Apresentação 1
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16|ESPECIAL CABINDA JORNAL DE ANGOLA • Segunda-feira 13 de Agosto de 2012<br />
PROJECTO AGRÍCOLA INOVADOR NO YABI<br />
Antigos combatentes constroem na aldeia<br />
Nascem centenas de hectares com pomares e hortas sem<br />
ADALBERTO CEITA | Cabinda<br />
A aldeia do Yabi, nos arredores<br />
da cidade de Cabinda, vive grandes<br />
mudanças. Nas suas planícies<br />
está a nascer um projecto<br />
agrícola que dentro de um ano vai<br />
produzir em grande escala banana,<br />
abacaxi e citrinos. As plantações<br />
têm dois aspectos diferentes<br />
de todas as outras que nascem<br />
no país: a fruta é “biológica”,<br />
portanto isenta de nutrientes químicos,<br />
insecticidas e pesticidas.<br />
E o mentor do projecto é o engenheiro<br />
agrónomo Sebastião Yongo,<br />
que foi alto dirigente da FLEC. Os<br />
trabalhadores são todos antigos<br />
combatentes da organização e seus<br />
familiares.<br />
A aldeia do Yabi vive dias de paz<br />
e felicidade. Dezenas de trabalhadores<br />
dão o seu melhor num projecto<br />
agrícola ambicioso que quando<br />
estiver em velocidade de cruzeiro<br />
vai inundar os mercados provinciais<br />
e nacionais de fruta biológica.<br />
Os tractores trabalham sem descanso<br />
na preparação da terra para o<br />
cultivo de 50 hectares. Sebastião<br />
Yongo acompanha os trabalhos<br />
porque para ele, “é preciso eliminar<br />
do solo, tudo o que possa impedir o<br />
crescimento harmonioso das plantas.<br />
Como não usamos pesticidas<br />
nem herbicidas, temos de prestar a<br />
melhor atenção a esta fase de preparação<br />
dos terrenos”.<br />
Aos poucos, começa a ganhar<br />
forma um projecto agrícola idealizado<br />
pelo engenheiro agrónomo<br />
Sebastião Yongo, que durante muitos<br />
anos foi o oficial de ligação entre<br />
o topo e as bases militares da<br />
FLEC. Recebia directamente instruções<br />
de Nzita Tiago e acompanhava<br />
a sua execução.<br />
Em Março de 2012, foi capturado<br />
pelas Forças Armadas Angolanas.<br />
Agora reside na cidade de Cabinda e<br />
está apostado em dar instruções aos<br />
seus antigos companheiros, mas<br />
agora são diferentes. A paz exige o<br />
empenho de todos na produção. E as<br />
terras do Yabi têm “condições excelentes”<br />
para alimentar a cidade de<br />
Cabinda, toda a província e os principais<br />
mercados do país. Sebastião<br />
Yongo ensina as técnicas e é incansável<br />
na direcção dos trabalhos.<br />
Os antigos combatentes da<br />
FLEC fazem tudo para recuperar o<br />
tempo perdido e estão ansiosos por<br />
ver resultados do seu trabalho. Mas<br />
na agricultura é preciso paciência<br />
porque os ciclos da natureza não<br />
têm pressa. As plantas estão a nascer<br />
em viveiros segundo técnicas<br />
que só Sebastião Yongo conhece.<br />
Além do trabalho que tem vindo<br />
a ser realizado pelas máquinas, a<br />
qualidade dos produtos hortícolas<br />
que crescem na horta experimental<br />
mesmo ao lado, dão indicadores de<br />
que a terra é fértil. Cada passo dado<br />
Novos horizontes<br />
Antigo combatente da FLEC, Arão<br />
Muanda, 28 anos, vive no Yabi há<br />
mais de quatro anos, depoisque de<br />
voluntariamente abandonar aquela<br />
organização. Faz parte do grupo de<br />
trabalhadores seleccionados para<br />
participar no projecto agrícola.<br />
Os poucos conhecimentos que tem<br />
de agricultura, adquiriu-os por força<br />
da necessidade de matar a fome<br />
nos períodos difíceis que passou<br />
na floresta do Maiombe. O mentor<br />
do projecto explica que o número<br />
reduzido de pessoas seleccionadas<br />
nesta primeira fase, é uma medida<br />
de precaução.<br />
A agricultura que está a ser desenvolvida<br />
é mecanizada. Muita gente<br />
pode atrapalhar e podem surgir<br />
acidentes. Cada passo tem de ser<br />
devidamente analisado. Logo que<br />
comecem a surgir os primeiros fru-<br />
Os tratctores começaram já a preparar os primeiros hectares onde está a nascer o projecto de agricultura biológica que numa primeira fase vai dar trabalho a algumas dezenas de habitantes da al<br />
tos, é preciso arranjar muitos mais<br />
braços para trabalhar. “Por enquanto,<br />
as pessoas que temos são<br />
suficientes, mas à medida que a<br />
produção aumentar vamos empregar<br />
mais de mil pessoas”, garante<br />
o engenheiro agrónomo Sebastião<br />
Yongo. O Yabi não é apenas a aldeia<br />
da paz. É também o futuro<br />
de centenas de pessoas<br />
que nunca antes tinham<br />
visto os horizontes abrirse.<br />
Afonso Bumba também<br />
foi seleccionado.<br />
Apesar de no início manifestar total<br />
desconhecimento do trabalho que<br />
é feito no campo, tem uma vontade<br />
indomável de aprender e dar o seu<br />
contributo. “Esse projecto tem tudo<br />
para ser a solução que aguardávamos,<br />
para darmos outro rumo às<br />
nossas vidas”, disse.<br />
é acompanhado ao detalhe e é visível<br />
uma particular atenção com a<br />
preparação do bananal.<br />
Ao olhar para o que está a desenvolver,<br />
Sebastião Yongo diz que lamenta<br />
“todos os anos que perdi a semear<br />
a guerra, a dor e o sofrimento”.<br />
Sementes de qualidade já existem.<br />
Motobombas para irrigação e as tubagens,<br />
estão no terreno e em breve<br />
são instaladas. O Yabi é rico em água.<br />
Sebastião Yongo e os trabalhadores<br />
que o acompanham nesta empreitada<br />
prometem responder com<br />
produção agrícola em grandes<br />
quantidades. “Estamos em paz e é<br />
esta a contribuição que posso dar<br />
para o desenvolvimento do meu<br />
país”, diz Arão Muanda, que trocou<br />
as matas do Maiombe pela aldeia<br />
onde agora vive tranquilo, com os<br />
olhos postos no futuro.<br />
Arão Maunda é um dos trabalhadores seleccionados para o projecto agrícola<br />
ROGÉRIO TUTI<br />
No Yabi os habitantes estão a ser mobilizados para a pr