SÉCULO XIX - UFSM
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DOMESTICAÇÃO, TÉCNICA E PAISAGEM AGRÁRIA NA PECUÁRIA TRADICIONAL DA CAMPANHA RIO-GRANDENSE (<strong>SÉCULO</strong> <strong>XIX</strong>) 82<br />
parte com tramados de plantas de espinho) para evitar a entrada do gado, ali se produzia trigo, feijão, milho, por vezes<br />
mandioca, abóboras, favas e outras culturas. Por fim, pequenos potreiros e piquetes cercados destinados aos animais de<br />
tração (“bois mansos”), às vacas de leite e aos cavalos em serviço, compunha o complemento desse conjunto de construções<br />
principais das grandes estâncias. O “gado menor”, como aves de criação e porcos nunca aparece nos inventários, mas, ao<br />
menos no caso das aves, é possível ter uma ideia de sua existência por outros documentos, como as instruções que o Conde<br />
de Piratini enviou a seu capataz da Estância da Música, em 1832 (CESAR, 1978).<br />
Além desse complexo do domus, que aglutinava domicílio e núcleo da domesticação, as maiores estâncias, ou<br />
aquelas onde havia extremidades onde não existiam limites naturais como rios e arroios, também contavam com a presença<br />
de outros agrupamentos satélites, como estâncias menores (que podiam ser moradias de filhos casados) ou, mais<br />
comumente, postos (onde vivia o peão posteiro e, se fosse o caso, também sua família). Além da casa e plantações, também<br />
podia haver currais e mangueiras nesses postos, reproduzindo, de modo bem mais modesto, parte da estrutura do domus<br />
principal.<br />
Se relacionarmos essa estrutura às diferenças de grau de domesticação entre o gado vacum, encontraremos o gado<br />
presente no domus e manejado quase que diariamente, como animais de tração (“bois mansos”), vacas leiteiras e cavalos de<br />
serviço. Depois, as “reses de criar mansas” consistindo em um conjunto de animais vacuns manejados frequentemente nos<br />
currais e pontos de rodeio. Finalmente, um grupo de “reses de criar xucras”, tanto maior quanto maior eram os rebanhos<br />
daquele estabelecimento. Estas, como já dissemos, estavam aquerenciadas nas terras da estância, eram marcadas e os<br />
machos eram castrados, mas seu manejo era muito mais eventual. Estas reses eram as que corriam mais risco de alçar-se<br />
em casos de secas ou falta de trabalhadores ocasionada, por exemplo, pelos recrutamentos executados nos freqüentes<br />
tempos de guerra.