algumas notas a respeito da concepção do trágico na estética de ...
algumas notas a respeito da concepção do trágico na estética de ...
algumas notas a respeito da concepção do trágico na estética de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
e não <strong>da</strong> mesma maneira. (ARISTÓTELES, 1978, Poética, I, 1447a 13,<br />
p.443).<br />
Assim, Aristóteles listou as três possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> manifestação <strong>do</strong> carácter<br />
mimético presentes numa obra <strong>de</strong> arte, a saber, (1) imitação conforme <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong> meio;<br />
(2) imitação conforme <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong> objeto ou; (3) imitação conforme <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong> mo<strong>do</strong>.<br />
Portanto, <strong>na</strong>s diversas artes estes três elementos se manifestam, isto é, seja <strong>na</strong> epopéia, seja<br />
<strong>na</strong> tragédia, <strong>na</strong> comédia, assim como <strong>na</strong> aulética 8 , <strong>na</strong> citarística, etc. Em última análise, a<br />
arte sempre li<strong>da</strong> com imitações. Estes três registros permitem a diferenciação entre as<br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> arte poética.<br />
De certo mo<strong>do</strong>, surpreen<strong>de</strong>-nos observar quão pouca ênfase Aristóteles discorre<br />
sobre outras obras <strong>de</strong> arte; diferentemente <strong>de</strong> Hegel, o qual, por sua vez, além <strong>de</strong> discorrer a<br />
<strong>respeito</strong> <strong>do</strong> Sistema <strong>da</strong>s Artes, também faz <strong>da</strong> poesia a arte par excellence <strong>do</strong> espírito e que,<br />
assim, parece manter um ponto <strong>de</strong> intersecção com a <strong>concepção</strong> aristotélica. Na medi<strong>da</strong> em<br />
que preten<strong>de</strong>u abor<strong>da</strong>r a gênese <strong>da</strong> obra <strong>de</strong> arte e seu <strong>de</strong>senvolvimento, tanto quanto à<br />
forma, quanto ao conteú<strong>do</strong>, Hegel percorre as concepções <strong>de</strong> arte supracita<strong>da</strong>s para<br />
apreen<strong>de</strong>r qual o seu senti<strong>do</strong> (sua essência) e, pensamos nós, sobretu<strong>do</strong> para assi<strong>na</strong>lar as<br />
diferenças <strong>de</strong>stas em relação à perspectiva que propõe. De acor<strong>do</strong> com este filósofo, a obra<br />
<strong>de</strong> arte que reproduz a <strong>na</strong>tureza possui limites bem estreitos, afi<strong>na</strong>l:<br />
É um velho preceito, este <strong>de</strong> que a arte <strong>de</strong>ve imitar a <strong>na</strong>tureza; encontrase<br />
já em Aristóteles, quan<strong>do</strong> a reflexão ain<strong>da</strong> estava em seus primórdios,<br />
po<strong>de</strong>ria satisfazê-la tal <strong>concepção</strong>, que contém sempre alguma coisa <strong>de</strong><br />
justificável com boas razões e que nos aparecerá como um momento,<br />
entre outros, <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ia. (HEGEL, 1993, Estética,<br />
p.13).<br />
Neste texto, Hegel nos alerta para várias coisas. Em primeiro lugar, quão antiga é a<br />
prescrição <strong>de</strong> Platão e Aristóteles, que consi<strong>de</strong>ram a obra <strong>de</strong> arte como mímese,<br />
evi<strong>de</strong>ntemente por razões distintas. Uma segun<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>ração é que, <strong>da</strong><strong>da</strong> a simplici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sta <strong>concepção</strong>, ela já não satisfaz mais o pensamento, ou melhor, em função <strong>do</strong> estágio<br />
mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> ‘<strong>de</strong>senvolvimento’ <strong>do</strong> Espírito, <strong>concepção</strong> esta que Hegel não suprime nem<br />
<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra, observan<strong>do</strong>-a antes como uma etapa necessária e justificável <strong>na</strong> constituição<br />
8<br />
Na Grécia, entre os antigos gregos, termo que abrangia diversos tipos <strong>de</strong> flauta; ou seja, trata-se <strong>da</strong> arte<br />
musical respectivamente ao uso <strong>da</strong> flauta ou diversos tipos <strong>de</strong> flauta.<br />
112<br />
PROMETEUS Ano 3 – no. 6 Julho-Dezembro / 2010 ISSN: 1807-3042 ISSN ONLINE: 2176-5960