26.06.2013 Views

as políticas públicas para o ensino técnico profissional na era vargas

as políticas públicas para o ensino técnico profissional na era vargas

as políticas públicas para o ensino técnico profissional na era vargas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Introdução<br />

AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENSINO TÉCNICO<br />

PROFISSIONAL NA ERA VARGAS (1930-1945)<br />

SANCHES, Maria Cristi<strong>na</strong><br />

mariacrissanches@hotmail.com<br />

VOLSI, Maria Eunice França (orientadora)<br />

mefvolsi@uem.br<br />

Universidade Estadual de Maringá<br />

Polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> e gestão escolar<br />

O sistema educacio<strong>na</strong>l br<strong>as</strong>ileiro foi marcado por um histórico de exclusão e<br />

dualismo, em que o acesso à educação esteve ligado diretamente aos interesses políticos e<br />

econômicos de cada época. Neste contexto, a educação foi concebida como um elemento de<br />

redirecio<strong>na</strong>mento da população de acordo com o encaminhamento pretendido pela sociedade<br />

a partir de um ideal político.<br />

Segundo Jacomeli e Nielsen (2001) a trajetória da Educação Profissio<strong>na</strong>l no Br<strong>as</strong>il<br />

tem início em 1809 com a criação do Colégio d<strong>as</strong> Fábric<strong>as</strong>, instituição de caráter<br />

<strong>as</strong>sistencialista voltado <strong>para</strong> o atendimento de jovens de baixa renda. As reform<strong>as</strong><br />

subsequentes que ocorr<strong>era</strong>m nesta modalidade de <strong>ensino</strong> d<strong>era</strong>m continuidade à tendência<br />

supletiva e <strong>as</strong>sistencialista da educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> até a Proclamação da República, quando a<br />

sociedade começa a atentar-se <strong>para</strong> a formação d<strong>as</strong> “m<strong>as</strong>s<strong>as</strong>” <strong>para</strong> o mercado de trabalho:<br />

A organização da formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, com a implantação da República e com o<br />

discurso de industrialização e urbanização do país, o Estado <strong>as</strong>sume a responsabilidade de<br />

pre<strong>para</strong>r operários <strong>para</strong> o mercado de trabalho que seria formado, distanciando um pouco<br />

daquele <strong>as</strong>pecto <strong>as</strong>sistencialista [...] (JACOMELI; NIELSEN, 2001, p.2).<br />

No que diz respeito ao sistema <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de <strong>ensino</strong> <strong>na</strong> Era Varg<strong>as</strong> constata-se que este<br />

foi um período onde a concepção dual de educação aparece explicitamente sendo legitimada<br />

pelo processo de modernização empreendido pelo país. Durante o legado de Varg<strong>as</strong> a<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 1


sociedade br<strong>as</strong>ileira viveu um período de centralização e intensa <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização de seus<br />

setores sociais em prol a construção de um “novo país”. Entre os setores sociais que foram<br />

reestruturados estava à questão educacio<strong>na</strong>l que p<strong>as</strong>sou a ser organizada a partir de uma<br />

unidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l enfatizando algum<strong>as</strong> modalidades de <strong>ensino</strong> em detrimentos a outr<strong>as</strong> como é<br />

o c<strong>as</strong>o do <strong>ensino</strong> <strong>técnico</strong>-<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> no período do “Estado Novo”.<br />

Objetivo<br />

Diante deste contexto, esta pesquisa tem como objetivo a<strong>na</strong>lisar <strong>as</strong> polític<strong>as</strong><br />

educacio<strong>na</strong>is desenvolvid<strong>as</strong> <strong>na</strong> “Era Varg<strong>as</strong>” com ênf<strong>as</strong>e <strong>na</strong> legislação e regulamentação do<br />

<strong>ensino</strong> <strong>técnico</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, a fim de pontuar <strong>as</strong> principais característic<strong>as</strong> legais e sociais que<br />

fortalec<strong>era</strong>m o dualismo educacio<strong>na</strong>l da época.<br />

Metodologia<br />

Para atender a este objetivo a pesquisa foi realizada a partir de uma investigação de<br />

caráter teórico-descritivo e, portanto, bibliográfica, desta forma, foram feito levantamentos e<br />

estudos d<strong>as</strong> legislações educacio<strong>na</strong>is com b<strong>as</strong>e no contexto histórico, político e econômica<br />

produzida no período, além disso, foi feito análise da lit<strong>era</strong>tura g<strong>era</strong>l e específica sobre o<br />

tema.<br />

Esta pesquisa foi abordada <strong>na</strong> perspectiva do materialismo histórico, consid<strong>era</strong>ndo a<br />

política educacio<strong>na</strong>l da Era Varg<strong>as</strong> como uma consequência e uma resposta às necessidades<br />

criad<strong>as</strong> pela forma de trabalho capitalista do período.<br />

Desenvolvimento<br />

A acessão do <strong>ensino</strong> <strong>técnico</strong>-<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> no governo Varg<strong>as</strong><br />

O processo de modernização <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l empreendido por Getúlio Varg<strong>as</strong> a partir de sua<br />

entrada no poder refletiu diretamente no setor educacio<strong>na</strong>l remodelando su<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> <strong>para</strong><br />

atender a nova realidade implementada no país. Para concretizar o novo ideal de governo a<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 2


educação e a escola foram elementos essenciais ao p<strong>as</strong>so que est<strong>as</strong> foram <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> ao setor<br />

industrial com o intuído de formar “operários” de acordo com a demanda e exigênci<strong>as</strong> do<br />

mercado em <strong>as</strong>censão (FARIA, 2010).<br />

A partir da crescente necessidade de mão-de-obra especializada <strong>para</strong> atuar n<strong>as</strong><br />

indústri<strong>as</strong>, o governo p<strong>as</strong>sou a atentar-se mais <strong>para</strong> <strong>as</strong> questões educacio<strong>na</strong>is voltad<strong>as</strong> <strong>para</strong> a<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização da população. Neste sentido, <strong>para</strong> efetivar su<strong>as</strong> ações em prol da formação<br />

do “contingente braçal” de atuação n<strong>as</strong> indústri<strong>as</strong> o Estado criou leis e decretos <strong>para</strong><br />

normatizar este setor, <strong>para</strong> tanto, p<strong>as</strong>sou a compartilhar com <strong>as</strong> indústri<strong>as</strong> a responsabilidade<br />

de colaborar com a ofertar de educação/formação da população pobre desti<strong>na</strong>da a atuar no<br />

setor industrial.<br />

Com <strong>as</strong> medid<strong>as</strong> tomad<strong>as</strong> pelo governo <strong>para</strong> regulamentar o <strong>ensino</strong> <strong>técnico</strong>-<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> no país, verifica-se a margi<strong>na</strong>lização da população que é desti<strong>na</strong>da a esta<br />

modalidade de <strong>ensino</strong>. Com a Reforma educacio<strong>na</strong>l empreendida por Francisco Campos em<br />

1931 a primeira realizada no governo Varg<strong>as</strong>, constata-se o forte dualismo que permeava o<br />

sistema educacio<strong>na</strong>l br<strong>as</strong>ileiro. Esta Reforma introduziu a descontinuidade dos cursos de<br />

caráter <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izantes, ou seja, a maioria dos cursos não possibilitava o ingresso ao<br />

<strong>ensino</strong> superior, e quando permitia, o acesso <strong>era</strong> restrito <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> equivalentes aos cursos<br />

<strong>técnico</strong>s.<br />

Ficava evidente, portanto, o posicio<strong>na</strong>mento elitista de Francisco Campos sobre <strong>as</strong><br />

questões referentes à organização e funcio<strong>na</strong>mento do sistema educacio<strong>na</strong>l. Para ele, a escola<br />

primária e o <strong>ensino</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante desti<strong>na</strong>vam-se a formar cidadãos trabalhadores<br />

discipli<strong>na</strong>dos e adaptados ao meio social e <strong>para</strong> tanto, o seu caráter deveria ser moldado de<br />

acordo com a ordem intelectual e moral necessária à convivência huma<strong>na</strong> (MORAES, 1992).<br />

No que diz respeito ao <strong>ensino</strong> secundário, observa-se que sua estrutura foi organizada<br />

de tal maneira que delimitou a demanda social que teria <strong>as</strong> reais condições de cursá-lo. Com<br />

duração de cinco anos somado a um currículo enciclopédico e a avaliações rígid<strong>as</strong>, o <strong>ensino</strong><br />

secundário tor<strong>na</strong>va-se acessível à minoria da população; já <strong>ensino</strong> universitário com tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

barreir<strong>as</strong> impost<strong>as</strong> deveria ser desti<strong>na</strong>do praticamente à formação da elite no qual <strong>era</strong><br />

“depositado o comando” da sociedade.<br />

Embora o país estivesse em vi<strong>as</strong> de modernização, o modelo de <strong>ensino</strong> legitimado<br />

pela Reforma Francisco Campos ainda se manteve arcaico e elitista.<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 3


O currículo enciclopédico (de caráter mais humanista do que científico) do<br />

secundário, o status de segunda ordem dos cursos profissio<strong>na</strong>is, o desc<strong>as</strong>o<br />

com a organização de outros cursos <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izantes, sobretudo o<br />

industrial, revelam que <strong>as</strong> reform<strong>as</strong> não ultrap<strong>as</strong>saram os estreitos limites<br />

postos pela particularidade da sociedade br<strong>as</strong>ileira em seu caminho <strong>para</strong> a<br />

industrialização (MORAES, 1992 p. 307).<br />

Com esta Reforma pode-se constar que embora tenha atingido a estrutura do sistema<br />

de <strong>ensino</strong> br<strong>as</strong>ileiro ela ainda continuou sendo de caráter excludente, pois, não possibilitou a<br />

articulação entre os níveis de <strong>ensino</strong> pelo contrário reforçou os percalços existentes. Segundo<br />

Moraes (1992), esta Reforma concretizou o ideário educacio<strong>na</strong>l defendido por Campos, <strong>na</strong><br />

qual a oferta da educação deveria ser diferenciada entre <strong>as</strong> camad<strong>as</strong> sociais, ou seja, <strong>para</strong> a<br />

elite deveria ser ofertada uma educação voltada <strong>para</strong> o “pensar”, já <strong>para</strong> população em m<strong>as</strong>sa,<br />

deveria ser desti<strong>na</strong>da a educação <strong>para</strong> “produzir”.<br />

Em contrapartida ao encaminhamento que estava sendo dado ao sistema educacio<strong>na</strong>l<br />

br<strong>as</strong>ileiro no início do governo Varg<strong>as</strong> foi criado o movimento escolanovista, que lançou por<br />

meio do documento intitulado “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova” em 1930,<br />

reivindicações em prol de uma educação mais “democrática”. Desta forma o Manifesto afirma<br />

que:<br />

[...] A educação nova, alargando a sua fi<strong>na</strong>lidade <strong>para</strong> além dos limites d<strong>as</strong><br />

cl<strong>as</strong>ses, <strong>as</strong>sume, com uma feição mais huma<strong>na</strong>, a sua verdadeira função<br />

social, pre<strong>para</strong>ndo-se <strong>para</strong> formar "a hi<strong>era</strong>rquia democrática" pela<br />

"hi<strong>era</strong>rquia d<strong>as</strong> capacidades", recrutad<strong>as</strong> em todos os grupos sociais, a que<br />

se abrem <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> oportunidades de educação. Ela tem, por objeto,<br />

organizar e desenvolver os meios de ação durável com o fim de "dirigir o<br />

desenvolvimento <strong>na</strong>tural e integral do ser humano em cada uma d<strong>as</strong> etap<strong>as</strong><br />

de seu crescimento", de acordo com uma certa concepção do mundo<br />

(HISTEDBR, 2006, p 191).<br />

Assim, ciente dos problem<strong>as</strong> do sistema de <strong>ensino</strong> vigorante <strong>na</strong> época principalmente<br />

no que se refere ao dualismo educacio<strong>na</strong>l, o Manifesto defendeu a sup<strong>era</strong>ção d<strong>as</strong> disparidades<br />

da educação propondo <strong>para</strong> tanto a criação de uma escola pública, única e comum <strong>para</strong> todos<br />

como afirma Carvalho (2012, p.137):<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 4


O Manifesto representou, portanto, a reinvindicação de mudanç<strong>as</strong> totais e<br />

profund<strong>as</strong> <strong>na</strong> estrutura do <strong>ensino</strong> br<strong>as</strong>ileiro, em consonância com <strong>as</strong> nov<strong>as</strong><br />

necessidades de desenvolvimento da época. Ao criticar a variedade dos<br />

sistem<strong>as</strong> escolares regio<strong>na</strong>is e a organização dual do sistema educacio<strong>na</strong>l<br />

vigente, ou seja, que se dividia em dois subsistem<strong>as</strong>, o <strong>ensino</strong> primário<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>para</strong> os pobres e o <strong>ensino</strong> secundário e superior <strong>para</strong> os ricos, o<br />

Manifesto propunha a sup<strong>era</strong>ção de toda a seletividade social por meio da<br />

escola única que a todos se dirigia.<br />

Com a pressão social de grupos organizados como os dos escolanovist<strong>as</strong>, foi aceito<br />

pelo governo e legitimado pela Constituição de 1934 algum<strong>as</strong> reinvindicações expressiv<strong>as</strong> que<br />

amenizaram <strong>as</strong> desigualdades educacio<strong>na</strong>is, porém, não a extinguiu como é possível observar<br />

no artigo 150 desta Constituição, em que <strong>era</strong> previsto apen<strong>as</strong> o <strong>ensino</strong> primário como gratuito<br />

e obrigatório. Além disso, este mesmo artigo ainda limita a matrícula dos alunos segundo a<br />

capacidade didática d<strong>as</strong> escol<strong>as</strong> e estabelece prov<strong>as</strong> de inteligência e aproveitamento como<br />

critério de seleção ao sistema de <strong>ensino</strong>.<br />

A educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> desti<strong>na</strong>do à intensificação da industrialização <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

Com a consolidação do governo Varg<strong>as</strong> a educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante se tornou<br />

elemento crucial <strong>para</strong> o desenvolvimento do país.<br />

O setor industrial foi um dos principais seguimentos que entrou em grande <strong>as</strong>censão<br />

dispondo de forte apoio gover<strong>na</strong>mental. Ao p<strong>as</strong>so que o mercado industrial intensificava seu<br />

desenvolvimento tor<strong>na</strong>va-se necessário mão-de-obra especializada <strong>para</strong> atuar <strong>na</strong> produção.<br />

Neste contexto, o governo como grande impulsio<strong>na</strong>dor do processo de modernização <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

tratou de elaborar uma política educacio<strong>na</strong>l de incentivo ao <strong>ensino</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante voltado<br />

<strong>para</strong> a população de baixa renda.<br />

O Br<strong>as</strong>il neste momento concilia interesses econômicos e políticos, ou seja, a<br />

economia volta-se essencialmente <strong>para</strong> a industrialização e o governo por meio de uma<br />

política autoritária busca consolidar o projeto de modernização conservadora no país. Neste<br />

jogo de interesses tor<strong>na</strong>-se necessário a formação de um novo homem apto a atuar no mercado<br />

de trabalho e ao mesmo tempo formado com idei<strong>as</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>list<strong>as</strong>.<br />

Observamos aqui que a Era Varg<strong>as</strong>, com ênf<strong>as</strong>e o Estado Novo conseguiu<br />

articular <strong>as</strong> demand<strong>as</strong> de mão de obra especializada, ao p<strong>as</strong>so que atendia,<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 5


ideologicamente, <strong>as</strong> necessidades do trabalhador, ao mesmo tempo em que<br />

dava ao seu grande projeto de formação de um homem que fosse próprio<br />

<strong>para</strong> esse momento histórico (FARIA, 2010, p.7).<br />

Diante deste cenário, a educação no Estado Novo foi regulamentada de acordo com<br />

os ideais da época, como pode ser constatado <strong>na</strong> Constituição de 1937 em que o capítulo<br />

desti<strong>na</strong>do à educação esta permeado de interesses econômicos e políticos evidenciando<br />

fortemente o dualismo educacio<strong>na</strong>l.<br />

Art 132 - O Estado fundará instituições ou dará o seu auxílio e proteção às<br />

fundad<strong>as</strong> por <strong>as</strong>sociações civis, tendo um<strong>as</strong>; e outr<strong>as</strong> por fim organizar <strong>para</strong><br />

a juventude períodos de trabalho anual nos campos e oficin<strong>as</strong>, <strong>as</strong>sim como<br />

promover-lhe a discipli<strong>na</strong> moral e o adestramento físico, de maneira a<br />

prepará-la ao cumprimento, dos seus deveres <strong>para</strong> com a economia e a<br />

defesa da Nação (BRASIL, 1937).<br />

Verifica-se por meio d<strong>as</strong> disposições legais que o <strong>ensino</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante foi<br />

desti<strong>na</strong>do a população pobre. Com esta atitude, o Estado abre uma lacu<strong>na</strong> oficial entre <strong>as</strong><br />

modalidades de <strong>ensino</strong> desti<strong>na</strong>d<strong>as</strong> <strong>as</strong> diferentes cl<strong>as</strong>ses sociais. Ao p<strong>as</strong>so que a estrutura do<br />

<strong>ensino</strong> foi organizada de acordo com <strong>as</strong> condições fi<strong>na</strong>nceir<strong>as</strong> d<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>, automaticamente<br />

gerou uma situação de discrimi<strong>na</strong>ção, hi<strong>era</strong>rquizada entre <strong>as</strong> modalidades de <strong>ensino</strong> e<br />

consequentemente, entre os alunos desti<strong>na</strong>dos <strong>para</strong> cada uma del<strong>as</strong>.<br />

[...] oficializando o <strong>ensino</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, como <strong>ensino</strong> desti<strong>na</strong>do aos pobres,<br />

estava o Estado cometendo um ato lesivo aos princípios democráticos;<br />

estava o Estado instituindo oficialmente a discrimi<strong>na</strong>ção social, através da<br />

escola. E fazendo isso estava orientando a escolha da demanda social de<br />

educação. Com isso, <strong>as</strong>sim orientada <strong>para</strong> um tipo de educação capaz de<br />

<strong>as</strong>segurar acréscimo de prestigio social, a demanda voltaria <strong>na</strong>turalmente <strong>as</strong><br />

cost<strong>as</strong> às escol<strong>as</strong> que o Estado mesmo proclam<strong>as</strong>se como sendo escol<strong>as</strong> dos<br />

pobres [...] (ROMANELLI, 1980, p.15 grifo do autor)<br />

Ao p<strong>as</strong>so que esta política educacio<strong>na</strong>l “seletista” foi sendo estabelecida constata-se<br />

que houve o intuito de modernizar a elite com uma educação diferenciada e <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izar<br />

“<strong>as</strong> m<strong>as</strong>s<strong>as</strong>” com um <strong>ensino</strong> voltado <strong>para</strong> o mercado de trabalho.<br />

O Estado Novo foi um período em que o Br<strong>as</strong>il intensificou seu projeto de<br />

industrialização. Para atender a esta demanda a educação p<strong>as</strong>sou por significativ<strong>as</strong><br />

reestruturações primeiramente pela Constituição de 1937, e posteriormente, pela Reforma<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 6


Gustavo Capanema, que instituiu <strong>as</strong> Leis Orgânic<strong>as</strong> do Ensino, onde o <strong>ensino</strong><br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante definitivamente teve su<strong>as</strong> b<strong>as</strong>es solidificad<strong>as</strong>.<br />

Mantendo em comum acordo com <strong>as</strong> disposições da Constituição de 1937 <strong>as</strong> Leis<br />

Orgânic<strong>as</strong> estabelec<strong>era</strong>m du<strong>as</strong> vertentes <strong>para</strong> o <strong>ensino</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, sendo uma oficial mantida<br />

pelo governo e outra em <strong>para</strong>lelo, organizada e mantida pelo setor privado (Carvalho, 2012).<br />

No que diz respeito ao sistema oficial de <strong>ensino</strong>, este não teve condições de manter-se<br />

atualizado frente às constantes exigênci<strong>as</strong> que o desenvolvimento <strong>técnico</strong>-industrial exigia.<br />

Por outro lado, os cursos <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izantes mantidos pel<strong>as</strong> instituições privad<strong>as</strong> como<br />

SENAI e SENAC cresciam, sobretudo com a participação da população de baixa renda que<br />

via como “boa” a oportunidade de <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izar-se e ainda receber uma ajuda de custo <strong>para</strong><br />

isso.<br />

Esta situação não se estendia a cl<strong>as</strong>se média que detinha situação fi<strong>na</strong>nceira estável e<br />

buscava maior <strong>as</strong>censão social, condição que os cursos <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izantes não ofereciam,<br />

desta forma a cl<strong>as</strong>se média optava pelos cursos de “formação” que lhe possibilitava acesso<br />

aos cursos superiores e posteriormente a exercer profissões lib<strong>era</strong>is (CARVALHO, 2012).<br />

Cabe ressaltar que <strong>na</strong> Era Varg<strong>as</strong> tanto <strong>na</strong> Reforma Francisco Campos como <strong>na</strong><br />

Reforma Capanema, o <strong>ensino</strong> secundário abordava conteúdos clássicos e científicos que<br />

serviam de b<strong>as</strong>e pre<strong>para</strong>tória <strong>para</strong> o vestibular que se configurava porta de acesso ao <strong>ensino</strong><br />

superior, diferentemente do <strong>ensino</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante que não dispunha dest<strong>as</strong> condições.<br />

Neste contexto, verifica-se que a real fi<strong>na</strong>lidade dos cursos <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izantes não <strong>era</strong><br />

formar/educar os indivíduos e sim treiná-los <strong>para</strong> exercer determi<strong>na</strong>da função sem “maiores<br />

reflexões” restringindo <strong>as</strong>sim, <strong>as</strong> condições de acessão social. O mesmo não acontecia com os<br />

alunos que tinha condições de frequentar o <strong>ensino</strong> secundário propedêutico que abria margens<br />

<strong>para</strong> a formação continuada em qualquer curso do <strong>ensino</strong> superior.<br />

As principais diferenç<strong>as</strong> entre o <strong>ensino</strong> secundário e o <strong>ensino</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> podem ser<br />

constatad<strong>as</strong> no currículo proposto <strong>para</strong> cada modalidade de <strong>ensino</strong>. Segundo <strong>as</strong> disposições do<br />

Capítulo II da Lei Orgânica do Ensino Industrial Lei n° 4.073 de 1942, os cursos industriais<br />

deveriam ser organizados de modo que <strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> específic<strong>as</strong> de caráter pre<strong>para</strong>tório<br />

perme<strong>as</strong>sem toda a estrutura curricular.<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 7


Art. 67. O <strong>ensino</strong> industrial d<strong>as</strong> escol<strong>as</strong> de aprendizagem será organizado e<br />

funcio<strong>na</strong>rá, em todo o país, com observância d<strong>as</strong> seguintes prescrições:[...]<br />

VII. Os cursos de aprendizagem abrangerão disciplin<strong>as</strong> de cultura g<strong>era</strong>l e de<br />

cultura técnica, e ainda <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> educativ<strong>as</strong> que for possível, em cada<br />

c<strong>as</strong>o, ministrar (Lei n° 4.073 de 1942).<br />

Neste sentido, o Decreto1 nº 8.673/42 buscou estabelecer o currículo dos cursos<br />

industriais, segundo este decreto tais cursos teriam duração de quatro anos. Além disso, o<br />

artigo 17 estabelece a relação d<strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> de cultura g<strong>era</strong>l que deveria ser a b<strong>as</strong>e comum<br />

de todos os cursos industriais:<br />

1. Português.<br />

2. Inglês ou francês.<br />

3. Matemática.<br />

4. Física.<br />

5. Química.<br />

6. História <strong>na</strong>tural.<br />

7. História universal.<br />

8. Geografia g<strong>era</strong>l.<br />

Em <strong>para</strong>lelo ao <strong>ensino</strong> d<strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> que compõe a cultura g<strong>era</strong>l <strong>era</strong>m ministrad<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

disciplin<strong>as</strong> especific<strong>as</strong> que compõe cada curso. No c<strong>as</strong>o do curso de Construção de máquin<strong>as</strong><br />

e motores2 <strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> <strong>era</strong>m:<br />

1. Tecnologia.<br />

2. Desenho <strong>técnico</strong>.<br />

3. Mecânica g<strong>era</strong>l e aplicada.<br />

4. Noções de resistência dos materiais.<br />

5. Complementos de matemática.<br />

6. Mecânica aplicada.<br />

7. Máquin<strong>as</strong> e motores.<br />

8. Eletrotécnica<br />

9. Ensaios em laboratório de máquin<strong>as</strong>.<br />

10. Construção de aparelhos mecânicos, máquin<strong>as</strong> e motores.<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 8


Além d<strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> de cultura g<strong>era</strong>l e d<strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> especific<strong>as</strong> deveriam ser<br />

ministrar <strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> de Higiene industrial, Organização do trabalho e Contabilidade<br />

industrial que deveriam ter caráter comum a todos os cursos.<br />

Para poder ingressar nos cursos <strong>técnico</strong>s industriais o aluno deveria se enquadrar n<strong>as</strong><br />

condições mínim<strong>as</strong> de admissão conforme disposto no Artigo 11 “O candidato à matrícula em<br />

qualquer dos cursos industriais deverá ter educação primária completa e ser aprovado em<br />

exames vestibulares de língua pátria e aritmética” (Decreto nº 8.673 de 1942).<br />

Do outro lado do sistema educacio<strong>na</strong>l br<strong>as</strong>ileiro estava o <strong>ensino</strong> secundário, onde <strong>as</strong><br />

orientações curriculares <strong>era</strong>m voltad<strong>as</strong> <strong>para</strong> uma formação acadêmica de cunho humanístico,<br />

portanto <strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> <strong>era</strong>m de acordo com este fim.<br />

Segundo o Decreto-Lei n° 4.244 de 1942 a organização do <strong>ensino</strong> secundário seria<br />

ministrado em dois ciclos, sendo o primeiro o cursos gin<strong>as</strong>ial e o segundo compreenderia a<br />

dois cursos <strong>para</strong>lelos: o curso clássico e o curso científico.<br />

O curso gin<strong>as</strong>ial teria duração de quatro anos e tinha o intuito de fornecer aos<br />

adolescentes elementos fundamentais do <strong>ensino</strong> secundário, <strong>para</strong> tanto o seu currículo <strong>era</strong><br />

composto pel<strong>as</strong> seguintes disciplin<strong>as</strong>3:<br />

I. Língu<strong>as</strong>:<br />

1. Português.<br />

2. Latim.<br />

3. Francês.<br />

4. Inglês.<br />

II. Ciênci<strong>as</strong>:<br />

5. Matemática.<br />

6. Ciênci<strong>as</strong> <strong>na</strong>turais.<br />

7. História g<strong>era</strong>l.<br />

8. História da Br<strong>as</strong>il.<br />

9. Geografia g<strong>era</strong>l.<br />

10. Geografia do Br<strong>as</strong>il.<br />

III. Artes:<br />

11. Trabalhos manuais.<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 9


12. Desenho.<br />

13. Canto orfeônico.<br />

O curso clássico e o curso científico tinham duração de três anos cada, estes cursos<br />

tinham como objetivo consolidar a educação ministrada no curso gin<strong>as</strong>ial. Desta forma o<br />

curso clássico buscava a formação intelectual e o curso científico visava à formação voltada<br />

<strong>para</strong> um estudo maior de ciênci<strong>as</strong>. Para atender tais objetivos o currículo foi organizado com<br />

<strong>as</strong> seguintes disciplin<strong>as</strong>4:<br />

I. Língu<strong>as</strong>:<br />

1. Português.<br />

2. Latim.<br />

3. Grego.<br />

4. Francês.<br />

5. Inglês.<br />

6. Espanhol.<br />

II. Ciênci<strong>as</strong> e filosofia:<br />

7. Matemática.<br />

8. Física.<br />

9. Química.<br />

10. Biologia.<br />

11. História g<strong>era</strong>l.<br />

12. História do Br<strong>as</strong>il.<br />

13. Geografia g<strong>era</strong>l.<br />

14. Geografia do Br<strong>as</strong>il.<br />

15. Filosofia.<br />

III. Artes:<br />

16. Desenho.<br />

Ao com<strong>para</strong>r os currículos implantados <strong>para</strong> o <strong>ensino</strong> secundário e <strong>ensino</strong><br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante é gritante a lacu<strong>na</strong> existente entre ambos, este fato <strong>era</strong> intencio<strong>na</strong>lmente<br />

concretizado <strong>na</strong> formação dos alunos.<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 10


Verifica-se que no <strong>ensino</strong> <strong>técnico</strong>-<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> o currículo estava organizado de<br />

mineira que a cultura g<strong>era</strong>l fosse apresentada de forma rápida e sintética aos alunos. Toda<br />

b<strong>as</strong>e da cultura g<strong>era</strong>l estava organizada em oito disciplin<strong>as</strong> que <strong>era</strong>m ministrad<strong>as</strong> ao longo dos<br />

cursos, já <strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> <strong>era</strong>m privilegiad<strong>as</strong> em detrimento <strong>as</strong> demais, pois <strong>era</strong> a<br />

maioria no currículo e detinham mais hora aula. O mesmo não acontecia no <strong>ensino</strong> secundário<br />

onde a grade curricular estava organizada sobre a vertente de uma formação ampla e<br />

profunda, onde o currículo contava com disciplin<strong>as</strong> da cultura g<strong>era</strong>l e até da cultura erudita e<br />

nenhuma discipli<strong>na</strong> de ordem técnica.<br />

Por meio da estruturação curricular de cada curso é possível constatar que o<br />

distanciamento entre o trabalho intelectual e o manual foi um dos resultados do <strong>ensino</strong> que <strong>era</strong><br />

ofertado <strong>para</strong> <strong>as</strong> diferentes camad<strong>as</strong> sociais<br />

Outro fato a ser ressaltado é a duração de cada modalidade, visto que o <strong>ensino</strong><br />

secundário (gin<strong>as</strong>ial e clássico/científico) estava organizado em sete (7) anos de formação<br />

essencialmente intelectual, ao contrário, estava o <strong>ensino</strong> <strong>técnico</strong>-<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> que não tinha<br />

duração estabelecida igualmente <strong>para</strong> todos os cursos, o tempo de formação <strong>era</strong> determi<strong>na</strong>da<br />

de acordo com <strong>as</strong> especificidades de cada curso.<br />

Embora o dualismo educacio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> Era Varg<strong>as</strong> fosse fato concreto o discurso da<br />

época <strong>era</strong> outro, no intuito de camuflar a contradição educacio<strong>na</strong>l foram efetuad<strong>as</strong> intens<strong>as</strong><br />

campanh<strong>as</strong> por parte do governo em prol do <strong>ensino</strong> voltado <strong>para</strong> o trabalho como mecanismo<br />

de desenvolvimento da <strong>na</strong>ção e consequentemente garantindo inserção e <strong>as</strong>censão social.<br />

Era pesada a investida moralizante sobre os operários, e os program<strong>as</strong><br />

escolares procuravam não deixar que <strong>na</strong>da escap<strong>as</strong>se: o trabalho <strong>era</strong><br />

apresentado como fonte de saúde física e moral, como b<strong>as</strong>e da felicidade; a<br />

dignidade pessoal <strong>era</strong> atrelada ao amor ao trabalho; <strong>as</strong> lições de moral e<br />

cívica descreviam <strong>as</strong> obrigações dos pais e dos filhos, bem como de que<br />

maneira os “vícios” <strong>era</strong>m os principais desorganizadores da “família”<br />

(SILVA, 2005, p.21).<br />

As dificuldades imposta ao acesso e a continuidade da escolarização <strong>na</strong> Era Varg<strong>as</strong><br />

tem resquícios do sistema educacio<strong>na</strong>l anterior que nunca foi totalmente sup<strong>era</strong>do, apen<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong>sumiu nova roupagem atualizad<strong>as</strong> de acordo com <strong>as</strong> necessidades sociais. Neste contexto, a<br />

oferta da escolarização não atingiu a todos devido à falta de estrutura do Estado e também<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 11


pelos diversos interesses econômicos, políticos e sociais em ofertar a escolarização<br />

estritamente necessária apen<strong>as</strong> <strong>para</strong> garantir a demanda da época.<br />

Conclusão<br />

A educação <strong>na</strong> Era Varg<strong>as</strong> foi um dos pilares que subsidiou <strong>as</strong> transformações<br />

ocorrid<strong>as</strong> <strong>na</strong> sociedade. Como b<strong>as</strong>e do processo de expansão da industrialização e como<br />

mecanismo ideológico de formação a educação colaborou <strong>para</strong> a reestruturação social no<br />

momento que contribuía <strong>para</strong> a formação de um “Novo Homem”, foi neste contexto que o<br />

<strong>ensino</strong> <strong>técnico</strong>–<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante teve su<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> solidificad<strong>as</strong>.<br />

Por meio da efetiva sistematização do <strong>ensino</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante <strong>na</strong> Era Varg<strong>as</strong><br />

verifica-se a forte acentuação do dualismo educacio<strong>na</strong>l, pois foi legitimada com leis e<br />

decretos a criação de um sistema <strong>para</strong>lelo de <strong>ensino</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante voltado às camad<strong>as</strong><br />

populares, e por outro lado e mantido o sistema oficial de <strong>ensino</strong> desti<strong>na</strong>do à elite,<br />

garantido seu acesso aos mais autos níveis de escolarização. Enfim, <strong>na</strong> Era Varg<strong>as</strong> foram<br />

criad<strong>as</strong> legislações que solidificou o <strong>ensino</strong> <strong>técnico</strong>-<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> no Br<strong>as</strong>il como sendo uma<br />

d<strong>as</strong> modalidades de <strong>ensino</strong> mais abrangente desti<strong>na</strong>do à formação da camada popular <strong>para</strong><br />

atuação no mercado de trabalho.<br />

REFERÊNCIAS<br />

CARVALHO, Elma Júlia Gonçalves de. Polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> e gestão da educação no Br<strong>as</strong>il.<br />

Maringá: Eduem, 2012.<br />

FARIA, Marlon Teixeira. Educação: um debate acerca da formação de um “novo homem” <strong>na</strong><br />

Era Varg<strong>as</strong> (1930 - 1945). Revista Expedições: Teoria da História & Historiografia, ano 1,<br />

n.1, dez. 2010.<br />

JACOMELI. Mara Regi<strong>na</strong> Martins; NIELSEN JUNIOR, Diogenes. Trajetória histórica da<br />

educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> no Br<strong>as</strong>il: primeiros apontamentos. Revista HISTEDBR On-line (5. :<br />

2001: Campin<strong>as</strong>, SP). Disponível em . >. Acesso em: 11 set. 2012.<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 12


MORAES, Maria Célia Marcondes de. Educação e Política nos Anos 30: a Presença de<br />

Francisco Campos. Revista Br<strong>as</strong>ileira de Estudos Pedagógicos, Br<strong>as</strong>ília, v.73, n. 17-4, p.<br />

291-321, maio/ago. 1992.<br />

O MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA (1932). Revista HISTEDBR<br />

On-line, Campin<strong>as</strong>, n. especial, p.188-204, ago. 2006. Disponível em:<br />

. Acesso em: 11 set.<br />

2012.<br />

ROMALELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Br<strong>as</strong>il (1930/1973). Petrópolis:<br />

Vozes, 1978.<br />

SILVA. Romeu Adriano. Escola <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> mixta “cel. Francisco Garcia”, de Mococa.<br />

Trabalho e Educação <strong>na</strong> periferia do capitalismo (1931-1936). Revista HISTEDBR Online,<br />

Campin<strong>as</strong>, n.19, p. 19-39, set. 2005.<br />

SAVIANI, Dermeval. História d<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> pedagógic<strong>as</strong> no Br<strong>as</strong>il. 2. ed. rev. e amp.<br />

Campin<strong>as</strong>: Autores Associados, 2008.<br />

Legislação<br />

BRASIL. Constituição (1934). Legislação Informatizada. Disponível em:<br />

. Acesso em: 12 jul. 2012.<br />

BRASIL. Constituição (1937). Legislação Informatizada. Disponível em:<br />

. Acesso em: 17 jul. 2012.<br />

BRASIL. Decreto-lei n° 4.073, de 30 de janeiro de 1942. Lei Orgânica do <strong>ensino</strong> Industrial.<br />

Legislação Informatizada. Disponível em:<br />

. Acesso em: 10 ago. 2012.<br />

BRASIL. Decreto nº 8.673, de 3 de fevereiro de 1942. Aprova o Regulamento do Quadro dos<br />

Cursos do Ensino Industrial. Legislação Informatizada. Disponível em:<br />

. Acesso em: 10 jul. 2012.<br />

BRASIL. Decreto-lei nº 4.244, de 9 de abril de 1942. Lei orgânica do <strong>ensino</strong> secundário.<br />

Legislação Informatizada. Disponível em:<br />

. Acesso em: 10 jul. 2012.<br />

A<strong>na</strong>is da Sema<strong>na</strong> de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 13

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!