projeto leitura e didatização - Editora Saraiva
projeto leitura e didatização - Editora Saraiva
projeto leitura e didatização - Editora Saraiva
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Que macieza<br />
Nos seus cabelos<br />
Que cheiro morno<br />
Na sua carne<br />
Que gosto doce<br />
Na sua boca!<br />
Chupam gilete<br />
Bebem shampoo<br />
Ateiam fogo<br />
No quarteirão<br />
Porém, que coisa<br />
Que coisa louca<br />
Que coisa linda<br />
Que os filhos são!<br />
MORAES, Vinicius. Antologia poética. Rio de Janeiro:<br />
<strong>Editora</strong> do Autor, 1960. p. 195.<br />
11. Extraia do poema o conflito apresentado pelo eu-lírico.<br />
12. Há uma estratégia que reforça o conflito exposto. Tratase<br />
do uso contínuo da antítese que é a figura que contrapõe<br />
palavras de sentidos opostos. Destaque-as do poema de Vinicius<br />
de Moraes.<br />
13. A que tipo de loucura o verso “Que coisa louca”, no final<br />
do poema, refere-se? Filhos desse tipo seriam “belos casos”<br />
para o Dr. Bacamarte?<br />
Em Memórias póstumas de Brás Cubas, outro importante<br />
romance de Machado de Assis, o protagonista parece responder<br />
antecipadamente ao modo como Vinicius de Moraes<br />
veria o tema.<br />
TEXTO 4<br />
MEMóRIAS PóSTUMAS DE BRÁS CUBAS (TRECHO FINAL)<br />
CLX<br />
DAS NEGATIVAS<br />
Entre a morte do Quincas Borba e a minha, mediaram<br />
os sucessos narrados na primeira parte do livro. O principal<br />
deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo,<br />
por causa da moléstia que apanhei. Divino emplasto,<br />
tu me darias o primeiro lugar entre os homens, acima da<br />
ciência e da riqueza, porque eras a genuína e direta inspiração<br />
do céu. O acaso determinou o contrário; e aí vos ficais<br />
eternamente hipocondríacos.<br />
Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei<br />
a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui<br />
califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado<br />
dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o<br />
pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte<br />
de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba.<br />
Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará<br />
que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente<br />
que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao<br />
chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um<br />
pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo<br />
de negativas: – Não tive filhos, não transmiti a nenhuma<br />
criatura o legado da nossa miséria.<br />
ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas.<br />
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, v. I.<br />
14. Por que é possível afirmar que Brás Cubas responde ao<br />
conflito exposto pelo eu-lírico do texto 3?<br />
15. Como o narrador do texto 4 vê o fato de não ter tido filhos?<br />
6