download do material - FICI - Festival Internacional de Cinema Infantil
download do material - FICI - Festival Internacional de Cinema Infantil
download do material - FICI - Festival Internacional de Cinema Infantil
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
P E R S O N A G E N S<br />
Grégoire Poncelu<strong>do</strong>n <strong>de</strong> Malavoy<br />
O herói <strong>de</strong> Cain<strong>do</strong> no ridículo nasceu em Versalhes por<br />
acaso, como ele explica ao Aba<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vilecourt, que dispara:<br />
“É um cortesão <strong>de</strong> berço!” A alfinetada é assim respondida<br />
por Poncelu<strong>do</strong>n: “É possível nascer em um estábulo e<br />
não ser um cavalo”. Versalhes, um estábulo! Esta comparação<br />
permite afastar Poncelu<strong>do</strong>n <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo ao qual ele<br />
po<strong>de</strong>ria pertencer: o <strong>do</strong> jovem nobre da província leva<strong>do</strong><br />
à Versalhes pela ambição. Poncelu<strong>do</strong>n não é fascina<strong>do</strong><br />
por Versalhes e sua única motivação é uma missão humanitária:<br />
salvar a vida <strong>do</strong>s camponeses <strong>de</strong> La Domes,<br />
conseguin<strong>do</strong> o direito <strong>de</strong> sanear a região <strong>do</strong>s pântanos.<br />
Mas suas armas são frágeis. Sua <strong>de</strong>terminação consiste<br />
<strong>de</strong> uma cegueira inocente. “Versalhes estava cercada <strong>de</strong><br />
pântanos podres que viraram jardins para satisfazer a vonta<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> um homem”, diz ele ao padre <strong>de</strong> La Dombes, que<br />
o corrige: “a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> um rei”. Poncelu<strong>do</strong>n não enten<strong>de</strong><br />
esta diferença e, antes <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r que tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
da boa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Luis XVI, recebe muitas recusas. Ao<br />
apresentar seu belo e nobre projeto nos salões <strong>de</strong> Versalhes,<br />
é ti<strong>do</strong> por um inoportuno: “Eis uma conversa bem<br />
indigesta”, reclama o barão <strong>de</strong> Malenval, que prefere evocar<br />
o humor inglês, “Que conversa lamacenta bem no meu<br />
salão!”, queixa-se a Con<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong> Blayac em outra cena.<br />
É a ela que Poncelu<strong>do</strong>n se apresenta em sua chegada,<br />
com um trunfo que vai, como pensa, lhe abrir as portas:<br />
uma carta <strong>de</strong> indicação <strong>do</strong> Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Blayac. “Seu mari<strong>do</strong><br />
era um gran<strong>de</strong> amigo <strong>de</strong> meu pai”, explica à con<strong>de</strong>ssa, que<br />
respon<strong>de</strong> com um sorriso irônico: “<strong>do</strong> meu também”. Rapidamente<br />
exposto ao ridículo, o provinciano <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma<br />
missão ilustre cai no lugar comum: ele aumenta a multidão<br />
<strong>do</strong>s pedintes. Por sorte, seu humor o <strong>de</strong>staca <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais:<br />
no reino <strong>do</strong>s bajula<strong>do</strong>res e <strong>de</strong>bocha<strong>do</strong>s, sua eloquência<br />
será, como ele <strong>de</strong>scobre, sua melhor arma. Ele entra no<br />
jogo, se satisfaz em brilhar ao distribuir alfinetadas, exerce<br />
seus talentos <strong>de</strong> Don Juan com a Con<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong> Blayac e<br />
As chaves <strong>de</strong> Versailles<br />
consegue finalmente ser percebi<strong>do</strong> pelo rei. Mas ao se relacionar<br />
com Mathil<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bellegar<strong>de</strong>, este engenheiro hidrógrafo<br />
<strong>de</strong>monstra que ainda está preso a outros valores,<br />
a outras ambições. Passan<strong>do</strong> das fazendas humil<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
la Dombes aos ricos salões, é o personagem que une os<br />
universos opostos, mas é também um homem com conflitos<br />
internos, com dilemas morais: leva<strong>do</strong> a encarnar ao<br />
mesmo tempo a Corte e a sua crítica, ele reúne to<strong>do</strong>s os<br />
mecanismos <strong>de</strong> Cain<strong>do</strong> no ridículo.<br />
O marquês <strong>de</strong> Bellegar<strong>de</strong><br />
Este velho marquês coberto <strong>de</strong> dívidas (como sua filha<br />
Mathil<strong>de</strong> nos revela) conheceu a fun<strong>do</strong> a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Versalhes: ele aconselha Poncelu<strong>do</strong>n a fugir <strong>do</strong> teatro <strong>do</strong>s<br />
cortesãos, cujo espetáculo lhe assusta. Mas, diante da<br />
insistência <strong>do</strong> provinciano em forçar as portas <strong>do</strong> castelo,<br />
ele <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> ser seu mentor e, por assim dizer, seu treina<strong>do</strong>r.<br />
Explican<strong>do</strong> como classificar os jogos <strong>de</strong> palavras<br />
em diferentes categorias, Bellegar<strong>de</strong> lembra que a mania<br />
<strong>do</strong>s insultos disfarça<strong>do</strong>s que assolou a Corte remonta a<br />
um conhecimento literário nobre. Seus conselhos salvam<br />
7