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ALTERNATIVAS PARA UMA NOVA ESQUERDA ... - Artigo Científico

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Francisco Fernandes Ladeira<br />

<strong>ALTERNATIVAS</strong> <strong>PARA</strong> <strong>UMA</strong> <strong>NOVA</strong> <strong>ESQUERDA</strong><br />

Graduado em Geografia pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), especialista<br />

em: Brasil, Estado e Sociedade pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), professor<br />

de Geografia do Centro Educacional Aprendiz.<br />

franciscoladeira@bol.com.br<br />

Resumo: O artigo em questão apresenta algumas colocações sobre a esquerda política. O<br />

conteúdo exposto abrange a origem histórica do termo esquerda, no final do século XVIII, e<br />

suas posteriores acepções ao longo dos anos. Durante um período considerável as ideias<br />

marxistas foram predominantes no pensamento de esquerda. Esta postura ideológica, de certa<br />

forma, prejudicou as ações de seus militantes, limitando o discurso esquerdista à luta de<br />

classes e à revolução socialista. As profundas transformações político-econômicas ocorridas<br />

nas últimas décadas, como o colapso do comunismo soviético e a crise financeira capitalista,<br />

colocam novas questões para a esquerda global. Deste modo, a partir do confronto de ideias<br />

presentes nas obras de importantes intelectuais, buscam-se apresentar possíveis alternativas<br />

para os movimentos esquerdistas neste início de século.<br />

Palavras-chave: esquerda; socialismo; Marx; marxismo; União Soviética.<br />

Abstract: The article in question points some placements about the political left. The content<br />

displayed covers the historical origin of the left term, in the end of the eighteenth century, and<br />

its subsequent meanings over the years. During a considerable period, the Marxist ideas were<br />

prevalent in left thinking. This ideological stance, to some extent, harmed the actions of their<br />

militants, limiting the leftist discourse to the class struggle, and to the socialist revolution. The<br />

profound political and economic changes that have occurred in recent decades, as the collapse<br />

of Soviet communism and capitalist financial crisis, pose new questions for the global left.<br />

Thus, from the clash of ideas presents in the works of important intellectuals, we seek to<br />

present possible alternatives for leftist movements in this new century.<br />

Keywords: left. Socialist. Marx. Marxist. Soviet.


Introdução<br />

O termo “esquerda”, relacionado ao espectro político, tal como seu antípoda “direita”,<br />

surge a partir dos acontecimentos que desencadeariam na Revolução Francesa, no final do<br />

seculo XVIII.<br />

Na época os adjetivos esquerda e direita foram utilizados em referência à disposição<br />

dos assentos na Assembleia dos Estados Gerais. O Terceiro Estado 1 , defensor de reformas<br />

liberais, posicionou-se à esquerda do rei. Já os setores da sociedade francesa favoráveis à<br />

manutenção do status quo dominante, clero e nobreza (respectivamente Primeiro e Segundo<br />

Estado), estavam à direita do monarca.<br />

Após a queda da Bastilha a esquerda foi vinculado à corrente jacobina:<br />

“revolucionários radicais”, que aspiravam, entre outras mudanças, à adoção do regime<br />

republicano, à secularização do Estado e à concessão de benefícios às camadas populares. Por<br />

outro lado, a direita ficou associada aos girondinos: “revolucionários moderados”, que<br />

pretendiam garantir as conquistas da Revolução apenas para a burguesia, excluindo os setores<br />

sociais menos abastados das principais decisões políticas.<br />

No decorrer dos anos novas acepções foram incorporadas aos conceitos de esquerda e<br />

direita. Para Touraine (1999), a direita enfatiza o crescimento econômico, e a esquerda, o<br />

desenvolvimento social. Sader (1997) ressalta que os adeptos da direta aceitam, convivem e<br />

justificam as crescentes desigualdades entre os homens, relacionando os destinos de cada<br />

indivíduo à lógica do mercado; em contrapartida, os adeptos da esquerda assumem a luta por<br />

justiça social. Segundo Edgar Morin: “a direita polariza as soluções de ordem, hierarquia,<br />

conformidade; e a esquerda, as soluções de liberdade, igualdade, solidariedade.” (MORIN,<br />

1986, p. 61).


Já de acordo com Norberto Bobbio, “[...] esquerdistas são os partidários da melhoria<br />

das condições de vida da maioria da população, enquanto direitistas são os partidários da<br />

conservação dos privilégios das elites tradicionais”. (BOBBIO apud POMPEU, 2007, p. 31).<br />

Para Dino Confrancesco, “[...] o homem de direita é aquele que se preocupa [...] em<br />

salvaguardar a tradição; o homem de esquerda [...] pretende [...] libertar seus semelhantes das<br />

cadeias a eles impostas pelos privilégios de raça, classe, etc.”. (CONFRANCESCO, 1990, p.<br />

403 apud BOBBIO, 2001, p. 97).<br />

Deste modo, todos aqueles que anelam por uma sociedade mais justa e equilibrada,<br />

que garanta o direito da grande maioria ao acesso à cidadania plena, podem ser considerados,<br />

sob o ponto de vista ideológico, esquerdistas.<br />

No entanto muitos ainda cometem o equívoco de relacionar a esquerda exclusivamente<br />

ao pensamento marxista 2 e aos ideais socialistas (como se os termos socialismo e esquerda<br />

fossem intercambiáveis, ou mesmo sinônimos). De acordo com este ponto de vista, pertencer<br />

a esquerda significaria coadunar (muitas vezes de maneira axiomática) com as ideias de Marx.<br />

Já outras aferições relacionam a esquerda à frustrada experiência socialista na antiga União<br />

Soviética.<br />

Assim talvez o grande erro de boa parte da esquerda e de seus intérpretes seja reduzir a<br />

plataforma esquerdista aos preceitos socialistas e marxistas.<br />

Marx, marxismo e socialismo<br />

Evidentemente não se pretende aqui negar a importância de Karl Marx. Sem dúvida o<br />

filósofo prussiano foi um dos nomes mais influentes da história. Sua obra mudou de maneira<br />

radical o pensamento político da humanidade. O diagnóstico por ele realizado acerca do<br />

sistema capitalista é grande referência para diversos estudos em ciências sociais e para a


conscientização e organização dos trabalhadores.<br />

Todavia é plausível questionar alguns pontos-chave do pensamento marxiano, como o<br />

materialismo histórico e a revolução do proletariado.<br />

Para Marx, o fenômeno material é o fator primordial ao qual estão subordinadas as<br />

ideias. De acordo com o materialismo histórico toda a estrutura política, jurídica e religiosa<br />

(superestrutura) de uma determinada sociedade é consequência de sua organização econômica<br />

(infraestrutura). Logo a ideologia dominante de uma época será sempre a ideologia da classe<br />

detentora dos meios de produção (no caso capitalista, a burguesia) 3 .<br />

A partir destes pressupostos, Marx lançou as bases de uma teoria economicista que<br />

fora sistematicamente questionada pelos seus críticos:<br />

[...] Os fatores da história são tão complexos e interligados que toda doutrina<br />

simplista, pretendendo determinar qual o principal dentre eles, conduz<br />

sempre a conclusões e aplicações errôneas. Sobretudo quando [...] entende<br />

por “fator principal” um fator que será sempre causa, isto é, suscetível de<br />

influenciar os outros sem ser nunca por eles influenciado. (BOUTHOUL;<br />

MOSCA, 1968, p.280).<br />

Segundo o pensamento marxiano a história se desenvolve de forma linear, em<br />

diferentes etapas, movidas, sobretudo, pelas contradições originadas da organização do<br />

sistema de produção (luta de classes). “Em um caráter amplo, os modos de produção asiático,<br />

antigo, feudal e burguês moderno podem ser considerados como épocas progressivas da<br />

formação econômica da sociedade”. (MARX, 1977, p. 23).<br />

Cada fase do desenvolvimento da humanidade produz o germe de sua destruição. No<br />

sistema feudal essa função coube à burguesia. No sistema capitalista, a classe operária,<br />

explorada pelos patrões, deveria se organizar e promover a revolução socialista,<br />

transformando os meios de produção em propriedades coletivas.<br />

As relações de produção burguesas são a última forma contraditória do<br />

processo de produção social, contraditória não no sentido de uma<br />

contradição individual, mas de uma contradição que nasce das condições de


existência social dos indivíduos. No entanto, as forças produtivas que se<br />

desenvolvem no seio da sociedade burguesa criam ao mesmo tempo as<br />

condições materiais para resolver esta contradição. Com esta organização<br />

social termina, assim, a Pré-História da sociedade humana. (MARX, 1977, p.<br />

23).<br />

Instaurado o regime socialista, caberia ao proletariado apoderar-se do aparelho estatal<br />

e eliminar as diferenças sociais originadas pelo sistema capitalista. 4 Corrigidas as distorções<br />

sociais, instituições como o Estado, o mercado e a propriedade privada deixariam de existir.<br />

Surgiria então a derradeira etapa do desenvolvimento da humanidade: o comunismo. “[...] No<br />

lugar da sociedade burguesa antiga, com suas classes, teremos uma associação na qual o<br />

desenvolvimento livre de cada um é a condição para o desenvolvimento livre de todos.”<br />

(MARX; ENGELS, 1998, p. 47).<br />

Entretanto, é anacrônico e ingênuo pensar que em pleno século XXI os trabalhadores<br />

se organizarão para tomar os meios de produção dos patrões e posteriormente promover uma<br />

sociedade igualitária.<br />

Numa época em que a crescente robotização fabril diminui as ofertas de emprego e o<br />

processo produtivo muda incessantemente de um país para outro, é difícil conceber uma<br />

solidariedade global entre o proletariado. “[Marx] errou em sua idealização romântica da<br />

classe trabalhadora, o que foi resultado de um plano puramente teórico e não da observação<br />

humana da classe trabalhadora”. (FROMM, 1983, p. 254).<br />

Karl Popper (1987) questiona a cientificidade e a legitimidade empírica dos preceitos<br />

marxistas. De acordo com o autor, o método científico tem como pressuposto detectar a<br />

falseabilidade, e não a veridicidade, das hipóteses de que parte; verificando assim até que<br />

ponto elas resistem a hipóteses contrárias. O marxismo, por ser uma teoria que se abstém de<br />

qualquer teste empírico negativo, não é “falsificável”; consequentemente não pode ser<br />

qualificado como ciência, mas como pseudociência. Adeptos do marxismo não procuram<br />

adequar suas ideias à realidade, mas a realidade às suas ideias:


Um marxista não era capaz de olhar para um jornal sem encontrar em todas<br />

as páginas, desde os artigos de fundo até os anúncios, provas que consistiam<br />

em verificações da luta de classe; e encontrá-las-ia sempre também (e em<br />

especial) naquilo que o jornal não dizia. (POPPER, 1987, p. 180).<br />

Em contrapartida, para Adolfo Sánchez Vázquez (2001), o marxismo oferece a<br />

alternativa mais racional, eficaz e fecunda para fomentar uma sociedade mais justa, sem<br />

exploração nem dominação de qualquer tipo. Segundo o autor, o marxismo permite não<br />

apenas entender, mas também transformar a realidade. “[...] Enquanto existir a realidade que<br />

torna necessária e justifica sua existência - o capitalismo, a alienação dos indivíduos, a<br />

exploração dos homens e dos povos -, o marxismo não pode deixar de existir”. (VÁZQUEZ,<br />

2001, p. 251).<br />

Experiência soviética<br />

Como já abordado anteriormente, Marx acreditava que o advento do socialismo seria<br />

possível apenas em países adiantados e industrializados. Nestas nações a classe trabalhadora,<br />

“bem organizada e cada vez mais pobre, [...] teria razões, desejo e a necessária força para<br />

derrotar o capitalismo”. (FISCHER, 1969, p. 05).<br />

[...] Com o desenvolvimento da indústria, o proletariado não apenas se<br />

multiplica; concentra-se em massas cada vez maiores, sua força aumenta e<br />

ele sente mais tudo isso. Os interesses, as condições de existência no interior<br />

do proletariado igualam-se cada vez mais, à medida que a maquinaria<br />

elimina todas as distinções de trabalho e reduz, quase por toda parte, os<br />

salários a um mesmo nível baixo. [...] O progresso da indústria [...] substitui<br />

o isolamento dos operários, resultante da concorrência, por sua união<br />

revolucionária resultante da associação. [...] O desenvolvimento da grande<br />

indústria abala sob os pés da burguesia a própria base sobre a qual ela<br />

produz e se apropria dos produtos. A burguesia produz, acima de tudo, seus<br />

próprios coveiros. Seu declínio e a vitória do proletariado são igualmente<br />

inevitáveis. (MARX; ENGELS, 2000, p. 53; 57).


Engels certa vez escreveu: “quem diz que uma revolução socialista pode ser realizada<br />

em um país onde não haja proletariado ou burguesia prova, com essa declaração, que ainda<br />

precisa aprender o básico do socialismo”. (ENGELS apud MACKENZIE, 1967, p. 173).<br />

Ao contrário do previsto por Marx e Engels, a primeira insurreição de cunho socialista<br />

da história ocorreu em outubro de 1917 5 na atrasada Rússia 6 (onde o proletariado industrial,<br />

predestinado coveiro do capitalismo segundo os pressupostos marxianos, era apenas uma<br />

pequena minoria).<br />

Entre 1918 e 1922 o país foi palco de uma sangrenta guerra civil entre os exércitos<br />

branco (defensor das ideias burguesas) e vermelho (defensor do sistema comunista). O<br />

Exército Vermelho sagrou-se vencedor do conflito, e em dezembro de 1922, sob o comando<br />

bolchevique, foi instituída a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).<br />

A partir de então, com a estabilidade política, o governo de Moscou teria a<br />

oportunidade inédita de colocar em prática as ideias marxianas.<br />

A Revolução de Outubro produziu de longe o mais formidável movimento<br />

revolucionário organizado da história moderna. [...] O comunismo soviético<br />

proclamou-se um sistema alternativo e superior ao capitalismo, e destinado a<br />

triunfar sobre ele. [...] Uma onda de revolução varreu o globo nos anos após<br />

Outubro [“sovietes” formados por operários em Cuba, organizações<br />

estudantis revolucionários irromperam na China e na Argentina, movimentos<br />

de libertação na Indonésia]. [...] “Essa ação do povo russo”, disse um jornal<br />

de província turco, “um dia no futuro se tornará um sol e iluminará toda a<br />

humanidade”. [...] Em suma, a Revolução de Outubro foi universalmente<br />

conhecida como um movimento que abalou o mundo. (HOBSBAWM, 1995,<br />

p. 62; 63; 74).<br />

Nicolai Berdiaev, importante intelectual russo do século passado, acreditava que a<br />

revolução socialista em seu país poderia ensejar o surgimento de uma sociedade sem<br />

contrastes econômicos:<br />

[Berdiaev via] na revolução marxista [...] a possibilidade de criação de uma<br />

nova sociedade [...] um sinal de libertação tanto espiritual quanto social do<br />

homem, uma ascensão do espírito de liberdade [...] um plano para a


econstrução da vida no mundo [...] [em que] o homem deve trabalhar para a<br />

criação de uma sociedade sem classes, onde possa estar mais preocupado<br />

com o bem da comunidade que com seus interesses pessoais. (BERDIAEV<br />

apud KÜHNER, 1972, p. 219, 220).<br />

Porém a primeira nação socialista do planeta não promoveu a almejada sociedade<br />

igualitária. Muito pelo contrário: só veio a aumentar a exploração do homem pelo homem 7 ,<br />

sustentar um aparelho estatal extremamente centralizado e burocratizado, oprimir liberdades<br />

individuais e promover vastos genocídios contra minorias étnicas em seu território. O Estado<br />

soviético foi uma poderosa máquina de extermínio que matou mais de 20 milhões de pessoas.<br />

A “[...] mais impiedosa organização estatal que o mundo moderno jamais viu [...]” (FROMM,<br />

1983, p. 250).<br />

“Se o socialismo real instaura uma opressão pior do que a dos sistemas capitalistas do<br />

Ocidente liberal, e mais duradoura que a da pior das ditaduras militares na América Latina,<br />

perde-se o sentido evidente da expressão ‘revolução socialista’.” (MORIN, 1986, p. 64).<br />

Problemas políticos, econômicos e conflitos étnicos contribuíram para o colapso da<br />

URSS em 1991. Este fato histórico também representou o término da Guerra Fria, conflito<br />

ideológico entre o capitalismo estadunidense e o socialismo soviético.<br />

O fenecer do “socialismo real” foi utilizado pela direita como argumento para<br />

justificar a impossibilidade de regimes voltados para melhorias e reformas sociais.<br />

Para Francis Fukuyama, o capitalismo e a democracia burguesa enfim triunfaram, e a<br />

humanidade havia atingido o estágio final de sua evolução. Segundo Thomas Friedman, o<br />

término da Guerra Fria “inclinou a balança do poder mundial para o lado dos defensores da<br />

governança democrática, consensual, voltada para o livre mercado, em detrimento dos<br />

adeptos do governo autoritário, com economias de planejamento centralizado” (FRIEDMAN,<br />

2007, p. 67). Joana Andrade e Alexandre da Silva (2003) ressaltam que, nas últimas décadas<br />

do século XX, o slogan “there is no alternative” [não há alternativa, além do sistema


capitalista] passou a ser corrente entre a nova direita neoliberal, sobretudo a partir da queda<br />

do Muro de Berlim e do colapso da União Soviética.<br />

O sistema capitalista é realmente a única saída para a humanidade? Estaríamos<br />

fadados a viver em uma sociedade cada vez mais voltada para o consumo?<br />

Talvez Fukuyama, Friedman, e os direitistas em geral tenham sido atingidos pelo calor<br />

dos fatos; é extremamente complicado e controverso realizar determinada análise histórica<br />

sem o distanciamento temporal necessário. O fracasso do socialismo soviético não significa<br />

necessariamente que o modelo capitalista tenha sido bem sucedido.<br />

Como bem lembrou Bruno Latour no livro Jamais Fomos Modernos, o “triunfo<br />

capitalista” foi efêmero. Concomitante à queda do socialismo no Leste Europeu e na União<br />

Soviética, as primeiras conferências sobre o estado ambiental do planeta frustraram as<br />

esperanças capitalistas de conquista ilimitada sobre a natureza.<br />

Segundo o historiador Eric Hobsbawm, no princípio da década de 1990, o mundo<br />

capitalista “[...] viu-se novamente às voltas com os problemas da época do entreguerras que a<br />

Era de Ouro parecia ter eliminado: desemprego em massa, depressões cíclicas severas,<br />

contraposição cada vez mais espetacular de mendigos sem teto a luxo abundante [...].<br />

(HOBSBAWM, 1995, p. 19).<br />

De acordo com Bresser-Pereira (2000), o paradigma neoliberal, insistentemente<br />

defendido pela direita nas últimas décadas, mostrou-se economicamente equivocado e<br />

politicamente desastroso:<br />

[...] A Nova Direita neoliberal não conseguiu cumprir suas promessas.<br />

Mercados descontrolados produziram graus de insegurança social e de<br />

concentração de renda sem precedentes, sem que houvesse, em<br />

contrapartida, crescimento econômico. (BRESSER-PEREIRA, 2000, p.<br />

150).


Também é importante salientar que a atual crise econômica capitalista, iniciada com o<br />

estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, evidenciou um sistema não tão sólido<br />

quanto aparenta.<br />

[Há] uma queda na confiança no capitalismo. Com a crise financeira e seus<br />

efeitos sobre a economia global, a confiança no capitalismo de livre mercado<br />

está em seu pior momento em décadas, e há um crescente apelo por uma<br />

fiscalização regulamentar mais rigorosa. Há um notável recuo no pêndulo<br />

referente às formas extremas de liberalismo econômico [...]. (YAZIJI, 2010,<br />

p. 12).<br />

Assim como a esquerda de alguma forma ficou constrangida com a queda do Muro de<br />

Berlim; atualmente a direita precisa explicar uma crise econômica provocada justamente pelo<br />

excesso de liberdade do mercado. A crença de Adam Smith em um mercado autorregulável<br />

que promove o bem estar dos homens é tão falaciosa quanto a sociedade comunista de Marx.<br />

Novas estratégias<br />

Diante deste complexo e desafiador quadro de incertezas, quais estratégias poderiam<br />

ser utilizadas pela esquerda para o século XXI?<br />

Conforme o apontado anteriormente, as recentes transformações político-econômicas<br />

ocorridas nas últimas décadas, principalmente o colapso do comunismo soviético e a crise<br />

financeira capitalista, colocam novas questões para o pensamento político global.<br />

Neste contexto, a “velha esquerda” - marxista, socialista e revolucionária por<br />

excelência - mostra-se obsoleta e incapaz de interpretar e agir de forma consistente sobre o<br />

mundo contemporâneo. “A Esquerda necessita de uma visão [...] simultaneamente mais<br />

abrangente e mais exigente que a de Marx.” (ROGERS; STREECK, 1997, p. 184).<br />

Doravante, é imprescindível amalgamar novas ideias a sua plataforma.


A liquidação da esquerda anterior, [...] por sua relativa debilidade, abriu<br />

campo para o surgimento de uma nova esquerda, desvinculada dos erros<br />

mais gritantes daquela força derrotada. Dentre eles estavam o atrelamento ao<br />

aparelho do Estado, as alianças subordinadas com frações burguesas, as<br />

posições internacionais de vinculação acrítica à URSS, a rigidez<br />

organizativa, a falta de criatividade política e cultural. (SADER, 1997, p.<br />

11).<br />

Diversos analistas asseveram a necessidade de uma esquerda mais moderada e menos<br />

ortodoxa. Para estes pensadores - ao contrário de setores da “antiga esquerda”, que apregoam<br />

o fim do Estado, do mercado e da propriedade privada - é preciso “reestruturar” e não<br />

“eliminar” tais instituições. Defendem também a via democrática em detrimento da via<br />

insurrecional como o melhor caminho para a esquerda chegar ao poder.<br />

Manuel Escudero (1997) ressalta que a esquerda deve evitar a tentação utópica de<br />

construir sistemas globais perfeitos, e rejeitar qualquer concepção progressiva e determinista<br />

da história. Para David Miliband, mais do que criticar as injustiças do presente, é preciso<br />

fornecer esperanças realistas de mudança no futuro. “A tarefa da esquerda é [...] menos<br />

mostrar que a reforma é necessária do que mostrar que ela é possível”. (MILIBAND, 1997, p.<br />

20).<br />

Joana Andrade e Alexandre da Silva (2003) descrevem como principais características<br />

da nova esquerda: o abandono progressivo de vários pressupostos básicos das teses marxistas,<br />

a adoção de um “discurso único” em defesa do aperfeiçoamento gradual do sistema capitalista<br />

através de reformas legislativas e a renúncia ao método revolucionário.<br />

Michel Rocard (1997), Gérald Collomb (2005) e Robert Kuttner (1997) enfatizam que<br />

o mercado (instituição historicamente repudiada e combatida por setores da esquerda<br />

tradicional) não deve ser abolido, mas organizado e regulado pelo poder estatal e pela<br />

sociedade.<br />

Segundo Rocard, para haver uma economia bem sucedida não há alternativa fora do<br />

mercado. No entanto, como a livre circulação de mercadorias e capitais geralmente acentua as


desigualdades sociais, faz-se necessário uma maior regulamentação dos mercados por parte<br />

do Estado. Collomb defende uma economia mundial baseada em um mercado racionalizado,<br />

voltado para a promoção do bem público. Já Kuttner adverte que o mercado, por ser<br />

instrumento de poderosos atores privados cujos interesses não coincidem com os anseios da<br />

maioria da população, deve ser socialmente controlado e dirigido. “A Esquerda tem de<br />

representar um paradigma alternativo. Deve argumentar que os mercados são instáveis,<br />

ineficientes e injustos”. (KUTTNER, 1997, p. 204).<br />

Norberto Bobbio (1983) propõe um modelo político que combine socialismo,<br />

democracia e liberdade. Apesar de aparentemente contraditórios, tanto o socialismo quanto a<br />

democracia enfatizam as aspirações coletivas em detrimento dos interesses individuais; logo,<br />

segundo o autor, podem ser conciliados.<br />

A exigência de democracia nasce da constatação de que em uma sociedade<br />

socialista os abusos do poder são tão possíveis quanto em uma sociedade<br />

capitalista. [...] Se é verdade que um dos argumentos a favor da democracia é<br />

que ela permite melhor descobrir quais são, em determinadas circunstâncias,<br />

os interesses coletivos, não se compreende como se possa pensar que<br />

democracia e socialismo não estejam destinados a seguir juntos e de acordo,<br />

[...] a separação dos dois seria nociva à própria noção de socialismo, já que,<br />

como se afirma, o socialismo é um sistema que permite satisfazer as<br />

necessidades das pessoas em maior medida que o sistema capitalista.<br />

(BOBBIO, 1983, p. 87).<br />

Portanto, uma democracia sem o equilíbrio econômico socialista e também um<br />

socialismo sem a liberdade de escolha democrática são, respectivamente, uma democracia e<br />

um socialismo imperfeitos.<br />

Para Vázquez (2001), a democracia política é condição necessária, mas não suficiente,<br />

para fomentar uma sociedade melhor. Deste modo, os preceitos democráticos não devem se<br />

resumir apenas à participação formal e ao sistema representativo; é preciso a democratização<br />

de todas as esferas da vida social e econômica: socializar o poder político e os meios de<br />

produção, aumentar a participação efetiva dos cidadãos nas principais tomadas de decisão e


garantir o controle do Estado pela sociedade.<br />

Já Giddens (1996) defende uma democracia dialógica onde as relações sociais que<br />

envolvem diferentes níveis hierárquicos - como entre pais e filhos, patrões e empregados,<br />

homens e mulheres - possam ser intermediados pelo diálogo entre ambas as partes em<br />

questão, e não pela imposição das ideias dos atores sociais mais poderosos.<br />

Boaventura de Souza Santos (2008) afirma que a luta política dos esquerdistas deve ir<br />

além da clássica dicotomia proletariado versus capitalistas 8 . Devido à grande complexidade e<br />

diversidade do mundo atual, as reivindicações dos que advogam pelas causas sociais devem<br />

amalgamar os anseios de todos os setores excluídos. Além de pleitear por justiça social, é<br />

preciso reivindicar cidadania digna para os grupos que historicamente são alvos de<br />

preconceito (negros, mulheres, homossexuais, trabalhadores rurais sem-terra e comunidades<br />

indígenas).<br />

Para Souza Santos, o Fórum Social Mundial, evento que representa um contraponto à<br />

globalização hegemônica, sintetiza as causas dos movimentos sociais contemporâneos:<br />

O FSM constitui uma das mais consistentes manifestações de uma sociedade<br />

civil global contra-hegemônica [...]. Apesar de se apresentar como agente de<br />

mudança social [...], [ao contrário de Marx] rejeita o conceito de um sujeito<br />

histórico privilegiado [...] não confere prioridade a nenhum actor social<br />

específico neste processo de mudança. Não obedece a nenhuma ideologia<br />

claramente definida. [...] [Privilegia] o inconformismo em detrimento da<br />

revolução. [...] [Defende] a democracia [...] em detrimento de modelos<br />

fechados como o do socialismo de Estado. (SANTOS, 2008, p. 415; 416;<br />

418).<br />

Eric Hobsbawm (1992) elege como plataformas sociais para o século XXI: a causa<br />

ecológica, diminuir a desigualdade econômica entre países desenvolvidos e países<br />

subdesenvolvidos e a não subordinação da humanidade à economia.<br />

Por outro lado, ecologistas radicais e alguns setores da esquerda ainda apregoam a<br />

negação de todo avanço tecnológico propiciado pelo modo de produção capitalista. Idealizam


uma possível volta rousseauniana do ser humano ao seu estado natural; uma espécie de<br />

comunismo primitivo em que todos são felizes e onde não existam exploradores e explorados.<br />

Jonathan Porritt e David Winner, citados por Giddens (1996), asseveram a necessidade<br />

de “uma revolução não-violenta para derrubar toda nossa sociedade industrial poluidora,<br />

saqueadora e materialista e, em seu lugar, criar uma nova ordem social e econômica que<br />

permitirá aos seres humanos viverem em harmonia com o planeta”. (PORRITT; WINNER<br />

apud GIDDENS, 1996, p. 237).<br />

Contudo, se utilizarmos o mínimo senso de realidade, concluiu-se que tal cenário é<br />

bastante improvável. O vertiginoso processo de modernização ao qual passa a humanidade é<br />

praticamente irreversível. Somente uma grande catástrofe natural, ou uma série de<br />

acontecimentos singulares, poderiam ensejar a volta do ser humano à natureza.<br />

As inovações tecnológicas são inexoráveis, não há como negar. Sendo assim, é preciso<br />

utilizá-las da maneira mais proveitosa possível:<br />

[Cabe] aos homens criar mecanismos para que os efeitos positivos, benéficos<br />

e desejáveis do progresso, da modernidade e dos avanços tecnocientíficos,<br />

consigam alcançar o maior número possível de pessoas no planeta [...].<br />

(ALMEIDA, 2005).<br />

O espaço virtual, por exemplo, é utilizado tanto para difundir valores e hábitos de<br />

consumo capitalistas, como pode ser um instrumento para aqueles que, de alguma forma, não<br />

concordam com o sistema vigente. Portanto, este meio de comunicação é um importante elo<br />

entre os diversos movimentos de esquerda do planeta. “O ciberespaço não somente permite<br />

que qualquer um se exprima, como autoriza um grau de acesso à informação superior a tudo<br />

aquilo que se podia experimentar antes”. (LEVY apud STYCER, 2003, p. 57).<br />

Todavia, apesar de sua inegável importância, o espaço virtual ainda se mostra<br />

ineficiente como mecanismo para a conscientização da grande maioria da população. É<br />

necessária uma completa democratização dos meios de comunicação de massa. Meios estes


que estão monopolizados por políticos conservadores e poderosos empresários que<br />

direcionam suas concessões midiáticas de acordo com os interesses do grande capital e da<br />

ideologia direitista. “O horizonte para um outro mundo possível não poderá abrir mão de<br />

políticas públicas democráticas para os serviços e espaços de comunicação [...].” (MORAES<br />

apud STYCER, 2003, p. 57).<br />

Considerações finais<br />

Não foi o intuito do presente trabalho delinear um quadro definitivo de estratégias a<br />

serem seguidas pelos movimentos de esquerda. Tampouco apresentar as ideias aqui esboçadas<br />

como as únicas viáveis. Este artigo aponta, e não mais do que isso, apenas algumas possíveis<br />

alternativas para renovar o pensamento esquerdista. O conteúdo aqui exposto está aberto à<br />

contestação.<br />

É importante ressaltar que a plataforma da esquerda pode ir além de Marx e do<br />

socialismo: a realidade não se resume à luta de classes. As reivindicações de outros segmentos<br />

sociais excluídos, além dos operários, precisam ser incorporadas aos discursos esquerdistas.<br />

A obra marxiana, ao explicitar a exploração do trabalho alheio como fator inerente ao<br />

capitalismo, é indubitavelmente importante referencial teórico para compreender a dinâmica<br />

do sistema. Em contrapartida, ao propor a via insurrecional como meio para a superação do<br />

capitalismo e assim chegar a uma sociedade mais justa, mostra-se inviável como projeto de<br />

transformação social.<br />

Deve-se rejeitar o totalitarismo soviético como exemplo a ser seguido. A história nos<br />

revela que nenhum outro fator substitui a liberdade, o bem supremo do ser humano.<br />

Os militantes esquerdistas precisam se renovar: romper com algumas posições<br />

ortodoxas do passado, concentrar suas atividades mais em ações do que em utopias. Em


outros termos: é necessário ser mais pragmático e menos idealista.<br />

Enquanto pensarmos que um mundo melhor só é possível através de processos<br />

revolucionários estaremos fadados a viver de sonhos. Por outro lado, talvez as melhorias<br />

sociais realmente possam vir a acontecer se nos apegarmos a situações mais condizentes à<br />

realidade: buscar mudanças dentro do próprio sistema ao invés de solapá-lo.


NOTAS<br />

1 Composto pela grande massa ativa da nação, trabalhadores ocupados nos setores de<br />

produção e o comércio: camponeses, artesões, pequenos proprietários e burgueses, entre<br />

outros.<br />

2 Pensamento marxista: escritos de autores seguidores da obra de Marx. Pensamento<br />

marxiano: escritos de Marx e em conjunto com Friedrich Engels.<br />

3 “O conjunto [das] relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base<br />

concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem<br />

determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona<br />

o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos<br />

homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua<br />

consciência”. (MARX, 1977, p. 23).<br />

4 Marx utiliza a expressão ‘ditadura do proletariado’ para designar a forma de Estado que<br />

corresponde ao período transição do capitalismo para o comunismo: “Entre a sociedade<br />

capitalista e a sociedade comunista situa-se o período de transformação revolucionária da<br />

primeira na segunda. A este período corresponde também um período político de transição,<br />

cujo Estado não pode ser outro que não a ditadura revolucionária do proletariado” (MARX, p.<br />

23 apud VÁZQUEZ, 2001, p. 77)<br />

5 Na época a Rússia seguia o calendário juliano, treze dias atrasado em relação ao calendário<br />

gregoriano, adotado pelo ocidente. Assim, a “Revolução de Outubro” ocorreu em novembro<br />

de acordo com o calendário ocidental.<br />

6 “[...] O paradoxo do socialismo é que seus êxitos se deram justamente naquelas sociedades<br />

onde o capitalismo era fraco, onde quase não havia proletariado e onde a revolução foi feita<br />

pela aliança de intelectuais com camponeses ávidos por terras. Medidas socialistas não vieram<br />

como uma resposta à industrialização, mas antes como um meio de consegui-la por métodos<br />

totalitários”. (MACKENZIE, 1967, p. 173).<br />

7 “O Estado burocrático soviético imprimiu forte sentido militar à organização do trabalho: os<br />

campos de trabalho forçado, também chamados ‘campos de reeducação pelo trabalho’,<br />

acabaram se tornando uma questão delicada para a União Soviética, que, por longo tempo, os<br />

ocultou. [...] Nesse tipo de trabalho forçado o número de mortos era enorme. [...] Na União<br />

Soviética [...] o trabalhador era apenas um simples executor de tarefas impostas pelo Estado.<br />

[...] A classe operária, desprovida de direitos políticos, civis e sindicais, era assediada pela<br />

‘propaganda oficial mentirosa’, que pressionava e controlava os trabalhadores, a fim de<br />

impedi-los de contestar, de maneira explícita e aberta, a ordem social vigente”. (CARMO,<br />

1992, p. 55; 58)<br />

8 “As pessoas não identificam mais seus interesses sociais exclusivamente em termos de<br />

classe; a classe não pode servir como um dispositivo discursivo ou uma categoria<br />

mobilizadora através da qual todos os variados interesses e todas as variadas identidades das<br />

pessoas possam ser reconhecidas e representadas”. (HAAL, 2006, p. 20, 21).


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