SÉCULO XIX - UFSM
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DOMESTICAÇÃO, TÉCNICA E PAISAGEM AGRÁRIA NA PECUÁRIA TRADICIONAL DA CAMPANHA RIO-GRANDENSE (<strong>SÉCULO</strong> <strong>XIX</strong>) 68<br />
comuns as vacarias para a retirada do couro, promovidas por bandos de arreadores de origens diversas e, por vezes, por<br />
guaranis contratados a particulares. Essa atividade era verdadeiramente predatória e tinha alto potencial destrutivo para os<br />
rebanhos.<br />
Moraes (2008) apontou que a paisagem pastoril-missioneira modificou sensivelmente a organização ecológica e<br />
territorial de uma região que ainda havia sido pouco tocada pelas forças da colonização. O período final de sua<br />
desarticulação ocorreu nas primeiras décadas do século <strong>XIX</strong>. Em 1801, os Sete Povos da margem oriental do rio Uruguai<br />
foram conquistados pelos luso-brasileiros. O território que havia pertencido às estâncias missioneiras, localizadas ao sul do<br />
Ibicuí, também saiu do domínio dos Povos e foi repartido como espólio da conquista.<br />
A pecuária tradicional rio-grandense no século <strong>XIX</strong><br />
A conquista luso-brasileira dos territórios missioneiros, localizados no lado oriental do Rio Uruguai, foi caracterizada<br />
por um avanço de povoadores e guerreiros que promoviam contínuas atividades de arreadas de gado e apossamento de<br />
terras. Quando findaram as guerras cisplatinas e o Estado Oriental do Uruguai emergiu definitivamente como nação soberana<br />
(1828), a questão da fronteira daquele país com o Império do Brasil ainda não estava totalmente resolvida (GOLIN, 2004).<br />
Mesmo que não fosse ponto pacífico, ficou estabelecido que o limite nacional no sudoeste ficaria marcado pelo rio Quarai e<br />
daí em uma fronteira seca que passaria pela paróquia de Santana do Livramento.<br />
Contudo, não obstante o estabelecimento desses limites, a ampla região formada pelas pastagens que iam desde a<br />
Campanha Rio-Grandense até as margens dos rios Yí e Negro, no centro da República do Uruguai, formavam uma paisagem<br />
agrária contínua, onde havia permamente fluxo de pessoas, gado, mercadorias e informações (SOUZA e PRADO, 2004).