Mais Desporto - Diário de Notícias da Madeira

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10 a 16 de Julho de 2009
GD Estreito quer III Divisão
contra regulamento em vigor
O campeão regional
de Futsal não tem, na
regulamentação em vigor,
direito a subsídios para
sustentar o acesso a
provas nacionais
EDMAR FERNADES
Apretensão do G.D Estreito
em disputar, na época
2009/2010, o campeonato
nacional da III divisão
– Série D parece caminhar para
um desfecho favorável. Embora
sem confirmação definitiva das
partes envolvidas no processo (o
clube, o IDRAM e a AFM / FPF),
são claros os indícios da busca de
uma solução que contorne os problemas
existentes.
O primeiro desses problemas é
de natureza regulamentar. Neste
plano, o projecto do GD Estreito
está em linha de confronto com as
disposições da Resolução n.º
862/2007, mais exactamente a alínea
d) do ponto 6 das ‘Disposições
Finais’.
Este normativo determina: “No
escalão mais baixo da competição
nacional de Modalidades que não
o Futebol, apenas será apoiada
uma equipa por modalidade/género,
exceptuando-se os casos em
que o aumento resulte de descidas
da divisão superior mas, neste
caso, apenas durante uma época
desportiva, após o que o apuramento
referido na alínea anterior
determinará qual a única equipa a
ser apoiada”. Não há dúvidas nem
confusão possível: o Futsal tem
sido, neste âmbito regulamentar,
encarado como uma modalidade
distinta do Futebol.
A ultrapassagem desta condi-
Opinião
FUTSAL - POLÉMICA
Gilberto Lopes
Cª. de Lobos
“As regras estavam
determinadas
desde o início da
época e se havia
algo a reclamar era
no começo e não no
fim. Não é só depois
de ser campeão que
se faz as
reclamações. Não
sou contra a subida
de ninguém, mas
temos de respeitar
as regras e não
abrir precedentes.”
cionante carece da respectiva alteração
regulamentar, a qual, por
norma, acontece na sequência de
proposta formulada pelo Conselho
Directivo do IDRAM ao secretário
regional de Educação. Apesar
das declarações públicas iniciais
do líder do Instituto, Catanho
José, baseadas na regulamentação
que atrás transcrevemos, é possível
serem encontrados outros argumentos
que viabilizem a proposta.
Argumentos favoráveis
Tanto quanto se sabe, a argumentação
do GD Estreito assenta em
três pilares principais: o facto do
governo da república apoiar as
deslocações das equipas continentais
à região para a realização de
jornadas duplas; a dimensão da
modalidade a nível regional, a que
acresce o facto do clube ter realizado
trabalho nos escalões de formação
da modalidade (o Marítimo,
por exemplo, não o fez); a legitimidade
desportiva advinda da
conquista do título de campeão
na época 2008/2010.
Observadores mais atentos não
deixam de notar, todavia, que no
xadrez político do concelho de
Câmara de Lobos e no contexto
de proximidade das eleições autárquicas,
outras razões, com
mais peso, se juntam àqueles argumentos.
Reconhecida a dinâmica de intervenção
do clube no concelho, o
significado de parte dos seus re-
Duarte Luciano
1.º de Maio
“Concordo que a
Madeira tenha duas
equipas nos
nacionais e no ano
seguinte, caso se
mantenham as
duas, a pior
classificada teria de
disputar a
manutenção com o
campeão regional.
Todavia, não posso
concordar com as
alterações no final
do campeonato.”
GD Estreito tenta angariar ajudas que não estão previstas na regulamentação. FOTO A.Spínola
sultados desportivos regionais e
nacionais e a crítica pública de Alcides
Nóbrega, líder do GD Estreito,
ao presidente da autarquia local,
não é de prever que haja vontade
ou espaço político para hostilizar
as pretensões do clube. Uma
leitura cuja bondade será avaliada
nos tempos mais próximos.
Razões opostas
Em oposição aos argumentos do
GD Estreito, levantam-se igualmente
três razões. A primeira é a
legalidade de alteração de uma regra
após a conclusão de uma prova
que se disputou sob a sua égide.
Pedro Mota
Nacional
“Concordo com a
subida do GD
Estreito desde que
o modelo seja igual
ao praticado nos
juniores. Pensava
que este caminho
seria seguido para o
ano mas não há
problema se para o
ano o campeão
regional disputar o
acesso com o pior
classificado ou
subir directamente
em caso de
despromoção.”
De facto, nenhum dos concorrentes
ao campeonato da I divisão
regional sabia que o campeão poderia
vir a aceder à III divisão. E,
nessas circunstâncias, podem
considerar-se lesados nos seus
interesses, pois poderiam ter
adoptado outro posicionamento
no campeonato.
Por outro lado, há a dúvida do
potencial da modalidade à escala
regional para ter duas equipas na
III divisão nacional. O histórico
das anteriores presenças é elucidativo:
à excepção do Marítimo,
que na época passada conseguiu
manter-se na prova, todas as res-
Juca
Sp. Porto Santo
“Já estou farto
desta associação.
Ficou definido em
AG–evouchamar
o ‘boi pelos nomes’
quando tiver
oportunidade – que
o campeão subia à I
Divisão
permanecendo
duas equipas e no
ano seguinte o
campeão regional
disputava com o
pior classificado. Se
não falaram com o
IDRAM fizeram
uma aldrabice aos
clubes.”
tantes participações tiveram
como destino a despromoção (1º
Maio, Sporting do Porto Santo,
Nacional).
Por fim, há a questão dos
apoios públicos. Embora o valor
da subvenção à participação seja
quase irrisório (12.100 € / época)
mais deslocações para um total
de 12 elementos por jornada, não
deixa de ser questionável que,
num ambiente de limitação generalizada
dos encargos, o orçamento
do IDRAM tenha que assumir
responsabilidades que não
decorrem da regulamentação em
vigor.
Manuel Celestino
Curral das Freiras
“Acho que o GD
Estreito tem
legitimidade para
subir. Foi campeão,
tem formação...
Acho que isso já
deveria estar
previsto no início
do ano, mas o futsal
funciona assim
mesmo, é normal,
tudo é decidido no
fim. Se o Estreito
não subir fico com
muitas questões
para levantar...”