Conversando com Piaget - Portal do Professor - Ministério da ...
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Direcional Educa<strong>do</strong>r, Março 11<br />
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PáGINA Do PSICoPEDAGoGo<br />
Os problemas <strong>da</strong> Educação<br />
unca é demais, principalmente no início de um novo<br />
ano letivo, refletirmos sobre um assunto que tantas dúvi<strong>da</strong>s<br />
e discussões tem suscita<strong>do</strong>: a presença, em caráter<br />
inclusivo, de alunos <strong>com</strong> Necessi<strong>da</strong>des Educativas Especiais –NEE, em<br />
nossas salas de aula.<br />
Atualmente, o discurso já muito ouvi<strong>do</strong> e por vezes negligencia<strong>do</strong>,<br />
mas ver<strong>da</strong>deiro, de que a “Educação de quali<strong>da</strong>de para to<strong>do</strong>s”<br />
é um dever <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>da</strong> escola, família e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, em relação<br />
às novas gerações, passa por um momento de reflexão. Acontece<br />
que se percebeu que a Inclusão, importante e necessária - ninguém<br />
discor<strong>da</strong> -, deve <strong>com</strong>eçar pela e na socie<strong>da</strong>de e não se focar principalmente<br />
nas escolas, para que os resulta<strong>do</strong>s desse movimento sejam<br />
realmente efetivos para a vi<strong>da</strong> de to<strong>da</strong>s as pessoas.<br />
Pais de crianças <strong>com</strong> NEE, que hoje se debatem <strong>com</strong> questões<br />
pe<strong>da</strong>gógicas e sociais dentro <strong>da</strong>s escolas, nem sempre são alerta<strong>do</strong>s<br />
de que no futuro essas questões se estenderão ao mun<strong>do</strong> profissional<br />
de seus filhos. De que forma essas famílias e esses jovens estão<br />
sen<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong>s para enfrentar as ver<strong>da</strong>deiras exigências <strong>da</strong> configuração<br />
social e profissional que os aguar<strong>da</strong>m, numa socie<strong>da</strong>de onde<br />
a Inclusão é dita em geral, <strong>com</strong>o um assunto para se tratar na escola?<br />
Leis existem para garantir direitos e estabelecer deveres <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />
em relação a esse contingente de ci<strong>da</strong>dãos <strong>com</strong> NEE. Porém,<br />
a observação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de tem mostra<strong>do</strong> o quanto ain<strong>da</strong> há para se<br />
planejar e realizar em relação a esse tema tão importante.<br />
À escola cabem várias responsabili<strong>da</strong>des e entre elas a seleção<br />
e contratação de profissionais capacita<strong>do</strong>s para ensinar a to<strong>da</strong>s as<br />
crianças e jovens porta<strong>do</strong>res de NEE. Mas na prática, sabemos que<br />
existe uma parcela significativa de professores que jamais pensaram,<br />
desejaram ou mesmo tiveram preparo para enfrentar um desafio<br />
desse porte, que exige, além de preparo acadêmico, vocação.<br />
Assim <strong>com</strong>o essa situação não é a mais adequa<strong>da</strong> para os profissionais<br />
que trabalham na escola, também não é para seus alunos e os<br />
familiares destes, no que tange ao atendimento <strong>da</strong>s suas necessi<strong>da</strong>des<br />
e desenvolvimento de seus talentos individuais.<br />
De um la<strong>do</strong>, vemos professores frustra<strong>do</strong>s <strong>com</strong> o resulta<strong>do</strong> de<br />
seu empenho e frequentemente contraria<strong>do</strong>s em seu direito de<br />
opção profissional, feito ain<strong>da</strong> nos bancos universitários. De outro,<br />
encontra-se um número expressivo de alunos que não recebem <strong>da</strong><br />
escola to<strong>do</strong> o suporte <strong>do</strong> qual precisam para seu desenvolvimen-<br />
“É no problema <strong>da</strong> educação que assenta o grande segre<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> aperfeiçoamento <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.”<br />
Immanuel Kant<br />
to efetivo. E nesse meio, transitam as famílias preocupa<strong>da</strong>s <strong>com</strong> a<br />
aceitação acadêmica de seus filhos, crianças ou jovens que cursam a<br />
escolari<strong>da</strong>de regular, almejan<strong>do</strong> que esse contato e convívio, de alguma<br />
forma, minimize as diferenças, maximize o potencial e os prepare<br />
para a vi<strong>da</strong> em socie<strong>da</strong>de.<br />
Os Ensinos Fun<strong>da</strong>mental e Médio, além de aparelharem a criança<br />
e o jovem para entrar e vivenciar a cultura <strong>do</strong> meio onde nasceram,<br />
visam em última instância lhes <strong>da</strong>r subsídios para a carreira universitária<br />
e sucessivamente para o merca<strong>do</strong> de trabalho. Pode-se entender,<br />
então, que as crianças estu<strong>da</strong>m não apenas para se inserirem<br />
na socie<strong>da</strong>de culta, letra<strong>da</strong> e adquirirem meios para <strong>com</strong>preender<br />
melhor o mun<strong>do</strong> que os rodeia, mas também para apropriarem-se<br />
de conhecimentos e práticas específicas, que ao final <strong>do</strong> processo<br />
educativo, lhes permitam exercer uma profissão, uma ocupação remunera<strong>da</strong><br />
que lhes acene <strong>com</strong> uma garantia de alcançar uma vi<strong>da</strong><br />
financeira autônoma.<br />
Nesse ponto é que paro e reflito, assim <strong>com</strong>o certamente o fazem<br />
inúmeras vezes meus colegas de profissão: levará a Inclusão, <strong>da</strong><br />
forma <strong>com</strong>o delinea<strong>da</strong> no discurso de nossos dias, a que to<strong>da</strong>s as<br />
crianças, de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> seus talentos individuais, se tornem de fato<br />
capazes de adquirir tal autonomia?<br />
Criar oportuni<strong>da</strong>des e condições na socie<strong>da</strong>de e no merca<strong>do</strong> de<br />
trabalho para que nossos alunos <strong>com</strong> NEE, no futuro, se realizem<br />
pessoal e profissionalmente não depende de nós. Acredito que o<br />
problema central <strong>da</strong> Educação é o seu <strong>com</strong>promisso <strong>com</strong> o futuro.<br />
Pensar sobre isso e encontrar as melhores soluções quan<strong>do</strong> as dificul<strong>da</strong>des<br />
se apresentam é um trabalho para nós, Educa<strong>do</strong>res.<br />
Maria Irene Maluf é Pe<strong>da</strong>goga<br />
especialista em Educação Especial<br />
e Psicope<strong>da</strong>gogia, editora <strong>da</strong> revista<br />
Psicope<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> Associação<br />
Brasileira de Psicope<strong>da</strong>gogia<br />
(ABPp), Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Núcleo<br />
de Aperfeiçoamento Profissional e<br />
Estu<strong>do</strong>s Avança<strong>do</strong>s em Dificul<strong>da</strong>des<br />
de Aprendizagem e Psicope<strong>da</strong>gogia-SP e Coordena<strong>do</strong>ra<br />
SP <strong>do</strong> Curso de Especialização em Neurope<strong>da</strong>gogia e<br />
Psicanálise-Instituto SaberCultura.<br />
E-mail: irenemaluf@uol.<strong>com</strong>.br<br />
Direcional Educa<strong>do</strong>r, Março 11<br />
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