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Conversando com Piaget - Portal do Professor - Ministério da ...

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Direcional Educa<strong>do</strong>r, Março 11<br />

24<br />

PáGINA Do PSICoPEDAGoGo<br />

Os problemas <strong>da</strong> Educação<br />

unca é demais, principalmente no início de um novo<br />

ano letivo, refletirmos sobre um assunto que tantas dúvi<strong>da</strong>s<br />

e discussões tem suscita<strong>do</strong>: a presença, em caráter<br />

inclusivo, de alunos <strong>com</strong> Necessi<strong>da</strong>des Educativas Especiais –NEE, em<br />

nossas salas de aula.<br />

Atualmente, o discurso já muito ouvi<strong>do</strong> e por vezes negligencia<strong>do</strong>,<br />

mas ver<strong>da</strong>deiro, de que a “Educação de quali<strong>da</strong>de para to<strong>do</strong>s”<br />

é um dever <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>da</strong> escola, família e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, em relação<br />

às novas gerações, passa por um momento de reflexão. Acontece<br />

que se percebeu que a Inclusão, importante e necessária - ninguém<br />

discor<strong>da</strong> -, deve <strong>com</strong>eçar pela e na socie<strong>da</strong>de e não se focar principalmente<br />

nas escolas, para que os resulta<strong>do</strong>s desse movimento sejam<br />

realmente efetivos para a vi<strong>da</strong> de to<strong>da</strong>s as pessoas.<br />

Pais de crianças <strong>com</strong> NEE, que hoje se debatem <strong>com</strong> questões<br />

pe<strong>da</strong>gógicas e sociais dentro <strong>da</strong>s escolas, nem sempre são alerta<strong>do</strong>s<br />

de que no futuro essas questões se estenderão ao mun<strong>do</strong> profissional<br />

de seus filhos. De que forma essas famílias e esses jovens estão<br />

sen<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong>s para enfrentar as ver<strong>da</strong>deiras exigências <strong>da</strong> configuração<br />

social e profissional que os aguar<strong>da</strong>m, numa socie<strong>da</strong>de onde<br />

a Inclusão é dita em geral, <strong>com</strong>o um assunto para se tratar na escola?<br />

Leis existem para garantir direitos e estabelecer deveres <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

em relação a esse contingente de ci<strong>da</strong>dãos <strong>com</strong> NEE. Porém,<br />

a observação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de tem mostra<strong>do</strong> o quanto ain<strong>da</strong> há para se<br />

planejar e realizar em relação a esse tema tão importante.<br />

À escola cabem várias responsabili<strong>da</strong>des e entre elas a seleção<br />

e contratação de profissionais capacita<strong>do</strong>s para ensinar a to<strong>da</strong>s as<br />

crianças e jovens porta<strong>do</strong>res de NEE. Mas na prática, sabemos que<br />

existe uma parcela significativa de professores que jamais pensaram,<br />

desejaram ou mesmo tiveram preparo para enfrentar um desafio<br />

desse porte, que exige, além de preparo acadêmico, vocação.<br />

Assim <strong>com</strong>o essa situação não é a mais adequa<strong>da</strong> para os profissionais<br />

que trabalham na escola, também não é para seus alunos e os<br />

familiares destes, no que tange ao atendimento <strong>da</strong>s suas necessi<strong>da</strong>des<br />

e desenvolvimento de seus talentos individuais.<br />

De um la<strong>do</strong>, vemos professores frustra<strong>do</strong>s <strong>com</strong> o resulta<strong>do</strong> de<br />

seu empenho e frequentemente contraria<strong>do</strong>s em seu direito de<br />

opção profissional, feito ain<strong>da</strong> nos bancos universitários. De outro,<br />

encontra-se um número expressivo de alunos que não recebem <strong>da</strong><br />

escola to<strong>do</strong> o suporte <strong>do</strong> qual precisam para seu desenvolvimen-<br />

“É no problema <strong>da</strong> educação que assenta o grande segre<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> aperfeiçoamento <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.”<br />

Immanuel Kant<br />

to efetivo. E nesse meio, transitam as famílias preocupa<strong>da</strong>s <strong>com</strong> a<br />

aceitação acadêmica de seus filhos, crianças ou jovens que cursam a<br />

escolari<strong>da</strong>de regular, almejan<strong>do</strong> que esse contato e convívio, de alguma<br />

forma, minimize as diferenças, maximize o potencial e os prepare<br />

para a vi<strong>da</strong> em socie<strong>da</strong>de.<br />

Os Ensinos Fun<strong>da</strong>mental e Médio, além de aparelharem a criança<br />

e o jovem para entrar e vivenciar a cultura <strong>do</strong> meio onde nasceram,<br />

visam em última instância lhes <strong>da</strong>r subsídios para a carreira universitária<br />

e sucessivamente para o merca<strong>do</strong> de trabalho. Pode-se entender,<br />

então, que as crianças estu<strong>da</strong>m não apenas para se inserirem<br />

na socie<strong>da</strong>de culta, letra<strong>da</strong> e adquirirem meios para <strong>com</strong>preender<br />

melhor o mun<strong>do</strong> que os rodeia, mas também para apropriarem-se<br />

de conhecimentos e práticas específicas, que ao final <strong>do</strong> processo<br />

educativo, lhes permitam exercer uma profissão, uma ocupação remunera<strong>da</strong><br />

que lhes acene <strong>com</strong> uma garantia de alcançar uma vi<strong>da</strong><br />

financeira autônoma.<br />

Nesse ponto é que paro e reflito, assim <strong>com</strong>o certamente o fazem<br />

inúmeras vezes meus colegas de profissão: levará a Inclusão, <strong>da</strong><br />

forma <strong>com</strong>o delinea<strong>da</strong> no discurso de nossos dias, a que to<strong>da</strong>s as<br />

crianças, de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> seus talentos individuais, se tornem de fato<br />

capazes de adquirir tal autonomia?<br />

Criar oportuni<strong>da</strong>des e condições na socie<strong>da</strong>de e no merca<strong>do</strong> de<br />

trabalho para que nossos alunos <strong>com</strong> NEE, no futuro, se realizem<br />

pessoal e profissionalmente não depende de nós. Acredito que o<br />

problema central <strong>da</strong> Educação é o seu <strong>com</strong>promisso <strong>com</strong> o futuro.<br />

Pensar sobre isso e encontrar as melhores soluções quan<strong>do</strong> as dificul<strong>da</strong>des<br />

se apresentam é um trabalho para nós, Educa<strong>do</strong>res.<br />

Maria Irene Maluf é Pe<strong>da</strong>goga<br />

especialista em Educação Especial<br />

e Psicope<strong>da</strong>gogia, editora <strong>da</strong> revista<br />

Psicope<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> Associação<br />

Brasileira de Psicope<strong>da</strong>gogia<br />

(ABPp), Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Núcleo<br />

de Aperfeiçoamento Profissional e<br />

Estu<strong>do</strong>s Avança<strong>do</strong>s em Dificul<strong>da</strong>des<br />

de Aprendizagem e Psicope<strong>da</strong>gogia-SP e Coordena<strong>do</strong>ra<br />

SP <strong>do</strong> Curso de Especialização em Neurope<strong>da</strong>gogia e<br />

Psicanálise-Instituto SaberCultura.<br />

E-mail: irenemaluf@uol.<strong>com</strong>.br<br />

Direcional Educa<strong>do</strong>r, Março 11<br />

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