A Generalização do Modelo e do Teorema de Heckscher-Ohlin
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Introdução<br />
GENERALIZAÇÃO DO MODELO E DO TEOREMA DE HECKSCHER-OLHIN(1)<br />
A generalização <strong>do</strong> teorema <strong>de</strong> <strong>Heckscher</strong>-Olhin (HO) tem duas versões: a<br />
versão "commodity content " ou versão em ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Jones-Bagwati-Dear<strong>do</strong>rffum<br />
país exporta os bens que utilizam intensivamente os factores relativamente<br />
abundantes nesse país - e a versão "factor content " <strong>de</strong> Vanek-Melvin-Bertrand -<br />
um país exporta os serviços <strong>do</strong>s factores relativamente abundantes no país e<br />
importa os serviços <strong>do</strong>s factores relativamente escassos no país.<br />
A primeira generalização da versão "commodity" foi feita por<br />
Jones(1956)para n bens , 2 factores e 2 países e é conhecida pela versão em<br />
ca<strong>de</strong>ia: a or<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s bens segun<strong>do</strong> o rácio capital-trabalho duplicaria a<br />
or<strong>de</strong>nação segun<strong>do</strong> os preços relativos autárcicos(vantagem comparativa) <strong>de</strong><br />
mol<strong>de</strong> que as exportações <strong>do</strong> país abundante em capital seriam todas capitalintensivas<br />
relativamente a todas as suas importações. As condições da procura<br />
<strong>de</strong>terminariam o ponto on<strong>de</strong> a ca<strong>de</strong>ia era cortada : <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> ficavam as<br />
exportações e <strong>do</strong> outro as importações <strong>de</strong> cada país. Bhagwati (1972)<br />
<strong>de</strong>monstrou que a versão em ca<strong>de</strong>ia não era válida para a hipótese <strong>de</strong><br />
igualização <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores e Dear<strong>do</strong>rff (1979) fez a generalização da<br />
versão em ca<strong>de</strong>ia para n países sob a hipótese <strong>de</strong> não igualização <strong>do</strong>s preços<br />
<strong>do</strong>s factores e no quadro <strong>de</strong> relações bilaterais. Dear<strong>do</strong>rff (1980) e Dixit e<br />
Norman (1980) fizeram a generalização para qualquer número <strong>de</strong> factores com<br />
base na Lei da Vantagem Comparativa . Nesta generalização o teorema é<br />
váli<strong>do</strong> com e sem igualização <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores, mas só como<br />
proposição fraca: em média os países ten<strong>de</strong>m a exportar os bens que utilizam<br />
intensivamente os factores relativamente abundantes ( ou seja os bens em que<br />
<strong>de</strong>têm vantagem comparativa ) e a importar os bens que utilizam<br />
intensivamente os factores relativamente escassos no país. Assim, não se po<strong>de</strong><br />
garantir que um país exporta to<strong>do</strong>s os bens em que <strong>de</strong>tém vantagens<br />
comparativas (preços relativos autárcicos mais baixos <strong>do</strong> que os <strong>do</strong> seu parceiro<br />
comercial ) nem que <strong>de</strong>tém <strong>de</strong>svantagens comparativas em to<strong>do</strong>s os bens<br />
importa<strong>do</strong>s.<br />
______<br />
(1)Os outros teoremas <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo também foram generaliza<strong>do</strong>s,embora tenham mereci<strong>do</strong> menos<br />
atenção. Como vimos no Ca<strong>de</strong>rno 1, Q=A -1 E ou ^Q =λ −1 Ê e W= A -1 P ou ^W =θ −1 ^P haven<strong>do</strong><br />
uma relação entre A -1 e λ −1 entre A -1 θ −1 . Assim a generalização <strong>do</strong>s teoremas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
essencialmente <strong>do</strong>s sinais <strong>do</strong>s elementos das inversas <strong>de</strong> λ e <strong>de</strong> θ e logo <strong>do</strong>s sinais <strong>do</strong>s<br />
elementoa <strong>de</strong> A -1 . Quan<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> bens é superior ou inferior ao número <strong>de</strong> factores as<br />
matrizes A, λ e θ não são invertíveis e a verificação <strong>do</strong>s teoremas é mais problemática: tu<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das proprieda<strong>de</strong>s da matriz A que se têm <strong>de</strong> postular. Ver sobre esta questão<br />
Samuelson(1953-54), Gale e Nikai<strong>do</strong> (1956), Chipman (1969) ,Uekawa (1971),Inada (1971),<br />
Uekawa,Kemp and Wegge (1972), Jones and Scheinkman (1977), Dixit and Woodland (1982),<br />
Jones e Easton (1977) e como survey Ethier (1984).<br />
Em Faustino(1989b) abordamos a generalização <strong>de</strong>stes teoremas no contexto <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>do</strong>s factoresespecíficos. Note-se que neste PDF alterámos a numeração das notas.<br />
1
Por isso,não é possível prever na base só <strong>do</strong>s preços autárcicos a exacta<br />
composição <strong>do</strong> comércio produto a produto, mas em média (o sinal da<br />
correlação é o mesmo <strong>do</strong> da covariância e esta é uma média ) preços autárcicos<br />
baixos estão associa<strong>do</strong>s a exportações e preços autárcicos eleva<strong>do</strong>s estão<br />
associa<strong>do</strong>s a importações: há uma correlação negativa entre as exportações<br />
líquidas e a diferença nos preços relativos autárcicos.<br />
Dear<strong>do</strong>rff (1982) utilizou o conceito <strong>de</strong> covariância entre três variáveis -<br />
exportações líquidas, intensida<strong>de</strong> factorial e abundância relativa - e com base na<br />
Lei da Vantagem Comparativa, generalizou o teorema , nas suas duas versões,<br />
para qualquer número <strong>de</strong> bens, factores e países, com e sem igualização <strong>do</strong>s<br />
preços <strong>do</strong>s factores.<br />
Quanto à versão conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores surge porque, como escreve Vanek<br />
(1968,p.749),"It will be recalled that the usual way of stating the <strong>Heckscher</strong>-Olhin<br />
Theorem involves relative factor-en<strong>do</strong>wments on the one hand, and relative factorintensivities<br />
of products on the other; and it is the later that cause all the trouble<br />
when more than two factors are consi<strong>de</strong>red". A solução dada por Vanek (1968) e<br />
Melvin (1968) pensa o comércio em termos <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> produtiva: os<br />
bens são o envelope <strong>do</strong>s factores e a análise é conduzida em termos <strong>de</strong><br />
conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> comércio e não <strong>de</strong> estrutura <strong>do</strong> comércio <strong>do</strong>s bens.<br />
Colmatavam-se, assim, as insuficiências da versão em ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Jones.<br />
1 - Versão em ca<strong>de</strong>ia<br />
"Or<strong>de</strong>ring the commodities with respect to the capital- labour ratios employed<br />
in production is to rank them in or<strong>de</strong>r of comparative advantage. Demand<br />
conditions merely <strong>de</strong>termine the dividing line between exports and imports; it is<br />
not possible to break the chain of comparative advantage by exporting, say, the<br />
third and fifth commodities and importing the fourth when they are ranked by factor<br />
intensities." (Jones 1956-57,p.6)<br />
Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>: <strong>do</strong>is factores, Capital (K) e Trabalho (L); <strong>do</strong>is países ,A e B;<br />
cinco bens cujo preço é Pj, j = 1,...,5; w a renumeração <strong>do</strong> trabalho e r a <strong>do</strong><br />
capital; a abundância relativa <strong>de</strong> factores é dada em valor, w/r; K/L dá-nos a<br />
intensida<strong>de</strong> capitalística. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> ainda que não há o fenómeno da<br />
reversibilida<strong>de</strong> das intensida<strong>de</strong>s factoriais e que temos:<br />
(w/r)A > (w/r)B (1)<br />
2
(K/L)1 > (K/L)2 > (K/L)3 > (K/L)4 > (K/L)5 (2)<br />
(P 1)A/(P 1)B < (P 2)A/(P 2)B < (P 3)A/(P 3)B<br />
< (P 4)A/(P 4)B < (P 5)A/(P 5)B (3)<br />
Assim, o país A é relativamente abundante em capital e o país B em<br />
trabalho. Há uma correspondência entre o ranking <strong>do</strong>s bens segun<strong>do</strong> os rácios<br />
capital-trabalho e o ranking segun<strong>do</strong> os custos ou preços relativos. Como Jones<br />
afirma não é possível que o país A exporte os bens 1 e 3 e importa o 2: o padrão<br />
<strong>de</strong> comércio não estava <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o ranking <strong>do</strong>s bens segun<strong>do</strong> a<br />
intensida<strong>de</strong> factorial porque o país A importava um bem mais capital-intensivo <strong>de</strong><br />
que um <strong>do</strong>s bens exporta<strong>do</strong>s. A mesma conclusão <strong>de</strong> incompatibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>correria se consi<strong>de</strong>rassemos a exportação (importação) <strong>de</strong> um bem cuja<br />
intensida<strong>de</strong> capitalística estivesse compreendida entre as duas <strong>do</strong>s bens<br />
importa<strong>do</strong>s (exporta<strong>do</strong>s).<br />
Assim, quebrada a ca<strong>de</strong>ia num único ponto as exportações <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is países<br />
ficarão todas em <strong>do</strong>is segmentos distintos. Segun<strong>do</strong> o teorema <strong>de</strong> <strong>Heckscher</strong>-<br />
<strong>Ohlin</strong> é a <strong>do</strong>tação relativa <strong>de</strong> factores que <strong>de</strong>termina em que parte da ca<strong>de</strong>ia<br />
estão as exportações <strong>de</strong> um país.<br />
A <strong>de</strong>monstraçào analítica da versão em ca<strong>de</strong>ia é a seguinte:<br />
Sejam as funções <strong>de</strong> produção <strong>do</strong>s bens X, Y e Z :<br />
X = F(K x , L x) (4)<br />
Y = G(K y , L y) (5)<br />
Z = H(K z , L z) (6)<br />
Se as funções forem produzidas com rendimentos constantes à escala temos:<br />
αx = F (αK , αL) o mesmo suce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> para y e z.<br />
fazen<strong>do</strong>s α = 1/L vem:<br />
X/L = f(K/L,1) = f(k x) ou X = L f(k x) (7)<br />
Y/L = g(K/L,1) = g(k y) ou Y = L g(k y) (8)<br />
Z/L = h(K/L,1) = h(K z) ou Z = L h(k z) (9)<br />
Por outro la<strong>do</strong>, a partir <strong>de</strong> (7),<br />
3
δX/δL x = f(k x) + L f´(k x) k´ x ,como k x = (K/L)x vem k´ x=δK x/δL=-K/L 2<br />
f(k x) - K/L f´(k x)<br />
= f(k x) - k x f´(k x) (10)<br />
e δX/δK x = L f´(k x) k´ x = f´(k x) (11)<br />
Do mesmo mo<strong>do</strong> temos, a partir <strong>de</strong> (5) e (6),<br />
δY/δL y = g(k y)- k y g´(k y) ; δY/δK y = g´(k y) (12)<br />
δZ/δL z =h(k z)- k z h´(k z) ; δZ/δK z = h´(k z) (13)<br />
δX/δL x =<br />
Como a afectação óptima <strong>do</strong>s recursos implica que o preço <strong>do</strong>s factores iguale<br />
a sua produtivida<strong>de</strong> marginal temos:<br />
w/r =[ f(k x) - k x f´(k x) ] / f´(k x)<br />
=[ g(k y) - k y g´(k y) ] / g´(k y)<br />
=[ h(k z) - k z h´(k z) ] / h´(k z) (14)<br />
Por outro la<strong>do</strong> ainda, e com vista a <strong>de</strong>duzirmos os preços relativos <strong>do</strong>s bens a<br />
partir das produtivida<strong>de</strong>s marginais <strong>do</strong>s factores, temos, a partir <strong>de</strong> (4) e (5),<br />
dX = (δX/δK x) dK x + (δX/δL x) dL x (15)<br />
dY = (δY/δK y) dK y + (δY/δL y)dL y<br />
Ten<strong>do</strong> em conta que <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à hipótese <strong>de</strong> pleno emprego <strong>do</strong>s factores,<br />
L = L x + L y<br />
K = K x + K y<br />
e que a oferta <strong>de</strong> factores é limitada , logo,<br />
dL = dL x + dL y = 0 dL x = - dL y<br />
⇒<br />
dK = dK x + dL y = 0 dK x = - dK y<br />
dividin<strong>do</strong> (15) por (16), vem,<br />
( 16)<br />
4
ou seja,<br />
dX/dY = (δX/δK x) dK x [1+(δX/δL x)/δX/δK x) (dL x/dK x)] /<br />
/(δY/δK y)(-dK x)[1+(δY/δL y)/(dY/dK y)(dL x/dK x)]<br />
= - (δX/δK x) dK x [1+(TMST L,K)x (dL x/dK x)] /<br />
/ (δY/δKy) dKx [1+(TMST L,K)Y (dLx/dKx)]<br />
dX/dY= - (δX/δK x) / (δY/δK y) (17)<br />
porque as Taxas Marginais <strong>de</strong> Substituição Técnicas (TMST) são iguais nas<br />
duas indústrias.<br />
Como a Taxa Marginal <strong>de</strong> Transformação <strong>de</strong> X em Y (TMT X,Y= -dX/dY) nos<br />
dá a inclinação da curva fronteira <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção e em equilíbrio<br />
-dX/dY = p Y/p X 1 temos :<br />
P Y/P X = (δX/δK x) / (δY/δK y) = f´(k x)/g´(k y) (18)<br />
Note-se que podíamos,também, ter posto (δX/δLx)dL x e (δY/δLy)dL y em<br />
evidência nas equações (15) e (16) e nesse caso vinha<br />
P Y/P X = (δX/δL x) / (δY/δL y) = f(k x)-k xf´(k x) /g(k y)-k yg´(k y) (19)<br />
ou seja, em equilíbrio o preço relativo <strong>do</strong>s bens Y e X é-nos sempre da<strong>do</strong> pelo<br />
rácio <strong>do</strong>s produtos marginais <strong>do</strong> mesmo factor utiliza<strong>do</strong> em X e Y, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que<br />
o aumento <strong>do</strong> preço relativo <strong>de</strong> um bem está directamente relaciona<strong>do</strong> com a<br />
diminuição relativa da produtivida<strong>de</strong> marginal física <strong>do</strong>s factores utiliza<strong>do</strong>s nesse<br />
bem.<br />
A partir <strong>de</strong> (18) e <strong>de</strong>rivan<strong>do</strong> em or<strong>de</strong>m a k y temos:<br />
d(P Y/P X)/dk y =[ f´´g´ (dk x/dk y) - g´´f´ ] / (g´) 2 (20)<br />
1 Uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a TMTX,Y é a seguinte: Seja Y = P X X + P Y Y , o valor <strong>do</strong> produto<br />
nacional. Logo dY = P X dX + P Y dY. Em equilíbrio temos dY=0, ou seja, um aumento <strong>de</strong> X<br />
implica diminuição <strong>de</strong> Y e vice-versa. Assim, fazen<strong>do</strong> dY=0 retira-se dX/dY = -P X/P Y, logo -dX/dY<br />
= P Y/P X.<br />
5
ou seja, o preço relativo <strong>do</strong>s bens é uma função inversa <strong>do</strong> rácio K/L utiliza<strong>do</strong> na<br />
sua produção.<br />
Interessa-nos expressar dk x/dk y em termos <strong>de</strong> g e f. Diferencian<strong>do</strong> (14)<br />
temos:<br />
d (f-kf´) f´- df´(f-kf´) / (f´) 2 = d (g-kg´)g´-dg´(g-kg) / (g´) 2<br />
Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver e simplificar vem:<br />
Como,<br />
f´df-(f´) 2 dk x -fdf´ / (f´) 2 = g´dg - (g´) 2 dk y - f df´/ (g´) 2<br />
df= f´dk x , df´=f´´dk x e dg= g´dk y , dg´=g´´dk y , substituin<strong>do</strong> vem:<br />
dk x/dk y = (f´) 2 gg´´/ (g´) 2 ff´´ (21)<br />
Substituin<strong>do</strong> em (20) encontramos:<br />
d(P Y/P X) / dk y = [(f´) 2 gg´´/g´f ) - g´´f´] / (g´) 2 (22)<br />
Por outro la<strong>do</strong>, a partir <strong>de</strong> (14) nós temos:<br />
(f/f´) - k x = (g/g´)- k y = (h/h´) -k z (14´)<br />
<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se tira,<br />
(g/g´) = (f/f´) + k y - k x (23)<br />
substituin<strong>do</strong> (23) em (22) obtemos:<br />
d(P Y/P X) / dk y = [(f´) 2 g´´/ f (g´) 2 ] (k y - k x) (24)<br />
Como g´´
d(P Y/P X) /dk y (k/L)2 ; da mesma forma<br />
Se (P 2/P 3)A < (P 2/P 3)B então (K/L)2 > (K/L)3<br />
e assim sucessivamente para os n bens e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das condições da<br />
procura- que só é necessária para separar as importações das exportações.<br />
Acerca da proposição <strong>de</strong> Jones escreveu Bhagwati (1972) "It is easy to<br />
show, however, that this proposition, although correct for the case where factor<br />
price are not equalized, is untenable as literally stated. When factor price<br />
equalization is realized, a not unimportant case, a variety of crisscrossings are<br />
possible." A <strong>de</strong>monstração é feita geometricamente, utilizan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>finição física<br />
<strong>de</strong> abundãncia relativa <strong>de</strong> factores, ou seja, (K/L)A > (K/L)B.<br />
Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que os preços <strong>do</strong>s factores são igualiza<strong>do</strong>s pelo comércio<br />
internacional temos (w/r)A = (w/r)B.<br />
Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>, também, que a or<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s bens segun<strong>do</strong> o rácio<br />
capital-trabalho é (K/L)1 > (K/L)2 > (K/L)3 > (K/L)4 , temos:<br />
7
K<br />
A<br />
0<br />
1<br />
2<br />
(K/L)A<br />
3<br />
(K/L)B<br />
Fig. 1- A versão em ca<strong>de</strong>ia não se verifica com<br />
igualização <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores<br />
B<br />
4<br />
L<br />
O rácio <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores comum aos <strong>do</strong>is países, w/r , é da<strong>do</strong> pela<br />
inclinação da recta AB. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> qualquer <strong>do</strong>s bens temos que o custo da<br />
sua produção po<strong>de</strong> ser medi<strong>do</strong> tanto em trabalho como em capital <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
conheçamos os preços <strong>do</strong>s factores.<br />
Assim, Q 1 unida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> bem 1 custam OB unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho ou OA<br />
unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> capital 2 .Como para qualquer <strong>do</strong>s outros bens temos um custo<br />
idêntico a diferença está nas diferentes quantida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s vários bens.<br />
Conhecidas as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção representadas pelas isoquantas é fácil<br />
<strong>de</strong>terminar o preço relativo <strong>do</strong>s bens associa<strong>do</strong> ao rácio <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s<br />
factores. Assim, a partir <strong>de</strong> P 1Q 1 = P 2Q 2 tiramos que P 1/P 2 = Q 2/Q 1. No nosso caso<br />
(Fig. 1) temos isoquantas unitárias e P i/P j = Q j/Q i = 1, com i,j = 1,2,3,4.<br />
Nesta situação qualquer padrão <strong>de</strong> comércio é possível <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que respeite<br />
a condição <strong>de</strong> especialização incompleta ( condição necessária à igualização<br />
<strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores ) e da <strong>do</strong>tação factorial ser uma média pon<strong>de</strong>rada da<br />
intensida<strong>de</strong> factorial <strong>do</strong>s sectores. Assim, suponhamos que o país A produz e<br />
exporta os bens 1 e 3 e importa <strong>de</strong> B os bens 2 e 4 : nem todas as exportações<br />
<strong>do</strong> país abundante em capital são capital-intensivas relativamente às suas<br />
importações.Deste mo<strong>do</strong> a ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong>s bens segun<strong>do</strong> a intensida<strong>de</strong> factorial<br />
não <strong>de</strong>termina o padrão <strong>de</strong> comércio segun<strong>do</strong> as vantagens comparativas.<br />
Dear<strong>do</strong>rff(1979) faz a <strong>de</strong>monstração da versão em ca<strong>de</strong>ia - mo<strong>de</strong>lo com 2<br />
factores, 2 países e n bens para a hipótese <strong>de</strong> não igualização <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s<br />
factores e utilizan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>finição económica <strong>de</strong> abundância relativa <strong>de</strong> factores 3<br />
2<br />
Ver Faustino(1989a,Anexo III)para melhor compreensão da relação entre os preços relativos <strong>do</strong>s bens e<br />
<strong>do</strong>s factores.<br />
3<br />
Sobre o conceito <strong>de</strong> abundância relativa <strong>de</strong> factores ver Faustino (1989a , p. 2 ).<br />
8
Assim, <strong>de</strong>monstrou que os produtos mais capital-intensivos só podiam ser<br />
produzi<strong>do</strong>s e exporta<strong>do</strong>s pelo país abundante em capital ( país com o rácio w/r<br />
maior) , ou seja, o padrão <strong>de</strong> comércio estava <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a or<strong>de</strong>nacão <strong>do</strong>s<br />
bens segun<strong>do</strong> a sua intensida<strong>de</strong> factorial.<br />
A <strong>de</strong>monstração geométrica é a seguinte:<br />
K<br />
A<br />
B<br />
Q1<br />
Q2<br />
M<br />
Q3<br />
Q´4<br />
Q4<br />
0 A´ B´<br />
Fig. 2- A versão em ca<strong>de</strong>ia verifica-se se não houver<br />
igualização <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores pelo comércio<br />
AA´e BB´ são rectas <strong>de</strong> isocusto unitárias ( rK + wL = 1 ) cuja inclinação nos<br />
dá (w/r)A e (w/r)B, respectivamente. Por outro la<strong>do</strong>, Q1, Q2, Q3, e Q4 são<br />
isoquantas <strong>de</strong> valor unitário 4 . Como (w/r)A > (w/r)B, o país A é abundante em<br />
capital e o país B em trabalho. Devi<strong>do</strong> à condição <strong>de</strong> equilíbrio na produção a<br />
isocusto é tangente às isoquantas em cada país. Por hipótese, em situação <strong>de</strong><br />
comércio os preços <strong>do</strong>s factores continuam diferentes para os <strong>do</strong>is países ,<br />
como se passava em situação <strong>de</strong> autarcia.<br />
Repare-se que o país B não po<strong>de</strong> produzir e exportar bens cujas isoquantas<br />
<strong>de</strong> valor unitário fossem tangentes à isocusto no segmento BM, o mesmo<br />
suce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> para o país A no segmento MA´. Isso po<strong>de</strong> ser exemplifica<strong>do</strong> através<br />
da isoquanta Q´4 : o bem 4 não po<strong>de</strong> ser exporta<strong>do</strong> por A porque isso implicaria<br />
que o seu preço fosse inferior ou pelo menos igual ao que vigora no país B. Ora<br />
com o mesmo custo unitário B podia produzir um valor <strong>de</strong> Q 4 superior á unida<strong>de</strong><br />
(Q 4 está mais afastada da origem <strong>do</strong> que Q´ 4), o que acarretava um lucro positivo<br />
4 Para uma explicação mais <strong>de</strong>talhada sobre a relação entre os preços <strong>do</strong>s factores e <strong>do</strong>s bens<br />
através <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> Lerner, ver Faustino ( 1989a, Anexo III ).<br />
Q5<br />
L<br />
9
para B, o que é impossível numa situação <strong>de</strong> equilibrio. Logo a situação para A<br />
não seria <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
Assim, é evi<strong>de</strong>nte através da fig.2 que a estrutura <strong>do</strong> comércio está <strong>de</strong><br />
acor<strong>do</strong> com a ca<strong>de</strong>ia das intensida<strong>de</strong>s factoriais: os bens Q 1 e Q 2, os mais<br />
capital-intensivo são produzi<strong>do</strong>s e exporta<strong>do</strong>s pelo país abundante em capital, A,<br />
e os bens mais trabalho-intensivos Q 4 e Q 5 são produzi<strong>do</strong>s e exporta<strong>do</strong>s pelo<br />
país mais abundante em trabalho. O bem Q 3 po<strong>de</strong> ser produzi<strong>do</strong> e exporta<strong>do</strong> por<br />
ambos os países.<br />
Em conclusão, se os preços <strong>do</strong>s factores não são igualiza<strong>do</strong>s pelo<br />
comércio todas as exportações <strong>do</strong> país abundante em capital são mais capitalintensivas<br />
que todas as suas importações.<br />
Dear<strong>do</strong>rff (1979) faz, também, a generalização a n países sob hipótese <strong>de</strong><br />
não igualização <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores. A ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong>s rácios capital-trabalho é<br />
dividida em segmentos, um para cada país, que são or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a<br />
abundância relativa por países: quanto maior a <strong>do</strong>tação relativa mais elevada a<br />
intensida<strong>de</strong> capitalística <strong>do</strong>s bens inclui<strong>do</strong>s no segmento. Cada país exporta os<br />
bens que pertencem ao seu segmento e importa to<strong>do</strong>s os bens que não<br />
pertencem ao seu segmento. Nos pontos <strong>de</strong> divisão da ca<strong>de</strong>ia po<strong>de</strong> suce<strong>de</strong>r<br />
que <strong>do</strong>is países tenham o mesmo custo na produção <strong>do</strong> mesmo bem que po<strong>de</strong><br />
ser exporta<strong>do</strong> por ambos. Daí a proposição <strong>de</strong> que as exportações <strong>de</strong> um país<br />
<strong>de</strong>vem ser, pelo menos, tão capital-intensivas como as exportações <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />
os países menos abundantes em capital e, pelo menos, tão trabalho-intensivas<br />
como as exportações <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os países menos abundantes em trabalho (p.<br />
206)<br />
Dear<strong>do</strong>rff consi<strong>de</strong>rou ainda a inclusão <strong>do</strong>s consumos intermédios na função<br />
<strong>de</strong> produção - as isoquantas representam não o valor da produção, mas o valor<br />
acrescenta<strong>do</strong> bruto - continuan<strong>do</strong> a ser válida a ca<strong>de</strong>ia da vantagem comparativa<br />
segun<strong>do</strong> as intensida<strong>de</strong>s factoriais se os preços <strong>do</strong>s factores não forem<br />
igualiza<strong>do</strong>s.<br />
2 - Versão conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores: o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Vanek<br />
Na versão "factor-content" não se analisa directamente a estrutura <strong>do</strong><br />
comércio <strong>do</strong>s bens. Assim, não se preten<strong>de</strong> explicar a variável T<br />
(exportações líquidas <strong>do</strong>s bens), mas a variável AT (exportações líquidas <strong>do</strong>s<br />
factores). Como a variável explicada é AT a intensida<strong>de</strong> factorial é medida em<br />
relação a ela. Assim, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> <strong>do</strong>is factores, g e h, temos que A gT/A hT nos<br />
10
dá exportações líquidas <strong>de</strong> factores em termos relativos ou, a intensida<strong>de</strong><br />
factorial das exportações líquidas. Se A gT > O o factor g<br />
é exporta<strong>do</strong> em termos líqui<strong>do</strong>s; se A hT < o o factor h é importa<strong>do</strong> em termos<br />
líqui<strong>do</strong>s. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que g = K e h = L, po<strong>de</strong>mos apresentar a intensida<strong>de</strong><br />
factorial da seguinte forma: ( K x - K m)/(L x - L m ) 5<br />
A versão conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores <strong>de</strong>ve-se ao trabalho <strong>de</strong> Vanek (1968) e <strong>de</strong><br />
Melvin (1968). Como a versão <strong>de</strong> Leamer (1980) e <strong>de</strong> Leamer e Bowen (1981)é<br />
mais acessível <strong>de</strong>cidimos segui-la. O mo<strong>de</strong>lo na sua formulação original<br />
encontra-se no Anexo1. No Anexo 2 apresentamos o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Vanek utilizan<strong>do</strong><br />
a simbologia <strong>de</strong> Leamer(1980) e com uma especificação das equações<br />
diferente.<br />
No mo<strong>de</strong>lo original <strong>de</strong> Vanek o teorema <strong>de</strong> HO verifica-se sob a hipótese<br />
<strong>de</strong> igualização <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores . No entanto, Bertrand(1972) e Brecher e<br />
Choudri (1982) ) <strong>de</strong>monstraram que o teorema <strong>de</strong> HO se verifica, também, sob a<br />
hipótese <strong>de</strong> não igualização <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores<br />
2.1- O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Vanek na versão <strong>de</strong> Leamer e Bowen<br />
Em relação ao mo<strong>de</strong>lo original <strong>de</strong> Vanek temos as seguintes diferenças: (i)<br />
Vanek apresenta o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> comércio em valor ao passo que<br />
Leamer e Bowen o apresentam em termos físicos; (ii) Vanek utiliza a <strong>do</strong>tação <strong>de</strong><br />
factores <strong>do</strong> país , E, e <strong>do</strong> resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, E rw = E w – E , ao passo que Leamer e<br />
Bowen utilizam E e E w ( <strong>do</strong>tação mundial ); (iii) embora Vanek tenha consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>,<br />
nas hipóteses, n bens e m factores fez a <strong>de</strong>monstração <strong>do</strong> teorema<br />
consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> m=n ( a matriz <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores , w , é <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n por n ),<br />
ao passo que Leamer e Bowen consi<strong>de</strong>ram n bens e m factores.<br />
As hipóteses <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo são as mesmas <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> base <strong>de</strong> HO, ( Ver<br />
Faustino 1989a, p. 2 ), mais a hipótese <strong>de</strong> igualização <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores.<br />
Definições:<br />
T i - vector n por 1 das exportações líquidas <strong>do</strong> país i;<br />
E i - vector n por 1 da <strong>do</strong>tação em factores <strong>do</strong> país i;<br />
E w = S E i, com i = 1,2,...I - vector m por 1 da <strong>do</strong>tação mundial <strong>de</strong> factores;<br />
5 No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> base, sob certas condições, o critério Kx - Km > 0 > Lx - Lm é idêntico ao critério <strong>de</strong><br />
Leontief, (K/L)x > (K/L)m, ou seja, o país é um exporta<strong>do</strong>r líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong> capital ( e um importa<strong>do</strong>r<br />
líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong> trabalho ) e as suas exportações são capital- intensivas relativamente às suas<br />
importações(sobre esta questão, ver Faustino 1989a,pp. 8-9).<br />
11
A i - matriz m por n <strong>do</strong>s coeficientes técnicos no país i; a ij é a quantida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
factor i por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produto j; a matriz A é igual,por hipótese, para to<strong>do</strong>s os<br />
países;<br />
Q i - vector n por 1 <strong>do</strong>s bens produzi<strong>do</strong>s no país i;<br />
Q w=Σ Q i - vector n por 1 <strong>do</strong>s bens produzi<strong>do</strong>s a nível mundial;<br />
C i - vector n por 1 <strong>do</strong>s bens consumi<strong>do</strong>s no país i;<br />
Y i - produto ou rendimento nacional <strong>do</strong> país i;<br />
Y w = Σ Y i - produto ou rendimento mundial;<br />
B i - sal<strong>do</strong> da balança comercial <strong>do</strong> país i;<br />
P - vector n por 1 <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s bens;<br />
s i - parâmetro que nos dá a relaçào entre o consumo nacional e o consumo<br />
mundial.<br />
I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s:<br />
A iQ i = E i (26)<br />
ou seja, a procura <strong>de</strong> factores é idêntica à sua oferta;<br />
T i = Q i - C i (27)<br />
ou seja, a produção só tem <strong>do</strong>is <strong>de</strong>stinos: a exportação e o consumo.<br />
Equação <strong>de</strong> <strong>Heckscher</strong>-Olhin-Vanek:<br />
AT i = E i - s i E w (28)<br />
em que s i = (Y i - B i )/ Y w .<br />
A equação (28) diz-nos que o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores das exportações<br />
líquidas é igual ao excesso <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> factores. Se a procura <strong>de</strong> factores for<br />
menor que a sua oferta temos que as exportações líquidas <strong>de</strong>sses factores<br />
serão positivas( AT >0 ); no caso contrário temos AT
= AQ i - A Ci<br />
= E i - A s i Q w , aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a (26) e a (29),<br />
= E i - s i E w , aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a que, por agregação, A Q w = E w ,<br />
Para calcular o escalar s i calculamos o valor das exportações líquidas<br />
multiplican<strong>do</strong> o vector T pelo vector <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s bens, ou seja:<br />
B i = P´ T i<br />
= P´ A -1 ( E i - s i E w )<br />
= Y i - s i Y w<br />
<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se tira,<br />
s i = ( Y i - B i ) / Yw (30)<br />
ou s i = Y i / Y w (31)<br />
se o comércio está equilibra<strong>do</strong>, ou seja, B i = 0.<br />
Se o número <strong>de</strong> bens é igual ao número <strong>de</strong> factores a matriz A é invertível e<br />
a partir <strong>de</strong> (28) temos T i = A -1 ( E i - s i E w). No entanto, ao passo que no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
base se verifica que não só o país abundante em capital é um exporta<strong>do</strong>r líqui<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong> capital como exporta o bem capital-intensivo - os vectores AT e<br />
T têm o mesmo sinal ( Cf., Faustino 1989a, p. 9 ) - o mesmo não se passa<br />
quan<strong>do</strong> m = n > 2. Conforme exemplo <strong>de</strong> Leamer e Bowen (1981), um país po<strong>de</strong><br />
ser um exporta<strong>do</strong>r líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong> capital e importar o bem capitalintensivo.<br />
Tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da matriz A.<br />
Quan<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> bens é superior ao número <strong>de</strong> factores a matriz A não<br />
po<strong>de</strong> ser invertida e não po<strong>de</strong>mos calcular nem o vector da produção, Q i = A -1 E i,<br />
nem o vector das exportações líquidas, T i : ambos são possíveis mas<br />
in<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s. No entanto continua a ser possível calcular AT, que é compatível<br />
com diferentes valores <strong>de</strong> T, e saber quais os factores exporta<strong>do</strong>s em termos<br />
líqui<strong>do</strong>s ( A gT > 0 ) e quais os importa<strong>do</strong>s em termos líqui<strong>do</strong>s ( A hT < 0 ) , bem<br />
como a intensida<strong>de</strong> factorial das exportações líquidas nos factores g e h ( A g T /<br />
A h T ).<br />
Quan<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> bens é inferior ao número <strong>de</strong> factores o número <strong>de</strong><br />
equações é superior ao número <strong>de</strong> incógnitas e não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar nem Q<br />
nem T. Há ainda uma complicação adicional: os preços <strong>do</strong>s factores não são<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da oferta <strong>de</strong> factores e a matriz A altera-se quan<strong>do</strong> se altera a<br />
<strong>do</strong>tação <strong>do</strong>s factores. A matriz A não será igual para to<strong>do</strong>s os países e o<br />
teorema é posto em causa ( Cf., Faustino 1989b, Anexo ).<br />
13
3 - <strong>Generalização</strong> <strong>do</strong> teorema <strong>de</strong> HO com base na lei da vantagem<br />
comparativa<br />
Consi<strong>de</strong>remos, <strong>de</strong> novo, a relação entre os preços relativos <strong>do</strong>s factores e<br />
<strong>do</strong>s bens - que sintetiza o teorema <strong>de</strong> Stolper-Samuelson - e que <strong>de</strong>duzimos já<br />
no Documento <strong>de</strong> Trabalho nº 1 ( Ver Faustino 1989a, p. 17), ou seja,<br />
^w - ^r = (^P 1 - ^P 2)/ |θ| (32)<br />
em que " ^ " <strong>de</strong>signa variação percentual, ou seja, ^w = dw/w e |θ| = θ k2 - θ k1 = θ L1 -<br />
θ L2 é o <strong>de</strong>terminante da matriz <strong>do</strong>s coeficientes <strong>de</strong> distribuição, θ ( Ver Faustino<br />
1989a, pp. 10-17 ).<br />
Seguin<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ethier (1984), consi<strong>de</strong>re-se que w <strong>de</strong>signa o vector<br />
n por 1 <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores para o país A e r o vector n por 1 <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s<br />
factores para o país B e dê-se o mesmo significa<strong>do</strong> a P 1 e P 2 para os preços <strong>do</strong>s<br />
bens. Consi<strong>de</strong>re-se, ainda, que T A <strong>de</strong>signa o vector n por 1 das exportações<br />
líquidas para o país A ( para B temos T B = - T A ). Assim, temos:<br />
(^w - ^r )´ T A |θ | = ( ^P 1 - ^P 2 )´ T A (33)<br />
Como <strong>de</strong>monstrámos para o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> base ( Ver Faustino 1989a ) há<br />
uma correlação negativa entre os preços relativos autárcicos - vantagem<br />
comparativa - e as exportações líquidas. Generalizan<strong>do</strong>, temos para o caso ndimensional:<br />
( ^P 1 - ^P 2 )´ T A < 0 (34)<br />
( ^w - ^r )´ T A |θ | < 0 (35)<br />
A verificação <strong>de</strong> (35) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da matriz θ, e logo da matriz <strong>do</strong>s coeficientes<br />
técnicos A ou A(w), se consi<strong>de</strong>rarmos os coeficientes técnicos variáveis-e,neste<br />
caso, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> vector <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores<br />
Verifican<strong>do</strong>-se (34) e (35) temos uma correlação negativa entre preços<br />
relativos autárcicos <strong>do</strong>s bens e exportações líquidas e entre preços relativos<br />
autárcicos <strong>do</strong>s factores e exportações líquidas. Assim, em média cada país<br />
exporta os bens intensivos na utilização <strong>do</strong>s factores relativamente abundantesos<br />
bens on<strong>de</strong> <strong>de</strong>tém vantagens comparativas.Por<br />
isso, não é possível prever na base só <strong>do</strong>s preços autárcicos a exacta<br />
composição <strong>do</strong> comércio produto a produto - um país não exporta<br />
necessariamente to<strong>do</strong>s os bens que são relativamente mais baratos que no<br />
estrangeiro - mas, em média , ( o sinal da correlação é o mesmo <strong>do</strong> sinal da<br />
14
covariância entre as duas variáveis e a covariância é uma média ) preços<br />
autárcicos baixos estão associa<strong>do</strong>s a exportações e preços autárcicos eleva<strong>do</strong>s<br />
estão associa<strong>do</strong>s a importações.<br />
Dixit e Norman ( 1980, pp. 95-96) apresentam um exemplo com três bens e<br />
três factores e provam : (i) que se verifica a versão fraca da Lei da Vantagem<br />
Comparativa - há uma correlação positiva entre importações líquidas e a<br />
diferença <strong>do</strong>s preços autárcicos ; (ii) que não se verifica a versão forte da Lei da<br />
Vantagem Comparativa - um <strong>do</strong>s países importa um <strong>do</strong>s bens em que <strong>de</strong>tém<br />
vantagem comparativa.<br />
Dear<strong>do</strong>rff (1982) fez a generalização <strong>do</strong> teorema para qualquer número <strong>de</strong><br />
bens, factores e países, com e sem igualização <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores. Com<br />
base na teoria da vantagem comparativa em termos <strong>de</strong> correlação entre preços<br />
autárcicos e exportações líquidas, Dear<strong>do</strong>rff generaliza o conceito <strong>de</strong><br />
covariância para englobar três variáveis - exportações líquidas, intensida<strong>de</strong><br />
factorial e abundância factorial - e prova que , em média , os países ten<strong>de</strong>m a<br />
exportar os bens que utilizam intensivamente os seus factores relativamente<br />
abundantes. Assim, a proposição segun<strong>do</strong> a qual um país abundante em capital<br />
exporta o bem capital-intensivo - versão "commodity" <strong>do</strong> teorema - só po<strong>de</strong> ser<br />
generalizada em termos <strong>de</strong> correlação entre as variáveis, ou seja, só se verifica<br />
a versão fraca <strong>do</strong> teorema <strong>de</strong> HO.<br />
15
Anexo 1 - O mo<strong>de</strong>lo original <strong>de</strong> Vanek<br />
As hipóteses <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo são as consi<strong>de</strong>radas para o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> produção<br />
simples, mais a hipótese <strong>de</strong> igualização <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores, da existência<br />
<strong>de</strong> n bens e factores e 2 países ( o país consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> e o resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ).<br />
Definições ( Utilizamos a mesma simbologia <strong>de</strong> Vanek ):<br />
X - vector n por 1 da <strong>do</strong>tação física <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> país;<br />
x - vector n por 1 da <strong>do</strong>tação física <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>;<br />
W - matriz diagonal n por n <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s factores ;<br />
V - vector n por 1 <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> produto mundial;<br />
Y - vector n por 1 <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> produto nacional;<br />
J - vector n por 1 <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> consumo nacional;<br />
T - vector n por 1 <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores das exportações líquidas <strong>do</strong> país;<br />
m - parâmetro que nos dá a relação entre o consumo nacional e o consumo<br />
mundial. Devi<strong>do</strong> à hipótese <strong>de</strong> preferências idênticas e homotéticas<br />
assume-se que um país consome uma fracção constante <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
bens e , logo, consome uma fracção constante <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
factores incorpora<strong>do</strong>s nos bens.<br />
Or<strong>de</strong>nação da <strong>do</strong>tação relativa <strong>de</strong> factores, em termos físicos :<br />
X 1/x 1 X 2/x 2 ... X n/x n (1)<br />
Equacões <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo :<br />
V = W ( X + x ) (2)<br />
Y = W X (3)<br />
J = m V (4)<br />
16
T = Y - J = W X - m V (5)<br />
Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>, como condição <strong>de</strong> equilíbrio, que as exportações líquidas<br />
<strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os factores têm sal<strong>do</strong> nulo, temos:<br />
T´ I = 0 (6)<br />
em que I é um vector unitário n por 1.<br />
A solução <strong>do</strong> sistema (6) fornece um único valor para m que é o ponto <strong>de</strong><br />
equilíbrio. Para esse valor confirma-se que o país consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> é um exporta<strong>do</strong>r<br />
líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong>s seus factores relativamente abundantes e um<br />
importa<strong>do</strong>r líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong>s seus factores relativamente escassos, ou<br />
seja, a or<strong>de</strong>nação dada pelo conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> comércio em termos <strong>de</strong> factores ( sinal<br />
positivo para os factores relativamente abundantes e sinal negativo para os<br />
factores relativamente escassos ) duplica a or<strong>de</strong>nação estabelecida segun<strong>do</strong> a<br />
abundância relativa <strong>de</strong> factores.<br />
Vanek faz a interpretação geométrica <strong>do</strong> teorema <strong>de</strong> HO para o caso <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>is factores. Assim, para o factor j temos a partir <strong>de</strong> (5):<br />
T j = W j X j - m V j<br />
= Wj X j - m W j ( X j + x j )<br />
= W j [ X j - m ( X j + x j ) ] (7)<br />
Fazen<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta função, Tj = F (m ), temos:<br />
para m = 0 , vem T j = W j X j = Y j<br />
para T j = 0 , vem m j = X j / (X j + x j ) = 1/ [1 + (x j/X j)]<br />
para m = 1 , vem T j = - W j x j<br />
a inclinação da recta T j é dada por W j ( X j + x j ) = V j .<br />
Consi<strong>de</strong>remos agora um outro factor, o factor i , e que na relação (1) temos<br />
i > j , ou seja , X j/x j > X i/x i - o país é relativamente abundante no factor j. Logo<br />
espera-se que exporte os serviços <strong>do</strong> factor j e importe os <strong>do</strong> factor i. Deste<br />
mo<strong>do</strong> a recta T i <strong>de</strong>ve interceptar o eixo <strong>do</strong>s mm antes <strong>do</strong> ponto m j, ou seja m i < m j<br />
: para qualquer valor <strong>de</strong> m: m i
T<br />
Yj<br />
0<br />
Tj<br />
Ti<br />
mi mj<br />
- Wj xj<br />
Fig. 1 - O teorema <strong>de</strong> HO no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Vanek<br />
1<br />
Como mj = 1/ [ 1+ (x j /X j)] , mi = 1/ [1 + (x i / X i )] e m i < m j , temos sempre<br />
X j/x j > X i/x i , ou seja , o país é relativamente abundante no factor j. A<br />
<strong>de</strong>monstração podia ter si<strong>do</strong> feita <strong>de</strong> forma inversa , também. Assim, partin<strong>do</strong> da<br />
situação concreta <strong>de</strong> X j/x j > X i/x i , chegamos à condição <strong>de</strong> m i < m j e logo T i < 0 <<br />
T j, para to<strong>do</strong> o m compreendi<strong>do</strong> entre m i e m j.<br />
A partir da relação (6) nós obtemos a solução <strong>de</strong> equilíbrio, m , que estará<br />
compreendida entre m i e m j. A solução <strong>de</strong> equilíbrio permite afirmar que o país é<br />
um importa<strong>do</strong>r líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> alguns factores ( os factores relativamente<br />
escassos nesse país ) e um exporta<strong>do</strong>r líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> outros factores (<br />
os factores relativamente abundantes nesse país ).<br />
Se, como Horiba (1974), fizéssemos y = W x para <strong>de</strong>signar o conteú<strong>do</strong> em<br />
factores <strong>do</strong> produto <strong>do</strong> Resto <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> podíamos apresentar a or<strong>de</strong>nação (1)<br />
da seguinte forma:<br />
Y 1/y 1 Y 2/y 2 ... Y n/y n (1´)<br />
Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a que quan<strong>do</strong> m = 1 vem T j = - W j x j po<strong>de</strong>mos obter facilmente os<br />
valores <strong>de</strong> Y e y ao longo <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is eixos verticais da representação geométrica,<br />
conforme a figura 2.<br />
m<br />
18
Y<br />
Y1<br />
Y2<br />
0<br />
m2<br />
m1<br />
Fig. 2 - A interpretação geométrica <strong>do</strong> teorema<br />
<strong>de</strong> HO apresentada por Horiba<br />
Anexo 2- O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Vanek utilizan<strong>do</strong> a simbologia <strong>de</strong> Leamer<br />
Hipóteses : são as mesmas <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo original<br />
Definições :<br />
E - vector m por 1 da <strong>do</strong>tação física <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> país;<br />
E rw - vector m por 1 da <strong>do</strong>tação física <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>;<br />
E w = E + E rw - vector m por 1 da <strong>do</strong>tação física <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>;<br />
W - matriz diagonal m por m <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s m factores;<br />
Q - vector n por 1 <strong>do</strong>s bens produzi<strong>do</strong>s no país;<br />
Q rw - vector n por 1 <strong>do</strong>s bens produzi<strong>do</strong>s no resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>;<br />
Q w = Q + Q rw - vector n por 1 <strong>do</strong>s bens produzi<strong>do</strong>s a nível mundial;<br />
1<br />
y2<br />
y1<br />
m<br />
19
A - matriz m por n <strong>do</strong>s coeficientes técnicos, que é igual para to<strong>do</strong>s os<br />
países;<br />
T - vector n por 1 das exportações líquidas <strong>do</strong> país, em quantida<strong>de</strong>;<br />
C - vector n por 1 <strong>do</strong> consumo <strong>do</strong> país;<br />
E* - vector m por 1 da <strong>do</strong>tação <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> país, em valor;<br />
E* rw - vector m por 1 da <strong>do</strong>tação <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, em valor;<br />
E* w = E* +E* rw - vector m por 1 da <strong>do</strong>tação mundial <strong>de</strong> factores, em valor;<br />
Q* - vector n por 1 <strong>do</strong>s bens produzi<strong>do</strong>s no país, em valor;<br />
Q* rw - vector n por 1 <strong>do</strong>s bens produzi<strong>do</strong>s no resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, em valor;<br />
Q* w = Q*+Q* rw - vector n por 1 <strong>do</strong>s bens produzi<strong>do</strong>s no mun<strong>do</strong>, em valor;<br />
C* - vector n por 1 <strong>do</strong> consumo <strong>do</strong> país, em valor;<br />
F - vector n por 1 das exportações líquidas <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong>s factores <strong>do</strong> país,<br />
em valor;<br />
s - parâmetro que nos dá a relação entre o consumo nacional e o consumo<br />
mundial <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os bens.<br />
Equações <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo :<br />
E = A Q (1)<br />
ou seja, a oferta é igual à procura <strong>de</strong> factores a nível <strong>do</strong> país;<br />
E w = A ( Q + Q rw ) = A Q w (2)<br />
ou seja, a oferta é igual à procura <strong>de</strong> factores a nível mundial;<br />
E* = W E (3)<br />
E* w = W E w (4)<br />
C = s Q w (5)<br />
ou seja, o consumo é uma fracção constante da produção <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os bens e,<br />
por agregação, da produção mundial;<br />
W A C = s W A Q w (6)<br />
ou seja, o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> consumo <strong>do</strong> país é uma fracção constante <strong>do</strong><br />
conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> consumo ( produto ) mundial;<br />
T = Q - C (7)<br />
ou seja, a produção que não é consumida é exportada;<br />
20
A T = A Q - A C (8)<br />
em que A T nos dá o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores das exportações líquidas, em termos<br />
físicos.<br />
Utilizan<strong>do</strong>, agora, as equações (1), (2) e (5) temos:<br />
A T = E - s A Q w<br />
= E - s E w (9)<br />
ou seja, o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores das exportações líquidas é igual ao excesso da<br />
oferta física <strong>de</strong> factores.<br />
Em termos <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> factores <strong>do</strong> comércio em valor basta multiplicar<br />
a relação (9) pela matriz W . Assim vem:<br />
ou<br />
W A T = W E - s W E w<br />
F = E* - s E* w (10)<br />
Se consi<strong>de</strong>rarmos que as exportações líquidas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os factores se<br />
equilibram, temos:<br />
F´ I = 0 (11)<br />
em que I é um vector unitário n por 1.<br />
A solução <strong>do</strong> sistema (11) dá-nos o valor <strong>de</strong> s <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
Ca<strong>de</strong>ia da <strong>do</strong>tação relativa <strong>de</strong> factores :<br />
Se, como Vanek, consi<strong>de</strong>rarmos a seguinte or<strong>de</strong>nação da <strong>do</strong>tação relativa<br />
<strong>de</strong> factores em termos físicos,<br />
E 1/E w1 E 2/E w2 ... E m/E wm (12)<br />
e se tivermos em conta que a partir <strong>de</strong> (9) temos,<br />
A T > 0 ⇔ E - s E w > 0 ⇔ E/E w > s<br />
e A T < 0 ⇔ E/E w < s<br />
21
é fácil concluir que o país será um exporta<strong>do</strong>r líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong>s factores<br />
que na ca<strong>de</strong>ia (12) estejam à esquerda <strong>de</strong> s e um importa<strong>do</strong>r líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
serviços <strong>do</strong>s factores que na ca<strong>de</strong>ia estejam à direita <strong>de</strong> s.<br />
Como E i/Ew i > s > E j/E wj significa que os factores i = 1,2,...h são<br />
abundantes no país relativamente aos factores j = h+1, ... n , então o país exporta<br />
os serviços <strong>do</strong>s seus factores relativamente abundantes e importa os serviços<br />
<strong>do</strong>s seus factores relativamente escassos. Assim a ca<strong>de</strong>ia E i/E wi , com i = 1,2, ...,<br />
n , duplica a ca<strong>de</strong>ia dada por A i T.<br />
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22
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Tra<strong>de</strong> without Factor-Price Equalisation", Journal of International Economics,<br />
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DEARDORFF, A.,(1979),"Weak Links in the Chain of Comparative<br />
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