AUTO DA INFÂNCIA - Encontros de Dramaturgia
AUTO DA INFÂNCIA - Encontros de Dramaturgia
AUTO DA INFÂNCIA - Encontros de Dramaturgia
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
longe, bem pra lá do mar Operenciano vivia numa casinha<br />
pobre, mas bonita, um casal que queria muito ter um filho. Ela<br />
e o marido pediram tanto, tanto, com tanta vonta<strong>de</strong> e fé que<br />
seu pedido voou pelo ar, atravessou <strong>de</strong>sertos e florestas até<br />
chegar do outro lado do mundo, aos ouvidos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>usa<br />
que era a mãe <strong>de</strong> todos os seres. Ela ouviu e soprou <strong>de</strong> volta.<br />
E o sopro da <strong>de</strong>usa voou, voou até chegar ao casal que<br />
respirou aquele sopro divino. E para alegria do casal a mulher<br />
ficou esperando um filho. O pai ficou tão feliz que <strong>de</strong>u uma<br />
festa, bebeu <strong>de</strong>mais e espalhou um segredo: o filho que ia<br />
nascer ia achar um gran<strong>de</strong> tesouro. Não foi preciso mais nada:<br />
assim que o menino nasceu um casal vizinho, invejoso, roubou<br />
a criança e se revirou pelo mundo afora que ninguém mais viu<br />
nem achou.<br />
BIEL E a mãe?<br />
CEIÇÃO A mãe chorou, rezou, procurou, mas não encontrou nem tico<br />
<strong>de</strong> rastro, nem pedaço <strong>de</strong> sombra, nem meia notícia do filho.<br />
BIEL Coitada! E, <strong>de</strong>pois?<br />
CEIÇÃO Depois, chamou uma velha e fiel empregada, entregou uma<br />
carta e disse: Vai, vasculhe meta<strong>de</strong> do mundo, cada rua, cada<br />
caminho, cada casa até encontrar meu menino. Essa carta<br />
será a prova <strong>de</strong> que sou a mãe e <strong>de</strong> que ele é o filho. Então, a<br />
empregada foi procurar na meta<strong>de</strong> do mundo e a Mãe e o Pai<br />
na outra meta<strong>de</strong>. E foi só eles botarem o pé no caminho que a<br />
casinha, <strong>de</strong> tristeza, <strong>de</strong>u um estalo, as pare<strong>de</strong>s racharam e o<br />
telhado <strong>de</strong>sabou. E ficou só poeira.<br />
BIEL (IMPACIENTE) E acharam o menino?<br />
CEIÇÃO Vai escutando. O que eu sei que aquela empregada perguntou<br />
pras pessoas do caminho, perguntou para a chuva que cai em<br />
quase todo mundo, perguntou para o vento que sopra em todo<br />
9