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Lugar e (des) identidade

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Aula 06 Organização do Espaço<br />

Ao ler o fragmento, pode-se perceber que a narrativa está baseada na experiência que<br />

o sujeito tem com o lugar, defi nindo as suas vivências e pertencimentos. As experiências<br />

dizem respeito às diferentes maneiras que os indivíduos têm de conhecer e construir a<br />

realidade. Elas se alimentam e são alimentadas pelo espaço vivencial em que se faz presente<br />

o campo material e simbólico em as fronteiras são tênues e indefi nidas. Não saberíamos<br />

responder se são as características físicas do sertão que defi nem as experiências ou se<br />

são as imagens que o habitante faz do sertão que defi nem as suas experiências. Assim, o<br />

lugar na perspectiva da experiência defi ne-se como a base de reprodução da vida, a seiva<br />

do pertencimento. É a partir do estabelecimento dos vínculos com o espaço que o homem<br />

cria representações e vivências, que fi nca a <strong>identidade</strong> do sujeito e do lugar.<br />

Conforme Carlos (1996, p. 20) “o lugar é a porção do espaço apropriável para vida<br />

– apropriada através do corpo – dos sentidos – dos passos de seus moradores, é o bairro,<br />

a praça, é a rua [...]”. O lugar se estabelece a partir do plano do vivido, do conhecido e<br />

reconhecido como parte de pertencimento do habitante em um espaço delimitado, que<br />

aprofunda os laços entre habitante-lugar, habitante-habitante. Nesse sentido, nem todos<br />

os espaços são lugares. Os lugares<br />

São aqueles que o homem habita dentro da cidade que dizem respeito ao seu cotidiano<br />

e ao seu modo de vida, onde se locomove, trabalha, passeia, fl ana, isto é, pelas formas<br />

através das quais o homem se apropria e vão ganhando o signifi cado dado pelo uso.<br />

Trata-se de um espaço palpável – extensão exterior, o que é exterior a nós, no meio<br />

do qual nos <strong>des</strong>locamos. Nada também de espaços infi nitos. [...] São as relações que<br />

criam o sentido dos lugares... Isto porque o lugar só pode ser compreendido em suas<br />

referências, que não são específi cas de uma função ou de uma forma, mas produzidas<br />

por um conjunto de sentidos, impressos pelo uso (CARLOS, 1996, p. 22).<br />

O lugar se revela na prática imediata e cotidiana do indivíduo com o ambiente que lhe<br />

está mais próximo. É a familiaridade que transforma o espaço em lugar habitado. O tempo<br />

e a memória são responsáveis por assegurar uma feição identitária, a partir das camadas de<br />

signifi cações que se compactam, minimizando a força da razão e ampliando os canais de<br />

comunicação subjetiva que enraíza o homem ao lugar. De forma sugestiva, pode-se pensar o<br />

lugar como uma duplicação do mundo real, tramado nas teias da imaginação.<br />

Nessa sentido, leia o que pensa Yi-fu-Tuan sobre a relação tempo e lugar.<br />

Saber como tempo e lugar estão relacionados é um problema intrincado que requer<br />

diferentes abordagens. Vamos explorar três delas: tempo como movimento ou fl uxo,<br />

e lugar como pausa na corrente temporal; afeição pelo lugar como uma função de<br />

tempo, captada na frase: ‘leva tempo para se conhecer um lugar’; e lugar como tempo<br />

tornado visível, ou lugar como lembrança de tempos passados. O lugar é um mundo<br />

de signifi cados organizados. É essencialmente um conceito estático. Se víssemos o<br />

mundo como processo, em constante mudança, não seríamos capazes de <strong>des</strong>envolver<br />

um sentido de lugar. (TUAN, 1983, p. 198).<br />

Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________

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