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O problema<br />
são recrutados para cada grande encontro internacional, da mesma forma como se convocam<br />
redatores de atas de sessão multilíngues que trabalham a título independente (quer dizer, na<br />
conferência; o grande público ignora a existência dessa categoria profissional; quem sabe, por<br />
exemplo, que a Interpol recruta para suas reuniões redatores independentes de atas, obrigatoriamente<br />
poliglotas?).<br />
Quase to<strong>das</strong> as organizações têm um serviço de traduções externas. Trata-se de textos<br />
confiados a pessoas que trabalham no domicílio. Por exemplo, um pequeno órgão pouco<br />
conhecido <strong>das</strong> Nações Uni<strong>das</strong>, o Centro do Comércio Internacional, publica uma revista<br />
trimestral, o Fórum do Comércio Internacional, cujas versões francesa e espanhola são<br />
inteiramente produzi<strong>das</strong> por tradutores independentes que trabalham em seus domicílios. A<br />
remuneração do tradutor externo é de cerca de 4700 francos suíços por número (US$2740).<br />
Deslocamentos<br />
Como as reuniões realizam-se aqui e acolá, uma conta exata dos custos do multilinguismo<br />
deve levar em consideração todos os gastos de viagem e de estada, e o custo do<br />
pessoal que organiza os deslocamentos. Se o russo e o chinês são línguas oficiais de uma<br />
conferência realizada em outra parte que não na sede da organização, isso pode implicar um<br />
avião inteiro de frete para transportar os dicionários, as obras de referência, os documentos de<br />
base, as máquinas de escrever russas e os computadores, impressoras ou máquinas de<br />
composição necessários para produzir os textos chineses. Quando há uma conferência fora da<br />
Sede, um adicional diário deve ser pago a cada tradutor, intérprete, redator de atas, datilógrafo,<br />
técnico de interpretação, secretário, etc., para cobrir gastos de hotel e de restaurante.<br />
Quando a OMS organizou em Alma-Ata (atualmente Almaty), no Cazaquistão, uma<br />
importante conferência sobre os “Cuidados primários de saúde”, ela teve que efetuar um<br />
deslocamento impressionante. To<strong>das</strong> as máquinas de escrever francesas, espanholas e inglesas<br />
vieram de avião desde Genebra, da mesma maneira que incontáveis caixas de dicionários,<br />
livros de referência, arquivos e outros documentos, assim como aparelhos de ditado. É de se<br />
duvidar que na contabilidade os gastos correspondentes tenham sido inscritos na área referente<br />
à “Comunicação linguística”. Entretanto, sem o multilinguismo, eles não teriam existido.<br />
As instituições europeias devem fazer face a gastos análogos. As i<strong>das</strong> e vin<strong>das</strong> do<br />
Parlamento Europeu entre Estrasburgo e Bruxelas teriam custado 80 milhões de dólares em<br />
1992. Essa cifra não inclui os documentos que transitam por Luxemburgo para lá serem<br />
traduzidos e impressos (“os papéis concebidos em Bruxelas são traduzidos no Grão-Ducado,<br />
que abriga 3400 funcionários do secretariado do Parlamento” 13 ). A viagem tem lugar duas<br />
vezes por mês: mais de cem tonela<strong>das</strong> de papéis em inúmeras línguas são transporta<strong>das</strong> pela<br />
Danzas. “Às vezes, em to<strong>das</strong> essas viagens, um malote é perdido: a sessão parlamentar é então<br />
interrompida, durante o tempo que se leve para re-encontrar o malote viajante e em seguida<br />
tornar disponíveis a todos os grupos linguísticos os textos em sua língua” 13 : essas horas<br />
perdi<strong>das</strong> devem igualmente ser inscritas nas despesas do multilinguismo.<br />
Material<br />
Em to<strong>das</strong> as burocracias internacionais os gastos de papel são enormes. To<strong>das</strong> efetuam<br />
a tradução em dois tempos. O tradutor dita um primeiro esboço, relê o esboço, corrige-se, em<br />
13 Laurent Fontaine, “Le coût de la bougeotte”, L’instant, 24-30 de outubro de 1991, pp. 18-19.<br />
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