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algumas notas a respeito da concepção do trágico na estética de ...

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dramaturgo nem po<strong>de</strong> <strong>de</strong>screver a exteriori<strong>da</strong><strong>de</strong> circun<strong>da</strong>nte – pelo menos não <strong>de</strong> uma<br />

forma <strong>de</strong>ti<strong>da</strong>, o que caracterizaria a poesia lírica – nem se <strong>de</strong>ter à <strong>na</strong>rrativa <strong>de</strong><br />

acontecimentos e feitos heróicos, tal como suce<strong>de</strong> <strong>na</strong> poesia épica.<br />

Levan<strong>do</strong> em conta tais consi<strong>de</strong>rações, po<strong>de</strong>mos agora in<strong>da</strong>gar: mas, afi<strong>na</strong>l, qual o<br />

princípio <strong>da</strong> poesia dramática? Na perspectiva <strong>de</strong> Hegel, o drama é uma obra <strong>de</strong> arte poética<br />

e que surge mediante a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> homem em ver representa<strong>do</strong> cenicamente as ações e<br />

circunstâncias próprias <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>; por um la<strong>do</strong>, ele caracterizou a essência <strong>da</strong> poesia<br />

dramática como o somatório <strong>do</strong> princípio que rege a poesia épica e, <strong>de</strong> outro la<strong>do</strong>, pelo<br />

princípio que rege a poesia lírica. Conforme Hegel, para que isto se efetive é necessário que<br />

a poesia dramática estabeleça um acontecimento ou ação, a qual seja <strong>de</strong>spoja<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

exteriori<strong>da</strong><strong>de</strong> e que coloque em <strong>de</strong>staque um indivíduo consciente e ativo. Justamente por<br />

isto, Hegel <strong>de</strong>clarou:<br />

A ação dramática [...] <strong>de</strong>corre essencialmente num meio <strong>de</strong> conflitos e <strong>de</strong><br />

oposições, porque está sujeita às circunstâncias, paixões e caracteres que<br />

se lhe opõe. Por sua vez estes conflitos dão origem a ações e reações que,<br />

num <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong> momento, produzem o necessário apaziguamento.<br />

(HEGEL, 1993, Estética, p.630).<br />

Eis o princípio próprio <strong>da</strong> poesia dramática: a abundância <strong>de</strong> conflitos e <strong>de</strong><br />

oposições em relação à ação <strong>da</strong>s perso<strong>na</strong>gens, cujas fontes são: [a] as circunstâncias; [b] as<br />

paixões; e [c] os caracteres que encerram um caráter <strong>de</strong> oposição às ações. De acor<strong>do</strong> com<br />

Hegel, esta é a participação <strong>do</strong> princípio <strong>da</strong> poesia épica <strong>na</strong> poesia dramática, contu<strong>do</strong>, sem<br />

a presença coletiva <strong>de</strong> uma ação total – <strong>de</strong> dimensão <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l – e ausente <strong>de</strong> equilíbrio entre<br />

vonta<strong>de</strong> e fim individuais, circunstâncias e fins exteriores. Nesse senti<strong>do</strong> insistimos que, <strong>na</strong><br />

poesia dramática, se adicio<strong>na</strong> ao princípio épico o princípio lírico, segun<strong>do</strong> o qual a<br />

perso<strong>na</strong>gem é auto-afirma<strong>do</strong>ra, fazen<strong>do</strong> parecer a única responsável por suas fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />

<strong>de</strong>liberações e escolhas, sen<strong>do</strong> as suas ações e reações isola<strong>da</strong>s e individualiza<strong>da</strong>s. Se Por<br />

isso, diz Hegel que “no drama, as situações só têm senti<strong>do</strong> e valor pela ação <strong>da</strong>s<br />

perso<strong>na</strong>gens, pelos fins que estas perseguem, e pelos caracteres que assim revelam.”<br />

(HEGEL, 1993, Estética, p.631). No drama, pois, é significativo o valor conferi<strong>do</strong> aos<br />

sentimentos individuais, os quais, por sua vez, assumem um aspecto funcio<strong>na</strong>l suficiente<br />

para atuarem como <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>res <strong>de</strong> ações. A este <strong>respeito</strong> e a título <strong>de</strong> exemplo,<br />

rememoremos a perso<strong>na</strong>gem Édipo – no Œdipus-rei, <strong>de</strong> Sófocles, o qual, ao se tor<strong>na</strong>r<br />

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PROMETEUS Ano 3 – no. 6 Julho-Dezembro / 2010 ISSN: 1807-3042 ISSN ONLINE: 2176-5960

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