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ENSINO SUPERIOR E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS: ESTUDO ...

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IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasil<strong>ENSINO</strong> <strong>SUPERIOR</strong> E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>: <strong>ESTUDO</strong> COM ALUNOSDE LICENCIATURA DA UFS/ITABAIANARosenilde Alves dos Santos (PIBIC-UFS/GEPIADDE) 1Maria Batista Lima (UFS-DEDI/GEPIADDE-NPGECIMA) 2João Rogério Menezes de Santana (UFS-DEDI-GEPIADDE) 3RESUMOA universidade é um espaço onde circulam questões relacionadas às identidades. Sãotemáticas que têm ocupado as diversas áreas do conhecimento. As identidades são cada vezmais entendidas como construções plurais socialmente construídas e modificadas nas relaçõessociais. Ao longo da nossa vida formamos nossas identidades a partir da forma como nosrelacionamos com os outros e como estes influenciam nossa forma de ser: mulher, homem,negro/a, branco/a, heterossexual, homoafetivo, dentre outros. Na condição de processo estãosempre em construção. Para Lima e Trindade (2009, p.17) as identidades dos sujeitos seconstituem a partir das semelhanças e da identificação com o outro, nas relações sociais.Segundo as autoras “são continuamente (re) construídas a par tir de repertórios culturais ehistóricos de matrizes africanas, e das relações que se configuram na vivência em sociedade.”Assim, na história brasileira as problemáticas etnicorraciais são mediadas pela forma como oracismo e o escravismo impuseram sentido negativo ao ser negro/a (LIMA E TRINDADE,2009). Este trabalho é parte do projeto e pesquisa “A Expansão do Ensino Superior FederalPúblico: o caso da Universidade Federal de Sergipe / Campus Professor Alberto Carvalho”.Como objeto de estudo o processo de formação de identidades dos alunos dos sete cursos delicenciatura desse campus. Serão abordadas aqui atribuições acerca das identidadesetnicorraciais dos alunos (as) no contexto da expansão e inclusão.INTRODUÇÃOEste trabalho visa apresentar dados sobre o desenvolvimento do plano de trabalho “AExpansão do Sistema de Ensino Superior Federal Público no Brasil e sua relação com asconcepções de inclusão social dos estudantes da UFS/Campus Itabaiana-SE”, parte dapesquisa “A Expansão do Ensino Superior Federal Público: o caso da Universidade Federalde Sergipe / Campus Professor Alberto Carvalho”. A referida pesquisa teve como objeto de1Graduanda do Curso de Pedagogia, bolsista PIBIC-2010-2011 e participante do Grupo GEPIADDE. E-mail:rosenildebdp@hotmail.com2 Doutora em Educação, Profª Adjunta da Universidade Federal de Sergipe, Profª do Depart. de Educação/Itabaiana e doPrograma de Pós Graduação em Ensino de Ciência e Matemática. E- mail: mabalima.ufs@gmail.com3 Prof. Colaborador do Departamento de Educação do Campus Itabaiana, Membro dos Grupos de Pesquisas GEPIADDE e doEducon. E-mail: joaorogeriosantana@gmail.com.ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70331


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasilestudo o processo de formação de identidades dos alunos dos sete cursos de licenciatura docampus: Prof. Alberto Carvalho, visando analisar questões relacionadas a Identidades Étnicoraciais,de Gênero, Sexualidade e Inclusão social. Foram abordadas questões de gênero,sexualidade, identidades, etnia/raça, as origens sócio-econômicas, cotas como política de açãoafirmativa. Para tanto, foram analisados os questionários sócio-econômicos dos candidatosque estavam ingressando na Universidade, questionários e entrevistas realizadas com osdiscentes dos sete cursos de licenciaturas, sendo que os questionários e as entrevistas estavamdirecionadas ao objetivo principal da pesquisa, comparações entre o campus de Itabaiana eSão Cristóvão por meio do questionário sócio-econômico dos candidatos aprovados nomesmo ano, como também comparações acerca com os candidatos aprovados em anosdiferentes em Itabaiana. E na fase de conclusão do projeto os principais focos analisadosforam entrevistas aos discentes dos sete cursos de licenciatura, sendo alvo da pesquisa doisalunos(homem e mulher) de cada turma existente até então no campus de Itabaiana e umaanálise dos candidatos aprovados no PSS 2010 por meio das cotas se pautando nos critériosutilizados para determinar tal ação afirmativa. Será neste apresentado como foco principal,uma parte da pesquisa que direciona olhares aprofundados na questão étnico-racial dos alunos(as) das sete turmas de licenciatura do Campus/Ita. Com o propósito de vislumbrar como vêmocorrendo o processo de construção das identidades destes, e como a Universidade interferenesses determinados aspectos.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICAO estudo propôs discussão a respeito de teóricos que enfatizam reflexões sobre:Expansão e democracia, Inclusão social, Identidades étnico-raciais, de gênero e sexualidade,As cotas como forma de ações afirmativas das políticas públicas. Dentre essas abordagens,ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70332


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasiloutras que estão inteiramente ligadas e que opinam para uma melhor compreensão do que sepretende com a pesquisa. Mas, o que será apresentado neste serão ideias e discussões pautadasem aspectos étnicos e raciais, levando em consideração algumas discussões que interferemnessa temática.SOBRE INCLUSÃO SOCIALA expansão do ensino superior público pode demarcar aspectos de inclusão social nosentido de beneficiar a todos como forma de democracia, como também auxiliar na busca delegitimidade e institucionalidade anos atrás vista com bastantes conflitos de sustentabilidade.Vale ressaltar que uma das finalidades mais importantes de uma universidade é conservar edifundir os valores éticos, liberdade, igualdade e democracia, como também gerar, transmitire disseminar o conhecimento, em padrões elevados de qualidade e equidade.Segundo Sposati (1999), a inclusão social implicaria em quatro tipos de utopia:Autonomia: é a capacidade e a possibilidade do cidadão suprir suasnecessidades vitais, especiais, culturais, políticas, sociais enfim de respeitoàs idéias individuais ou coletivas, acima de tudo o exercício de sualiberdade. Qualidade de vida: a qualidade e a democratização dos acessosás condição de preservação do homem, da natureza e do meio ambiente, agarantia de um ambiente o qual tenha um pleno desenvolvimento ecológico eparticipativo de respeito ao homem e a natureza. DesenvolvimentoHumano: é a possibilidade de todos os cidadãos de uma sociedade justa, aqual todos possam usufruir coletivamente o mais alto grau da capacidadehumana. Equidade: é possibilidade das diferenças serem manifestadas erespeitadas sem discriminação, condição que favoreça o combate daspráticas de subordinação ou de preconceito. (SPOSATI, 1999, p.7)ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70333


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, BrasilIDENTIDADES ÉTNICO/RACIALA universidade é um espaço onde circulam questões relacionadas às identidadesétnico-raciais e outros como de: gênero, sexualidade, etc. São temáticas que tem ocupado asdiversas áreas do conhecimento. As identidades são cada vez mais entendidas comoconstruções plurais socialmente construídas e modificadas nas relações sociais. Ao longo danossa vida formamos nossas identidades a partir da forma como nos relacionamos com osoutros e como estes influenciam nossa forma de ser: mulher, homem, negro/a, branco/a,heterossexual, homossexual dentre outros.Na condição de processo estão sempre em construção não se pode definir nemquantificar, mas observar as constantes mutações. Para Lima e Trindade (2009, p.17) asIdentidades:(...) são imbricadas nas semelhanças a si próprias e na identificação com ooutro. Constitui-se em foco central nas relações sociais, sendocontinuamente (re) construídas a partir de repertórios culturais e históricosde matrizes africanas, e das relações que se configuram na vivência emsociedade.”Na história brasileira destaca-se a problemática das identidades étnico-raciais negraspela forma como o racismo e o escravismo impuseram sentido negativo ao ser negro/a. Aformação de identidades entre a população negra terá inicio justamente na luta contra oracismo, ou seja, um imaginário democrático no qual questão das desigualdades raciais estaráatrelada ás desigualdades socioeconômicas nos debates de várias organizações negras,surgidas a partir dos anos 20.Assim, as identidades como mencionadas acima, são processos históricos sociais, noque depende dos atores sociais da época, para (re) construir novas vivências em sociedade.Partindo do outro como fundamental para identificação de si próprio. Essa auto identificaçãoANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70334


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasilestá diretamente ligada a conceitos formados pelos indivíduos com relação a maneira como sevêm e seus ancestrais, implicando assim para questões de cor e raça.Segundo as idéias de Sansone ”O termo “racialização” indica que raça é uma dasmuitas maneiras de expressar e vivenciar a etnicidade – uma maneira que coloca ênfase nofenótipo”(p.16) [...] “a cor, ou em linhas mais gerais no fenótipo.” (SANSONE, 2003, p.20).A citação acima leva a entender que raça e etnia estão inteiramente associadas e queestas possuem em sua composição atributos tipo traços físicos ou biológicos que demarcamsuas disposições. Sendo por muitas vezes substituídas. Um dos traços físicos e/ou biológicosapresentados por estas pode ser a cor.As identidades étnico–raciais são processos contínuos que jamais podem serentendidas por meio de aspectos biológicos, muito mais que estes aspectos, essas identidadesentendidas como processo são afetadas pela história e pelas circunstâncias das demandaslocais ou até mesmo globais.Com relação à africanidades e identidades étnicorraciais utilizamos as autoras Lima eTrindade que definem africanidades como “repertórios culturais brasileiros que em suaorigem, dispositivos de base ou (re)elaboração históricas remetem ou se relacionam com asancestralidades africanas”. (LIMA E TRINDADE, 2009, p.17)As africanidades, assim como as identidades se configuram no tempo e no contextoem que são explicitadas. Portanto, assim, pode-se entender a noção de identidades como a quepretende apreender fenômenos históricos e processos sociais de caráter existencial que nãotoma forma e nem se materializa sem a presença de um “outro” e da diferença. De acordocom Lima e Trindade:ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70335


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasil(...) Nesse sentido, articulam-se as ações no campo das políticas públicas e das práticascotidianas. Conquista-se a criação da Lei 10.639/03, substituída pela Lei: 11. 645/08, (...) tornandoobrigatório o ensino de a história e cultura africana e afro-brasileira nos currículos escolares. (LIMA,TRINDADE, 2009,p.17)Nessa direção, sabemos que é de suma importância a implantação e a criação e leisque venham garantir direitos a grupos que são excluídos na sociedade. Mas, é preciso mais doque leis, é necessário que haja desafios em relação ao direcionamento a essas leis, desafiosapontados por Lima e Trindade (2009) como: político, acadêmico e da práxis criativa.A universidade é um espaço onde circulam questões relacionadas às identidadesétnicorraciais e outros como de: gênero, sexualidade, etc. São temáticas que tem ocupado asdiversas áreas do conhecimento. Por muito tempo essas identidades no espaço acadêmicoforam quase que exterminadas, esquecidas melhor dizendo, e o que facilitou determinadoocorrimento foi o mito da democracia racial, vivenciado em nossa sociedade nesses últimosanos. Conforme as idéias de Jorge José (2006):(...) “a segregação racial no meio universitário jamais foi imposta no Brasillegalmente, mas sua prática concreta tem sido a realidade do nosso mundoacadêmico, através de mecanismos que esse próprio mundo acadêmico temfeito muito pouco por analisar e nem tem mostrado interesse, atérecentemente, em desativá-los.” (p.4)COTASO atual governo, de Luiz Inácio Lula da Silva, tem como intuito em ofertar o ensinosuperior para todos indistintamente, vale ressaltar que ele foi o governo que mais investiu naEducação, de modo específico fez ensino superior um dos governos que mais privilegiou asIFES (Instituições Federais de Ensino Superior) no Brasil. E de fato algumas mudanças jáANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70336


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasilestão sendo adotadas dentre elas as cotas, o que vem repercutindo de forma significativa noâmbito educacional brasileiro.Não obstante os argumentos históricos que se colocam como justificativa em relaçãoàs cotas, disponibilizados em inúmeros estudos que apontam as evidências e os fundamentosdo caráter étnico-racial e social das desigualdades na sociedade brasileira (GUIMARÃES,1999, Barbosa, 2000; PAAF, 2008) a instituição de cotas nas universidades brasileiras temgerado controvérsias, sob a alegação, principalmente da classe alta média alta brasileira, queevoca um pseudoconceito de meritocracia, desconsiderando a relevância dos componentescondicionais na configuração meritocrática, bem como sobre a forma condicionada com aqual se dá o processo de ingresso nas universidades públicas. Baseado no senso comum e nadefesa de privilégios seculares esses sujeitos acusam as cotas de ser processo dediscriminação aos brancos ou até mesmo de que essa política poderia gerar ainda mais asdesigualdades em relação como acirramento das discriminações.Podemos perceber que há uma forte revolta dos vestibulandos da rede privada,alegando que o processo seletivo deve acontecer de forma justa, o que para eles quer dizer amanutenção do processo de privilégios de sua classe, desconsiderando que sempre tiveramcondições que a classe popular e a maioria da polução negra não tiveram.Vale destacar que o fato de um sujeito ingressar numa universidade pública nãoqueira dizer que o mesmo está totalmente incluso, pois essa inclusão é composta por váriosfatores além do ingresso no sistema educacional; no entanto esse ingresso é um dos elementosdessa ação inclusiva. Segundo as idéias de Brandão (2005, p. 68)(...) se a universidade não criar uma estrutura que dê condições aosestudantes ingressantes, especialmente os beneficiados, pelo sistema decotas, de se manterem financeiramente ao longo do curso e condiçõesANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70337


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasilpedagógicas para que consigam acompanhar, no mesmo nível dos demaiscalouros, as aulas das disciplinas dos primeiros anos, a experiência das cotaspoderá ser “desastrosa.Desta forma, só a oportunidade do acesso não basta é um primeiro passo, mas épreciso que se reflita a questão de permanência dos beneficiados pelo sistema de cotascontinuem na universidade e de forma igualitária aos demais.O autor ainda acresce que investir na educação de base pode não ser a melhor dasatitudes, isso porque seria uma medida duradoura e poderia aumentar ainda mais aprofundidade das desigualdades sociais.Segundo Brandão (2005, p.92)(...) Os defensores do sistema de cotas não admitem que a criação decondições iguais se dê apenas antes do processo de ingresso nasuniversidades públicas (...) pois afirmam que essa melhoria, se houvesse,levaria mais de trinta anos para resultar em um maior percentual de negrose/ou pobres aptos para disputar, em igualdade de condições , as vagasoferecidas pelas universidades públicas brasileiras.Além de aspectos de compensação pela escravização passada e pela discriminaçãoque persiste as ações afirmativas, entre elas as cotas, são vistas como ações de potencializaçãodos grupos discriminados, com objetivo de criar referenciais societários de equidade social,levando as pessoas a viverem de fato como uma sociedade multiétnica.(...) as políticas de ação afirmativa são “medidas especiais e temporárias”que(...) simbolizariam “medidas compensatórias, destinadas a avaliar o pesode um passado discriminatório”; significariam “uma alternativa paraenfrentar a persistência da desigualdade estrutural que corrói a realidadebrasileira”; e por fim, permitiriam “a concretização da justiça em sua dupladimensão: redistribuição(mediante a injustiça social) e reconhecimento(mediante o direito à visibilidade de grupos excluídos (Piovesan, 2003, p.A3)ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70338


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, BrasilMETODOLOGIA UTILIZADAOs procedimentos utilizados foram a)leituras de fundamentação teórica no campodas políticas públicas educacionais, sobre Inclusão social, enfatizando a questão das cotas;expansão do ensino superior público; identidades étnico-raciais, de gênero e sexualidade b)levantamento de dados secundários como consulta ao site da CCV(Coordenação deConcursos Vestibulares) para descobrir aspectos culturais e sócio-econômicos dos estudantesde licenciaturas do Campus, como também os critérios utilizados na implantação de cotas naUFS/Ita no vestibular 2010; c) entrevistas com alunos de 2007 e 2008 com total de 28estudantes, questionários aplicados a alguns alunos das turmas de 2008, entrevistas semiestruturadascom estudantes das sete turmas de licenciatura do Campus de Itabaiana, sendoobjeto de estudo os dois (homem e mulher) discentes de cada turma com o total de 56 alunos.Mas, devido à resistência e disponibilidade de tempo de alguns estudantes esse número sereduziu a 40 estudantes. Foram analisados os aspectos sócio-econômicos, étnico-raciais e degênero dos seus perfis, bem como as concepções de inclusão social, com ênfase na visão dosalunos a respeito dos próximos estudantes e alguns através das cotas que apresentam e arelação destas concepções com o processo de expansão universitária.É imprescindível ressaltar que o período dedicado à realização das entrevistas foramos meses de abril, maio e junho. As mesmas foram realizadas pelas três bolsistas envolvidasna pesquisa referida, e em seguida foi realizada as transcrições, sendo que cada bolsista ficouencarregada de transcrever as entrevistas que realizaram.A análise a partir das entrevistas anteriores foi utilizada para elaboração de trabalhoapresentado em eventos, tais como no Seminário de Educação da Universidade Federal doMato Grosso, na Semana de Educação Básica da Universidade Federal de Sergipe e no IIIANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70339


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, BrasilFórum Identidades e Alteridades: Educação, Diversidade e Questões de Gênero, realizado emnovembro de 2009.EXPOSIÇÃO E ANÁLISE DE DADOSA pesquisa permite trazer resultados alcançados a partir do que foi proposto noprojeto. Como já foi referido, serão apresentados neste item parte dos estudos realizados quedizem respeito a aspectos voltados ao processo de identidades étnico-raciais, Cotas e Inclusãosocial.Abaixo dados do eixo apresentado:Partindo do pressuposto de inclusão social, ao analisar as entrevistas realizadas nessesemestre sobre a visão dos alunos a respeito do que seria inclusão social, no geral as respostasobtidas estavam voltadas a: É incluir o cidadão em todos os aspectos da sociedade, daroportunidades a todos sem distinção de cor, raça, gênero, sexualidade e classe social. Asrespostas atribuídas pelos graduandos a essa questão está muito voltada à grupos que estão esão excluídos na sociedade. Podemos analisar melhor essa questão por meio da transcriçãoabaixo:O que você entende por Inclusão Social?“Uma maneira de incluir todos independente de classe social, seja ela aquestão financeira, questão de gênero e incluir todas as pessoas.- Que relação você faz entre inclusão e identidades étnico-raciais, degênero e sexualidade? A relação vem de uma idéia oposta que seria aexclusão.Onde hoje a exclusão não ta erradicada da sociedade, ela ainda apresentaprincipalmente em algumas repartições no caso da homossexualidade, elenão é tão aceito como se propaga. É teoricamente, o homossexual, a questãoda mulher, tem alguns setores que ainda excluem essas relações, distinguem.( Estudante do Curso Geografia ,Semestre 4°, Sexo feminino.)ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-703310


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, BrasilSegundo Sposati (1999), a inclusão social implicaria em: “Equidade: é possibilidadedas diferenças serem manifestadas e respeitadas sem discriminação, condição que favoreça ocombate das práticas de subordinação ou de preconceito”. (SPOSATI, 1999, p.7)Outra entrevista realizada e que se refere à pergunta anterior, traz como visão daaluna, a inclusão como forma de condição de vida. Analisemos: “- O que você entende porInclusão Social? É ter acesso as necessidades básicas do tipo: saúde, educação, moradia” .(aluna de biologia, 4° período)Ainda de acordo com as idéias de Sposati (1999, p.7)Qualidade de vida: a qualidade e a democratização dos acessos ás condição depreservação do homem, da natureza e do meio ambiente, a garantia de um ambiente o qualtenha um pleno desenvolvimento ecológico e participativo de respeito ao homem e a natureza.Com relação à questão da Universidade ser ou não promissora de inclusão social,pode-se constatar por meio das entrevistas que a maioria diz que a Universidade é promissorade inclusão social, estabelecendo que ela promove inclusão, a medida que as pessoas passama interagir com outras diferentes, a medida que inclui sem distinção de cor, raça, gênero esexualidade, por causa da localidade, destacando dessa forma a expansão e interiorização daUniversidade, ela inclui por meio das cotas e numa das respostas a qual deixa um parecer commais ênfase, foi a inclusão por meio do mérito do vestibular. Outros disseram que elapromove em partes e quatro alunos disseram quea universidade não incluí socialmente. O que estes trazem como discurso é que auniversidade excluiu o negro, os homossexuais e que não divulgam seus programas acomunidade. Isso pode ser constatado a partir das falas dos estudantes.- Você acha que a universidade é promissora de inclusão social?ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-703311


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasil- “Eu acho que sim, principalmente essa Universidade que ta locada no interior né?Então vai está dando possibilidade aqueles alunos do município que até então concorriadentro da capital e que ficava mais difícil porque a Universidade não basta só ter uma boanota para entrar no curso e passar no vestibular também tem o custo né? Apesar de ser umaUniversidade pública, o custo para se manter na Universidade não é barato, apesar detoda assistência estudantil se tem, você tem que tirar xérox, você tem as vezes campopara fazer que a Universidade não proporciona transportes e os professores ficam umpouco amarrados para fazer isso e as vezes a pessoa que não tem condição, justifica logo e dizolhe não tive condição de ir porque não tive dinheiro. “Então ela agora aqui trazendo ela parao interior, numa realidade mais próxima, aqui mesmo é possível que ela seja um meio deexclusão social sim; porque vai ta, já evita um gasto de transporte, alimentação para aquelesque saem e se alimentam fora.” (Aluno de biologia 8° período)A fala do estudante acima nos dá prioridade para tratar da inclusão social por meioda expansão da Universidade Federal deSergipe, destacando a importância dainteriorização do cenário superior público. “a criação de novas universidades em regiões dointerior do país desassistidas pelo sistema federal de ensino superior público ou, por meio dedesmembramento de universidades já existentes”. (ENNES, 2009, p. 161)Em relação à cor e raça dos candidatos aprovados no PSS-2009, no caso de Itabaianaa maioria diz ser pardo. Em segundo lugar fica a categoria branca, em terceiro a categorianegra, que corresponde a cor preta no IBGE. Percebe-se que os estudantes optam pelacategoria parda, ignorando de uma forma e de outra a categoria negra que também estava noquestionário. O que se percebe desta forma é que em grande parte dasrespostas os alunos ao responderem a pergunta, analisam traços físicos, deixando delado as descendências e raízes as quais pertencem. O mesmo caso ocorreu em 2008 a maioriaANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-703312


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasildos aprovados diz ser pardo, em segundo lugar fica a categoria branca, Em terceiro lugar ficaa categoria negra,. Tanto em 2008 como em 2009 percebe-se que os alunos ignoram acategoria negra do quesito e optam pela parda.Em relação a São Cristóvão o número de alunos que dizem ser pardos é ainda maiorque os de Itabaiana. Mas a mesma situação é detectada, os alunos declaram ser pardos,ignorando a categoria negra. O que nos remete às questões apenas biológicas e que não serefletem por muitos mesmo com tantas discussões acerca da temática, o olhar crítico dopróprio reconhecimento, a partir das questões históricas de vida.O que se pôde verificar ainda diante desta questão é a presença restrita de alunos quese auto-identificam como indígenas. Tanto no campus de Itabaiana, como no de SãoCristóvão verifica-se que o ensino superior para estes atores sociais ainda é um campo demuita luta e resistência, já que estes participaram e participam por muito tempo da história eformação do povo brasileiro. Segundo Lopes e Pagan (2009, p.73).Com o aumento do número de professores que concluíram o Ensino Médioe, concomitante, a expansão da oferta de escolarização nas aldeias, aumentoua necessidade de acesso dos professores indígenas ao nível superior. (...)Esse acesso ocorre, sobretudo, por meio da oferta de cursos delicenciaturas interculturais e dos sistemas de reservas de vagas por cotas emtodos os cursos.Considerando-se que temos em Sergipe um grupo indígena, dos Xokós, com umnúmero significativos de jovens com ensino médio e que se atenta é para o fato de que mesmocom a ampliação de vagas, não tem se dado uma ampliação do acesso as esse grupo,o queaponta talvez a necessidades de outras medidas de inclusão.Já partindo da análise das entrevistas, a respeito de cor e raça, a maioria dos alunosse auto-identificava e se auto-identificam como pardos, em segundo lugar se auto-definemANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-703313


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasilcomo negros e por último ficou a categoria branca, nenhum dos entrevistados se autoidentificaramcomo indígena. O que pôde ser notado no momento das entrevistas é que estesna maioria dos casos olhavam para a cor da pele e se identificavam, outros apesar de seauto-identificarem como negros alegavam ter parentesco como: mãe ou pai brancos. Taisanálises leva a crer que quando fala em auto-identificação com relação a cor e raça, osindivíduos enxergam apenas os fenótipos, aquilo que demarca algo biologicamente, nãoenxergando assim a ancestralidade na qual pertencem.Um dos entrevistados disse a respeito da cor e raça:Como você se auto-identificava antes de seu ingresso na UFS/ITA, em relação a suacor e raça?- Branco- Há alguma pessoa ou pessoas negras na sua família? Em caso positivo, qual o graude parentesco, a formação e o trabalho dessa pessoa?- “Sim, meu avô ele possui ensino fundamental incompleto.”(aluno de química 8° período)As identidades étnico raciais são processos contínuos que jamais podem serentendidas por meio de aspectos biológicos, muito mais que estes aspectos, essasidentidades entendidas como processo são afetadas pela história e pelas circunstâncias dasdemandas locais ou até mesmo globais.Outro aspecto analisados nas entrevistas foi a pergunta: Cor e raça, existedistinção?Maior parte dos alunos falou que não, outros disseram que sim e trouxeram respostasdo tipo:Para você há diferença entre cor e raça? Por quê?ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-703314


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, BrasilSim. Cor depende de como a sociedade lhe ver e raça depende da cultura.(aluna de matemática, 2° período)Essa confusão a respeito de como diferenciar a cor da raça depende muito de comoos indivíduos se vêm e vêem os outros. Além disso, as formas de relações sociais, vãoimplicarem bastante na maneira como estes indivíduos se auto-identificam.Segundo as idéias de SANSONE (2003)“O termo “racialização” indica que raça é uma das muitas maneiras de expressar evivenciar a etnicidade – uma maneira que coloca ênfase no fenótipo”. (p.16)A citação acima leva a entender que raça e etnia estão inteiramente associadas e queestas possuem em sua composição atributos tipo traços físicos ou biológicos que demarcamsuas disposições. Sendo por muitas vezes substituídas. Um dos traços físicos e/ou biológicosapresentados por estas pode ser a cor.Dando continuidade, as entrevistas realizadas na fase de conclusão permitiu analisarum pouco do que alguns discentes pensam a respeito do processo de cotas, como tambémanalisar de que maneira eles vêm a entrada de novos alunos (as) que se beneficiaram peloprocesso de cotas.- Com relação às políticas de cotas na universidade para alunos oriundos de escolapública, você acha que é uma ação positiva ou negativa para o país? Explique.- Positiva, porque aquelas pessoas vão concorrer com negros e também acho que nãodevia ter porque eles não são deficientes.-Com relação às políticas de cotas na universidade para alunos/as negros/as (pretos epardos) e indígenas, você acha que é uma ação positiva ou negativa para o país? Explique.ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-703315


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasil- Negativa todos tem direitos iguais. (aluna de física do 8° período)A partir dos comentários feitos relacionados ao processo de cotas é necessário afirmarque as cotas podem ser umas formas de inclusão social, mas, vai depender muito das condiçõesque essa política está e é implantada em determinada situação.BRANDÃO(2005)(...) “ se a universidade não criar uma estrutura que dê condições aosestudantes ingressantes, especialmente os beneficiados, pelo sistema decotas, de se manterem financeiramente ao longo do curso e condiçõespedagógicas para que consigam acompanhar, no mesmo nível dos demaiscalouros, as aulas das disciplinas dos primeiros anos, a experiência das cotaspoderá ser “desastrosa”.(p.68)CONCLUSÃOA partir do que foi exposto até então, fica visível dois aspectos. O primeiro estárelacionado ao suposto contexto de expansão da Universidade Federal de Sergipe, que pormeio dos procedimentos para verificar se esse processo estava promovendo a inclusão social,com os dados coletados e analisados é válido ressaltar que o processo de expansão do ensinosuperior público vem promovendo inclusão sim, e que a universidade em si é palco promissorpara que isso aconteça. Em segundo lugar, que está diretamente vinculada a primeiraproposição é a questão de auto-identificação dos (as) alunos (as) com relação a cor e raça. Amaioria diz ser pardo, o que não foge da categoria negra. Então é possível afirmar que oCampus/Ita é um espaço que prioriza a inclusão de grupos que até então são negligenciados eafastados da sociedade. Apesar de muitos dos alunos (as) no momento das entrevistasdemonstrarem dificuldades em se auto-identificarem, levando em consideração apenasANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-703316


IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES:EDUCAÇÃO E <strong>RELAÇÕES</strong> <strong>ETNICORRACIAIS</strong>10 a 12 de novembro de 2010UFS – Itabaiana/SE, Brasilcaracterísticas relacionadas a cor da pele. Já a respeito da visão dos discentes com relação aoprocesso de cotas o que pôde ser notado foi que em grande parte as cotas se for consideradoaspectos sociais, ela ainda é mais bem vista do que a por aspectos raciais. A maiorjustificativa dos estudantes está vinculada a idéia de que não é a cor que vai definirinteligência.É imprescindível notar que apesar de avanços a respeito da diversidade cultural donosso país se formar em ritmo de desigualdades, ainda é grande o contingente de pessoas quenão dão conta de enxergar a realidade social do nosso país.ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-703317

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