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O INSÓLITO E O CONHECIMENTO CIENTÍFICO. - Ifp-reich.com.br

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O que é conhecimento ? E o que é um fato?<<strong>br</strong> />

Desde a revolução científica e a rejeição do pensamento revelado <strong>com</strong>o forma suficiente de explicação<<strong>br</strong> />

do mundo e das coisas, a experimentação empírica passou a ter papel crucial na determinação do<<strong>br</strong> />

“conhecimento verdadeiro, o conhecimento científico alçado ao status de referência superior.”Só o<<strong>br</strong> />

que pode ser medido é real”, disse Planck.E o conceito de prova implica na definição de”fato”, pelo<<strong>br</strong> />

menos se nos ocupamos aqui da questão de um conhecimentonum campo mais a<strong>br</strong>angente que o da<<strong>br</strong> />

física, onde a matematização avassaladora dispensa o “apontar” no mundo o objeto em questão.<<strong>br</strong> />

“Fato” já foi definido <strong>com</strong>o sendo uma crença <strong>com</strong> muitas e fortes evidências a favor.Mas, por sua<<strong>br</strong> />

vez, o que legitima uma evidência ser considerada <strong>com</strong>o tal, já que a noção da sub-determinação<<strong>br</strong> />

das teorias pode definir o que é ou não observado? A questão parece ser interminável, mas esse<<strong>br</strong> />

movimento de quase”redução ao absurdo” não dispensa um elemento primário e fundante, presente<<strong>br</strong> />

em todas as perspectivas avaliadoras da questão do conhecimento, e esse elemento é a racionalidade<<strong>br</strong> />

das abordagens propostas.<<strong>br</strong> />

É bem verdade que, <strong>com</strong> o destaque acadêmico ganho pela sociologia das ciências, e as propostas do<<strong>br</strong> />

pós moderminismo e do construtivismo, é a própria racionalidade, e <strong>com</strong> ela, a questãoda possibilidade<<strong>br</strong> />

do conhecimento, que são colocados em questão.<<strong>br</strong> />

Num estudo anterior(Contribuições dos pensamentos freudiano e <strong>reich</strong>iano à epistemologia), examinamos<<strong>br</strong> />

quais são as implicações epistemológicas e ontológicas decorrentes das propostas destes dois<<strong>br</strong> />

autores.Neste estudo, três conclusões mereceram destaque:<<strong>br</strong> />

• A personalidade de alguém define o espectro de possibilidades da percepção deste alguém.<<strong>br</strong> />

• Existem processos objetivos presentes na constituição da personalidade, sabendo-se disso, podese<<strong>br</strong> />

ter acesso parcial ao universo subjetivo( primeira pessoa) de um sujeito, pode-se saber <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

ele pensa,em linhas gerais.<<strong>br</strong> />

• É possível algo <strong>com</strong>o um “conhecer” verdadeiro ( coisa em si), através do exame da identidade<<strong>br</strong> />

entre sujeito e objeto<<strong>br</strong> />

Resumidamente, podemos sintetizar o conteúdo dessas conclusões da seguinte maneira: de acordo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a metapsicologia freudiana, não só não existe “pura percepção“ do objeto, <strong>com</strong>o também essa<<strong>br</strong> />

percepção é parcialmente ou substantivamente pautada pelas vicissitudes do desenvolvimento psicosexual<<strong>br</strong> />

do sujeito, estruturadas na forma de uma personalidade específica. ( “ao se examinar uma<<strong>br</strong> />

teoria, deve-se observar não só o conteúdo das idéias, mas também a estrutura de caráter do autor das<<strong>br</strong> />

mesmas”, disse Reich). A contrapartida dialética disto remonta à constatação de que “personalidade”,<<strong>br</strong> />

“ vida emocional”, “ psiquismo”, etc. não são meras abstrações, conteúdos unicamente ideativos ou<<strong>br</strong> />

se dando num mundo platônico “ das idéias”, mas sim remetem também à uma corporeidade, a uma<<strong>br</strong> />

dimensão fisicalista , material de fato. Assim, o “psiquismo” se revela <strong>com</strong>o sendo “no mundo e do<<strong>br</strong> />

mundo”. Embora essa abordagem tenha sido elaborada minuciosamente por Reich, os primórdios da<<strong>br</strong> />

mesma já se encontram em Freud.<<strong>br</strong> />

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