Revista Santa Cruz Ano 74 - 2010 - outubro/dezembro

Frei Antônio Francisco Blankendaal
RSC: Frei Antônio, fale-nos um pouco
sobre sua vocação à vida religiosa.
Frei Antônio: Nasci e cresci numa
família que levava a fé bem a sério.
Meu pai, vindo de uma região
onde católicos eram minoria, tinha
uma fé bem consciente e bem
atuante. A missa dominical era um
acontecimento marcante. A família
inteira ia e participava. Até nas
consequências sociais da fé, meu
pai era bem atuante. Eu era coroinha
na paróquia e no hospital. Isso teve
uma infl uência bem grande.
RSC: E sua vocação franciscana?
Frei Antônio: Quando me dei conta
de que queria ser padre, aos 12
anos, meu pai me ajudou muito.
Ele me levou para conversar
com os padres da paróquia (seculares).
Levou-me também aos
dominicanos, em nossa cidade e,
por fi m, levou-me aos franciscanos.
Eu me decidi pelos franciscanos.
Foi mais pela cordialidade deles do
que por opção pelo caminho de
São Francisco.
RSC: Como se deu sua vinda ao Brasil,
as primeiras impressões, o contato
com a língua portuguesa...?
Frei Antônio: No decorrer dos anos
de formação inicial, tivemos visitas
de frades holandeses missionários
no Brasil. Contavam como era a vida
deles em terras brasileiras e achei
interessante. Assim, aos poucos, foi
crescendo a vontade de ser enviado
ao Brasil. Minha chegada, em 1962,
foi curiosa: Viajei sozinho num navio
cargueiro com acomodação para
10 passageiros. Eu era o único que
iria para o Brasil. Os outros eram
jovens voltando para a Argentina.
Falaram muita coisa negativa do
Brasil. Seria um país bem atrasado.
Chegamos ao Rio de Janeiro e me
colocaram no cais com a bagagem.
Fiquei ali esperando por algumas
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