de loteria poderia afirmar: “Você pode ser o próximo<br />
ganhador”. A ênfase em nossa esperança pode fazer com que julguemos de forma<br />
equivocada o grau de improbabilidade do evento Y dado o evento X.<br />
Apelo à vaidade. Elogios pessoais podem gerar sentimentos positivos com<br />
relação à pessoa que argumenta que podem se confundir com o significado real<br />
daquilo que ela diz. Esta é uma estratégia comum para minimização de oposição<br />
à idéias.<br />
Apelo ao status. A aparência de quem argumenta pode influenciar na<br />
aceitação do argumento. Por exemplo: um orador chega em um carro caro<br />
e trajando ternos de grife cara tende a ser levado mais a sério que outro orador<br />
que não utiliza estes recursos.<br />
Apelo à confiança. “Como você não concorda comigo, você não confia em<br />
mim”. Ou ainda: “Ou você está do meu lado ou está contra mim”. Esta linha<br />
de argumentação é particularmente injusta. O fato de não concordarmos com<br />
um particular argumento de alguém nada tem a ver com nosso sentimento geral<br />
com relação a esta pessoa.<br />
Apelo à sinceridade. Este tipo de estratégia é bastante efetiva e comumente<br />
utilizada por políticos e vendedores. A pessoa adota um tom honesto, sincero e<br />
modesto. A pessoa aparenta estar falando do fundo do coração. Ela frequentemente<br />
pausa e escolhe as palavras que utiliza. A pessoa dá impressão de que<br />
seus sentimentos são tão profundos que são difíceis de traduzir em palavras.<br />
Ela frequentemente repete palavras para dar ênfase a certas idéias e se utiliza<br />
de advérvios tais como: realmente, genuinamente, verdadeiramente, absolutamente.<br />
Esta forma tenta convencer o interlocutor de que o que está sendo dito é<br />
o que quem argumenta crê com sinceridade. No entanto, a sinceridade de quem
2.2. FALÁCIAS 23<br />
argumenta não garante a validade ou verdade do argumento.<br />
O último tipo de linha argumentativa de cunho emocional é talvez a mais<br />
comum de todas e se mistura muito bem com as formas descritas acima. O apelo<br />
à multidão (argumentum ad populum) consiste em utilizar generalidades, clichés,<br />
slogans, platitudes, analogias frequentemente chulas e um tom de glorificação<br />
das massas. Esta forma é muito comum na política, em particular, dentre<br />
políticos com tendências populistas e personalistas.<br />
Para finalizar é interessante observar que não há nada inerentemente errado<br />
em utilizar-se a emoção para colorir uma argumentação. No entanto é necessário<br />
saber identificar que partes de um argumento são baseadas em evidências e<br />
deduções lógicas e que partes são moldadas apenas com o intuito de provocar<br />
respostas emocionais.<br />
2.2.2 <strong>Falácias</strong> lógicas<br />
Nem toda a argumentação é emocional. Contudo, quando a argumentação utiliza<br />
o raciocínio ela tanto pode ser bem construída ou falaciosa.<br />
Uma falácia é um erro de raciocínio, não é um erro no fato ou crença envolvidos,<br />
mas sim um problema no processo mental utilizado. Não é um erro nas<br />
afirmações em um argumento, mas nas conclusões atingidas. Estas conclusões<br />
frequentemente parecem convincentes, porém, são incorretas.<br />
Antes de prosseguirmos é interessante definirmos o que é um argumento. Um<br />
argumento é uma série de sentenças, algumas destas sentenças são premissas, a<br />
partir dessas premissas deriva-se uma conclusão. Se o argumento é válido então<br />
premissas verdadeiras necessariamente implicam em conclusões verdadeiras.<br />
Para analisarmos um argumento precisamos examinar tanto premissas como<br />
conclusões. Um argumento pode apresentar problemas em três áreas:<br />
1. A evidência não foi analisada apropriadamente, evidências contraditórias<br />
podem ter sido desprezadas ou ignoradas;<br />
2. Afirmações falsas, enganosas ou incompletas foram tomadas por fatos;<br />
3. As evidências não implicam a conclusão, ou seja, o argumento é falso.<br />
Quando um ou mais dos problemas acima ocorrer, diz-se que o argumento é<br />
uma falácia.<br />
Podemos também classificar um argumento em sólido ou não. Em um argumento<br />
sólido as premissas são verdadeiras e as conclusões seguem necessariamente<br />
das premissas (em outras palavras, o argumento é válido).<br />
A seguir examinaremos cinco tipos de argumento, cada um consistindo de<br />
duas sentenças assertivas (i.e. sentenças que podem ser verdadeiras ou falsas)<br />
seguidas por uma conclusão. Esta forma de argumento é conhecida como silogismo.<br />
1. As premissas são verdadeiras e a conclusão segue logicamente das premissas.<br />
O argumento é sólido e válido.
24 CAPÍTULO 2. ARGUMENTAÇÃO E FALÁCIAS<br />
• Todos os gorilas são mamíferos.<br />
• Frodo é um gorila.<br />
• Portanto, Frodo é um mamífero.<br />
2. Pelo menos uma das premissas é falsa, mas a conclusão segue logicamente<br />
das premissas. O argumento é válido, mas não é sólido.<br />
• Todos os gorilas comem seres humanos.<br />
• Frodo é um gorila.<br />
• Portanto, Frodo come seres humanos.<br />
3. As premissas são verdadeiras, mas a conclusão não segue logicamente das<br />
premissas. O argumento não é nem válido nem sólido (por que ?).<br />
• Todos os gorilas são mamíferos.<br />
• Frodo é um mamífero.<br />
• Portanto, Frodo é um gorila.<br />
4. Pelo menos uma das premissas é falsa e a conclusão não segue das premissas.<br />
O argumento também não é nem sólido nem válido.<br />
• Todos os mamíferos são perigosos.<br />
• Frodo é perigoso.<br />
• Portanto, Frodo é um mamífero.<br />
5. Pelo menos uma das premissas é falsa, mas a conclusão é verdadeira.<br />
Neste caso a conclusão é verdadeira, mas é resultado de premissas falsas.<br />
O argumento novamente não é nem sólido nem válido. A conclusão, neste<br />
caso, é mera coincidência.<br />
• Todos os humanos são animais.<br />
• A maioria dos animais sobem em árvores.<br />
• Portanto, a maioria dos humanos podem subir em árvores.<br />
Note que a palavra falácia é por vezes utilizada com um sentido mais amplo<br />
para descrever uma crença errônea. Por exemplo, a afirmação: “As pessoas são<br />
pobres por que não gostam de trabalhar”, poderia ser classificada como uma<br />
falácia. Contudo, tecnicamente esta afirmação é simplemente falsa. No entanto,<br />
uma afirmação deste tipo pode ser considerada uma falácia se for considerada<br />
como uma conclusão deduzida a partir de premissas implícitas. Por exemplo:<br />
• Uma pessoa é pobre porque não trabalha o suficiente.<br />
• Uma pessoa não trabalha o suficiente porque não gosta de trabalhar.<br />
• Portanto, uma pessoa é pobre porque não gosta de trabalhar.<br />
É importante perceber que tanto crenças corretas quanto incorretas são baseadas<br />
em premissas. É crucial determinar quais são estas premissas, apenas após<br />
examiná-las é que a validade da conclusão pode ser avaliada.
2.2. FALÁCIAS 25<br />
2.2.3 Como ter razão sempre<br />
Uma argumentação pode ser utilizada tanto para chegar a verdade sobre um<br />
assunto quanto para o convencimento puro e simples ”por bem ou por mal”.<br />
O filósofo alemão do século 19 Arthur Schopenhauer compilou uma lista de<br />
estratagemas cujo objetivo único é vencer discussões, por bem ou por mal. Para<br />
termos consciência plena e sejamos capazes de discernir entre argumentações que<br />
intencionam a verdade ou apenas o convencimento é interessante conhecermos<br />
alguns destes estratagemas.<br />
1. Expansão: a afirmação do adversário é generalizada ao máximo para que<br />
fique o mais exposta possível a limitações e contradições, enquanto isso<br />
minhas afirmações são mantidas bem delimitadas e controladas;<br />
2. Homônimos: aplico a afirmação do adversário a outra coisa com o mesmo<br />
nome, mas que não tem nada em comum com o objeto da discussão.<br />
Refuto o homônimo e digo que refutei a afirmação original.<br />
3. Condução da argumentação: faço com que o adversário admita certas<br />
premissas de forma desordenada e confusa. Já sei onde quero chegar mas<br />
não mostro de antemão e procuro fazer com que o adversário aceite tudo<br />
o que é necesário para minha demonstração.<br />
4. Premissas falsas: utilizo a maneira de pensar do adversário e utilizo premissas<br />
falsas com as quais ele concordaria.<br />
5. Perguntas: faço muitas perguntas de uma só vez e exponho minha argumentação<br />
de maneira rápida a partir daquilo que foi admitido.<br />
6. Raiva: provoco raiva no adversário para que não consiga julgar corretamente.<br />
7. Confusão: faço perguntas em uma ordem diferente daquela lógica.<br />
8. Contrário: quando o adversário responde propositadamente com negações<br />
às perguntas, cuja resposta afirmativa poderia ser utilizada para minha<br />
proposição, pergunto-lhe o contrário da proposição que nos serve, como se<br />
quisésse sua aprovação.<br />
9. Geral pelo particular: se o adversário admitir casos particulares, assumimos<br />
que ele também admitiu o caso geral.<br />
10. Semelhanças: se houver conceitos semelhantes escolhemos aquele que nos<br />
favoreça na discussão.<br />
11. Oposto: apresentamos o oposto de nossa proposição de forma tão ofuscante<br />
que o adversário se vê obrigado a aceitar nossa proposição.<br />
12. Conclusão falsa: após o adversário ter respondido a várias perguntas sem<br />
favorecer a conclusão que temos em mente, exclamamos triunfantes que<br />
nossa proposição foi demonstrada.
26 CAPÍTULO 2. ARGUMENTAÇÃO E FALÁCIAS<br />
13. Razoável após o absurdo: se nossa proposição for paradoxal, afirmamos<br />
algo razoável e fazemos o adversário pensar que daquela proposição razoável<br />
decorre nossa proposição esperando que o adversário não perceba.<br />
14. Falsa contradição: procuramos encontrar no passado do adversário ou<br />
em qualquer grupo a que pertença ou que tenha pertencido proposições<br />
contrárias àquela que tenta provar agora.<br />
15. Interrupção: se a argumentação do adversário nos derrotará, o interrompemos<br />
e tentamos conduzi-lo a outras questões para que não conclua sua<br />
linha.<br />
16. Apelo à erudição: quando um especialista discute com um leigo, o especialista<br />
introduz objeções inválidas que só podem ser percebidas por<br />
alguém versado no assunto.<br />
17. Digressão: se percebermos que seremos vencidos recorremos a digressões e<br />
começamos de repente com algo totalmente diferente, como se pertencesse<br />
ao assunto e fosse um argumento contra o adversário.<br />
18. Apelo à autoridade: utiliza-se o apoio de uma autoridade que o adversário<br />
respeita.<br />
19. Apelo à incompetência: quando não se souber apresentar nada contra os<br />
fundamentos expostos pelo adversário, nos declaramos incompetentes para<br />
julgar a veracidade das proposições do adversário.<br />
20. Rotulação: rotulamos a proposição do adversário e a colocamos em uma<br />
categoria odiada (e.g. isto é neo-liberalismo, isto é idealismo, etc...)<br />
21. Teoria e prática: dizemos que isto pode ser correto na teoria, mas na<br />
prática é falso.<br />
22. Ponto fraco: se o adversário emudecer sobre alguma questão, é nela que<br />
devemos insistir.<br />
23. Apelo ao prejuízo possível: fazemos o adversário crer que seu ponto de<br />
vista poderá levá-lo a prejuízos ou constrangimentos (e.g. a maioria tem<br />
opinião contrária à sua).<br />
24. Palavrório: se o adversário estiver acostumado a escutar coisas que não<br />
entende, agindo como se entendesse, podemos impressioná-lo ao tagarelar<br />
com expressão séria palavras ”difíceis” mas sem sentido.<br />
25. Argumento ruim: se o adversário escolher um argumento ruim, mas tiver<br />
razão, refutamos o argumento e o fazemos acreditar que refurtamos o<br />
assunto em si.<br />
26. Ofensas pessoais: se o adversário tiver razão e for muito superior a nós, o<br />
insultamos ou iniciamos uma campanha de difamação para desvalorizarmos<br />
sua argumentação.
2.3. EXERCÍCIOS 27<br />
2.3 Exercícios<br />
1. Releia de forma crítica este capítulo. Comece seu ”diário intelectual”<br />
conforme apresentado na seção 2.1.5.. Tente utilizá-lo em todo curso de<br />
TADI.<br />
2. Construa um argumento como alguém que seja a favor do vegetarianismo<br />
por razões éticas. Construa o mesmo argumento como alguém contrário<br />
ao vegetarianismo por razões éticas. (Caso tenha interesse particular por<br />
essa questão leia: Peter Singer, Liberação Animal, Ed. Lugano, 2004.)<br />
3. Construa um argumento como alguém que seja a favor da publicação de<br />
charges de Maomé em nome da liberdade de imprensa. Construa o mesmo<br />
argumento como alguém contrário à publicação por razões éticas. Esta<br />
argumentação será utilizada como atividade em sala de aula,<br />
portanto, procure escrever sua argumentação e pensar na contrargumentação<br />
e audiência.<br />
4. Procure em jornais e revistas um exemplo de linguagem emocional. À<br />
luz do texto acima, comente as falácias encontradas no exemplo. Estes<br />
exemplos serão requisitados em aula e valerão bonus de participação.<br />
5. Experimente utilizar os estratagemas de Schoppenhauer com seus colegas<br />
ou familiares.<br />
2.4 Referências<br />
Parte deste capítulo (seção 1) foi adaptada de:<br />
• Arguments are everywhere...,<br />
http;//www.unc.edu/depts/wcweb/handouts/argument.html,<br />
University of North Caroline at Chapel Hill, UNC-CH Writing Center<br />
(2005).<br />
Parte deste capítulo (texto inicial, seções 2.2.1 e 2.2.2) foi adaptada do seguinte<br />
livro:<br />
• Gula R.J., Nonsense: A Handbook of Logical Fallacies, Axios Pr, 2002.<br />
Para saber mais sobre Lógica Informal:<br />
• Walton, D.N., Informal Logic: A Handbook for Critical Argumentation,<br />
Cambridge University Press, 1994.<br />
Sobre falácias leia também:<br />
• Frankfurt H.G., Sobre Falar Merda, Intrínseca, 2005.<br />
O ensaio de Schopenhauer citado está em:<br />
• Schopenhauer A., A Arte de Ter Razão, Martins Fontes, 2005.
28 CAPÍTULO 2. ARGUMENTAÇÃO E FALÁCIAS