Brigitte Bardot - Circuito de Alta Decoração
Brigitte Bardot - Circuito de Alta Decoração
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<strong>de</strong> linhas retas e ângulos<br />
precisos que vão surgindo<br />
no papel às formas<br />
inexatas e imprevisíveis<br />
do vaivém do mar,<br />
ivan smarcevisck é um<br />
tanto em tudo. <strong>de</strong>sses <strong>de</strong><br />
mergulhar fundo no que<br />
lhe dá prazer. apaixonado<br />
por arquitetura, ele ama<br />
velejar. e nessa maré<br />
inconstante e tenaz, que<br />
ora constrói soli<strong>de</strong>z, ora<br />
se lança ao impreciso,<br />
ivan vai levando a vida<br />
intensamente. numa<br />
gostosa conversa sobre o<br />
mar, o arquiteto revela<br />
suas aventuras...<br />
Sua paixão por velejar que é caso antigo. Quais embarcações você teve antes do<br />
Bola 7? Conte-nos essa trajetória.<br />
É uma história que já se esten<strong>de</strong> por alguns anos. Meu primeiro<br />
barco foi um veleiro <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> 20 pés, comprei em 1971 e batizei-o<br />
<strong>de</strong> Ogum. Em 1979, adquiri um Brasília 32, era todo vermelho<br />
e chamava-se Ketchup. Daí começou o meu interesse por regatas.<br />
O Brasília 32 era um barco rápido para a época e foi um sucesso<br />
quando lançado, ven<strong>de</strong>ndo muitas unida<strong>de</strong>s em todo Brasil.<br />
Em 1982 começou a saga dos Bola 7. Com um Main 34, iniciei a<br />
história <strong>de</strong>sse nome sui generis que perdura até hoje. Com este<br />
barco vivi gran<strong>de</strong>s momentos nas regatas. Depois <strong>de</strong> alguns Bola<br />
7, que me trouxeram muitas alegrias, não só com as vitórias, mas<br />
também com a qualida<strong>de</strong> das velejadas, em 2008 veio a quarta<br />
e atual versão, já numa nova proposta, alcançada pelo reconhecimento<br />
e sucesso do nome Bola 7, não só aqui no Brasil, como<br />
também no exterior.<br />
Lev Smarcevisck, seu pai, foi um exímio velejador. Você o acompanhava nas<br />
aventuras marítimas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequeno?<br />
Meu pai foi meu gran<strong>de</strong> incentivador. Des<strong>de</strong> os 14 anos velejava<br />
com ele e Manços Chastinet, um gran<strong>de</strong> parceiro do meu pai em<br />
inúmeras velejadas. Foi então que fui contaminado por este vírus<br />
maravilhoso que é velejar. Passávamos o carnaval velejando e<br />
conhecendo lugares encantadores neste nosso imenso patrimônio<br />
natural, a Baía <strong>de</strong> Todos os Santos.<br />
Certa feita, você e seu pai resolveram dar a volta ao mundo <strong>de</strong> veleiro. Como<br />
foi essa experiência?<br />
Em 1964, meu pai comprou um saveiro armado em escuna<br />
(chamava-se Vera Cruz) e o transformou no Santa Cruz, um barco<br />
<strong>de</strong> 24 metros com três mastros, construído com imenso cuidado,<br />
adornado internamente com muitas obras <strong>de</strong> arte, como, por<br />
exemplo, belíssimas esculturas <strong>de</strong> Caribé, frases <strong>de</strong> Jorge Amado<br />
esculpidas na ma<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>dicatórias <strong>de</strong> Caymmi, Jenner, Pelé e<br />
Floriano, pinturas <strong>de</strong> Genaro; enfim uma verda<strong>de</strong>ira galeria <strong>de</strong><br />
arte. O Santa Cruz era um barco que chamava a atenção pelo seu<br />
<strong>de</strong>senho diferenciado, sua cor vibrante (vermelho) e sua imponência,<br />
tornando-se sempre uma atração on<strong>de</strong> chegasse, atraindo<br />
diversos visitantes e admiradores. Em 1969 saímos no dia 8 <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>zembro rumo aos EUA, quando velejei com meu pai e amigos<br />
pelo norte do Brasil e o Caribe, percorrendo 19 ilhas. Realizei,<br />
<strong>de</strong>sta forma, uma das viagens mais extraordinárias da minha vida,<br />
aos 22 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A partir <strong>de</strong>ste ponto, meu pai prosseguiu em<br />
viagem pelo mundo e eu retornei a Salvador para cursar a faculda<strong>de</strong><br />
e me tornar arquiteto.<br />
Você venceu inúmeras regatas, inclusive a Refeno (Regata Recife – Fernando<br />
<strong>de</strong> Noronha), maior prova oceânica da América do Sul, mais <strong>de</strong> seis vezes.<br />
Velejar é mais que um hobby?<br />
Sim, é verda<strong>de</strong>. Foram regatas incríveis! Velejar, para mim, é adrenalina,<br />
disciplina, saber comandar, estar em contato constante<br />
com o mar, viver a natureza, sentir o vento no rosto. Enfim, é algo<br />
que me dá prazer, alegria e me emociona muito, cada dia mais.<br />
Como você <strong>de</strong>screveria a sensação <strong>de</strong> estar em seu veleiro em alto mar?<br />
É uma sensação muito intensa; palavras, simplesmente, não po<strong>de</strong>riam<br />
<strong>de</strong>screvê-la. É um prazer puro, que só os que vivenciaram a<br />
experiência, sabem. Velejar é preciso, sempre!