Apresentação 1
Apresentação 1
Apresentação 1
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
6|ESPECIAL CABINDA JORNAL DE ANGOLA • Segunda-feira 13 de Agosto de 2012<br />
PAZ E ESTABILIDADE RESPONDEM PELO CRESCIMENTO<br />
Negócio de exploração de madeira vive dias<br />
Para trás ficaram os dias de sofrimento quando trabalhadores eram assassinados<br />
ADALBERTO CEITA | Cabinda<br />
Considerada uma área de negócio<br />
em crescimento, a exploração<br />
de madeira na província de<br />
Cabinda já teve dias e noites de<br />
pesadelos. Quem conhece a história<br />
afirma que, até há cinco<br />
anos, os empresários que investiam<br />
na exploração de madeira<br />
eram considerados “suicidas”. A<br />
floresta do Maiombe estava infestada<br />
de homens armados que<br />
praticavam o roubo, a extorsão,<br />
raptos e muitas vezes matavam<br />
civis inocentes. Na cidade de Cabinda<br />
viviam alguns dos “capitães”<br />
das quadrilhas que actuavam<br />
nas matas.<br />
Hoje ainda existem na capital da<br />
província “intelectuais” que se especializaram<br />
na chantagem e na<br />
extorsão. Que pagaram para matar<br />
inocentes. Mas sem as quadrilhas,<br />
nada conseguem. Muitos madeireiros<br />
que desistiram, hoje estão de regresso.<br />
Quem se manteve sempre<br />
no negócio não tem dúvida: “a pacificação<br />
da província é um bem<br />
precioso”.<br />
Há quatro anos que a densa floresta<br />
do Maiombe, na província de<br />
Cabinda, deixou de meter medo a<br />
Agostinho Pola. Natural da comuna<br />
do Necuto, município do Buco<br />
Zau, ainda criança aprendeu a cortar<br />
a madeira, tarefa que nunca deixou<br />
de fazer apesar de em diversas<br />
ocasiões quase lhe custar a vida.<br />
Recua no tempo e diz que há dez<br />
anos só mesmo os “aventureiros”<br />
se atreviam a entrar no Maiombe<br />
fosse para o que fosse, quanto mais<br />
para explorar madeira. Era a época<br />
em que bandidos ditavam as regras<br />
do jogo e faziam da floresta uma<br />
espécie de propriedade privada.<br />
Alberto Maianga<br />
EDUARDO PEDRO<br />
Muitos filhos da Cabinda pagaram<br />
com a vida a ousadia de irem para a<br />
floresta ganhar a vida.<br />
“Perdi muitos amigos no Maiombe.<br />
Eram raptados e muitas vezes<br />
assassinados, nós vivíamos num<br />
clima de insegurança”, disse Agostinho<br />
Pola.<br />
Com receio da morte, o madeireiro<br />
decidiu abandonar a sua única<br />
fonte de rendimento e durante vários<br />
anos a construção civil serviulhe<br />
de escapatória. Mas o gosto pela<br />
arte de trabalhar a madeira sempre<br />
falou mais alto e em tempo de paz<br />
regressou. Está ao serviço da empresa<br />
madeireira Abílio de Amorim.<br />
Para ele, tudo o que aconteceu<br />
faz parte do passado. Hoje as circunstâncias<br />
são outras e agora a ex-<br />
José Luenha<br />
EDUARDO PEDRO<br />
ploração da madeira é uma actividade<br />
segura. A serra eléctrica é a<br />
principal companheira de trabalho<br />
de Agostinho Pola. Nas proximidades<br />
da aldeia de Tando Conde desempenha<br />
com eficácia a tarefa que<br />
lhe está atribuída.<br />
O corte de árvores é uma actividade<br />
difícil, mas Agostinho Pola<br />
garante que é compensadora. Além<br />
da área de Tando Conde, Tandomatiaba<br />
e Bucocango, na comuna do<br />
Necuto, são outros pontos autorizados<br />
pelo Instituto de Desenvolvimento<br />
Florestal para a empresa<br />
Abílio de Amorim desenvolver a<br />
sua actividade.<br />
Por causa da guerra, desde a independência<br />
que ninguém se atrevia<br />
a desenvolver a actividade na<br />
Vitorino de Assis<br />
EDUARDO PEDRO<br />
comuna do Necuto. Há quatro anos<br />
chegou a paz e a estabilidade e os<br />
madeireiros fazem o seu trabalho<br />
sem qualquer dificuldade.<br />
O administrador da empresa Abílio<br />
de Amorim diz que devido aos<br />
prejuízos provocados pela guerra,<br />
apenas conseguiu rentabilizar 50<br />
por cento do investimento. Herculano<br />
Amorim elogia o clima de<br />
tranquilidade hoje existente e diz<br />
que graças à paz e segurança a exploração<br />
de madeira prospera.<br />
Com o crescimento do negócio, a<br />
empresa dá trabalho a mais pessoas<br />
e contribui para a redução da pobreza.<br />
Herculano Amorim não tem<br />
dúvida que a paz está a transformar<br />
a vida em Cabinda, e em particular<br />
a vida dos empresários ligados ao<br />
Herculano Amorim<br />
ramo da madeira: “o povo da província<br />
sente bem a diferença entre<br />
os tempos da guerra e a paz que hoje<br />
se vive. Ninguém mais quer regressar<br />
ao passado, depois de sentir<br />
na sua vida os benefícios da paz e<br />
da estabilidade”.<br />
Regresso à profissão<br />
ROGÉRIO TUTI<br />
Alberto Maianga está há 13 anos<br />
na empresa e recorda que até 2007,<br />
contavam-se pelos dedos das<br />
mãos, as pessoas que entravam na<br />
floresta do Maiombe: “praticamente<br />
era o mesmo que procurar a morte”.<br />
Hoje estão garantidas as condições<br />
para o desenvolvimento do<br />
sector madeireiro. Antes de lhe ser<br />
atribuída a tarefa de medir as árvo-