6 Entrevista Entrevista 7 Inovação e empreendedorismo precisam andar juntos O diretor técnico do Sebrae em Pernambuco, Aloísio Ferraz, fala sobre os projetos desenvolvidos este ano pela instituição de apoio aos pequenos negócios D iretor técnico do Sebrae em Pernambuco no quadriênio 2011-2014, o engenheiro agrônomo pela UFRPE Aloísio Ferraz é pós- -graduado em Planejamento Agrícola e Agroindustrial. Além do campo acadêmico, possui experiência na elaboração de estudos e projetos, levantamento socioeconômico, estudos de conjuntura e de mercado, e na programação, coordenação e execução de políticas públicas – com destaque nas áreas de irrigação, reforma agrária, implantação de obras hídricas e pesquisa agropecuária, entre outras. Foi, por duas vezes, secretário de Estado em Pernambuco (Agricultura - 1993/1994; e Recursos Hídricos - 2002/2003) e presidente do IPA, em 2006, tendo desenvolvido funções em entidades como Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) e Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife (Conderm). Na área de consultoria, prestou serviços na organização e promoção de eventos, e formulação de estudos socioeconômicos. Na entrevista a TEXTO ANDERSON LIMA FOTO RODRIGO MOREIRA seguir, Aloísio Ferraz fala sobre os projetos desenvolvidos pelo Sebrae, a atuação junto à micro e pequena empresa, e o trabalho que está sendo realizado pela nova gestão do Sebrae, entre outros pontos. Agronegócios, artesanato, comércio e serviços são apenas algumas áreas que são abrangidas pelos projetos técnicos desenvolvidos pelo Sebrae em Pernambuco. Como os projetos estão atualmente estruturados pela entidade? O Sebrae é um agente de desenvolvimento que contribui para a promoção da micro e pequena empresa no Brasil e nos Estados - no caso, em Pernambuco. É uma organização que tem quase 40 anos e que acumulou experiência na área de apoio às micro e pequenas empresas. Ele tem uma série de desafios, como toda organização, entre os quais promover o desenvolvimento das empresas. Promover o desenvolvimento nos seus vários aspectos. Desde o aumento do faturamento à participação do universo das pequenas empresas no produto gerado no país. Em Pernambuco, cerca de 98% das empresas são micro e pequenas, mas elas geram apenas 20% do PIB. Então qual é o grande desafio? Elevar essa participação das micro e pequenas empresas na geração de riqueza. Como é na Itália, na França e em outros países, onde as micro e pequenas têm uma expressão muito maior. Para isso, o Sebrae tem uma equipe preparada e dedicada, com uma característica importante, que é ter o cuidado de manter os seus recursos humanos per- manentemente capacitados e treinados. O Sebrae investe muito nesta linha de trabalho. Nós temos cerca de 100 projetos sendo executados no Sebrae. Desde a Região Metropolitana até as mais diversas O Sebrae é uma instituição que tem responsabilidade com o desenvolvimento econômico e social regiões de desenvolvimento, tais como a região de Araripina, que é estratégica. Lá dispomos de um potencial muito grande a partir da cadeia do gesso; ou a região do Vale do São Francisco, onde temos uma importância significativa a partir da fruticultura, com produtos de exportação que têm alto valor agregado; além de outras áreas como o Agreste meridional, onde atuamos fazendo um trabalho de apoio à gestão das micro e pequenas empresas na área de leite e laticínios. Em Caruaru, temos um trabalho forte de apoio ao comércio varejista e à indústria de confecções, inclusive nos municípios de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, onde a indústria de confecções tem sido objeto de apoio ao desenvolvimento das micro e pequenas empresas; o entorno de Suape e as regiões de Itaparica e Pajeú, que também são objetos do esforço do Sebrae. Em sua distribuição geográfica, Pernambuco é composto por regiões com características bem distintas, tanto nas questões climáticas como nas sociais e econômicas. Em quais locais a atuação do Sebrae tem se mostrado mais marcante, de modo a poder equilibrar essas desigualdades? O Sebrae segue a linha das vocações econômicas e das necessidades recentes das MPE. Se eu tenho a economia de Pernambuco concentrada aqui na Região Metropolitana do Recife em 70%, então o grosso do trabalho do Sebrae é aqui nessa região. Mas sem deixar de levar em conta as vocações regionais como a questão do gesso, do polo de confecções de Caruaru e do leite e da caprinocultura na área de Serra Talhada, Floresta e Petrolina. O Sebrae vem intensificando seus trabalhos, visando a dar um atendimento especial ao en- torno da região de Suape, em função das demandas geradas a partir dos projetos estruturados que vêm sendo implantados naquela região, a exemplo da Refinaria Abreu e Lima. Como esses projetos têm contribuído para integrar essas regiões como um todo? Existe o cuidado do Sebrae de verificar as transformações econômicas que Pernambuco está vivendo e direcionar seu trabalho também para atender a essa demanda. Pernambuco vem crescendo acima dos padrões normais, em relação aos demais Estados do país. Isto é um desafio para o Sebrae, que precisa atender a essa demanda derivada do crescimento. E as empresas precisam estar preparadas de forma adequada para dar uma resposta a esse crescimento econômico. Sobre a questão da inovação nas empresas, ela é de grande significado para o desenvolvimento empresarial. Sobretudo porque contribui para garantir sustentabilidade para as organizações e viabilizar novos negócios e empreendimentos. É um conceito que está sendo aplicado em nível empresarial e que transcende aquela questão que, no passado, a gente via quase que exclusivamente a inovação como uma ação de pesquisa e desenvolvimento. Hoje extrapola esse universo. Você pode inovar a partir de novos modelos de negócios. Isso não está associado só à questão dos processos de produção industrial. A inovação também é muito importante porque inovação e empreendedorismo andam juntos. Dentro desse trabalho desenvolvido pelo Sebrae no Estado, quais regiões alcançaram maior destaque? Inovação e sustentabilidade são traba- lhos recentes e um desafio no mundo todo. Não me arriscaria a fazer comparações. Por exemplo, inovar na área de Suape é uma coisa; inovar na área da caprinocultura é outra. O que eu posso dizer é que os setores representativos da economia de Pernambuco são prioritários na atuação do Sebrae. E aí entra a construção civil, o agronegócio, o turismo, o artesanato, a fruticultura, o polo de gesso, o comércio e os serviços. Agora mesmo vamos ter mais um desafio, que é a questão da preparação das micro e pequenas empresas do polo farmacoquímico na região de Goiana. Não é papel do Sebrae prestar assistência técnica aos <strong>grandes</strong> conglomerados empresariais, mas é verdade que o Sebrae tem que se preocupar com isso, porque as <strong>grandes</strong> empresas vão demandar negócios das pequenas empresas. Esse processo ainda está na fase de discussão? A gente está iniciando os trabalhos. Tem que atualizar estudos básicos. O Sebrae vai aprofundar os estudos para identificar as necessidades demandadas pelo polo de Goiana, de modo que essas micro e pequenas empresas possam ampliar suas atuações. Por exemplo, eu chego à conclusão que preciso de uma empresa de distribuição em Goiana. Pode ser que essa empresa venha do Rio de Janeiro, São Paulo ou pode ser que Pernambuco possa atender.