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O Desafio das

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Um projeto piloto<br />

Para tomar um exemplo concreto, ter-se-ia atualmente necessidade de um bom<br />

manual sobre as técnicas de laboratório médico aplicáveis nas situações de grande privação,<br />

em zonas rurais, por exemplo. Encontram-se manuais desse gênero em inglês e em francês.<br />

Mas eles de nada servem ao responsável por um pequeno laboratório rural que não<br />

aprendeu essas línguas. Ora, os países em desenvolvimento em sua maioria não podem nem<br />

levar o pessoal interessado ao nível linguístico necessário em inglês ou em francês, nem<br />

produzir essas obras nas línguas locais. Os custos de tradução e de impressão são muito<br />

mais pesados em tiragens pequenas, sem contar que, com a rapidíssima evolução da ciência,<br />

uma tiragem só tem uma validade limitada no tempo: atualizações são periodicamente<br />

indispensáveis. O esperanto resolveria facilmente esse problema simplesmente por conta do<br />

fato da amplitude do mercado mundial. Se a mesma obra pudesse ser vendida a numerosos<br />

interessados na China, na Índia e na Tanzânia, assim como em Bangladesh, na Zâmbia, em<br />

Honduras ou em Moçambique, seu preço de custo seria levado a um nível bem razoável, o<br />

que é impensável na situação atual, em que esse mercado não existe porque as pessoas e as<br />

instituições que teriam necessidade da literatura técnica no Terceiro Mundo não dominam<br />

as línguas nas quais ela é publicada. Ver-se-ia sem dúvida uma organização como a Unesco<br />

subvencionar a publicação de tais manuais. Com uma edição unilíngue para o mundo<br />

inteiro, suas alocações de fundos seriam sensivelmente reduzi<strong>das</strong>. Um melhor uso seria<br />

assim feito dos recursos financeiros da sociedade.<br />

Quem quer o fim quer os meios. A proposta de organizar o ensino do esperanto<br />

durante um ano nas escolas do mundo inteiro é perfeitamente razoável. Ela nem mesmo é<br />

original, visto que foi formulada oficialmente já em 1922. É muito fácil verificar como o<br />

esperanto funciona e quanto tempo é preciso, em média, para aprendê-lo. Nessas condições,<br />

os Estados que se recusam a avaliar a referida proposta mostram com isso que não querem<br />

realmente ver o Sul se desenvolver. Eles podem até querer destinar uma assistência material<br />

ou financeira. Mas eles não têm a vontade real de tirar as populações do mundo em<br />

desenvolvimento do “analfabetismo mundial” no qual elas estão atola<strong>das</strong> e que impede a<br />

criação da classe de técnicos bem formados sem a qual o desenvolvimento é impossível.<br />

A constituição de tal classe de agentes competentes teria uma importância social<br />

considerável. Ela re-equilibraria sociedades dividi<strong>das</strong> entre um pequeno segmento de<br />

famílias muito ricas cujos pimpolhos vão fazer estudos nos países anglo-saxões e a imensa<br />

massa de deserdados que não têm nenhuma chance de melhorar sua situação. Os países<br />

outrora subdesenvolvidos que conseguiram decolar, como os “tigres asiáticos”, são aqueles<br />

que souberam dotar-se de uma classe média. O esperanto favoreceria a constituição de uma<br />

tal classe em numerosos outros países.<br />

Sem dúvida é preciso acrescentar que os países do Norte desfrutam da cumplicidade<br />

da elite dos países do Sul. A pequenina camada da população que lá domina o inglês ou o<br />

francês dispõe por conta disso de um enorme poder sobre as grandes massas encerra<strong>das</strong> em<br />

suas línguas locais, sem janela diretamente aberta para o mundo exterior. Por que ela<br />

renunciaria a esse poder? Então não é ela que exigirá a introdução do esperanto. A única<br />

solução é que as pessoas de boa vontade, no Norte e no Sul, façam pressão sobre seus<br />

dirigentes para que eles enfim peguem o touro pelos chifres. Se estes não querem fazê-lo,<br />

que ao menos a hipocrisia deles – ou a paralisia devida à síndrome de Babel – apareça em<br />

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