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SÉCULO XIX - UFSM

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DOMESTICAÇÃO, TÉCNICA E PAISAGEM AGRÁRIA NA PECUÁRIA TRADICIONAL DA CAMPANHA RIO-GRANDENSE (<strong>SÉCULO</strong> <strong>XIX</strong>) 80<br />

A doma dos cavalos era uma atividade assaz valorizada. Enquanto a diferença de preços, presentes na amostra de<br />

inventários trabalhada, entre os bovinos xucros e os mansos oscila entre 10 e 20%, a doma poderia elevar em até 300% o<br />

preço dos animais cavalares. 14 A verdade é que, até meados do século <strong>XIX</strong>, por suas poucas possibilidades comerciais, as<br />

éguas e cavalos xucros tinham valor reduzido. Por outro lado, cavalos bem domados podiam valer mesmo mais do que uma<br />

rês mansa em ponto de abate. Os peões domadores eram melhor remunerados e os escravos que exerciam essa função<br />

eram mais valorizados. A doma era uma atividade que envolvia sério risco, implicava em grande agregação de valor ao<br />

animal e beneficiava-se do grande prestígio que a destreza nas lides campeiras gozava no contexto daquela cultura.<br />

A domesticação era, portanto, a clivagem essencial que instaurava a classificação dos animais cuja criação era o<br />

objetivo das estâncias. Do ponto de vista técnico, o controle dos graus de domesticação dos rebanhos parece mesmo ter sido<br />

a chave para a administração das grandes estâncias da pecuária tradicional sulina.<br />

As estâncias oitocentistas como centros de domesticação<br />

Se tomarmos o controle dos níveis de domesticação como orientação técnica geral, podemos perceber uma lógica que<br />

organiza a estância como um centro de domesticação. Essa lógica era evidente no caso dos principais animais de criação,<br />

mas acabava por transbordar esses limites e instaurava-se nas relações dos homens com outros animais e plantas na<br />

Campanha.<br />

14 Inventários post mortem. Cartórios de Órfãos e Ausentes, do Cível e Crime e da Provedoria, 1831-1865. Alegrete. Arquivo Público do Estado do Rio<br />

Grande do Sul (APERS).

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