Conversando com Piaget - Portal do Professor - Ministério da ...
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Direcional Educa<strong>do</strong>r, Março 11<br />
32<br />
EDUCAÇÃo INFANtIL<br />
tabeleci<strong>do</strong>s. Vivencian<strong>do</strong> experiências,<br />
interagin<strong>do</strong> <strong>com</strong><br />
o meio natural e social, as<br />
crianças podem propiciar a<br />
valorização e a preservação<br />
<strong>da</strong> natureza, fazen<strong>do</strong> <strong>com</strong><br />
que se enxerguem <strong>com</strong>o seres<br />
que fazem parte dela. Assim,<br />
mais importante <strong>do</strong> que<br />
o estu<strong>do</strong> sobre determina<strong>do</strong><br />
assunto, é indispensável a<br />
formação <strong>do</strong> ser pesquisa<strong>do</strong>r,<br />
que pode construir seus<br />
conhecimentos e saberes,<br />
tornan<strong>do</strong>-se autônomo e<br />
produtivo.<br />
O professor, <strong>com</strong>o um facilita<strong>do</strong>r, deve criar ambientes propícios<br />
para essa aprendizagem, estimulan<strong>do</strong>, orientan<strong>do</strong>, instigan<strong>do</strong>,<br />
nortean<strong>do</strong> os caminhos a serem percorri<strong>do</strong>s e principalmente<br />
sen<strong>do</strong> um modelo para as crianças, agregan<strong>do</strong> aí valores e atitudes<br />
que muito as influenciam.<br />
ESTRATéGIAS USADAS PARA ATINGIR OS OBJETIVOS<br />
No início <strong>do</strong> projeto, fizemos um levantamento <strong>do</strong>s conhecimentos<br />
que as turmas tinham sobre o assunto através de conversa<br />
em ro<strong>da</strong> e enviamos para casa uma pesquisa para saber quais<br />
os conhecimentos <strong>da</strong>s famílias a respeito <strong>do</strong> tema.<br />
A partir <strong>da</strong>í iniciamos o trabalho trazen<strong>do</strong> informações através<br />
de diversas fontes <strong>com</strong>o: livros ilustra<strong>do</strong>s, de histórias, revistas.<br />
Também encontramos no acervo <strong>da</strong> escola uma fita de vídeo<br />
<strong>com</strong> imagens interessantes e que as crianças vibraram. Sequer<br />
piscavam, tamanha a riqueza de informações que pudemos tirar<br />
<strong>do</strong> vídeo assisti<strong>do</strong>. Junto <strong>com</strong> as informações teóricas, diariamente<br />
foi possível perceber um interesse maior e um olhar diferencia<strong>do</strong><br />
<strong>da</strong>s crianças quan<strong>do</strong> passavam próximo a uma lagarta na<br />
escola ou quan<strong>do</strong> viam algum casulo pelos cantos. As informações<br />
<strong>com</strong>eçaram então a sair <strong>do</strong>s muros <strong>da</strong> escola para tomar<br />
espaço fora dela. Ain<strong>da</strong> assim tínhamos que atingir <strong>com</strong> maior<br />
intensi<strong>da</strong>de a família e os funcionários <strong>da</strong> escola.<br />
Novamente em ro<strong>da</strong> de conversa, levantamos esse problema:<br />
as pessoas não conhecem o ciclo de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s borboletas e por isso<br />
acabam por matar as lagartas. O que poderíamos fazer para que<br />
to<strong>do</strong>s tomassem conhecimento? Muitas ideias surgiram.<br />
Eis alguns <strong>com</strong>entários: “Põe um chefe para cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s lagartas”<br />
(Renan), “Põe um pauzinho escrito: não mate as lagartas”<br />
(Filipe), “Avisa as pessoas. Elas não sabem que a lagarta é filhote<br />
<strong>da</strong> borboleta” (Kauã), “Coloca cartazes, placas, mostran<strong>do</strong> que<br />
as pessoas não podem matar as lagartas. Não são to<strong>da</strong>s que<br />
são perigosas” (Arthur), “Mesmo as lagartas que são perigosas<br />
não podemos matar. É só não colocarmos as mãos” (Pedro). Ao<br />
participar e mediar as ideias que surgiam, as crianças também<br />
refletiam quanto a viabili<strong>da</strong>de de tais ações. Foi aí que pensamos<br />
na possibili<strong>da</strong>de de confeccionar placas informan<strong>do</strong> que as lagar-<br />
tas eram filhotes de borboletas<br />
e que não deveriam ser mortas.<br />
Os alunos concor<strong>da</strong>ram e<br />
em outro momento dividimos<br />
pequenos grupos de quatro e<br />
cinco crianças que fariam frases<br />
e desenhos alertan<strong>do</strong> as<br />
pessoas quanto à preservação<br />
<strong>da</strong> espécie.<br />
Ca<strong>da</strong> grupo reuni<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong><br />
as professoras <strong>com</strong>o escribas,<br />
falou o que queria escrever no<br />
cartaz. Após a escrita, eles ilustravam<br />
de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> a mensagem.<br />
Colocamos os nomes<br />
<strong>do</strong>s participantes nos cartazes<br />
e espalhamos por to<strong>da</strong> a escola. Algumas mensagens <strong>do</strong>s cartazes<br />
continham os seguintes dizeres: “A lagarta é filhote <strong>da</strong> borboleta.<br />
Se matar uma lagarta, não vai mais ter borboleta.” (Luana, Mariana,<br />
Gustavo e Milena), “A lagarta <strong>com</strong>e folha para se alimentar.<br />
Depois que <strong>com</strong>e bastante, fica bem gordinha e faz um casulo em<br />
um lugar bem seguro. Se você ver algum casulo, não mexa. Lá<br />
dentro tem uma lagarta que vai virar borboleta.” (Wilson, Pedro,<br />
Thayssa e Breno), “A lagarta que está na nossa escola vai virar um<br />
casulo que depois se transforma em borboleta. Por isso, não matem<br />
as lagartas que são os filhotes <strong>da</strong> borboleta.” (Luiz José, Filipe<br />
e Vinícius), “Têm vários tipos de lagartas: a taturana é venenosa,<br />
tem pelo que irrita e provoca coceira. A lagarta que tem na nossa<br />
escola não é venenosa. Nós não devemos matar nenhuma lagarta<br />
e nem mexer <strong>com</strong> elas. Elas fazem parte <strong>da</strong> natureza.” (Cristhine,<br />
Gabriel, Raphaela e Davi), “A lagarta vai formar um casulo para<br />
virar borboleta. Não pode matar a lagarta, mesmo que ela seja<br />
venenosa, que tenha pelo ou espinho.” (Kauã, Murilo, Antonella<br />
e Manuela), “As lagartas não têm fogo! Algumas têm pelinho e<br />
podem causar alergia.” (Giulia, Sabryna, Anna Letícia).<br />
Nesse momento foi possível perceber que os pais e funcionários<br />
<strong>da</strong> escola estavam to<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s. As crianças chamavam<br />
os pais para que pudessem ler to<strong>da</strong>s as mensagens, contavam<br />
em casa o que estavam aprenden<strong>do</strong> e os funcionários, que antes<br />
varriam os casulos que encontravam, agora nos chamavam para<br />
ver e cui<strong>da</strong>vam, observan<strong>do</strong> diariamente <strong>com</strong> atenção esperan<strong>do</strong><br />
o rompimento <strong>do</strong> invólucro e o surgimento <strong>da</strong> lagarta.<br />
Após o sucesso dessa primeira etapa <strong>do</strong> projeto, demos seguimento<br />
ao estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s borboletas e lagartas confeccionan<strong>do</strong><br />
um livrinho conten<strong>do</strong> informações importantes desse ciclo, desde<br />
o ovo, viran<strong>do</strong> uma lagarta, que se alimenta <strong>da</strong> própria casca<br />
<strong>do</strong> ovo e em segui<strong>da</strong> de muitas folhas até ficar bem gordinha e<br />
fechar-se em um casulo, passar por um tempo e depois se transformar<br />
em uma borboleta, e tão importante quanto a metamorfose,<br />
outras curiosi<strong>da</strong>des <strong>com</strong>o as diferenças entre a borboleta<br />
e a mariposa, onde e <strong>com</strong>o as borboletas escolhem o lugar de<br />
colocar seus ovos, quanto tempo leva to<strong>do</strong> o processo de transformação<br />
<strong>da</strong> borboleta e quanto tempo ela vive na i<strong>da</strong>de adulta,<br />
enfim, várias curiosi<strong>da</strong>des que instigaram e ampliaram o conhecimento<br />
<strong>do</strong>s alunos. Vale ressaltar que esse estu<strong>do</strong> aprimorou o<br />
conhecimento não só <strong>do</strong>s alunos. Nós também <strong>com</strong>o educa<strong>do</strong>ras<br />
sentimos necessi<strong>da</strong>des de buscar informações que não tínhamos. E<br />
<strong>com</strong>o aprendemos, não só <strong>com</strong> os livros, mas também <strong>com</strong> a integração<br />
<strong>da</strong>s crianças, <strong>com</strong> suas falas, seus <strong>com</strong>portamentos. Como<br />
encerramento <strong>do</strong> projeto planejamos a apresentação de uma peça<br />
de teatro feita pelas crianças aos pais e <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />
livro: Como é que eu era quan<strong>do</strong> era bebê? (Tony Ross e Jeanne<br />
Willis, Ed. Brinque book). O livro conta a história de vários animais,<br />
ca<strong>da</strong> um em um lugar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, perguntan<strong>do</strong> para seus<br />
pais <strong>com</strong>o eram quan<strong>do</strong> eram bebês. As respostas, muito pareci<strong>da</strong>s,<br />
diziam que eram miniaturas de seus pais. Mas quan<strong>do</strong> a borboleta<br />
faz a mesma pergunta para a mãe, esta lhe mostra uma foto de<br />
uma lagarta e a filha fica triste. Assim, a mamãe resolve contar<br />
sua história para a filha. Nisso, entram na peça outros personagens<br />
<strong>com</strong>o os insetos e alguns elementos <strong>da</strong> natureza (flores, árvores,<br />
passarinhos). Após a borboleta conhecer a sua história, passa a se<br />
apaixonar pela sua vi<strong>da</strong> e família, valorizan<strong>do</strong>-se <strong>com</strong>o um ser vivo,<br />
que possui um ciclo de vi<strong>da</strong> e tem sua importância na natureza.<br />
Contamos mais uma vez <strong>com</strong> os pais, que participaram de oficinas<br />
para confeccionar adereços para <strong>com</strong>por o cenário, recortaram<br />
teci<strong>do</strong> para as roupas, colaram papéis para as pulseirinhas,<br />
produziram lagartas e borboletas <strong>com</strong> sucatas, mostran<strong>do</strong> também<br />
a importância de reaproveitar e reciclar. Quem participou gostou.<br />
Outros pais que não tiveram a disponibili<strong>da</strong>de se desculparam, sugerin<strong>do</strong><br />
que fosse man<strong>da</strong><strong>do</strong> para casa algo que pudessem fazer.<br />
O envolvimento foi grande em to<strong>do</strong>s os momentos <strong>do</strong> projeto. A<br />
peça foi apresenta<strong>da</strong> para os pais e as crianças vibraram, pois participaram<br />
de to<strong>do</strong> o processo, desde a escolha de papéis, o nome <strong>da</strong><br />
peça que batizaram <strong>com</strong>o “A Bela Borboleta”, confeccionaram convites<br />
para que outras pessoas viessem assistir, aju<strong>da</strong>ram na escolha<br />
<strong>da</strong> fala e na montagem <strong>do</strong> cenário. Esse envolvimento é que nos<br />
certifica que houve, além <strong>do</strong> prazer, um aprendiza<strong>do</strong> significativo.<br />
Como recor<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> projeto encaminhamos para as crianças um<br />
vídeo que <strong>do</strong>cumentou to<strong>do</strong> o processo <strong>do</strong> projeto, apresentan<strong>do</strong><br />
o conhecimento adquiri<strong>do</strong> e também <strong>com</strong> a filmagem <strong>da</strong> peça de<br />
teatro apresenta<strong>da</strong> pelas crianças.<br />
EDUCAÇÃo INFANtIL<br />
AVALIAÇÃO<br />
Ao final <strong>do</strong> projeto foi possível observar os avanços <strong>com</strong>portamentais<br />
e atitudinais, que estavam de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> os<br />
objetivos inicialmente propostos. Percebemos que os alunos:<br />
• Conheceram o ciclo de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s borboletas, entenden<strong>do</strong><br />
que ca<strong>da</strong> fase tem sua importância e necessita ser preserva<strong>da</strong>.<br />
• Ampliaram o conhecimento que tinham <strong>da</strong>s lagartas e<br />
aprenderam a respeitá-las <strong>com</strong>o um ser vivo, bem <strong>com</strong>o preservar<br />
a borboleta em suas diferentes fases.<br />
• Entenderam que borboletas e mariposas têm diferenças<br />
observáveis nas antenas, no perío<strong>do</strong> de vôo, na maneira de<br />
pousar, estabelecen<strong>do</strong> relações entre as diferentes espécies.<br />
• Reconheceram a importância de se preservar a vi<strong>da</strong> e o<br />
ambiente, valorizan<strong>do</strong> e cui<strong>da</strong>n<strong>do</strong>.<br />
As crianças ca<strong>da</strong> vez que encontravam pela escola um inseto<br />
já corriam para verificar se era uma borboleta ou uma<br />
mariposa, quan<strong>do</strong> avistavam um casulo, observavam se estava<br />
vazio. Caso não, monitoravam diariamente. Tivemos a<br />
oportuni<strong>da</strong>de de presenciar o primeiro vôo de uma borboleta,<br />
aguar<strong>da</strong>n<strong>do</strong> suas asas secarem. Pensamos que em outras<br />
oportuni<strong>da</strong>des esse projeto poderia ser ricamente repeti<strong>do</strong>,<br />
alcançan<strong>do</strong>-se resulta<strong>do</strong>s tão significativos e importantes<br />
quanto os que alcançamos neste.<br />
Elaine Tavares de Almei<strong>da</strong><br />
Ver<strong>da</strong>deiro é pe<strong>da</strong>goga, pósgradua<strong>da</strong><br />
em Psicope<strong>da</strong>gigia e<br />
Docência <strong>do</strong> Ensino Superior.<br />
Leciona na Prefeitura Municipal de<br />
Taboão <strong>da</strong> Serra (SP) <strong>com</strong> Educação<br />
Infantil e na Prefeitura Municipal<br />
de São Paulo, também <strong>com</strong> Educação Infantil.<br />
Trabalha há 15 anos nesta área.<br />
E-mail: elaine_mauel@hotmail.<strong>com</strong><br />
Fabiana França Barbosa é<br />
pe<strong>da</strong>goga, pós-gradua<strong>da</strong> em<br />
Educação Especial, Meto<strong>do</strong>logia<br />
<strong>da</strong> Matemática e Supervisão<br />
Educacional. Leciona na Prefeitura<br />
Municipal de Taboão <strong>da</strong> Serra (SP)<br />
<strong>com</strong> Educação Infantil de 4 a 6<br />
anos e na Prefeitura Municipal de São Paulo, <strong>com</strong><br />
crianças de 0 a 3 anos. Trabalha há 15 anos <strong>com</strong><br />
Educação Infantil.<br />
E-mail: fabiana.barbosa@globo.<strong>com</strong><br />
Direcional Educa<strong>do</strong>r, Março 11<br />
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