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RUTIS SENIOR N6 -.pdf

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Joaquim Pedrosa<br />

Mecânico, 65 anos<br />

SÉNIOR 17<br />

por Dulce Mota<br />

Nasceu em Almeirim, a 23 de Fevereiro de 1946.<br />

Filho de um pedreiro e de uma doméstica,<br />

depressa se habituou às agruras da época e aprendeu<br />

a ter os pés assentes na terra, literalmente falando.”O<br />

que mais recordo da minha infância é o facto de ter<br />

andado descalço. As primeiras botas que tive, calcei-as<br />

com 11 anos!”. Quanto à escola, ficou-se pelo que lhe<br />

podiam proporcionar e fez a 4ªclasse em Almeirim.<br />

Com 16 anos viu nascer a irmã. O primeiro trabalho<br />

pago foi na VolksWagen, na fábrica de peças. O<br />

casamento surgiu em 1965, quando desposou a Sra.<br />

Dª Guilhermina Pedrosa, com quem veio a ter duas<br />

filhas. A tropa fê-la em Coimbra, Sacavém, na Escola<br />

Prática de Cavalaria de Santarém, até que a ida para<br />

o Ultramar se tornou inevitável. Foi parar ao norte de<br />

Moçambique e, como se espera, não trouxe de lá as<br />

melhores recordações. “Ainda hoje acordo de noite,<br />

com os pesadelos! Quando regressei, cheguei a mandar-me<br />

para o chão quando ouvia algum ruído mais<br />

forte!” Os almoços anuais que costuma ter com os<br />

colegas desse tempo, servem de tratamento ao stress<br />

pós-traumático. “Desabafamos e recordamos o que lá<br />

passámos. Vi morrer rapazes novos …foi o que mais<br />

me chocou… ver morrer um rapaz que tanto ansiava<br />

chegar a casa para ver o filho pequenino que tinha<br />

deixado cá…era Madeirense…eu também já tinha<br />

a minha filha mais velha e custou-me muito….”<br />

De entre os episódios que nos conta sobre a guerra,<br />

entristece o olhar ao falar dos colegas que partiram ou<br />

que ficaram feridos.”Quando se morre a três meses de<br />

se vir embora…ainda revolta mais!” diz, referindo-se<br />

a mais um camarada. “Como dizia o Capitão, nós só<br />

podíamos pensar em pôr os pés em Lisboa!”<br />

Finalmente de regresso à Pátria, continuou o seu<br />

trabalho como mecânico, até que um dia, muito em<br />

tom de brincadeira resolveu, juntamente com alguns<br />

colegas, dirigir-se à embaixada do Canadá, saber das<br />

oportunidades de emprego na sua área profissional.<br />

Valeu-lhe a brincadeira pois, agora já reformado,<br />

conta com 22 anos de trabalho naquele país que o<br />

acolheu a si e à sua família.<br />

O corte com as raízes é que nunca aconteceu, muito<br />

pelo contrário! Foi o seu empenho em sedimentar os<br />

valores patrióticos que o fez continuar no Canadá,<br />

o trabalho cultural que já desenvolvia em Portugal.<br />

Adepto do desporto e do folclore, continuou ligado<br />

a estas e outras actividades, promovendo sempre o<br />

intercâmbio entre os dois países, contribuindo assim<br />

para enaltecer o nome de Portugal e de Almeirim,<br />

em particular. É o mesmo patriotismo que o faz dizer<br />

com orgulho que a neta fala correctamente Português<br />

ou falar do orgulho que sente ao saber que os vinhos<br />

de Almeirim vendem no Canadá. Preocupa-o a crise<br />

ROSTOS DE SUCESSO<br />

em Portugal, mas relembra que já houve tempos<br />

piores ”Quando a sardinha se dividia em três é que<br />

havia crise!”. Durante a sua prolongada “estadia”<br />

no Canadá ( Montreal e Quebec), chegou a ajudar<br />

o Cônsul a receber, na sua comunidade, uma comitiva<br />

que acompanhava o ex-Presidente da República,<br />

Jorge Sampaio. Quando a 21 de Setembro deste ano<br />

foi condecorado e recebeu das mãos do Secretário de<br />

Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário,<br />

uma medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas,<br />

no grau Ouro; sentiu que se tratou de um reconhecimento<br />

pelo seu papel na Comunidade Portuguesa<br />

e lógico, ficou mais feliz ainda por ter sido (como não<br />

podia deixar de ser), na terra que o viu nascer.<br />

atleta José Canelo<br />

O de 86 anos é um<br />

bom exemplo de determinação,<br />

a quem nem<br />

a idade lhe impede de<br />

somar vitórias em provas<br />

de atletismo. O atleta residente<br />

no Entrocamento,<br />

militar reformado pratica<br />

atletismo desde os 38<br />

anos. No último Mundial<br />

de Atletismo que decorreu<br />

nos EUA, José venceu as<br />

provas de 1500m, 5000m,<br />

10000m e o corta-mato,<br />

regressando assim com<br />

quatro medalhas de ouro.<br />

Para além deste evento,<br />

José já competiu nos<br />

Europeus da Hungria e<br />

esteve também este ano<br />

na Bélgica.

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