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Artigo Completo - Um Mundo de Experiências

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UM BALANÇO ENTRE O PERCENTIL 50 E AS CARACTERÍSTICAS<br />

ANTROPOMÉTRICAS E ERGONÓMICAS DOS INDIVÍDUOS IDOSOS<br />

A balance between the 50 th<br />

percentile and the anthropometric and ergonomic features of<br />

el<strong>de</strong>rly<br />

Dare, Ana; Mphil; Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arquitectura – Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa<br />

dare.ana@gmail.com<br />

Caramelo Gomes, Cristina; PhD; Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arquitectura e Artes – Universida<strong>de</strong> Lusíada<br />

<strong>de</strong> Lisboa<br />

cris_caramelo@netcabo.pt<br />

Resumo<br />

A Europa, Portugal em particular, apresenta uma socieda<strong>de</strong> envelhecida e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

económica e socialmente. O ambiente construído no qual o individuo actua diariamente e<br />

interage com o seu semelhante apresenta soluções mais direccionadas para a circulação do<br />

automóvel ou a especulação imobiliária do que para indivíduo. O idoso é avaliado como um<br />

recurso biológico a ser reposto assim que o custo da sua manutenção seja <strong>de</strong>masiado elevado.<br />

Este estudo evi<strong>de</strong>ncia a importância do Design numa investigação aprofundada sobre este<br />

segmento da população, especialmente o contributo do <strong>de</strong>sign inclusivo para a humanização<br />

do ambiente construído, nomeadamente o doméstico, na garantia da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong>s da cultura, características<br />

biológicas e cronológicas, objectivando a participação activa na comunida<strong>de</strong> e a sua inclusão<br />

social.<br />

Palavras-chave: Ergonomia, Idosos, Inclusivida<strong>de</strong>, Envelhecimento activo<br />

Abstract<br />

Europe, Portugal particularly, presents a matured society, <strong>de</strong>pressed and economic as<br />

socially <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt. Built environment, where human being <strong>de</strong>velops quotidian activities and<br />

interact with other beings reveals solution motivated by car circulation or real estate<br />

speculation rather than human being. The matured creature is frequently assumed as a<br />

biological resource to replace whenever its maintenance expenses grow. This study aims to<br />

emerge the need of a <strong>de</strong>ep research about this segment of population and <strong>de</strong>monstrate the<br />

importance of inclusive <strong>de</strong>sign to the built environment humanisation, special the domestic<br />

one, to guaranty the equal opportunity of use, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntly cultural, chronological and<br />

biological features, to achieve the active participation within community and his/her social<br />

inclusion.<br />

Keywords: Ergonomics, el<strong>de</strong>rly, Inclusive Design, Active el<strong>de</strong>rly


Factor Humano: <strong>Um</strong> balanço entre o percentil 50 e as características antropométricas e ergonómicas dos<br />

indivíduos idosos<br />

Introdução<br />

Porquê idosos?<br />

O processo <strong>de</strong> envelhecimento do ser humano, que tem na velhice a sua consequência<br />

natural, tem sido, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da civilização, um motivo <strong>de</strong> preocupação para a<br />

humanida<strong>de</strong>, sendo que no final do séc. XX e início do séc. XXI, marcou <strong>de</strong>finitivamente a<br />

importância <strong>de</strong>sse tema, <strong>de</strong>vido à tendência para o aumento do número <strong>de</strong> indivíduos idosos<br />

no mundo (DARÉ, 2008).<br />

Nascer, crescer, <strong>de</strong>senvolver, reproduzir e morrer, esta é uma imagem possível para o ser<br />

humano, sendo esta imagem associada a uma noção <strong>de</strong> “tempo biológico”, na qual as etapas<br />

da vida evoluem linearmente e aparecem como algo natural.<br />

A questão relativa ao envelhecimento po<strong>de</strong> ser analisada sob duas perspectivas: a<br />

perspectiva da individualida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> o envelhecimento está assente numa maior longevida<strong>de</strong><br />

dos indivíduos, consequência <strong>de</strong> um aumento da esperança média <strong>de</strong> vida e pela perspectiva<br />

<strong>de</strong>mográfica, <strong>de</strong>finida pelo aumento <strong>de</strong> pessoas idosas na população total. O agravamento da<br />

população idosa é conseguido em <strong>de</strong>trimento da população jovem e/ou em <strong>de</strong>trimento da<br />

população activa.<br />

Fig. 1 – Evolução da proporção da população idosa, Portugal 1960 – 2000.<br />

(Fonte: INE/DECP, Estimativas e Recenseamento Gerais da População)<br />

A Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) <strong>de</strong>fine a população idosa como sendo os<br />

indivíduos – homens e mulheres – com ida<strong>de</strong> igual ou superior a 65 anos, quando se trata <strong>de</strong><br />

países <strong>de</strong>senvolvidos e 60 ou mais anos, quando se trata <strong>de</strong> países em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

(IBGE, 2002).<br />

Dentro <strong>de</strong> uma perspectiva <strong>de</strong>fendida pela Organização das Nações Unidas (ONU), a<br />

criação <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> para todas as ida<strong>de</strong>s, fundamento da justiça social, não po<strong>de</strong> ser<br />

constituída sem que se observe a velhice como uma construção social necessariamente plural<br />

e heterogénea.<br />

O envelhecimento activo é o processo que permite aperfeiçoar a optimização das<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, participação e segurança, promovendo uma melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

à medida que as pessoas vão envelhecendo (WHO, 2002: 12). A expressão activa refere-se à<br />

participação do indivíduo a nível social, económico e cultural, <strong>de</strong> acordo com as suas<br />

necessida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sejos e capacida<strong>de</strong>s, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das suas aptidões físicas e da participação<br />

no mercado <strong>de</strong> trabalho, compatibilizando o envelhecimento e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

9º Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Factor Humano: <strong>Um</strong> balanço entre o percentil 50 e as características antropométricas e ergonómicas dos<br />

indivíduos idosos<br />

Fig. 2– The <strong>de</strong>terminants of active ageging<br />

(Fonte: Active Ageing: A Policy Framework)<br />

A manutenção da autonomia e da in<strong>de</strong>pendência durante o processo <strong>de</strong> envelhecimento<br />

são premissas importantes tanto para os indivíduos como para as políticas sociais. Devido à<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um mercado <strong>de</strong> consumo direccionado para esse público-alvo, há uma<br />

tendência crescente em consi<strong>de</strong>rar as suas potencialida<strong>de</strong>s, permitindo uma associação entre o<br />

aumento da esperança <strong>de</strong> vida e a boa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa mesma vida, com a autonomia e<br />

integração/participação na família e na socieda<strong>de</strong>, usufruindo das capacida<strong>de</strong>s individuais<br />

<strong>de</strong>sses mesmos indivíduos (RIBEIRINHO, 2005).<br />

O Ser Humano e o Envelhecer<br />

A perspectiva do envelhecimento é uma realida<strong>de</strong> intolerável para o homem<br />

contemporâneo, face a um sistema personalizado on<strong>de</strong> só resta ao indivíduo durar e conservar,<br />

aumentar a fiabilida<strong>de</strong> do corpo, ganhar tempo e ganhar contra o tempo (LIPOVESTSKY,<br />

1989).<br />

Todos os indivíduos que vivem muito tempo não escapam à velhice. É um fenómeno<br />

inevitável e irreversível que se inicia na fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, sendo que a gran<strong>de</strong> maioria<br />

das alterações são compensadas e ultrapassadas até uma ida<strong>de</strong> muito avançada (BEAUVOIR,<br />

1990).<br />

Quantos anos você teria se não soubesse quantos anos tem? Satchel<br />

Paige (HAYFLICK, 1996: 3)<br />

Fig. 3 – Casal <strong>de</strong> idosos (Fotografia <strong>de</strong> Ana Cristina Daré)<br />

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Factor Humano: <strong>Um</strong> balanço entre o percentil 50 e as características antropométricas e ergonómicas dos<br />

indivíduos idosos<br />

Embora seja esta uma fase previsível da vida dos indivíduos, o envelhecimento não é<br />

geneticamente programado. Não existem genes que <strong>de</strong>terminam como e quando envelhecer,<br />

mas genes variantes cuja expressão favorece a longevida<strong>de</strong> ou redução da duração do ciclo da<br />

vida.<br />

Na gran<strong>de</strong> maioria das vezes, apercebe-se que um <strong>de</strong>terminado indivíduo apresenta<br />

sinais <strong>de</strong> envelhecimento biológico menos profundo que a sua ida<strong>de</strong> cronológica,<br />

comprovando, <strong>de</strong>ssa forma, que não há uma sistematização relativa às mudanças funcionais<br />

associadas à ida<strong>de</strong>. A transição entre a ida<strong>de</strong> adulta e a velhice é muito ténue, sendo<br />

<strong>de</strong>terminada pela cultura e história <strong>de</strong> cada país. Na contemporaneida<strong>de</strong>, existe um ritual <strong>de</strong><br />

transição – à passagem para a reforma, on<strong>de</strong> o indivíduo <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um trabalhador activo,<br />

assalariado, para ser inactivo ou pertencente à terceira ida<strong>de</strong>, sendo que muitos indivíduos a<br />

consi<strong>de</strong>ram como a morte social, uma vez que emerge um sentimento <strong>de</strong> inutilida<strong>de</strong><br />

(FONTAINE, 2000).<br />

Fig. 4 – La Vida (Pablo Picasso)<br />

(Fonte: http://www.spanisharts.com/history/<strong>de</strong>l_impres_s.XX/arte_sXX/imagenes/picasso_vida.jpg)<br />

A imagem da velhice associa-se, frequentemente, a uma série <strong>de</strong> crenças e estereótipos<br />

negativos, relacionados com uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> défices, <strong>de</strong>teriorações e diminuições físicas,<br />

psicológicas e sociais; no entanto, é crucial perceber que os idosos pertencem a um grupo<br />

heterogéneo e que a diversida<strong>de</strong> individual se acentua com a ida<strong>de</strong>. Esta diversida<strong>de</strong> pessoal<br />

revela-se, portanto, como uma característica marcante do processo <strong>de</strong> envelhecimento, que<br />

apresenta características biológicas dissemelhantes, em comparação com os jovens, que<br />

apresentam características biológicas mais similares. De um modo geral, os indivíduos sofrem<br />

na habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecimento, integração e reacção às informações captadas pelos cinco<br />

sentidos – visão, audição, olfacto, paladar e tacto, levando a alterações dos hábitos diários<br />

(ROCHA, 2006). As perdas funcionais mencionadas ocorrem nos sistemas vitais <strong>de</strong>vido ao<br />

envelhecimento, sendo consi<strong>de</strong>radas normais e não estados <strong>de</strong> doença. As doenças associadas<br />

à velhice não fazem parte do processo normal do envelhecimento. O cancro, as doenças<br />

cardíacas, mal <strong>de</strong> Alzheimer, doença <strong>de</strong> Parkinson e os <strong>de</strong>rrames ocorrem à medida que o<br />

organismo se torna mais vulnerável, e os mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa menos eficientes<br />

(HOFFMAN, 2006). A perspectiva frente às fases constituintes do ciclo <strong>de</strong> vida humano<br />

reconhece que o grupo dos indivíduos idosos não é um grupo homogéneo e que apresenta<br />

diversida<strong>de</strong>s individuais que ten<strong>de</strong>m a aumentar com o avançar da ida<strong>de</strong>.<br />

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Factor Humano: <strong>Um</strong> balanço entre o percentil 50 e as características antropométricas e ergonómicas dos<br />

indivíduos idosos<br />

O Design Ergonómico Direccionado para o Idoso, Privilegiando uma Melhor Qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Vida<br />

Na comunida<strong>de</strong> académica constata-se frequentemente a heterogeneida<strong>de</strong> na <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> conceitos, i<strong>de</strong>ntificando-se por vezes a diferença significativa da abordagem ou<br />

entendimento do tema e particularmente a diferenciação específica em que o cerne da questão<br />

é coeso e geral variando em particularida<strong>de</strong>s próprias <strong>de</strong> culturas espácio-temporais e<br />

metodologias <strong>de</strong> estudo. Nesta realida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> conceitos como <strong>de</strong>sign e ergonomia<br />

são exemplos significativos para o tema em estudo.<br />

De acordo com Moraes (in Couto e Oliveira, 1999:170), o Design apresenta-se como<br />

uma ferramenta <strong>de</strong> projecto cujo objectivo se centra no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong><br />

configuração <strong>de</strong>finida, com vista à sua produção em série, e que <strong>de</strong>ve contemplar as questões<br />

<strong>de</strong> uso, significado, <strong>de</strong>sempenho, função, custos, produção e comercialização, mercado,<br />

qualida<strong>de</strong> formal e estética e o respectivo impacto urbano e ecológico. Para Couto e Oliveira<br />

(1999:9) o <strong>de</strong>sign <strong>de</strong>ve ser compreendido não como um modo <strong>de</strong> dar forma aos objectos, mas<br />

como uma estrutura coesa da qual fazem parte o utilizador, o <strong>de</strong>signer, a forma, o <strong>de</strong>sejo e o<br />

modo <strong>de</strong> ser e estar no mundo <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós. A <strong>de</strong>finição do International Council of<br />

Societies of Industrial Design, afirma que o <strong>de</strong>sign é uma activida<strong>de</strong> criativa cujo objectivo é<br />

estabelecer qualida<strong>de</strong>s multifacetadas dos objectos, processos, serviços e respectivos sistemas<br />

em ciclos <strong>de</strong> via completos. (ICSID, 2010). Nos exemplos apresentados, não é possível<br />

afirmar a existência <strong>de</strong> diferenças incompatíveis antes a particularida<strong>de</strong> que permite uma<br />

abordagem holística ao tema a partir <strong>de</strong> distintas <strong>de</strong>finições que se complementam entre si.<br />

Talvez o modo mais simples <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o que é o <strong>de</strong>sign seja: a concepção <strong>de</strong> ambientes,<br />

produtos e sistemas <strong>de</strong> comunicação com recurso a um processo metodológico e criativo com<br />

vista a resolver um problema <strong>de</strong> interacção entre o homem e o mundo espácio-temporal em<br />

que vive e interage. Muitas vezes estes processos caracterizam-se pelo recurso excessivo à<br />

forma e à estética <strong>de</strong>dicando diminuta atenção ao processo metodológico. Po<strong>de</strong>ríamos citar<br />

diferentes autores que comportam na sua carreira profissional conceituada soluções<br />

arquitectónicas e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign, que ao longo do percurso esqueceram e negaram a participação<br />

do possível público-alvo. Algumas <strong>de</strong>stas produções tornaram-se produtos iconográficos, e<br />

apesar <strong>de</strong> merecido título, ficaram resguardadas <strong>de</strong> qualquer análise ou avaliação pósutilização.<br />

O reconhecimento académico e social das soluções apresentadas levaram os seus<br />

pares a adoptar uma atitu<strong>de</strong> egocêntrica expondo a sua opinião ou a sua i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> partida como<br />

o conceito gerador <strong>de</strong> ambientes, produtos e sistemas <strong>de</strong> comunicação esquecendo, por vezes<br />

com consequências significativas, os requisitos próprios do contexto, da função e do públicoalvo<br />

a quem se dirigem.<br />

O <strong>de</strong>sign não <strong>de</strong>ve existir enquanto conceito, se não contemplar o contributo significante<br />

e indispensável <strong>de</strong> áreas científicas como a antropometria e a ergonomia. Esta contribuição<br />

<strong>de</strong>ve ser pensada consi<strong>de</strong>rando o contexto, o <strong>de</strong>sempenho da função e a capacida<strong>de</strong> humana,<br />

<strong>de</strong> acordo com a realida<strong>de</strong> actual, evitando a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> dados, que embora credíveis e<br />

válidos, são genéricos no sentido <strong>de</strong> nem sempre correspon<strong>de</strong>rem às especificida<strong>de</strong>s da<br />

realida<strong>de</strong> ou do público-alvo em estudo.<br />

A Antropometria é o ramo das ciências humanas, que lida com as medidas do corpo:<br />

particularmente com a medição do tamanho do corpo, forma, força e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho.<br />

Etimologicamente ergonomia vem do Grego: ergos, trabalho; nomos, regra conhecimento,<br />

saber (LACOMBLEZ, SILVA, FREITAS, 1996). Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que esta seja apenas<br />

uma primeira aproximação do vocábulo, mas que não especifica o objecto <strong>de</strong>ssa disciplina,<br />

visto existirem várias <strong>de</strong>finições, sendo que todas procuram ressaltar o carácter<br />

interdisciplinar e o objecto <strong>de</strong> estudo, que é a interacção entre o homem e o trabalho, no<br />

sistema homem-máquina-ambiente, ou seja, as interfaces <strong>de</strong> um sistema on<strong>de</strong> ocorrem troca<br />

<strong>de</strong> informações e <strong>de</strong> energia entre o homem, máquina e ambiente, resultando na realização <strong>de</strong><br />

trabalho (IIDA, 2005:2).<br />

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Factor Humano: <strong>Um</strong> balanço entre o percentil 50 e as características antropométricas e ergonómicas dos<br />

indivíduos idosos<br />

No entanto, a palavra trabalho admite uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> significados. No seu sentido<br />

restrito, trabalho é o que fazemos para viver, usado <strong>de</strong>sta forma, a activida<strong>de</strong> em questão,<br />

sendo <strong>de</strong>finida pelo contexto em que ela é executada e não pelo seu conteúdo. A menos que<br />

tenhamos algum motivo especial na abordagem dos aspectos socioeconómicos do trabalho.<br />

No sentido mais amplo, entretanto, o termo trabalho po<strong>de</strong> ser aplicado a qualquer tipo<br />

<strong>de</strong> activida<strong>de</strong> humana, planeada ou intencional, sobretudo quando houver o envolvimento <strong>de</strong><br />

um grau <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> esforço. Quando se <strong>de</strong>fine a ergonomia como uma ciência<br />

preocupada com o trabalho humano, está-se a utilizar o termo no seu sentido mais amplo,<br />

sendo verda<strong>de</strong>iro dizer que o foco principal da ciência da ergonomia é nesse sentido.<br />

A ergonomia quando da abordagem do projecto po<strong>de</strong> ser sintetizada no princípio do<br />

<strong>de</strong>sign centrado no utilizador. O modo pelo qual os indivíduos vivenciam o quotidiano, é<br />

traduzido num sentimento <strong>de</strong> bem-estar físico, mental, social e espiritual. É importante que<br />

essas vivências sejam qualificadas na promoção da acomodação das necessida<strong>de</strong>s do<br />

utilizador <strong>de</strong>ntro do conjunto dos diferentes tipos <strong>de</strong> espaço, dando o seu contributo para uma<br />

melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida (REBELO, 2004). Vários autores construíram mo<strong>de</strong>los conceptuais<br />

para a conceptualização da metodologia <strong>de</strong> projecto. Por vezes estes mo<strong>de</strong>los são muito<br />

direccionados para a respectiva área <strong>de</strong> trabalho, como é o caso das Leis <strong>de</strong> Usabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Nielsen (NIELSEN, 1999), por vezes são mo<strong>de</strong>los conceptuais cuja flexibilida<strong>de</strong> permite a<br />

sua adaptação às diferentes problemáticas em estudo. Após o <strong>de</strong>bruçar sobre alguns<br />

arquétipos metodológicos, como os exemplos <strong>de</strong> Ergonomi Design Gruppen, 1997 (in<br />

PASCHOARELLI e DA SILVA, 2006), Product Safety and Testing Group, 1997 (Norris and<br />

Wilson in PASCHOARELLI e DA SILVA, 2006) ou Ergo<strong>de</strong>sign, Brasil, 2001 (Frisoni e<br />

Moraes in PASCHOARELLI e DA SILVA, 2006), propõe-se uma consi<strong>de</strong>ração especial<br />

sobre duas etapas que apesar <strong>de</strong> enunciadas merecem uma maior evidência: a participação do<br />

utilizador e a avaliação pós utilização.<br />

A insistência na consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> um processo metodológico <strong>de</strong> concepção projectual<br />

centra-se na realida<strong>de</strong> experienciada por toda uma socieda<strong>de</strong> envelhecida, europeia em geral e<br />

portuguesa em particular, que encontra no meio construído, nos produtos da vida quotidiana e<br />

nos sistemas com os quais interage a limitação da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>sconforto e<br />

a insegurança ilustradas pela informação estatística constante do estudo ADELIA e sobretudo<br />

à segregação social que obriga à inactivida<strong>de</strong> e solidão <strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> pertencem<br />

e na qual ainda é necessária a sua activida<strong>de</strong> e participação. Nesta socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>scartável, o<br />

velho, enquanto indivíduo, aparece como um recurso biológico renovável a repor sempre que<br />

se verifique a alteração do custo da sua manutenção.<br />

Ilustração 5 – A passivida<strong>de</strong> dos dias (fotografia <strong>de</strong> Ana Cristina Daré)<br />

O espaço urbano e o edifício <strong>de</strong> habitação pensados para o indivíduo jovem/adulto, sadio<br />

e activo, emergem como cenários (<strong>de</strong>s)orientadores e segregadores da in<strong>de</strong>pendência<br />

económica, social e cultural <strong>de</strong> indivíduos com requisitos especiais como os idosos.<br />

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indivíduos idosos<br />

Durante o período medieval, o ambiente doméstico caracterizou-se por apresentar um<br />

carácter público e não privado. O espaço era contido e abrigava um número significativo <strong>de</strong><br />

indivíduos, com as mais diferentes relações entre si, (familiares, sociais, laborais) que<br />

dividiam o mesmo espaço e por vezes a mesma cama. As alterações económicas, sociais e<br />

culturais, dos séculos XVII e XVIII permitiram uma nova concepção do ambiente doméstico,<br />

a tipologia burguesa, cuja influência se verifica até aos nossos dias e que se baseia na trilogia<br />

das áreas social, privada e serviços. Os espaços gerados são específicos para as funções a que<br />

se <strong>de</strong>stinam, os objectos existem para personalizar o ambiente e constata-se uma<br />

predominância do carácter estático e mono funcional (FRANCESCHI, NASCIMENTO,<br />

2010: 267). Se a configuração burguesa do espaço doméstico influencia ainda a tipologia<br />

habitacional tal como hoje a conhecemos, é <strong>de</strong> salientar que os seus utilizadores, se afastam<br />

da i<strong>de</strong>ia da casa cheia <strong>de</strong> gente, emergindo o conceito <strong>de</strong> núcleo familiar, família <strong>de</strong> menor<br />

dimensão, bem como diferentes composições como as estruturas monoparentais ou indivíduos<br />

que por (im)possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha própria vivem sozinhos.<br />

Ilustração 6 – A (Im)possibilida<strong>de</strong> da escolha <strong>de</strong> estar só (Fotografia <strong>de</strong> Ana Cristina Daré)<br />

Com o avanço da ida<strong>de</strong>, o tempo <strong>de</strong> permanência e o uso da habitação tornam-se mais<br />

intenso para os indivíduos mais velhos, mas sem, contudo, se privarem do convívio social ao<br />

qual estão habituados, necessitando, por isso, <strong>de</strong> ambientes que sejam seguros, para o<br />

exercício do controlo pessoal (DARÉ, 2008). Actualmente privilegia-se um envelhecimento<br />

activo, o que significa a manutenção e o fortalecimento das capacida<strong>de</strong>s funcionais, que só irá<br />

ocorrer se os idosos tiverem o controlo da sua própria vida. O ambiente construído tem o seu<br />

contributo nessa perspectiva, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja planeado e construído para aten<strong>de</strong>r aos seus<br />

utilizadores em todo o seu ciclo <strong>de</strong> vida.<br />

A questão importante é a <strong>de</strong>finição do ponto <strong>de</strong> equilíbrio entre o ciclos <strong>de</strong> vida do<br />

edifico e <strong>de</strong> seus utilizadores, sejam estes públicos ou privados. Se os novos estilos <strong>de</strong> vida<br />

privilegiam os edifícios inclusivos, a questão mais crítica é o facto <strong>de</strong> que os indivíduos<br />

idosos vivem sozinhos, e em alojamentos <strong>de</strong> precárias condições habitacionais e <strong>de</strong> conforto.<br />

Em vista da natureza da vida contemporânea, é importante <strong>de</strong>finir-se os utilizadores, as<br />

dimensões antropométricas e ergonómicas e o seu estilo <strong>de</strong> vida. Se a percentagem <strong>de</strong> pessoas<br />

com doenças físicas ou sensoriais/<strong>de</strong>ficiência não é consi<strong>de</strong>rada significativa (quando<br />

comparado com toda a população), a proporção <strong>de</strong> idosos é, não causando prejuízos por suas<br />

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Factor Humano: <strong>Um</strong> balanço entre o percentil 50 e as características antropométricas e ergonómicas dos<br />

indivíduos idosos<br />

exigências particulares, mas pelo ambiente, activida<strong>de</strong>s, funções, produtos ou sistemas<br />

disponíveis (DARÉ; CARAMELO GOMES, 2009).<br />

A ida<strong>de</strong> avançada é acompanhada por alterações biológicas, que <strong>de</strong>safiam a inter-relação<br />

dos indivíduos com o ambiente doméstico.<br />

A habitação concebida para o indivíduo Mítico, não consi<strong>de</strong>ra as alterações das<br />

capacida<strong>de</strong>s funcionais às quais estes indivíduos estão sujeitos durante o seu ciclo <strong>de</strong> vida,<br />

estimulando um <strong>de</strong>sequilíbrio no uso da habitação e, consequentemente afectando<br />

negativamente o modo <strong>de</strong> vida, os hábitos quotidianos e a sua harmonia. Os projectos<br />

habitacionais geralmente não equilibram o ciclo <strong>de</strong> vida do indivíduo com o ciclo <strong>de</strong> vida do<br />

ambiente edificado (DARÉ, 2008). As dimensões corporais, das quais se tem plena<br />

consciência, servem como parâmetro <strong>de</strong> medidas para a percepção e apropriação do espaço<br />

habitacional. O corpo <strong>de</strong>veria ser a medida base para edificar um sistema tridimensional,<br />

numa escala <strong>de</strong> relações no espaço finito (CÍRICO, 2001). A qualida<strong>de</strong> do acto <strong>de</strong> habitar<br />

volta a ser (ou <strong>de</strong>verá ser) o cerne do <strong>de</strong>sign (FRANCESCHI, NASCIMENTO, 2010: 261).<br />

Os princípios dos fundamentos organizacionais do espaço têm como base os resultados<br />

obtidos através da experiência da relação do homem com o seu próprio corpo e da sua<br />

interacção com os outros indivíduos, confrontando <strong>de</strong>ste modo as necessida<strong>de</strong>s biológicas e as<br />

relações sociais.<br />

O dimensionamento humano torna-se, portanto, fundamental na concepção <strong>de</strong> projectos<br />

<strong>de</strong> espaços físicos, tais como: a altura e os comprimentos dos membros superiores – do braço<br />

e antebraço, e dos membros inferiores – da coxa e da perna. As mais importantes diferenças<br />

entre as medidas do corpo são ditadas pelo sexo, ida<strong>de</strong> e por factores <strong>de</strong> origem étnica. Com a<br />

ida<strong>de</strong>, diminuem as medidas <strong>de</strong> comprimento, porquanto o peso e a circunferência do corpo<br />

aumentam (CÍRICO, 2001).<br />

O envelhecimento biológico é uma variável crítica e relevante ao factor humano e que<br />

<strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada e fundamentada em três factores básicos:<br />

1. O crescimento do número <strong>de</strong> indivíduos idosos nos países <strong>de</strong>senvolvidos e nos<br />

países em <strong>de</strong>senvolvimento, em função do aumento da esperança média <strong>de</strong> vida;<br />

2. A constituição <strong>de</strong> diferenças relevantes entre os indivíduos jovens e os<br />

indivíduos idosos quanto às necessida<strong>de</strong>s específicas;<br />

3. O reconhecimento dos indivíduos idosos como força <strong>de</strong> trabalho e como<br />

utilizadores <strong>de</strong> produtos e sistemas (PHEASANT, 1996?).<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da falta <strong>de</strong> informação representativa da população idosa, <strong>de</strong>ve-se<br />

consi<strong>de</strong>rar que esses indivíduos po<strong>de</strong>m ser qualificados como um grupo no qual algumas<br />

medidas antropométricas e capacida<strong>de</strong>s funcionais estão em <strong>de</strong>clínio, ocorrendo diferenças <strong>de</strong><br />

indivíduo para indivíduo, não se <strong>de</strong>vendo projectar para uma média, mas permitindo uma<br />

flexibilida<strong>de</strong> na adaptação, <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um. Por exemplo, as<br />

medidas antropométricas disponíveis relativamente a esse público-alvo são limitadas às<br />

medidas estáticas. A resposta para os problemas relativos a usabilida<strong>de</strong> dos ambientes não é<br />

aplicada apenas para as medidas estáticas, mas sim para as medidas relativas ao corpo em<br />

movimento ou seja <strong>de</strong> antropometria dinâmica e funcional. Portanto, essas questões <strong>de</strong>vem ser<br />

consi<strong>de</strong>radas no projecto <strong>de</strong> ambientes, <strong>de</strong> modo a evitar e/ou minimizar que esses indivíduos<br />

se comportem como <strong>de</strong>ficientes (CARLI, 2004).<br />

Os Designers <strong>de</strong>vem privilegiar, quando da sua activida<strong>de</strong>, o pleno conhecimento dos<br />

indivíduos ao qual estão a projectar, ou seja, seguir o princípio do <strong>de</strong>sign centrado no<br />

utilizador, não significando que, no caso dos idosos, o envelhecimento constitua um processo<br />

linear/ou padrão, sendo um grupo que apresenta uma maior diversida<strong>de</strong>, por ser esta uma fase<br />

em que muitas alterações ocorrem no organismo. Esse público-alvo é precisamente o mais<br />

esquecido e/ou mais insuficientemente servido pela industria e os respectivos <strong>de</strong>signers<br />

(PAPANECK, 1995). Na maioria dos casos, as soluções encontradas <strong>de</strong> usabilida<strong>de</strong> dos<br />

espaços, produtos e sistemas <strong>de</strong> comunicação voltados aos indivíduos idosos, também o serão<br />

para outros grupos <strong>de</strong> utilizadores. Os idosos transformam-se, <strong>de</strong>ssa forma, numa ferramenta<br />

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Factor Humano: <strong>Um</strong> balanço entre o percentil 50 e as características antropométricas e ergonómicas dos<br />

indivíduos idosos<br />

<strong>de</strong> auxílio ao <strong>de</strong>signers quando da rápida i<strong>de</strong>ntificação das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interacção que<br />

possam surgir em outros grupos, e que apresentem a mesma similarida<strong>de</strong> (FISK [et al], 2009).<br />

Conclusões<br />

O modo como experienciamos a realida<strong>de</strong> construída ilustra a necessida<strong>de</strong> urgente <strong>de</strong><br />

contextualizar o Design na dimensão espácio-temporal em que se insere. A cultura da<br />

participação pública <strong>de</strong>ve ser incentivada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os bancos <strong>de</strong> escola para que o indivíduo<br />

tenha uma intervenção sustentada, construtiva e voluntária na comunida<strong>de</strong> em que se insere.<br />

A aproximação entre aca<strong>de</strong>mia e a indústria <strong>de</strong>ve ser mais que um cliché. A Aca<strong>de</strong>mia<br />

<strong>de</strong>ve estar receptiva aos ensinamentos emergentes da prática, e a prática <strong>de</strong>ve igualmente<br />

compreen<strong>de</strong>r a aca<strong>de</strong>mia enquanto entida<strong>de</strong> do saber e cooperação. O respectivo <strong>de</strong>sempenho<br />

po<strong>de</strong> ser aperfeiçoado significativamente pela análise e reflexão sobre teorias e práticas <strong>de</strong><br />

outros criativos, <strong>de</strong> outras realida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> outras culturas.<br />

A disseminação <strong>de</strong> boas práticas, para que possam ser analisadas, interpretadas e<br />

adaptadas (sempre que <strong>de</strong>sejáveis e possíveis) a outras realida<strong>de</strong>s. Compreen<strong>de</strong>r que criar um<br />

ambiente construído humanizado, implica dar igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso para o maior<br />

número <strong>de</strong> indivíduos que apresentam características individuais <strong>de</strong> acordo com a sua cultura<br />

e com o seu envelhecimento biológico e cronológico. Toda e qualquer medida que permita a<br />

participação na comunida<strong>de</strong> e a inclusão social do indivíduo idoso <strong>de</strong>ve ser valorizada e<br />

disseminada.<br />

A associação do idoso aos indivíduos com mobilida<strong>de</strong> condicionada é no mínimo<br />

perversa, não facilitando, a vida <strong>de</strong>sses indivíduos, que apresentam outro tipo <strong>de</strong> limitações,<br />

estimulando e enfatizando o preconceito já existente.<br />

Há uma gran<strong>de</strong> diferença entre o indivíduo idoso e o indivíduo com mobilida<strong>de</strong><br />

condicionada, principalmente no que toca ao ambiente doméstico. O portador <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong><br />

condicionada tem uma situação bem <strong>de</strong>finida com relação à sua <strong>de</strong>ficiência, enquanto o idoso<br />

está sujeito a constantes alterações nas suas habilida<strong>de</strong>s, sendo inclusivamente, difícil <strong>de</strong><br />

prever quando, o quê e em que grau acontecerá uma <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> que afectará o uso do<br />

ambiente construído. Enquanto o portador <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> condicionada necessita <strong>de</strong> um<br />

ambiente com características específicas, que atenda as suas limitações, o idoso necessita <strong>de</strong><br />

um ambiente não específico, mas flexível e adaptável às mudanças das suas habilida<strong>de</strong>s,<br />

mudanças essas que po<strong>de</strong>m ocorrer durante o seu ciclo <strong>de</strong> vida (CARLI, 2004).<br />

A flexibilida<strong>de</strong> e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajustes no ambiente construído em geral e no<br />

ambiente doméstico em particular po<strong>de</strong>rão ser alcançadas quando da concepção <strong>de</strong> espaços,<br />

produtos e sistemas <strong>de</strong> comunicação a serem utilizados pelo mais amplo espectro <strong>de</strong><br />

indivíduos, sendo contempladas as questões relativas ao fácil entendimento sobre o uso<br />

(legibilida<strong>de</strong>), a segurança e o conforto e a integração <strong>de</strong> todos.<br />

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Design.<br />

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Factor Humano: <strong>Um</strong> balanço entre o percentil 50 e as características antropométricas e ergonómicas dos<br />

indivíduos idosos<br />

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