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O D I R E T O R<br />

Patrice Leconte, um cria<strong>do</strong>r <strong>de</strong> protótipos<br />

Para enten<strong>de</strong>r Patrice Leconte, é preciso antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> ler<br />

o que escreve Patrice Leconte: o cineasta <strong>de</strong>screveu seu<br />

retrato em um livro altamente recomendável intitula<strong>do</strong> “Sou<br />

um impostor”. O título é apenas uma provocação: ao longo<br />

das lembranças <strong>de</strong> uma carreira revisitada com vivacida<strong>de</strong>,<br />

pre<strong>do</strong>mina um exercício <strong>de</strong> autocrítica surpreen<strong>de</strong>nte.<br />

“Não consigo me consi<strong>de</strong>rar um cineasta importante”, escreve<br />

Leconte. Ou ainda: “Não tenho como objetivo figurar<br />

na história futura <strong>do</strong> cinema, nem que meus filmes fiquem<br />

para a posterida<strong>de</strong>.” O tom não <strong>de</strong>monstra falsa modéstia:<br />

Leconte não parece se guiar por um comprometimento<br />

com a realida<strong>de</strong>. Este comprometimento lembra outra<br />

passagem das confissões <strong>de</strong>ste “impostor”: “Quanto mais<br />

eu volte nas lembranças <strong>de</strong> a<strong>do</strong>lescente, só consigo distinguir<br />

o <strong>de</strong>sejo insistente <strong>de</strong> fazer cinema.” Assim <strong>de</strong>fine<br />

sua paixão categórica. O cinema <strong>de</strong> Leconte se situa, na<br />

realida<strong>de</strong>, entre os <strong>do</strong>is extremos: uma certa mo<strong>de</strong>ração,<br />

<strong>de</strong> forma sutil, é encontrada em suas obras, mas a originalida<strong>de</strong><br />

(da forma, <strong>do</strong> tom), a sensibilida<strong>de</strong> (em relação<br />

aos personagens, a seus intérpretes) e o prazer <strong>de</strong> dirigir,<br />

<strong>de</strong> encontrar o enquadramento i<strong>de</strong>al, estão presentes em<br />

seus filmes <strong>de</strong> forma evi<strong>de</strong>nte.<br />

Aquele que sonha<br />

Nasci<strong>do</strong> em 12 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1947, Patrice Leconte integra<br />

um pequeno casulo on<strong>de</strong> viverá protegi<strong>do</strong>: a casa<br />

<strong>de</strong> sua família em Tours. Seu pai é um médico apaixona<strong>do</strong><br />

pelo cinema. Uma vida normal, quase convencional,<br />

marcada pela imaginação: o pequeno Patrice herda esta<br />

mistura singular. Des<strong>de</strong> pequeno é um artista completo<br />

<strong>de</strong>senhan<strong>do</strong>, filman<strong>do</strong>, escreven<strong>do</strong>, atuan<strong>do</strong>, sonhan<strong>do</strong><br />

sem parar. “De certa forma, vivi em um mun<strong>do</strong> parcialmente<br />

imaginário, escreve Patrice Leconte em seu livro. Sem<br />

fugir da realida<strong>de</strong>, me sinto melhor na imaginação, quer<br />

dizer, nos filmes.” Talvez venha daí o gosto pelos universos<br />

fecha<strong>do</strong>s on<strong>de</strong> ele costuma posicionar sua câmera,<br />

seja em Monsieur Hire (1989) ou em uma comédia <strong>de</strong><br />

costumes, como Meu melhor amigo (2006). Cain<strong>do</strong> no<br />

ridículo também ilustra esta tendência: “É um filme que<br />

<strong>de</strong>screve uma época, mas em um mun<strong>do</strong> totalmente <strong>de</strong>sconecta<strong>do</strong><br />

da vida cotidiana e <strong>do</strong> povo. Remi Waterhouse,<br />

o roteirista, criou este mun<strong>do</strong> à parte e me encontrei completamente<br />

em meu meio”, diz Patrice Leconte.<br />

Aquele que diverte<br />

Decepciona<strong>do</strong> com os anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> no IDHEC, gran<strong>de</strong><br />

escola <strong>de</strong> cinema anterior a FEMIS, aquele que sempre<br />

sonhou em “fazer cinema” foi salvo por seus traços e sua<br />

inclinação para o humor: passou cinco anos na revista <strong>de</strong><br />

história em quadrinhos Pilote. Mesmo se tornan<strong>do</strong> autor<br />

<strong>de</strong> HQ, não per<strong>de</strong>u o cinema <strong>de</strong> vista, apren<strong>de</strong>u “a elipse e<br />

a rapi<strong>de</strong>z <strong>do</strong> enca<strong>de</strong>amento das cenas” e dirigiu spots publicitários<br />

para a Pilote, sob direção <strong>de</strong> Marcel Gotlib, “especialista<br />

em história em quadrinhos e cinéfilo apaixona<strong>do</strong>”.<br />

Os <strong>do</strong>is assinam o roteiro da comédia excêntrica Les<br />

Vécés étaient fermés <strong>de</strong> l’intérieur (1975). Este primeiro<br />

longa-metragem dirigi<strong>do</strong> por Patrice Leconte anuncia<br />

duas gran<strong>de</strong>s marcas <strong>de</strong> sua carreira: é um filme <strong>de</strong> atores<br />

(Jean Rochefort e Coluche, um dueto <strong>de</strong> sonhos) e será<br />

um fracasso absoluto, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> um sucesso estron<strong>do</strong>so<br />

(alternância que lhe será quase familiar). Este triunfo é<br />

o mesmo <strong>de</strong> Os bronzea<strong>do</strong>s (1978), comédia que virou<br />

cult e foi logo sucedida por Os bronzea<strong>do</strong>s vão esquiar<br />

(1979). Com Josiane Balasko, Michel Blanc, Christian Clavier<br />

e outros, Patrice Leconte encontra o humor mais inova<strong>do</strong>r<br />

da época, uma espécie <strong>de</strong> comédia que se inventa,<br />

mistura <strong>de</strong> paródia suave e sátira afiada da qual o especta<strong>do</strong>r<br />

é cúmplice. Com o apoio <strong>do</strong> produtor Christian Fech-<br />

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