Revista Santa Cruz Ano 74 - 2010 - outubro/dezembro

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6. DIÁRIO DE UM “PEREGRINO” NA TERRA DE JESUS – PARTE 3 A seguir, a conclusão do relato da experiência de frei Geraldo van Buul, na Terra Santa A Semana Santa em Jerusalém: uma maratona religiosa A Semana Santa em Jerusalém é realmente uma maratona. Às vezes ultrapassamos dez horas realizando as diversas celebrações num só dia. Para quem se assusta com isto, posso assegurar que não é a pior das coisas, apesar do cansaço. Essa maratona começou no sábado, antes do Domingo de Ramos. A partir das 14h, houve a entrada dos chefes das diversas igrejas cristãs na Basílica do Santo Sepulcro, a começar com os católicos, ou como são conhecidos aqui, os Latinos. Uma vez que o Patriarca Latino não pode fazer uma entrada ofi cial na Basílica sem a presença dos Franciscanos, tivemos que ir primeiro ao Patriarcado Latino para, em seguida, acompanhá-lo até a Basílica. Tudo isto por causa do “Status Quo”. Ao chegarmos ao adro da Basílica, havia uma grande multidão que não deixou de aproveitar a ocasião para fi lmar e tirar fotos. Tive que pensar na palavra de 148 - Revista Santa Cruz São Paulo: “Irmãos, nos tornamos um espetáculo neste mundo, tanto para os anjos quanto para os homens”. Logo depois de nós, chegaram os Grego-ortodoxos, os Sírio-ortodoxos, os Armênios-ortodoxos e os Coptas-ortodoxos, cada grupo se dirigindo ao seu espaço próprio dentro da Basílica ou fazendo uma procissão ao redor da Capela do Sepulcro de Jesus. E se fosse em silêncio, vá lá. Mas todos cantando seus cânticos religiosos, uns mais alto que os outros. Por cima disto, havia ainda a ululação dos Coptas e a algazarra de turistas e peregrinos. Um verdadeiro pandemônio. Domingo de Ramos Aos 45 minutos da madrugada, estávamos de volta à Basílica para a celebração do Ofício das Leituras, bem mais comprido que no atual breviário. Mas essa celebração estava um pouco mais tranquila, pois era realizada na Capela Latina e o número de turistas tinha diminuído bastante. Às 6h30min, fomos novamente ao Patriarcado. Um dos bispos auxiliares foi conosco à Basílica para presidir a celebração da Bênção dos Ramos e da Eucaristia.
Ele veio acompanhado do Cardealgrão-mestre da Ordem do Santo Sepulcro, alguns Cônegos e Cavaleiros e Damas do Santo Sepulcro. Eles são os “herdeiros” da antiga Ordem Militar do Santo Sepulcro do tempo das Cruzadas. Procissão de Ramos Missa Domingo de Ramos Após a bênção dos ramos, houve a procissão: três vezes ao redor da Capela do Santo Sepulcro. No entanto, neste meio tempo, os Coptas tinham também iniciado a sua celebração. Eles têm uma minúscula capela atrás do Santo Sepulcro na qual mal cabem duas pessoas. Por isso estavam amontoados ao redor e o arcebispo deles sentado num trono num nicho em frente àquela capela. Por causa da nossa procissão tiveram que interromper a celebração deles por uns vinte minutos. Aquele arcebispo sentado no seu lugar com ar sereno me causou uma admiração, e me perguntei o que afi nal estávamos fazendo, realizando a nossa liturgia e obrigando, mais uma vez, por causa do “Status Quo”, os outros a interromper sua celebração. Tive Revista Santa Cruz - 149
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