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algumas notas a respeito da concepção do trágico na estética de ...

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O nó é constituí<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os casos que estão fora <strong>da</strong> ação e muitas vezes por alguns que<br />

estão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la; o resto é o <strong>de</strong>senlace” (ARISTÓTELES, Poética, VI, 1455b 24, p.459).<br />

E, como pensara Hegel: “tão legítimo é o fim e o caráter <strong>trágico</strong>, como necessária é a<br />

solução <strong>de</strong>sse conflito” (HEGEL, 1993, Estética, p.648). Ain<strong>da</strong> no que concerne às<br />

semelhanças entre a <strong>concepção</strong> poética <strong>de</strong> Hegel 10 e a <strong>concepção</strong> poética <strong>de</strong> Aristóteles,<br />

estas repousam <strong>na</strong> importância conferi<strong>da</strong> à ação. Porquanto é a ação que <strong>de</strong>fine a obra <strong>de</strong><br />

criação artística superior, em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> qual, tanto um, quanto o outro, privilegiam a poesia<br />

dramática – particularmente a tragédia –, como síntese <strong>do</strong> processo artístico <strong>na</strong> totali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Assim, no que tange à tragédia, tanto em Hegel como em Aristóteles é sempre uma ação<br />

que está em jogo; para Aristóteles como imitação <strong>de</strong> uma ação; para Hegel, como sen<strong>do</strong> a<br />

ação que resulte <strong>na</strong> conciliação entre <strong>do</strong>is pólos que igualmente têm razão e que mantém o<br />

conflito <strong>trágico</strong>.<br />

Como pu<strong>de</strong>mos ver brevemente, diferentemente <strong>de</strong> Kant, Hegel acentua e sublinha a<br />

importância <strong>do</strong> belo artístico presente em sua maior expressão: a poesia dramática,<br />

aprecia<strong>da</strong> e valora<strong>da</strong> como manifestação suprema no Sistema <strong>da</strong>s Artes. Porquanto, assi<strong>na</strong>la<br />

em sua <strong>do</strong>utri<strong>na</strong> que quanto maior o coeficiente <strong>de</strong> materiali<strong>da</strong><strong>de</strong> presente <strong>na</strong> obra <strong>de</strong> arte<br />

maior a graduação <strong>de</strong> sua inferiori<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois o espírito tem maior expressão <strong>na</strong>s formas que<br />

se distanciam <strong>da</strong> materiali<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma vez que é pura i<strong>de</strong>ali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Dito <strong>de</strong> outro mo<strong>do</strong>, <strong>na</strong><br />

<strong>concepção</strong> <strong>estética</strong> hegelia<strong>na</strong> a materiali<strong>da</strong><strong>de</strong> é inversamente proporcio<strong>na</strong>l ao grau ou<br />

estatuto <strong>da</strong> obra <strong>de</strong> arte. Desse mo<strong>do</strong>, talvez seja possível compreen<strong>de</strong>r porque a poesia<br />

<strong>de</strong>staca-se para Hegel como sen<strong>do</strong> a obra <strong>de</strong> arte mais própria à influência <strong>do</strong> Espírito.<br />

Ao propor uma filosofia ou ciência <strong>do</strong> belo artístico, Hegel nos mostra que a <strong>estética</strong><br />

é superior à arte. A razão <strong>de</strong>sta superiori<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser compreendi<strong>da</strong> <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> em que a<br />

arte em suas produções passam a ser objeto <strong>de</strong> uma ciência <strong>da</strong> arte, ou seja, a ciência <strong>do</strong><br />

belo artístico, portanto, operan<strong>do</strong>, por assim dizer, sob a or<strong>de</strong>m conceptual. Conforme<br />

interpreta e discrimi<strong>na</strong> Hegel, enquanto ciência, sob o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> conceito, ascen<strong>de</strong>-se à<br />

10 Na óptica <strong>de</strong> Hegel há, posterior ao momento <strong>da</strong> tragédia, a superiori<strong>da</strong><strong>de</strong> oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong> comédia, momento<br />

em que há uma total superação e expressivi<strong>da</strong><strong>de</strong> maior <strong>do</strong> espírito. Assim, no que tange à comédia, eis o que<br />

<strong>de</strong>clara Hegel: “<strong>na</strong> comédia, é pelo riso que tu<strong>do</strong> se <strong>de</strong>strói e invali<strong>da</strong>, que o indivíduo assegura o triunfo <strong>da</strong><br />

perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> fortemente apoia<strong>da</strong> em si mesma.” (HEGEL, 1993, Estética, p.649). Entretanto, não visamos<br />

neste artigo abor<strong>da</strong>r este aspecto <strong>da</strong> arte poetológica e, por isso, aqui ape<strong>na</strong>s <strong>de</strong>ixamos indica<strong>da</strong> a<br />

consi<strong>de</strong>ração feita pelo filósofo.<br />

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PROMETEUS Ano 3 – no. 6 Julho-Dezembro / 2010 ISSN: 1807-3042 ISSN ONLINE: 2176-5960

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