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formação de professores: um olhar sobre a docência com pesquisa

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Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá<br />

07 a 09 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012<br />

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UM OLHAR SOBRE A<br />

CONSIDERAÇÕES INICIAIS<br />

DOCÊNCIA COM PESQUISA<br />

BRUM, Luíza Ribeiro (UEM)<br />

GASPARIN, João Luiz (UEM)<br />

Na área da educação, discute-se a importância da <strong>pesquisa</strong> na <strong>formação</strong> do<br />

docente, formulação presente inclusive nas Diretrizes Curriculares Nacionais (2010). A<br />

proposta divulgada é a trans<strong>formação</strong> do educador em educador <strong>pesquisa</strong>dor, pois o<br />

mundo contemporâneo, na sua velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> informações, cobra <strong>um</strong>a<br />

postura dinâmica <strong>de</strong> constante renovação na busca do objetivo <strong>de</strong> formar profissionais<br />

<strong>pesquisa</strong>dores na sua ação docente.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estudar esse profissional <strong>pesquisa</strong>dor também foi<br />

<strong>com</strong>preendida ao nos <strong>de</strong>pararmos <strong>com</strong> discussões <strong>sobre</strong> esse assunto, em sala <strong>de</strong> aula,<br />

no curso <strong>de</strong> Pós-Graduação, cuja temática é a Docência no Ensino Superior. As leituras<br />

provenientes <strong>de</strong>sses momentos <strong>de</strong> reflexão permitiram-nos repensar o papel do<br />

professor enquanto <strong>pesquisa</strong>dor e enquanto formador <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>dores. Proporcionou-<br />

nos a prática <strong>de</strong> rever <strong>com</strong>o a <strong>pesquisa</strong> é vista em sala <strong>de</strong> aula e não apenas em<br />

participações <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> estudos ou em ativida<strong>de</strong>s diretamente ligadas à pós-<br />

graduação.<br />

A busca da qualificação do profissional educador do ensino fundamental e<br />

médio <strong>de</strong>veria privilegiar a <strong>pesquisa</strong> <strong>com</strong>o ferramenta primordial na melhoria tanto<br />

cultural quanto pessoal dos seus alunos, a fim <strong>de</strong> que aqueles tivessem o gosto em<br />

adquirir novos saberes. Saberes que proporcionariam <strong>um</strong> ambiente <strong>de</strong> superação <strong>de</strong><br />

limitações, mostrando aos educandos as possibilida<strong>de</strong>s ilimitadas <strong>de</strong> adquirir e produzir<br />

conhecimento. Assim, Justifica-se esta abordagem pelos embasamentos que o professor<br />

<strong>de</strong>veria adquirir para alcançar a verda<strong>de</strong>ira ação docente. Começando pela leitura, o<br />

profissional adquire o foco principal dos textos lidos, traduzindo a seguir, pela escrita<br />

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suas i<strong>de</strong>ias e impressões. A análise criteriosa do conteúdo apreendido, lido, escrito e<br />

refletido é a base do adquirir cultura e gera a apropriação do conhecimento (SFORNI,<br />

2004).<br />

O tema ora apresentado <strong>sobre</strong> a <strong>pesquisa</strong>, <strong>com</strong>o elemento importante para o<br />

educador <strong>de</strong> ensino fundamental e médio, é relevante ao consi<strong>de</strong>rarmos que a<br />

organização do trabalho pedagógico é <strong>um</strong> princípio <strong>de</strong> <strong>formação</strong> tanto do professor<br />

quanto dos alunos; que os exercícios pedagógicos propostos ao término <strong>de</strong> cada lição<br />

constituem-se princípios que direcionam a ampliação ou confirmação do que se acabou<br />

<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r; que em <strong>um</strong>a análise prévia dos exercícios propostos, a <strong>pesquisa</strong> geralmente<br />

vem em último lugar e, muitas vezes consta <strong>com</strong>o ativida<strong>de</strong>s <strong>com</strong>plementares, o que<br />

significa que não possui muita importância para a aprendizagem; se a <strong>pesquisa</strong> se<br />

constitui na aprendizagem secundária <strong>com</strong>o processo <strong>de</strong> aquisição e aprendizagem <strong>de</strong><br />

conhecimento, isto po<strong>de</strong> significar que não é <strong>um</strong> recurso significativo na <strong>formação</strong><br />

docente; que, <strong>com</strong> frequência, a <strong>pesquisa</strong> está dissociada do ensino e, finalmente, são<br />

escassas as <strong>pesquisa</strong>s <strong>sobre</strong> <strong>um</strong>a metodologia do ensino <strong>com</strong> <strong>pesquisa</strong>.<br />

Dessa forma, o tema <strong>de</strong>sse trabalho é: Formação <strong>de</strong> Professores: <strong>um</strong> <strong>olhar</strong> <strong>sobre</strong><br />

a <strong>docência</strong> <strong>com</strong> <strong>pesquisa</strong>. A pergunta <strong>de</strong> nosso trabalho configura-se da seguinte<br />

maneira: <strong>com</strong>o formar <strong>um</strong> professor-<strong>pesquisa</strong>dor?<br />

Nesse sentido, o objetivo geral <strong>de</strong>sse artigo é analisar a importância da <strong>pesquisa</strong><br />

na <strong>formação</strong> e prática docente. Os objetivos específicos são: Investigar os conceitos <strong>de</strong><br />

<strong>pesquisa</strong>; Relacionar Pesquisa e Prática Docente; Apresentar experiências <strong>de</strong> atuação<br />

para a <strong>pesquisa</strong>.<br />

Com isso, buscamos observar e analisar os autores que tratam da <strong>formação</strong> do<br />

docente <strong>pesquisa</strong>dor, procurando <strong>de</strong>screver os processos que são empregados para essa<br />

<strong>formação</strong>, bem <strong>com</strong>o as experiências que têm sido relatadas por aqueles que fazem da<br />

<strong>pesquisa</strong> o meio <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> seu conhecimento e da sua prática docente.<br />

A hipótese consi<strong>de</strong>rada foi <strong>de</strong> que a associação entre <strong>pesquisa</strong> e ensino contribui<br />

para práticas pedagógicas relevantes ao ensino fundamental, médio e também superior.<br />

A EDUCAÇÃO E O ENSINO COM PESQUISA<br />

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Ao se falar em <strong>pesquisa</strong>, em nosso país, muitas vezes, observamos que esta é<br />

entendida <strong>com</strong>o a ativida<strong>de</strong> realizada estritamente em cursos <strong>de</strong> pós-graduação, por<br />

docentes universitários. Becker e Marques (2010) advogam a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que, todo<br />

professor é <strong>um</strong> <strong>pesquisa</strong>dor e não somente aquele que está nas gran<strong>de</strong>s universida<strong>de</strong>s,<br />

em laboratórios, <strong>de</strong>bruçado <strong>sobre</strong> gran<strong>de</strong>s projetos.<br />

Abreu e Almeida (2010), ao explicitarem o que é <strong>pesquisa</strong>, afirmam que se trata<br />

da obtenção <strong>de</strong> conhecimentos <strong>sobre</strong> <strong>de</strong>terminada coisa. As <strong>pesquisa</strong>s surgem face às<br />

inquietações <strong>sobre</strong> alg<strong>um</strong> tema ou pela busca <strong>de</strong> respaldo para <strong>de</strong>terminados<br />

pensamentos e afirmações. Daí a existência <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>s: <strong>de</strong> mercado,<br />

<strong>de</strong> opinião, científica. Gatti reitera que<br />

[...] <strong>pesquisa</strong> é o ato pelo qual procuramos obter conhecimento <strong>sobre</strong><br />

alg<strong>um</strong>a coisa. [...] Contudo, n<strong>um</strong> sentido mais estrito, visando a<br />

criação <strong>de</strong> <strong>um</strong> corpo <strong>de</strong> conhecimentos <strong>sobre</strong> certo assunto, o ato <strong>de</strong><br />

<strong>pesquisa</strong>r <strong>de</strong>ve apresentar certas características específicas. Não<br />

buscamos, <strong>com</strong> ele, qualquer conhecimento, mas <strong>um</strong> conhecimento<br />

que ultrapasse nosso entendimento imediato na explicação ou na<br />

<strong>com</strong>preensão da realida<strong>de</strong> que observamos” (GATTI, 2002, p. 9-10).<br />

Fazer <strong>pesquisa</strong>, <strong>de</strong>ssa maneira, implica empregar várias formas (experimental,<br />

por exemplo), fato <strong>com</strong>provado por Demo (2000, p.18): “Compreendida <strong>com</strong>o<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elaboração própria, a <strong>pesquisa</strong> con<strong>de</strong>nsa-se n<strong>um</strong>a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

horizontes no contexto científico”. A <strong>pesquisa</strong> envolve o pessoal e o científico, <strong>um</strong>a vez<br />

que a subjetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem a faz se materializa na análise investigativa ao lado do<br />

rigor que <strong>um</strong> trabalho <strong>de</strong>ssa natureza não dispensa.<br />

Na educação, os estudos sofrem influência das evoluções ocorridas em várias<br />

ciências. Durante muitos anos, os fenômenos educacionais, segundo Lüdke (2001),<br />

foram estudados <strong>com</strong>o se pu<strong>de</strong>ssem ser isolados (da mesma maneira que se isola <strong>um</strong><br />

fenômeno físico). Havia a crença <strong>de</strong> que seria possível <strong>de</strong><strong>com</strong>pô-los e, por meio <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

estudo quantitativo, chegar-se-ia aos resultados. Graças à evolução dos estudos na área<br />

da educação, percebeu-se que os fenômenos educacionais não po<strong>de</strong>m ser submetidos a<br />

esse tipo <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>com</strong> frequência.<br />

Schön (2000) <strong>de</strong>monstra em seus estudos que houve <strong>um</strong>a ampla discussão a<br />

respeito das i<strong>de</strong>ias da <strong>pesquisa</strong> relacionadas ao trabalho do professor e do próprio<br />

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professor <strong>com</strong>o <strong>pesquisa</strong>dor. Essas i<strong>de</strong>ias levaram a outras discussões <strong>sobre</strong> as quais os<br />

<strong>pesquisa</strong>dores passaram a acreditar que o professor <strong>de</strong> ensino fundamental, por<br />

exemplo, po<strong>de</strong>ria ser <strong>um</strong> <strong>pesquisa</strong>dor, capaz <strong>de</strong> implementar a <strong>pesquisa</strong> em sua própria<br />

prática pedagógica. No entanto, o termo <strong>pesquisa</strong> ainda se mostrava <strong>com</strong>plexo <strong>de</strong>mais<br />

para ser usado e aplicado aos docentes. Isso porque existe a <strong>pesquisa</strong> acadêmica,<br />

caracterizada pelo rigor metodológico, <strong>com</strong>provação e divulgação no meio acadêmico:<br />

De acordo <strong>com</strong> Beillerot (1991, p. 19),<br />

[...] nos meios universitários, o uso da palavra “<strong>pesquisa</strong>” no singular,<br />

e por vezes até mesmo sendo empregada <strong>com</strong> maiúscula, envolve <strong>um</strong><br />

pressuposto pleno <strong>de</strong> sentidos, equívocos e conivências: para o bem<br />

ou para o mal, no âmbito da universida<strong>de</strong>, a <strong>pesquisa</strong> ou é científica<br />

ou não é <strong>pesquisa</strong>.<br />

A <strong>pesquisa</strong> acadêmica é baseada em paradigmas estabelecidos pela própria<br />

aca<strong>de</strong>mia, entre eles o método, sem o qual não há reconhecimento.<br />

Cabe ao professor, em sua prática, conduzir o processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem,<br />

o que envolve, muitas vezes, situações problemáticas, resolvidas <strong>com</strong> base na<br />

experiência profissional do docente. Na verda<strong>de</strong>, o que é preciso é o envolvimento do<br />

mestre <strong>com</strong> investigação para haver soluções satisfatórias.<br />

Nesse sentido, o professor precisa estar em constante avaliação e reformulação<br />

<strong>de</strong> sua prática, experimentando formas que façam <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus<br />

alunos. Lüdke (2001) acredita que a <strong>pesquisa</strong> da prática constitui-se <strong>com</strong>o elemento<br />

<strong>de</strong>cisivo na i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> profissional dos <strong>professores</strong>.<br />

A <strong>pesquisa</strong> é <strong>um</strong> processo que privilegia a construção do conhecimento. A<br />

<strong>pesquisa</strong> <strong>sobre</strong> a prática é, por sua vez, a construção do conhecimento <strong>sobre</strong> essa mesma<br />

prática. Além <strong>de</strong> beneficiar o próprio docente, a <strong>pesquisa</strong> contribui para a escola em que<br />

ele atua. Isso porque há reformulação das formas <strong>de</strong> trabalho, dos objetivos e do<br />

relacionamento <strong>com</strong> as outras pessoas envolvidas no âmbito escolar.<br />

No que diz respeito a usar a <strong>pesquisa</strong> no seu trabalho, percebe-se que o<br />

professor, principalmente o da Educação Básica, não se vê <strong>com</strong>o <strong>pesquisa</strong>dor. Na<br />

maioria das vezes, o professor copia os seus antigos <strong>professores</strong> quanto à forma <strong>de</strong><br />

trabalhar.<br />

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Para modificar esse sentimento <strong>de</strong> não se perceber <strong>pesquisa</strong>dor, Galiazzi (2001)<br />

explica que antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver a educação pela <strong>pesquisa</strong>, é preciso ressaltar alguns<br />

princípios. Esses princípios, segundo ela, visam, por exemplo, enten<strong>de</strong>r que a <strong>pesquisa</strong><br />

em sala <strong>de</strong> aula necessita do exercício da escrita. Esse exercício facilita a percepção das<br />

lacunas existentes no pensamento do autor e dá movimentação à <strong>pesquisa</strong>, ao<br />

encaminhar para a necessida<strong>de</strong> da leitura. A leitura, por sua vez, il<strong>um</strong>ina a escrita,<br />

dando-lhe força arg<strong>um</strong>entativa. O outro princípio é o diálogo crítico, o qual tem vez em<br />

salas <strong>de</strong> aulas mais amplas e em <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> arg<strong>um</strong>entativas.<br />

Lüdke (2001) pesquisou <strong>com</strong>o o professor e a <strong>pesquisa</strong> são vistos juntos.<br />

A autora pesquisou 70 <strong>professores</strong> em quatro instituições do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Embora<br />

fossem escolas <strong>com</strong> mais privilégios, o estudo revelou que muitos não se <strong>de</strong>dicavam à<br />

<strong>pesquisa</strong>.<br />

Os entrevistados também revelaram que entendiam a superiorida<strong>de</strong> dos estudos<br />

acadêmicos, mas acham difícil aplicar no dia a dia. Muitos também alegaram que não<br />

foram preparados na aca<strong>de</strong>mia para a <strong>pesquisa</strong>.<br />

A autora explica que a universida<strong>de</strong> se preocupa <strong>com</strong> a <strong>formação</strong> do professor<br />

<strong>pesquisa</strong>dor apenas no discurso. Lüdke e Cruz (2005) afirmam que<br />

[...] a preparação do investigador e o exercício da <strong>pesquisa</strong> continuam<br />

privilégios da universida<strong>de</strong>. A <strong>pesquisa</strong> continua a ser a moeda mais<br />

valiosa na contabilida<strong>de</strong> da carreira do professor universitário. Como<br />

aproximar a <strong>pesquisa</strong> em educação das duas realida<strong>de</strong>s que lhe dizem<br />

respeito: a da universida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> ela é habitualmente feita, e a da<br />

escola <strong>de</strong> educação básica, on<strong>de</strong> ela é requisitada para aten<strong>de</strong>r os<br />

problemas mais vitais? Eis aí o <strong>de</strong>safio hoje enfrentado por inúmeros<br />

colegas, <strong>pesquisa</strong>dores que, <strong>com</strong>o nós, procuram <strong>de</strong>scobrir os<br />

caminhos para superar os obstáculos e construir as pontes entre essas<br />

duas realida<strong>de</strong>s. A <strong>pesquisa</strong> efetuada na universida<strong>de</strong> beneficia-se dos<br />

recursos e da preparação dos <strong>pesquisa</strong>dores, que exercem essa<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>com</strong>o própria <strong>de</strong> seu status e <strong>de</strong> suas atribuições. Entretanto,<br />

temos que reconhecer a falta <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, ou mesmo <strong>de</strong> alcance<br />

da <strong>pesquisa</strong> universitária junto à escola básica e a evidência <strong>de</strong> que os<br />

<strong>professores</strong> <strong>de</strong>ssa escola estão mais habilitados para perceber melhor<br />

os problemas cruciais que afligem esse nível <strong>de</strong> ensino. Ao mesmo<br />

tempo, esses <strong>professores</strong>, que foram formados pela universida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>veriam ter recebido ali sua <strong>de</strong>vida iniciação à <strong>pesquisa</strong>, para<br />

po<strong>de</strong>rem se <strong>de</strong>senvolver plenamente <strong>com</strong>o profissionais autônomos,<br />

na melhor acepção do termo "profissional", por mais discutível que<br />

reconheçamos que ele seja.<br />

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Nesse sentido, po<strong>de</strong>-se acreditar que a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> a <strong>pesquisa</strong> constar também<br />

na ativida<strong>de</strong> dos <strong>professores</strong> da Educação Básica é pautada na distância que existe entre<br />

a universida<strong>de</strong> e a sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> Ensino Fundamental e Médio. Muitos <strong>professores</strong><br />

pensam que o que é feito nos centros acadêmicos não se aplica à prática. Essa i<strong>de</strong>ia<br />

advém do fato <strong>de</strong> que mesmo que a investigação seja feita na escola, nem sempre os<br />

resultados retornam ao lugar <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>. Isso contribui para que esse distanciamento<br />

a<strong>um</strong>ente.<br />

Demo (2007, p. 46) aponta que a educação pela <strong>pesquisa</strong> “se <strong>de</strong>monstra nas<br />

mudanças didáticas que o professor ass<strong>um</strong>e e sempre renova, em particular frente ao<br />

fracasso escolar.” As mudanças advindas <strong>de</strong>sse processo são a qualida<strong>de</strong> formal e a<br />

qualida<strong>de</strong> política.<br />

Inclui-se neste processo <strong>de</strong> mudança a participação da direção da escola e a<br />

orientação pedagógica <strong>com</strong> envolvimento pessoal, realmente participativo e <strong>de</strong> apoio ao<br />

educador atualizado. Conforme Behrens (1999, p.89):<br />

[...] a mudança paradigmática no advento da socieda<strong>de</strong> do<br />

conhecimento <strong>de</strong>safia as instituições <strong>de</strong> ensino a repensarem a prática<br />

pedagógica oferecidas nos meios acadêmicos. A superação da<br />

reprodução do conhecimento, da visão newtoniana-cartesiana, leva os<br />

educadores a investigar <strong>com</strong>o propiciar metodologias que atendam às<br />

exigências do paradigma emergente proposto pelos cientistas,<br />

enfaticamente, no final do século XX.<br />

A partir das i<strong>de</strong>ias dos autores citados, a <strong>pesquisa</strong> tem <strong>de</strong> ser <strong>um</strong>a atitu<strong>de</strong><br />

cotidianamente ass<strong>um</strong>ida pelos sujeitos envolvidos, ou seja, <strong>professores</strong> e alunos no<br />

processo <strong>de</strong> construção do conhecimento r<strong>um</strong>o a <strong>um</strong>a aprendizagem significativa e <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> (DEMO, 2000).<br />

Ao lado <strong>de</strong> Behrens (1999), Cadau (2010, p. 15) afirma que:<br />

A escola assim concebida é <strong>um</strong> espaço <strong>de</strong> busca, construção, diálogo e<br />

confronto, prazer, <strong>de</strong>safio, conquista <strong>de</strong> espaço, <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong><br />

diferentes possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> expressão e linguagens, aventura,<br />

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organização cidadã, afirmação da dimensão ética e política <strong>de</strong> todo<br />

processo educativo.<br />

A rapi<strong>de</strong>z <strong>com</strong> que se sabe das novas pelo mundo (a WEB evi<strong>de</strong>ncia) faz o<br />

dinamismo do ensino renegar as verda<strong>de</strong>s absolutas e indiscutíveis, substituindo-as por<br />

resultados dinâmicos, em constante mudança, que ampliam a visão das fronteiras a se<br />

chegar, ou seja, as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conhecimento são ilimitadas. Demo (2007) <strong>de</strong>safia<br />

os educadores a terem a <strong>pesquisa</strong> <strong>com</strong>o atitu<strong>de</strong> diária, on<strong>de</strong> o questionamento<br />

reconstrutivo ganha espaço na sala <strong>de</strong> aula.<br />

Gasparin (2002, p.18) enfatiza a questão da ciência na profissão docente ao<br />

expressar que: “A aprendizagem escolar trabalha <strong>com</strong> a aquisição das bases do<br />

conhecimento científico, por isso é substancialmente diversa da aprendizagem<br />

espontânea”. Nesse sentido, é imperioso, na <strong>formação</strong> dos educadores, o saber fazer<br />

<strong>pesquisa</strong>, pois <strong>de</strong>ste patamar eles irão conseguir transformar a sala <strong>de</strong> aula em fór<strong>um</strong> <strong>de</strong><br />

discussões, <strong>de</strong> arg<strong>um</strong>entações, <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>.<br />

ENSINO COM PESQUISA<br />

A interface ensino e <strong>pesquisa</strong>, no contexto escolar, necessita <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />

<strong>com</strong>preensão mais ampla <strong>sobre</strong> os conceitos que os permeiam e <strong>com</strong>o eles se interligam.<br />

Chizzotti (2001) explica que o ensino é o meio pelo qual se forma conhecimento<br />

auxiliador na <strong>com</strong>preensão do mundo. Ao lado disso, o autor consi<strong>de</strong>ra a <strong>pesquisa</strong> <strong>com</strong>o<br />

ativida<strong>de</strong> sistematizadora e ampliadora do conhecimento, o que leva à <strong>com</strong>preensão <strong>de</strong><br />

que o ensino precisa “apoiar-se na <strong>pesquisa</strong>”. Também conceitua <strong>pesquisa</strong> <strong>com</strong>o <strong>um</strong><br />

esforço baseado em <strong>um</strong> método <strong>de</strong> busca <strong>de</strong> informações que produzem conhecimento<br />

novo e que auxilia na resolução <strong>de</strong> problemas.<br />

A <strong>pesquisa</strong> no ensino permite <strong>com</strong>partilhar o conhecimento já produzido e<br />

acrescido por novas informações que vão surgindo. O ensino é, assim, não apenas<br />

repasse <strong>de</strong> informações já dadas, mas também orientação para obtenção <strong>de</strong> novos<br />

conhecimentos.<br />

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Severino (2008b) <strong>de</strong>staca que o professor precisa envolver-se <strong>com</strong> a <strong>pesquisa</strong><br />

para a<strong>com</strong>panhar o <strong>de</strong>senvolvimento histórico do próprio conhecimento e porque o<br />

conhecimento só é realizado <strong>com</strong> a construção <strong>de</strong> objetivos. O autor <strong>de</strong>staca ainda que a<br />

aprendizagem é a prática do conhecimento enquanto seu processo, observando que,<br />

nessa prática, aparece “[...] a importância da <strong>pesquisa</strong>, entendida <strong>com</strong>o processo <strong>de</strong><br />

construção dos objetivos do conhecimento e a relevância que a ciência ass<strong>um</strong>e em nossa<br />

socieda<strong>de</strong>” (SEVERINO, 2008b, p.21).<br />

Para criar no aluno o interesse e consciência do trabalho <strong>com</strong> <strong>pesquisa</strong>, é<br />

necessário que ele perceba que o conhecimento é a forma pela qual o homem orienta<br />

sua existência. Segundo Severino (2008b), isso é <strong>um</strong>a justificativa político-educacional.<br />

Ao lado <strong>de</strong>la, faz-se necessário <strong>um</strong>a fundamentação epistemológica, que garante ao<br />

aluno o domínio <strong>de</strong> <strong>um</strong> processo próprio <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> conhecimento. Além disso,<br />

necessita-se <strong>de</strong> <strong>um</strong>a estratégia didático-metodológica, ou seja, a metodologia <strong>de</strong><br />

trabalho a ser usada na <strong>pesquisa</strong>. Por fim, a metodologia técnico-científica, que “trata<br />

dos meios <strong>de</strong> investigação aplicada em cada campo <strong>de</strong> conhecimento” (SEVERINO,<br />

2008b, p.24).<br />

A seguir, apresentamos a literatura <strong>sobre</strong> a interface <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professor e o<br />

professor <strong>pesquisa</strong>dor. Apresentaremos alg<strong>um</strong>as das discussões <strong>de</strong> teóricos <strong>sobre</strong> os<br />

dois assuntos mencionados.<br />

FORMAÇÃO DE PROFESSOR E O PROFESSOR PESQUISADOR<br />

A <strong>formação</strong> do docente e sua relação <strong>com</strong> a <strong>pesquisa</strong> po<strong>de</strong> ser melhor<br />

<strong>com</strong>preendida se for analisada a história política-educativa <strong>de</strong> nosso país. Sobre esse<br />

assunto, Oliveira (2010) salienta que, a partir dos anos 50, as transformações do<br />

capitalismo nos países industrializados fez retomar a discussão <strong>sobre</strong> a natureza do<br />

estado capitalista. No Brasil, durante o período pós-64, as políticas públicas foram<br />

direcionadas para a educação no sentido da criação <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> adaptação às<br />

relações <strong>de</strong> produção estabelecidas pelo capitalismo. Neste contexto, as diretrizes<br />

estabelecidas para a estrutura e o funcionamento do sistema educacional estavam<br />

voltadas para a <strong>formação</strong> técnica.<br />

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Nesse sentido, no sistema educacional brasileiro, durante o militarismo, a<br />

<strong>formação</strong> <strong>de</strong> técnicos e especialistas era privilegiada. A profissionalização se tornava<br />

obrigatória no nível médio. Com a queda do regime militar, as políticas educacionais<br />

tomaram outro r<strong>um</strong>o, chegando à implementação do projeto neoliberal no Brasil.<br />

Assim, em 1968, a Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases da Educação – LDB n.º 5.540 reformou o<br />

ensino universitário, e a LDB 5.692, <strong>de</strong> 1971, reorganizou o ensino primário e o<br />

secundário.<br />

De acordo <strong>com</strong> Oliveira (2010),<br />

[...] a reforma universitária <strong>de</strong> 1968 acentuou, nos cursos <strong>de</strong><br />

Licenciatura, a fragmentação dos cursos e a separação estabelecida<br />

entre a <strong>formação</strong> pedagógica e a específica, marcada principalmente<br />

pela tendência tecnicista da época, que dava ênfase ao "<strong>com</strong>o fazer"<br />

em <strong>de</strong>trimento da análise da problemática educacional brasileira e da<br />

busca <strong>de</strong> alternativa para <strong>um</strong> ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

A regra geral para a <strong>formação</strong> do professor evi<strong>de</strong>nciava a existência <strong>de</strong> dois<br />

esquemas. O primeiro era a <strong>formação</strong> dada por cursos regulares, enquanto o segundo<br />

correspondia à <strong>formação</strong> regular acrescida <strong>de</strong> estudos adicionais, pressupondo a<br />

existência <strong>de</strong> cinco níveis <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong> (<strong>formação</strong> <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> 2.º grau –<br />

<strong>de</strong>stinada a formar o professor polivalente das quatro primeiras séries do 1.º grau;<br />

<strong>formação</strong> <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> 2.º grau <strong>com</strong> <strong>um</strong> ano <strong>de</strong> estudos adicionais-para formar o<br />

professor apto a lecionar até a 6.ª série do 1º grau; <strong>formação</strong> superior em licenciatura<br />

curta – para preparar o professor para <strong>um</strong>a área <strong>de</strong> estudos e a torná-lo apto a lecionar<br />

em todo o 1.º grau; <strong>formação</strong> em licenciatura curta mais estudos adicionais, voltada<br />

para o professor <strong>de</strong> <strong>um</strong>a área <strong>de</strong> estudos <strong>com</strong> alg<strong>um</strong>a especialização em <strong>um</strong>a disciplina<br />

<strong>de</strong>ssa área, apto a lecionar até a 2.ª série do 2.º grau e <strong>formação</strong> em nível superior em<br />

licenciatura plena, <strong>com</strong> fins <strong>de</strong> preparar o professor <strong>de</strong> disciplina, apto a lecionar até a<br />

última série do 2.º grau.<br />

Neto e Maciel (2009) <strong>de</strong>stacam que, na década <strong>de</strong> 70, a legislação brasileira<br />

voltou sua preocupação para a <strong>formação</strong> didático-pedagógica, direcionada àqueles que<br />

<strong>de</strong>sejavam o magistério. Era a indicação da profissionalização do professor.<br />

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Nos anos 80, <strong>com</strong> a nova or<strong>de</strong>m governamental, mudanças foram acontecendo<br />

no meio educacional. Nos anos 90, no governo Fernando Henrique Cardoso, houve a<br />

ampliação das diretrizes e aprovação da nova LDB.<br />

Oliveira (2006) explica que:<br />

Previsto na Constituição Brasileira (art.214 e art.212, parágrafo 3º) e<br />

também na Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Plano<br />

Nacional <strong>de</strong> Educação (PNE) passou a ser o foco das atenções das<br />

organizações ligadas à educação, na perspectiva da <strong>de</strong>fesa<br />

da concepção <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> recursos h<strong>um</strong>anos para a educação<br />

<strong>com</strong>o <strong>um</strong>a <strong>formação</strong> que <strong>de</strong>veria se dar a serviço da socieda<strong>de</strong> e <strong>com</strong>o<br />

forma <strong>de</strong> emancipação política e social.<br />

Nunes (2001), quanto à <strong>formação</strong> do professor, <strong>de</strong>screve que há a consi<strong>de</strong>ração<br />

<strong>de</strong> que o docente, ao longo <strong>de</strong> sua vida, constrói e reconstrói seus conhecimentos <strong>com</strong><br />

base nos seus saberes e experiências. A autora afirma que a discussão internacional<br />

<strong>sobre</strong> a <strong>formação</strong> do professor ganhou mais intensida<strong>de</strong> nas décadas <strong>de</strong> 1980 e 1990. No<br />

Brasil, também é a partir <strong>de</strong> 1990 que há mais enfoque nesse assunto, pois mais<br />

<strong>pesquisa</strong>s <strong>sobre</strong> a prática do professor e dos saberes docentes surgiriam.<br />

Nesse novo âmbito, o estudo <strong>sobre</strong> a constituição do trabalho do professor é<br />

feito <strong>com</strong> base em diferentes aspectos <strong>de</strong> sua história. Nunes (2001) <strong>com</strong>enta que<br />

[...] o texto apresentado por Fiorentini et al. (1998) nos mostra a<br />

tendência crescente das <strong>pesquisa</strong>s, em nossa realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> procurar<br />

valorizar o estudo dos saberes docentes na <strong>formação</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong>.<br />

Segundo o autor, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a valorização quase exclusiva do<br />

conhecimento (isto é, dos saberes específicos) que o professor tinha<br />

<strong>sobre</strong> a sua disciplina, característica da década <strong>de</strong> 1960, passa-se, na<br />

década <strong>de</strong> 1970, à valorização dos aspectos didático-metodológicos<br />

relacionados às tecnologias <strong>de</strong> ensino, passando para <strong>um</strong> segundo<br />

plano o domínio dos conteúdos. Nos anos <strong>de</strong> 1980, o discurso<br />

educacional é dominado pela dimensão sócio-política e i<strong>de</strong>ológica da<br />

prática pedagógica. A i<strong>de</strong>alização <strong>de</strong> <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo teórico para orientar<br />

a <strong>formação</strong> do professor conduzia a <strong>um</strong>a análise negativa da prática<br />

pedagógica e dos saberes docentes.<br />

Ressalta-se, então, a importância <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar o professor em sua própria<br />

<strong>formação</strong>, <strong>com</strong> seus saberes se constituindo a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a reflexão na e <strong>sobre</strong> a<br />

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prática. Essa tendência, <strong>de</strong> base reflexiva, apresenta-se <strong>com</strong>o <strong>um</strong> novo paradigma na<br />

<strong>formação</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong>. Nesta perspectiva, “a reflexão é <strong>um</strong> processo que ocorre<br />

antes, <strong>de</strong>pois e durante a ação do professor, constituindo <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> reflexão na<br />

ação e <strong>sobre</strong> a ação” (MIRANDA 2006, p. 134). Neste caso, qual a relação entre<br />

professor <strong>pesquisa</strong>dor e professor reflexivo?<br />

O professor <strong>pesquisa</strong>dor e o professor reflexivo, no fundo,<br />

correspon<strong>de</strong>m a correntes (conceitos) diferentes para dizer a mesma<br />

coisa. São nomes distintos, maneiras diferentes dos teóricos da<br />

literatura pedagógica abordarem <strong>um</strong>a mesma realida<strong>de</strong>. A realida<strong>de</strong> é<br />

que o professor <strong>pesquisa</strong>dor é aquele que <strong>pesquisa</strong> ou que reflete <strong>sobre</strong><br />

a sua prática. Portanto, aqui estamos <strong>de</strong>ntro do paradigma do professor<br />

reflexivo. É evi<strong>de</strong>nte que po<strong>de</strong>mos encontrar <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> textos para<br />

explicar a diferença entre esses conceitos, mas creio que, no fundo, no<br />

fundo, eles fazem parte <strong>de</strong> <strong>um</strong> mesmo movimento <strong>de</strong> preocupação<br />

<strong>com</strong> <strong>um</strong> professor que é <strong>um</strong> professor indagador, que é <strong>um</strong> professor<br />

que ass<strong>um</strong>e a sua própria realida<strong>de</strong> escolar <strong>com</strong>o <strong>um</strong> objeto <strong>de</strong><br />

<strong>pesquisa</strong>, <strong>com</strong>o objeto <strong>de</strong> reflexão, <strong>com</strong>o objeto <strong>de</strong> análise [...] a<br />

experiência por si só não é formadora (NÓVOA, 2001, SP -<br />

Entrevista concedida em 13 <strong>de</strong> setembro 2001 Programa Salto Para o<br />

Futuro!)<br />

A partir <strong>de</strong>ssa concepção po<strong>de</strong>-se dizer que, <strong>pesquisa</strong>, reflexão e análise, são<br />

modos <strong>de</strong> ação indissociáveis que <strong>de</strong>vem permear o caráter do professor <strong>pesquisa</strong>do, No<br />

entanto, no Brasil, somente no final dos anos <strong>de</strong> 1980 é que se observou que novos<br />

conceitos apareceriam para <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r o trabalho do professor (ANDRÉ 2001). São<br />

novas abordagens <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> que passam a reconhecer o professor <strong>com</strong>o sujeito.<br />

Todavia, muitos estudos ainda <strong>sobre</strong> a <strong>formação</strong> do professor não dissociam <strong>formação</strong> e<br />

prática.<br />

Gohn (2005 afirma que o trabalho docente e a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong> <strong>de</strong>vem<br />

estar interligados, <strong>um</strong>a vez que o sucesso do trabalho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> diretamente da boa<br />

<strong>formação</strong> e do saber elaborado que corresponda ao que a socieda<strong>de</strong> espera. No entanto,<br />

para <strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong> trabalho que vá ao encontro dos i<strong>de</strong>ais sociais, faz-se necessária a<br />

exigência <strong>de</strong> <strong>um</strong>a visão <strong>sobre</strong> as constantes mudanças no meio educacional.<br />

A reflexão <strong>sobre</strong> a socieda<strong>de</strong> por parte do professor o faz consi<strong>de</strong>rar que a<br />

<strong>formação</strong> docente é contínua, pautada nas ações presentes na escola, bem <strong>com</strong>o nas<br />

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07 a 09 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012<br />

configurações apresentadas na socieda<strong>de</strong>. Nesse contexto, o professor não é <strong>um</strong> sujeito<br />

isento, mas é o agente condutor do processo educativo na escola.<br />

A <strong>formação</strong>, então, constitui <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> aperfeiçoamento profissional e <strong>de</strong><br />

trans<strong>formação</strong> da cultura escolar, on<strong>de</strong> novas práticas participativas e <strong>de</strong> gestão estão<br />

sendo implantadas. Luckesi (1994, p.115) afirma que “o educador só tem duas opções,<br />

ou quer a permanência <strong>de</strong>sta socieda<strong>de</strong> <strong>com</strong> todas as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, ou trabalha para<br />

que a socieda<strong>de</strong> se modifique”.<br />

Nesse sentido, o sistema <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> professor <strong>de</strong>ve supor a reavaliação <strong>de</strong><br />

objetivos, <strong>de</strong> conteúdos, <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> ensino. Isso porque o professor <strong>de</strong>verá<br />

possuir <strong>um</strong> <strong>olhar</strong> capaz <strong>de</strong> <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r o contexto educacional e saber conduzir os<br />

aspectos que envolvem a <strong>formação</strong> h<strong>um</strong>ana. Isso significa repensar as ações no<br />

cotidiano da escola. Sendo assim,<br />

A escola está sendo chamada a ser, nos próximos anos, mais do que<br />

<strong>um</strong> lócus <strong>de</strong> apropriação do conhecimento socialmente relevante, o<br />

científico, <strong>um</strong> espaço <strong>de</strong> diálogos entre diferentes saberes – científico,<br />

social, escolar, etc. E linguagens. De análise crítica, estímulo ao<br />

exercício da capacida<strong>de</strong> reflexiva e <strong>de</strong> <strong>um</strong>a visão plural e histórica do<br />

conhecimento, da ciência, da tecnologia e das diferentes linguagens.<br />

(CANDAU, 2010, p. 14).<br />

Nunes (2001) menciona dois mo<strong>de</strong>los americanos que foram bem sucedidos, ao<br />

associar <strong>pesquisa</strong> e prática escolar. Segundo a autora, o primeiro é intitulado Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

Orquestramento entre o Profissional Atuante e o Pesquisador (Practitioner and<br />

Researcher Orchestrating Mo<strong>de</strong>l; PROMISE). Foi implantado em <strong>um</strong> programa<br />

educacional <strong>com</strong> objetivo <strong>de</strong> introduzir a instrução mediada por pares <strong>com</strong>o estratégia<br />

<strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> leitura. O segundo, Projeto Infantil Jupiner Gar<strong>de</strong>ns (Jupiner Gar<strong>de</strong>ns<br />

Children's Project; JGCP), foi implantado em <strong>um</strong> programa preventivo <strong>de</strong> leitura para<br />

alunos do ensino Fundamental.<br />

Por fim, a <strong>pesquisa</strong>dora acima citada ressalta que o abismo que separa a prática<br />

da <strong>pesquisa</strong> está associada às questões <strong>com</strong>o profissão, mo<strong>de</strong>los conceituais <strong>sobre</strong><br />

experiência e prática e que muitos <strong>professores</strong> preferem utilizar seu conhecimento <strong>de</strong><br />

vida <strong>com</strong>o material base para enfrentar os dilemas em sala <strong>de</strong> aula. A autora ainda<br />

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salienta que a <strong>formação</strong> do professor <strong>pesquisa</strong>dor promove a ampliação <strong>de</strong> práticas<br />

pedagógicas eficazes.<br />

Na sequência, apresentamos alg<strong>um</strong>as experiências <strong>sobre</strong> a <strong>pesquisa</strong> em sala <strong>de</strong><br />

aula. Tecemos alg<strong>um</strong>as consi<strong>de</strong>rações a respeito das contribuições advindas <strong>de</strong>ssa união<br />

entre <strong>pesquisa</strong> e professor.<br />

O PROFESSOR PESQUISADOR E A PESQUISA EM SALA DE AULA:<br />

EXPERIÊNCIAS<br />

Amigo professor respeite a palavra ‘<strong>pesquisa</strong>’, não faça<br />

uso in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong>la, não a empregue à toa, não a aplique<br />

para qualquer trabalho, para que ela não se banalize e<br />

adquira alg<strong>um</strong>a conotação <strong>de</strong>svirtuada na cabeça dos<br />

alunos 1 .<br />

O trecho acima consiste em <strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong> conselho ao docente em relação a<br />

sua atitu<strong>de</strong> frente à <strong>pesquisa</strong>, para que o professor, ao trabalhar <strong>com</strong> <strong>pesquisa</strong>, não a<br />

conceba <strong>com</strong>o ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong> valor significativo para o aluno. Dessa forma,<br />

Martins (2005) relata acima a confusão que se estabelece quando se fala <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> em<br />

sala <strong>de</strong> aula. Muitas vezes, a <strong>pesquisa</strong> é apenas “en<strong>com</strong>endada” pelo docente, mas ao<br />

aluno não se é ensinado <strong>com</strong>o <strong>pesquisa</strong>r:<br />

Não se po<strong>de</strong> esquecer que qualquer <strong>pesquisa</strong> está sempre ligada a <strong>um</strong><br />

motivo ou relacionada a necessida<strong>de</strong>s que a pessoa tem <strong>de</strong> conhecer<br />

alg<strong>um</strong>a coisa, e que as <strong>pesquisa</strong>s funcionam <strong>com</strong>o motivadoras e<br />

propulsionadoras do trabalho <strong>de</strong> investigação ou da satisfação <strong>de</strong><br />

alg<strong>um</strong> <strong>de</strong>sejo para obter os resultados pretendidos (MARTINS, 2005,<br />

p.45).<br />

O referido autor explica que o trabalho <strong>com</strong> <strong>pesquisa</strong> exige que o docente<br />

<strong>com</strong>preenda que está lidando <strong>com</strong> <strong>um</strong> instr<strong>um</strong>ento didático valioso. Além disso, o<br />

1<br />

MARTINS, J. S. Projetos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>: estratégias <strong>de</strong> ensino e aprendizagem em<br />

sala <strong>de</strong> aula. Campinas: Armazém do Ipê, 2005, p. 44.<br />

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07 a 09 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012<br />

objeto <strong>de</strong> estudo dos alunos <strong>de</strong>ve ser aquilo que se constitui realida<strong>de</strong> do ambiente em<br />

que o aluno vive.<br />

Outra autora que apresenta resultados <strong>sobre</strong> a prática <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> em sala <strong>de</strong> aula<br />

é Paula Nunes (2008), a qual <strong>de</strong>screve que a literatura <strong>sobre</strong> a <strong>pesquisa</strong> em sala <strong>de</strong> aula é<br />

limitada, sendo as técnicas apresentadas <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sconexa.<br />

Em relação à mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> em sala <strong>de</strong> aula, Paula Nunes (2008, p. ) revela<br />

que “Assim sendo, a implementação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a nova estratégia <strong>de</strong> ensino que radicalmente<br />

difira daquilo que o professor está acost<strong>um</strong>ado a fazer e que não seja condizente <strong>com</strong><br />

sua história pessoal torna-se altamente improvável.” A autora <strong>com</strong>plementa que a<br />

<strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong>veria ser base para ensino <strong>de</strong> <strong>professores</strong>, mas não <strong>de</strong>ve ser entendida<br />

unicamente <strong>com</strong>o acadêmica. A finalida<strong>de</strong> da <strong>pesquisa</strong> seria o auxílio na condução do<br />

aprendizado em sala <strong>de</strong> aula.<br />

A <strong>pesquisa</strong>dora apresenta, após essa reflexão <strong>sobre</strong> a <strong>pesquisa</strong> em sala <strong>de</strong> aula,<br />

os dois mo<strong>de</strong>los educacionais norte-americanos mencionados anteriormente, que<br />

possibilitam a associação entre <strong>pesquisa</strong> e prática escolar.<br />

O primeiro mo<strong>de</strong>lo é <strong>de</strong>scrito da seguinte maneira pela autora:<br />

No mo<strong>de</strong>lo do PROMISE, antes <strong>de</strong> introduzir <strong>um</strong>a nova estratégia <strong>de</strong><br />

ensino, o professor <strong>de</strong>verá analisar, juntamente <strong>com</strong> o <strong>pesquisa</strong>dor, o<br />

método <strong>de</strong> ensino por ele utilizado, i<strong>de</strong>ntificando êxitos e falhas<br />

(Fuchs; Fuchs, 2001) 2 . Consi<strong>de</strong>rando os resultados <strong>de</strong>ssa análise, o<br />

professor e o <strong>pesquisa</strong>dor <strong>de</strong>vem, conjuntamente, <strong>de</strong>finir os passos<br />

para a implementação da nova estratégia, elaborar as questões a serem<br />

investigadas, i<strong>de</strong>ntificar o <strong>de</strong>lineamento <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> a ser utilizado e a<br />

forma <strong>com</strong>o o novo procedimento será avaliado. Essa prática,<br />

conhecida <strong>com</strong>o <strong>com</strong>ponente <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional, auxilia<br />

o professor a <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r importantes conceitos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>,<br />

principalmente <strong>sobre</strong> a relevância da avaliação empírica <strong>de</strong> novos<br />

procedimentos <strong>de</strong> ensino aplicados em contextos reais. Da mesma<br />

forma, o <strong>pesquisa</strong>dor se familiariza e apren<strong>de</strong> a incorporar o<br />

conhecimento tácito do professor em sua <strong>pesquisa</strong>. (PAULA NUNES,<br />

2008)<br />

Já o segundo mo<strong>de</strong>lo é visto da seguinte forma:<br />

2 FUCHS, D.; FUCHS, L. One blueprint for bridging the gap: project PROMISE<br />

(practitioners and researcher orchestrating mo<strong>de</strong>l innovations to strengthen education).Teacher<br />

Education and Special Education, v. 24, n. 4, p. 304-314, 2001.<br />

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O primeiro módulo do JGCP, <strong>de</strong>signado <strong>de</strong> <strong>com</strong>ponente <strong>de</strong> parceria,<br />

<strong>de</strong>termina que o <strong>pesquisa</strong>dor permaneça entre 25 e 50% <strong>de</strong> sua<br />

jornada <strong>de</strong> trabalho no ambiente escolar on<strong>de</strong> o novo programa <strong>de</strong><br />

ensino será implementado. O professor, por sua vez, <strong>de</strong>ve<br />

formalmente concordar em colaborar <strong>com</strong> o projeto (Abbott et al.,<br />

1999) 3 . (PAULA NUNES, 2008)<br />

Em relação ao PROMISE, Paula Nunes (2008) expõe que os docentes<br />

introduzem <strong>um</strong>a estratégia <strong>de</strong> ensino em sala <strong>de</strong> aula e analisam sua repercussão junto<br />

<strong>com</strong> o <strong>pesquisa</strong>dor. Após a análise, po<strong>de</strong> haver modificações a fim <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar o<br />

professor à realida<strong>de</strong> em sala <strong>de</strong> aula. Salienta-se que os dados <strong>de</strong>vem ser incorporados<br />

à prática escolar e úteis ao docente e aos discentes.<br />

O passo seguinte é oferecer aos <strong>professores</strong> cursos e workshops para que eles<br />

aprendam <strong>sobre</strong> o procedimento <strong>de</strong> ensino. Em seguida, os <strong>professores</strong> implantam essa<br />

prática em sala <strong>de</strong> aula. Após, o <strong>pesquisa</strong>dor apresenta os dados aos <strong>professores</strong> que<br />

implementaram o novo método e discutem juntos, i<strong>de</strong>ntificando êxitos e falhas. O<br />

grupo, então, elabora <strong>um</strong> manual <strong>de</strong> instrução <strong>sobre</strong> o método para ser utilizado por<br />

outros colegas. A revisão é feita por consultores externos ao programa, incluindo novos<br />

<strong>professores</strong> e <strong>pesquisa</strong>dores. Após a revisão, o conteúdo da <strong>pesquisa</strong> é divulgado em<br />

periódicos científicos, revistas educacionais, conferências, treinamentos em serviço e<br />

workshops.<br />

O PROMISE e o JGCP constituem mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvimentistas. Isso significa<br />

que o conhecimento é produzido em colaboração. Conforme o professor produz sua<br />

<strong>pesquisa</strong>, <strong>de</strong>sfaz-se a hierarquia estabelecida entre universida<strong>de</strong> e escola.<br />

Bortolini (2009), por sua vez, <strong>de</strong>screve o processo <strong>de</strong> trabalho <strong>com</strong> <strong>pesquisa</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvido no curso <strong>de</strong> pedagogia da Universida<strong>de</strong> Estácio <strong>de</strong> Sá/UNESA, no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, <strong>com</strong> alunos das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Madureira e <strong>de</strong> Petrópolis. A autora explica que o<br />

resultado da inserção da <strong>pesquisa</strong> no projeto <strong>de</strong> reestruturação do curso mencionado, ao<br />

criar a disciplina <strong>de</strong> Pesquisa e Prática em Educação, foi muito interessante. Foi<br />

3 ABBOTT, M. et al. Research to Practice: a "blueprint" for closing the gap in local<br />

schools. Exceptional Children, v. 65, n. 3, p. 339-352, 1999. ERIC Doc<strong>um</strong>ent reproduction<br />

service. n. ED EJ593061.<br />

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07 a 09 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012<br />

possível <strong>de</strong>monstrar o que os alunos e <strong>professores</strong> envolvidos pensam <strong>sobre</strong> a <strong>pesquisa</strong>.<br />

Essa prática reflete o que Berbel (2004, p. 231) aponta <strong>sobre</strong> aproveitar e reconhecer o<br />

“ambiente natural <strong>com</strong>o fonte direta <strong>de</strong> informações e o investigador <strong>com</strong>o instr<strong>um</strong>ento<br />

principal <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>”.<br />

Nesse sentido, a <strong>pesquisa</strong>dora observou <strong>com</strong>o as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>s são<br />

construídas pelo grupo analisado. A fim <strong>de</strong> obter essa <strong>com</strong>preensão, ela entrevistou<br />

alunos, docentes e grupos focais. Assim, foi verificado que:<br />

a) as representações se ancoram na experiência e em certos valores e<br />

i<strong>de</strong>ias circundantes na socieda<strong>de</strong>;<br />

b) os <strong>professores</strong> fazem parte <strong>de</strong> <strong>um</strong> universo reificado, mais ou<br />

menos institucionalizado e especializado on<strong>de</strong> a ciência é marca<br />

distintiva;<br />

c) os alunos tomam contato <strong>com</strong> a <strong>pesquisa</strong> científica apenas no curso,<br />

salvo raras exceções;<br />

d) alunos, em geral, tomam seus <strong>professores</strong> <strong>com</strong>o referência<br />

intelectual, <strong>de</strong>sse modo o que os <strong>professores</strong> pensam acerca da<br />

<strong>pesquisa</strong> é referência na construção das representações <strong>de</strong> seus alunos;<br />

e) as representações sociais atuam <strong>com</strong>o verda<strong>de</strong>iras “teorias” do<br />

senso <strong>com</strong><strong>um</strong> que, em alg<strong>um</strong>a medida, ajudam a forjar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

grupal, o pertencimento do indivíduo ao grupo. (BORTOLINI, 2009,<br />

p. 126-127)<br />

Os trabalhos realizados na referida Instituição <strong>de</strong> Ensino Superior envolvia<br />

grupos focais. A autora adotou a orientação <strong>de</strong> Bardin para as entrevistas e <strong>com</strong>preensão<br />

das falas gravadas. E observou, por exemplo, o que certos grupos entendiam por<br />

<strong>pesquisa</strong>:<br />

Quando a <strong>pesquisa</strong> é vista <strong>com</strong>o dimensão pedagógica, Bortolini (2009) explica<br />

que as alunas <strong>de</strong> Petrópolis enfatizam a <strong>pesquisa</strong> <strong>com</strong>o o movimento permanente <strong>de</strong><br />

busca e construção do conhecimento transformador e dá i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ao homem. Sobre<br />

isso, a <strong>pesquisa</strong>dora apresenta <strong>um</strong> fragmento da conversa <strong>sobre</strong> esse assunto:<br />

Pe1 – Você parte <strong>de</strong> <strong>um</strong> conhecimento e pra ampliar esse<br />

conhecimento você precisa <strong>de</strong> estudo, trabalho, pra você ir<br />

construindo. [todos falam ao mesmo tempo]<br />

Pe7 – Não, eu acho que o conhecimento é <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> você ter analisado<br />

toda aquela situação é que você produz <strong>um</strong> conhecimento.<br />

Pe9 – É <strong>com</strong> a <strong>pesquisa</strong> justamente que você vai transformar<br />

in<strong>formação</strong> em conhecimento... Educação, <strong>formação</strong>,<br />

conhecimento...[pausa]<br />

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Pe6 – Não, eu acho que é conhecimento, <strong>formação</strong>, educação...<br />

Pe5 – O conhecimento é aquilo que a gente conhece, experimenta. A<br />

educação aquilo que a gente consegue <strong>de</strong>senvolver, sistematizar <strong>com</strong><br />

esse conhecimento. E a <strong>formação</strong>, o sentido <strong>de</strong> tudo isso aqui. A<br />

<strong>formação</strong>, pra mim, é o resultado <strong>de</strong> trans<strong>formação</strong> do sujeito.<br />

Pe4 – Acho que atravessa tudo. (BORTOLINI, 2009, p.142).<br />

Outro ponto analisado é que as alunas <strong>de</strong>monstraram que, para elas, não há<br />

sentido em <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> abstrata, sem relação ao que a motivou. Sobre o<br />

papel da <strong>pesquisa</strong> na <strong>formação</strong>, as entrevistadas respon<strong>de</strong>ram <strong>de</strong> formas diferentes.<br />

Alg<strong>um</strong>as consi<strong>de</strong>raram que a <strong>pesquisa</strong> estivesse presente no programa <strong>de</strong><br />

alg<strong>um</strong>as disciplinas, enquanto poucos acreditam que a <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong>va estar associada aos<br />

projetos <strong>de</strong> iniciação científica.<br />

Quanto ao papel da <strong>pesquisa</strong> na prática docente, mesmo que a maioria das/os<br />

entrevistadas/os consi<strong>de</strong>raram a <strong>pesquisa</strong> fundamental para a prática do professor, a<br />

análise das entrevistas e dos grupos focais revelou diferenças entre as respostas entre<br />

Madureira e Petrópolis. Nas entrevistas <strong>de</strong> Madureira, a <strong>pesquisa</strong> é <strong>um</strong> fundamento<br />

para a prática, <strong>com</strong> ênfase na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> <strong>com</strong>o conhecimento:<br />

ao professor:<br />

Fundamenta nossas práticas em sala <strong>de</strong> aula, ajuda a ter proprieda<strong>de</strong><br />

em <strong>de</strong>terminados assuntos (40 anos, 6º p, MA).<br />

É <strong>um</strong> <strong>com</strong>plemento as abordagens teóricas que trabalhamos na sala <strong>de</strong><br />

aula, <strong>com</strong> a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber relacionar teorias e práticas para <strong>um</strong>a<br />

boa atuação (36 anos, 6º p, MA) (BORTOLINI, 2009, p. 155).<br />

Já em Petrópolis, <strong>pesquisa</strong> é vista <strong>com</strong>o aproximadora da realida<strong>de</strong> em relação<br />

“[permite] <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r melhor a realida<strong>de</strong>” (20 anos, 5º p, PE)<br />

“Ela o aproxima [professor] da realida<strong>de</strong>”. (23 anos, 6º p, PE)<br />

“A <strong>pesquisa</strong> faz o professor se aproximar do contexto on<strong>de</strong> ele está<br />

inserido”. (26 anos, 6º p, PE)<br />

“Ela auxilia no momento <strong>de</strong> planejar aulas <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> a realida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> seus alunos”. (22 anos, 4º p, PE)<br />

“As suas aulas se tornam mais próximas da realida<strong>de</strong> vivida por seus<br />

alunos”. (25 anos, 6º p, PE) (BORTOLINI, 2009, p. 155).<br />

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07 a 09 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012<br />

A autora <strong>de</strong>staca que as alunas <strong>de</strong> Madureira, ainda que consi<strong>de</strong>rem a <strong>pesquisa</strong><br />

importante para a renovação da prática do professor e <strong>com</strong>o incentivo ao aprendizado<br />

do aluno, salientam a falta <strong>de</strong> preparo, <strong>de</strong> tempo, estrutura, incentivo e <strong>de</strong> motivação<br />

para realizá-la.<br />

A <strong>pesquisa</strong>dora concluiu que seu trabalho buscou <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r quais os<br />

processos <strong>de</strong> elaboração e os elementos que se fazem presentes na <strong>pesquisa</strong> construída<br />

pelos <strong>professores</strong> <strong>pesquisa</strong>dos. Mesmo que a análise fosse limitada, posto que se tratava<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> estudo <strong>de</strong> caso, alg<strong>um</strong>as reflexões foram realizadas.<br />

A autora afirma que a <strong>pesquisa</strong> <strong>com</strong>o eixo da <strong>formação</strong> exige enfrentar a questão<br />

do tempo, da articulação dos saberes e sujeitos, da massificação do ensino, os quais se<br />

constituem <strong>com</strong>o problemas <strong>de</strong>safiadores do professor. Também revela que o tempo é<br />

fundamental para a criação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do docente. Interessante a observação da<br />

<strong>pesquisa</strong>dora <strong>sobre</strong> a educação:<br />

Contra a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> educação <strong>com</strong>o espaço apenas <strong>de</strong> reprodução da vida<br />

social, a <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong>monstrou que a educação é processo <strong>de</strong><br />

reconstrução e reorganização da experiência. A experiência da<br />

Estácio é exemplar <strong>de</strong>sse movimento. Ela é resultado do esforço <strong>de</strong><br />

alunos e <strong>professores</strong>, e <strong>de</strong> <strong>um</strong> posicionamento institucional a favor da<br />

qualificação da <strong>formação</strong> e da prática docentes. Não obstante certa<br />

polissemia em torno do tema, a intensida<strong>de</strong> <strong>com</strong>o a <strong>pesquisa</strong> é vivida<br />

no curso <strong>de</strong> Pedagogia da UNESA, transcen<strong>de</strong> os limites dos<br />

discursos, objetiva intenções, expõe contradições, aponta caminhos e<br />

instaura <strong>um</strong>a dinâmica que coloca em movimento alunos e <strong>professores</strong><br />

em processo <strong>de</strong> profissionalização. Ela mostra que, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma ou<br />

<strong>de</strong> outra, a <strong>pesquisa</strong> oportuniza rever idéias, sentidos da <strong>formação</strong>.<br />

Tira da inércia os agentes da <strong>formação</strong>. Mexe <strong>com</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

(BORTOLINI, 2009, p. 172-173).<br />

Por fim, Bortoloni (2009) <strong>de</strong>clara que a <strong>pesquisa</strong> <strong>com</strong>o <strong>formação</strong> não po<strong>de</strong><br />

seguir os mesmos tempos e procedimentos que a <strong>pesquisa</strong> profissional, pois os objetivos<br />

e as condições <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> não são os mesmos. Conclui que <strong>um</strong>a e outra po<strong>de</strong> ser<br />

prática rigorosa e relevante para o <strong>de</strong>senvolvimento e a trans<strong>formação</strong> da realida<strong>de</strong><br />

educacional brasileira. Essa constatação relaciona-se às palavras <strong>de</strong> Zeichner (2002),<br />

pois, segundo ele, temos atualmente <strong>um</strong>a situação na qual o discurso <strong>sobre</strong> os<br />

<strong>professores</strong> proclama a autonomia, a capacitação e a profissionalização. No entanto,<br />

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07 a 09 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012<br />

conseguir esses feitos não se configura <strong>com</strong>o tarefa simples, conforme observamos nos<br />

trabalhos aqui apresentados.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Diante do exposto na introdução <strong>de</strong>ssa <strong>pesquisa</strong>, buscamos observar <strong>com</strong>o se<br />

forma <strong>um</strong> professor-<strong>pesquisa</strong>dor. Para tanto, analisamos a literatura <strong>sobre</strong> o assunto e<br />

verificamos que o processo exige tanto a preparação por parte do formador <strong>com</strong>o a<br />

disponibilida<strong>de</strong> por parte do professor para tornar-se <strong>um</strong> <strong>pesquisa</strong>dor durante sua<br />

prática.<br />

Embora os <strong>professores</strong> tenham noção <strong>de</strong> que é importante a <strong>pesquisa</strong> para a<br />

<strong>formação</strong> do docente, percebemos a dissociação entre a <strong>pesquisa</strong> acadêmica e a prática<br />

profissional. Esse afastamento estaria relacionado às questões epistemológicas da<br />

Educação, tais <strong>com</strong>o a profissão em si (vista <strong>com</strong>o menor em relação a outras,<br />

<strong>de</strong>svalorizada pela socieda<strong>de</strong>) e aos mo<strong>de</strong>los conceituais divergentes <strong>sobre</strong> a relevância<br />

do conhecimento tácito e científico. Também há afastamento porque a <strong>pesquisa</strong><br />

científica é difundida nos cursos <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong> <strong>de</strong> forma não clara.<br />

A presente <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong>monstrou que os certos tipos <strong>de</strong> conhecimento<br />

<strong>de</strong>senvolvidos pelo professor durante sua <strong>formação</strong> (iniciação científica, por exemplo)<br />

<strong>de</strong>terminam, em gran<strong>de</strong> parte, sua prática em sala <strong>de</strong> aula e, muitas vezes, parte da sua<br />

vivência em socieda<strong>de</strong> é que vai interferir na prática docente. A forma <strong>com</strong>o esse<br />

professor percebe, incorpora e realiza <strong>pesquisa</strong>s na escola está também relacionada a<br />

essa experiência.<br />

Os autores <strong>pesquisa</strong>dos concordam que a <strong>formação</strong> profissional do professor-<br />

<strong>pesquisa</strong>dor favorece práticas pedagógicas eficazes, pois a criticida<strong>de</strong> permite que ele<br />

use métodos <strong>de</strong> ensino variados, refute teorias e seja capaz <strong>de</strong> produzir novos<br />

conhecimentos. Também permite que os alunos aprendam a ver a <strong>pesquisa</strong> não apenas<br />

<strong>com</strong>o mais <strong>um</strong> <strong>de</strong>ver em sala <strong>de</strong> aula, mas <strong>com</strong>o algo fundamental para a ampliação do<br />

seu conhecimento.<br />

No entanto, o discurso <strong>sobre</strong> a necessida<strong>de</strong> do professor tornar-se <strong>pesquisa</strong>dor<br />

em sua prática choca-se <strong>com</strong> a realida<strong>de</strong>, pois as condições materiais do trabalho dos<br />

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docentes (salário, tamanho das turmas, violência na escola, disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais<br />

pedagógicos), bem <strong>com</strong>o seu status na socieda<strong>de</strong> e autoestima tem-se <strong>de</strong>teriorado.<br />

Reflexo disso é a resistência pelo trabalho <strong>com</strong> <strong>pesquisa</strong>, que <strong>de</strong>manda tempo, preparo e<br />

“amor à causa”.<br />

O que se verifica então é que o professor po<strong>de</strong> tornar a <strong>pesquisa</strong> <strong>um</strong>a prática<br />

permanente se houver políticas públicas capazes <strong>de</strong> transformar jornadas <strong>de</strong> trabalhos,<br />

elevação dos salários, bem <strong>com</strong>o o reconhecimento da profissão, não apenas por parte<br />

do governo, mas pela socieda<strong>de</strong> também.<br />

Questiona-se, assim, que, embora haja discursos e discussões teóricas <strong>sobre</strong> a<br />

<strong>pesquisa</strong> em sala <strong>de</strong> aula <strong>com</strong>o parte da <strong>docência</strong>, ainda faltam muitos aspectos para que<br />

a <strong>pesquisa</strong> seja vista <strong>com</strong>o prática efetiva nas escolas <strong>de</strong> nosso país. Os resultados<br />

<strong>de</strong>ssas práticas, ainda esparsos, <strong>de</strong>monstram que é preciso mudar a mentalida<strong>de</strong> social e<br />

governamental, além da própria concepção <strong>de</strong> <strong>formação</strong> que o professor tem <strong>de</strong> si<br />

mesmo. Reflexões <strong>com</strong>o as apresentadas neste trabalho <strong>sobre</strong> a relação entre <strong>pesquisa</strong>,<br />

prática e <strong>formação</strong> são apenas o <strong>com</strong>eço <strong>de</strong>ssas mudanças.<br />

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